Luuhmarcely 17/02/2015
Tem partes boas, mas não é tão diferente de qualquer outra coisa por aí.
Meus sentimentos ficaram muito confusos quando terminei de ler Eleanor & Park. E não foi no aspecto positivo.
Todas as pessoas que eu conheço amaram, se emocionaram e tudo mais com este livro. E eu tentei. JURO que tentei gostar de Eleanor & Park, fiz o possível, só que não deu.
Razões pelos quais eu não gostei deste livro:
1. O Romance
A principal questão é sobre o romance entre Eleanor e Park. Eu só... Não entendi. E nem foi por falta de tentativa.
Lembro-me da paixão de conhecer alguém interessante e experimentar todos os momentos especiais pela primeira vez. Porém, com Eleanor & Park era algo totalmente irreal e inacreditável.
Eleanor é a nova garota e ela não é apenas geneticamente feita para olhar como uma vítima, mas ela faz nenhum favor a si mesma, fazendo da sua aparência uma coisa bizarra.
A vida doméstica de Eleanor é contada gradualmente de uma forma assustadora que é adequado para tais situações. Eu não gosto de ver problemas graves, como a violência doméstica, sendo usada para abastecer um amor angustiante e criar uma espécie de cenário amor proibido de Romeu e Julieta.
Tendo nenhum lugar para sentar no ônibus escolar, ela ocupa um lugar ao lado de Park claramente relutante. Park é meio-coreano em uma escola extremamente branca. Sua vida em casa, ao contrário de Eleanor, é praticamente perfeita, exceto por alguns desentendimentos com seu pai. Lentamente, ao longo do tempo, estes dois indivíduos (Park e Eleanor) desenvolvem um relacionamento que se forma em torno de coisas como ler quadrinhos juntos e trocando fitas de música. E outras coisas nerds legais como Star Wars e Shakespeare - que eu poderia facilmente se relacionar.
Eu acho que um dos maiores problemas que tive com este livro é que eu falhei para ter uma noção da atração entre eles, o relacionamento deles me parecia mais adequado para a amizade do que o amor. Na verdade, o amor foi algo extremamente forçado. A progressão de parceiros de ônibus em amizade era natural na história, mas eu senti que o salto para sentimentos amorosos era muito imediato e inacreditável.
Park passou de “Porra, Eleanor! Sente-se de uma vez!” para “Deus, como as mãos dela são incrivelmente macias.” E Eleanor passou de “Aquele asiático idiota.” para “Ele é tão gatinho. Eu amo o cabelo dele!”
E a próxima cena é Park dizendo que está apaixonado pela Eleanor, como ele não pode imaginar estar sem ela, que ela é tudo pra ele. E então, Eleanor está dizendo que não consegue respirar quando está longe dele.
Não captei o que estava acontecendo por ser um drama adolescente sem fim e completamente desnecessário (como qualquer drama adolescente), além do “romance” aconteceu rápido demais para que eu conseguisse acompanhar tudo que estava acontecendo. Não, melhor. Eu retiro o “rápido demais” porque indicaria alguma estimulação real envolvida, o que não é verdade. Um dia, eles não se gostavam e no outro já estavam com as mãos dadas e proclamando seu amor.
Até pensei que tinha pulado alguns capítulos inteiros sem perceber, mas então notei que não tinha.
2. O contexto histórico
É 1986. Eleanor & Park se passa na cidade de Omaha, estado de Nebraska, cidade natal da autora, época em que há grande tensão racial.
Park, sendo um mestiço, passa a maior parte do tempo tentando não ser notado por outras crianças na escola e lutando com suas próprias inseguranças sobre sua herança mestiça. Estranhamente, no entanto, Park não aparece em nenhum momento sendo vítima do racismo, somente uma breve sessão de aborrecimento com seus colegas pensando que ele era chinês e por ser mais baixo do que a maioria dos rapazes da mesma idade que ele por causa dos genes coreanos.
O personagem de Park tinha muito mais potencial e não foi utilizado. Eu estava esperando por algo mais do seu desenvolvimento a respeito de como ele via a si mesmo e sua mãe. Talvez determinado nível de aceitação ou determinação fosse adequado.
Havia também duas meninas negras que fazem amizade com Eleanor, mas elas também não pareceram enfrentar qualquer tipo de racismo naquela escola predominantemente branca.
Estranhamente, a única que pareceu ser vítima foi Eleanor. E nem por ser neta direta de dinamarqueses ou escoceses ou por ter o cabelo vermelho como fogo, mas por ser plus size e se vestir horrivelmente como um garoto. Ou seja, é mais bullying do que racismo propriamente dito.
Eu acho que o livro teve uma diversidade muito grande de culturas envolvidas, algo que é raro em YAs, mas eu não estava comprando o que Rowell estava vendendo.
Ao mesmo tempo, a autora nunca deixa você se esquecer que este livro se passa na década de 80, e nos sobrecarrega com referências da cultura pop em quase todas as páginas (não que eu esteja reclamando. Melhor mesmo foi a referência 867-5309). Mesmo assim, nós também nunca nos esquecemos que Park é asiático com Eleanor constantemente fazendo referência a ele em sua narração ao ponto de me deixar entediada.
3. A narração/escrita
Descobri que a narrativa da Rainbow me irrita. Pensei que era só com Eleanor & Park, então peguei Anexos (livro da mesma autora) pra ler e descobri que a escrita/narração da Rowell me dá nos nervos. Este é o ponto onde eu me pergunto se a minha avaliação é mais uma indicação de como eu me sinto sobre a narração vs. o enredo em si.
Não gostei da narrativa, muitas vezes fiquei me perguntando se o livro foi escrito por uma criança de cinco anos. Há muitas repetições de palavras e a Rowell parece não saber o que significa SINÔNIMOS. Além disso, a autora não soube expor os sentimentos nas palavras porque nas partes do diálogo de Eleanor que era (eu tentava ser) sarcástico, não foi retratado com o tipo certo de emoção. Já a narração do Park foi um pouquinho melhor, porém me deixava entediada com a leitura monótona.
4. A história.
Eu vou ser bem honesta com vocês e vou admitir que eu não saquei qual é o da Rainbow Rowell. O final da história deixou muitas pontas soltas e vários pontos de interrogação na minha cabeça. Rowell tentou enfiar um monte de histórias e situações em um pequeno livro e não soube administrar tudo isso. Simplesmente não funcionou. Ela quis mostrar várias situações, mas no final, tirando a família bagunçada de Eleanor, se tornou um romancezinho pré-adolescente super clichê.
Antes de eu pegar Eleanor & Park pra ler, disseram-me que o final foi de partir o coração, mas eu não senti nada disso. Rowell confiou na vida da família sombria de Eleanor pra despertar simpatia (pra não dizer compaixão) dos leitores. E podemos notar que funciona porque é justamente isso que o John Green comercializa. Mas, o final depende da sua conexão com o romance pra sentir o coração partido.
O problema foi que, no final, eu queria saber o que aconteceu com a mãe e os irmãos de Eleanor, mas em vez disso o foco foi os sentimentos de Park em deixar Eleanor ir embora. Eleanor gastou boa quantidade da história nesse ambiente maldito, sentindo esses sentimentos e quando eu realmente queria saber os sentimentos dela sobre isso, tudo que eu vejo é uma droga de um cartão postal contendo três palavras que pode ser qualquer coisa e pode ser “Eu te amo” ou “Vai se ferrar” ou “Me gusta batata” ou “I’m Eleanor, bitches”. Porque ninguém fala o que raios que Eleanor escreveu.
E o livro termina. Simplesmente.
O romance não tem absolutamente nada demais.
Não estou dizendo que Eleanor & Park é horrível, mas também não é bom. É claro que esta história tocou muita gente, mas eu não iria tão longe a ponto de recomendá-lo, até porque isso seria um exagero. Tem partes boas, mas não é tão diferente de qualquer outra coisa por aí.
Confesso que eu esperava mais do livro, esperava por algo incrível, uma reviravolta surpreendente. Em vez disso, estou indo embora preparando um pote gigantesco de “bléh”.
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