spoiler visualizarLuiza2346 02/11/2023
Igual feijão em pote de sorvete
Não sei nem como explicar. Gostei da leitura, tanto que terminei as 1300 páginas. Demorei a pegar o ritmo, mas quando peguei, no final do primeiro livro, fiquei muito investida na história. Eu tava até meio fascinada com a escrita de alguns trechos pelo autor, não é o tipo de livro que costumo ler, e antes da minha crítica gostaria de destacar que não me arrependo de ter lido. Gostei dos personagens, das histórias e de muitas partes genuinamente bonitas e divertidas do livro, mas como nada e perfeito preciso destacar sobre o quanto esse final não fez jus à história :
Pra começar, eu tava impressionada com a capacidade do autor de misturar um mundo real e cruel, que envolve até estupro de crianças, com um fictício que não tinha nada a ver e pessoas saiam da boca das meninas. Achei que o jeito que ele manejaria as informações seria genial e envolveria uma crítica social do 🤬 #$%!& , mas no final o assunto foi banalizado e parece ter sido inventado simplesmente para causar reações de choque. Realmente, eu fiquei chocada e bastante investida, um verdadeiro desperdício de expectativa, porque o assunto nunca mais foi citado.
Na sequência, achei que o terceiro livro, por ser o último, seria ainda mais frenético, mas ao contrário, ele foi extremamente repetitivo e cheio de cenas indiferentes. É minha primeira leitura do Murakami e li tudo de cabeça aberta para conhecê-lo. Não sei até agora até que ponto ele é uma fantasia, um romance, um suspense, enfim é tudo junto, de um jeito bizarramente louco e incrível, mas o final foi decepcionante. Murakami construiu um mundo novo cheio de informações e personagens interessantes, e tinha tudo para criar a maior reviravolta da vida, mas acabou sumindo com todos os detalhes e escondendo eles embaixo de um cobertor resolvendo só o romance dos personagens principais que nem sei de onde saiu. Fraquíssimo.
Sei que talvez a magia do livro esteja em sua abertura pra imaginação, já que não tem resoluções completas, não possui finais conclusivos, e não responde todas as dúvidas que aparecem, mas infelizmente eu não me contento só com isso. Parece uma perda de tempo ler uma história tão desenvolvida em mínimos detalhes para só deixar eles para lá. É que nem o próprio personagem Tamauru diz no livro: ?Uma arma nunca aparece em uma história para ninguém apertar o gatilho.? É exatamente essa a sensação que fica do livro: Murakami colocou várias armas, e não disparou nenhuma. Para quem estava esperando um tiro, a falta dele deixou um vazio enorme.
Para terminar aqui de jeito bem polêmico. As mulheres do livro são todas icônicas, não vou negar, mas tirando a principal Aomame, todas as outras são muito esteriótipos de mulheres escritas por homens que só servem pra ser meio doidas, criarem confusão na cabeça de homem imaturo e fazerem ele ter um desenvolvimento interno, logo depois elas somem depois de cumprir sua função. Nesse mesmo âmbito, queria dizer que o ramance Aomame e Tengo é patético e muito esquisito. Aomame é uma querida icônica, que mata homens por diversão em bares, levemente lésbica e do nada vira somente uma cadelinha dependente de um frouxo que nem o Tengo. Melhore né filha, que decaída.
Enfim, espero não ofender ninguém e Laurinha, se você tiver lido isso, me perdoa, eu juro que eu dei uma chance pro livro?, mas no fundo quero te bater por ter me dado um final desses pra me deixar em crise e desespero. beijinhos te amo mesmo assim ??