Tamirez | @resenhandosonhos 19/08/2018ERAGONO Ciclo da Herança estourou numa época em que eu não estava lendo muito e, portanto, perdi a fase. Porém, como boa obra que marca, sua reputação dura mais que somente o seu lançamento. Em 2016 eu adquiri o box com os quatro livros e deixei eles na estante, até que essa no surgiu um projeto de leitura no qual eu resolvi me aventurar.
Eragon traz a típica jornada do herói. O garoto underdog que descobre algo magnífico e que acaba por sair em uma jornada em direção à alguma coisa magnífica. Existe uma penca de livros assim, então porque Eragon é especial? Primeiro de tudo é pela mitologia criada. O mundo é super vasto e há certamente muita coisa para se desenvolver aqui. E, a segunda, e talvez a mais importante, é que o autor tinha apenas 15 anos quando escreveu a história, e mesmo assim apresentou esse universo pro leitor.
É claro que a idade tem também seus pontos negativos. Há vários aspectos na história que parecem falhos em alguns momentos. Eragon, por exemplo, tem uma volatilidade grande de personalidade e hora está temeroso, hora está impondo regras. Outra coisa é que há sempre alguém mais velho e com mais conhecimento passando as informações pra ele, quase como um tutor. Se algo acontece, a pessoa é substituída por outro, ele nunca está fazendo as descobertas sozinhas e a tudo é passado através da boca de alguém.
“Uma única palavra ressoou em sua cabeça, de modo intenso e claro. Eragon.”
Todos os personagens são muito cheios de segredos e as revelações vem vindo ao longo da narrativa. Algumas são importantes e outras só servem como artifício de expectativa. Confesso que em certo momento, assim como a passagem de informações, me incomodou um pouco. Pra quem já leu diversos livros de fantasia e está acostumado com jornadas do herói, Eragon não vai ser uma surpresa. Entretanto, a escrita é muito boa e, mesmo com a pouca idade, Paolini soube desenvolver a sua trama muito bem, criando um mundo vasto que retém muitos segredos.
Eu não sabia quase nada sobre a história e minha primeira surpresa foi o fato de que Eragon era o garoto e não o dragão. Saphira, uma dragão fêmea, é na verdade quem ilustra a capa com todo o seu charme. E, pelas capas, já é possível prever que teremos mais desses seres em breve. Ela é sem dúvida mais estrela que o próprio garoto. Os diálogos dos dois ou dela falando através de pensamentos com Eragon são hilários e Saphira certamente tem um senso de humor muito bom. Há um leve alívio cômico vindo da parte dela e eu gosto bastante disso.
Brom foi um dos personagens que mais gostei. Ele me lembrou inclusive um personagem de mesmo nome da Saga do Assassino e achei interessante conhecer a sua história. As lendas envolvendo os Cavaleiros de Dragões, o próprio Rei, o nome de Eragon e a espada Zar’roc dão um “q” a mais na história e dão um tom mais pesado e concreto à narrativa. É um mundo encorpado e é através de todos esses acréscimos e lendas que vemos a dimensão disso.
Tive meus momentos de amor e ódio com Eragon. Ela é um garoto esperto que se faz de bobo, basicamente. Quando ele quer, ele saca muito bem tudo ao seu redor, mas também não perde a oportunidade de tomar algumas posições questionáveis. E, além desse ponto inicial e jornada, há um grande conflito político aqui. Há rebeliões, grupos querendo atacar e o laço do reino é muito tênue, fazendo com que tudo se interligue.
Não achei o final surpreendente, mas certamente fiquei curiosa para seguir em frente com a leitura. A proposta do projeto #QueroTerUmDragão era de ler um livro por trimestre e por enquanto consegui me controlar pra seguir isso. Em abril pretendo dar continuidade com Eldest, o segundo livro, e certamente vou contar pra vocês o que eu achar. Todo mundo que me recomendou a série disse que a cada livro o crescimento é visível, pois o autor também envelheceu e ficou mais maduro escrevendo a trama. E eu estou ansiosa pra descobrir se isso realmente vai acontecer.
O Ciclo da Herança foi concebido originalmente como uma trilogia, mas muito tempo depois ganhou um capítulo final, o que não agradou a todos os fãs. Enquanto metade repudia o quarto livro, outro o veneram e quero muito descobrir em que lado eu vou me encaixar.
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