Roberta - @rkrutzmann 29/07/2014{Resenh} O Começo de tudo - George R. R. Martin - Wild Cards #1Quando eu recebi o email da Leya para escolher o livro do mês eu apostei com todas as minhas fichas em Wild Cards, afinal, é o grande George quem escreveu. Qual foi a minha surpresa ao descobrir a minha enorme decepção? O livro conseguiu gerar em mim sentimentos muito conflitantes pois a ideia da história chamou a minha atenção, porém o modo como ela foi escrita me angustiava a cada página e tive que usar todas as minhas forças para terminar o livro.
"Talvez ele esteja certo: este é o Bairro dos Curingas, e a vida corre rápida e cruel aqui. É como perambular por um campo de extermínio nazista durante uma bad trip; você não entende metade do que vê, mas fica apavorado da mesma forma."
Quando eu comecei a ler o livro eu tive certeza que eu iria amar, porque ele começou como se fosse alguém relatando algo que aconteceu, porém de uma forma bem irônica e instigante. Falando que algo de horrível tinha acontecido, porém não falava detalhes, apenas que envolvia um extraterrestre, o que me fazia ficar cada vez mais curiosa.
O livro conta sobre um alienígena (com aparência humana) que veio para a terra para impedir que outros da sua raça lançassem um vírus sobre a terra, pois eles queriam usar os humanos para fazer um experimento. Porém as coisas acabam dando errado e a bomba/vírus acaba explodindo em Nova York e aqueles que tiveram contato com ela tiveram alguma reação. Uns ganharam poderes, como voar, ler mentes... estes foram chamados de Ás. Outros tiveram sua aparência completamente deformada, tendo tromba no lugar de nariz, caudas, chifres... a esquisitice não tem limites. Esses foram chamados de coringas, alguns até chegavam a ter poderes, porém devido a sua aparência bizarra a população não conseguia aceitá-los.
"Eles chama de quarente, não de discriminação. Não somos uma raça, eles nos dizem, não somos uma religião, somos doentes, então o correto é nos separar, embora eles saibam muito bem que o carta selvagem não é contagioso. A nossa é uma enfermidade do corpo, a deles, uma doença contagiosa da alma."
E essa foi a parte da história que eu amei, porque eu achei a ideia do autor fantástica, porém não consegui gostar da forma que ele resolveu abordá-la. Wild Cards não tem um personagem principal, quer dizer, na verdade, ele tem vários. Cada capítulo conta um pouco da história de uma pessoa e o que o vírus fez com ela, seja ela um Ás ou um Coringa. Porém isso tornou a leitura muito difícil para mim pois toda vez que eu começava a me apegar a algum personagem, terminava o capítulo e eu nunca mais ouvia falar dele.
"- Comecei a gostar de você pelo que você é. E pelo que poderia ser. Existe uma pessoa de verdade por trás daquele corte à escovinha, daqueles óculos de tartaruga e daquelas roupas de elite sem graça que você usa. Uma pessoa que implora por ser libertada."
Acho que esse foi um dos livros mais difíceis que li nos últimos tempos, demorei muito para conseguir terminá-lo porque eu não conseguia me apegar a nada que fizesse com que eu ficasse curiosa para saber o que iria acontecer. Foi uma leitura muito cansativa e, por muitas vezes, um pouco nojenta, pois Martin não perdoa ninguém e várias das cenas que eles escreveu foram muito difíceis de serem lidas.
"Mas o poder já o modificara. Ele já viu coisas que, sem ele, nunca teria entendido. O poder corrompe, disseram a ele, mas agora ele viu como isso era ingênuo. O poder esclarece. O poder transforma."
Quando eu estava me aproximando do final do livro a sensação era de alívio por finalmente terminar. A maioria das histórias que foram contadas no livro me interessaram, teve poucas que eu não gostei. Mas o fato de eu não ter um personagem para acompanhar me deixou muito frustrada, ainda mais que os capítulos não terminavam deixando um ponto final na vida deles.
"Por que tinha sido tão transparente com ele? Não havia outro ser humano ainda vivo na cidade que sabia tanto sobre ela quanto Jack naquele momento. Foi porque eram semelhantes; sabiam o que era ser diferente e tinham parado de procurar maneiras de ser como todo mundo."
Fiquei bem em dúvida se dava três ou duas estrelas para o livro, porque apesar de tudo a história que é fantástica. Martin brinca com a sua mente durante todo o livro, achando que você conhece o personagem e na verdade ele é completamente diferente daquilo que você imaginava. Porém por ter sido uma leitura tão difícil, sem nada que te impulsione a continuar eu resolvi dar somente duas estrelas, ainda mais depois de um final que também faz com que você não tenha vontade de continuar a ler a série pelo simples fato de não ter nada te prendendo a história.
"A única forma pela qual poderíamos combatê-los seria violando a lei, acertando seus rostos satisfeitos e fazendo a sala do comitê em pedaços, rindo enquanto os congressistas se jogavam no chão em busca de abrigo sob suas mesas. E se fizéssemos isso nos tornaríamos aquilo que combatíamos, uma força extralegal de terror e violência. Nós nos tornaríamos aquilo que o comitê dizia que éramos. E isso só pioraria as coisas."
Se eu leria a continuação? Por incrível que pareça, eu acho que sim. Porque, como eu disse, eu realmente achei a ideia do livro fantástica e queria muito saber o que Martin irá fazer com ela. E pelo que eu andei vendo, parece que o segundo volume da série é melhor que o primeiro, porém acho que ainda vou demorar para me arriscar.
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