Papéis Avulsos

Papéis Avulsos Machado de Assis
Machado de Assis
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Resenhas - Papéis Avulsos


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MatheusPetris 21/12/2022

Unidade na diversidade
Unidade na diversidade. Essa é uma boa definição para Papéis Avulsos. A definição não é minha, é de Jaison Luís Crestani. Essa é a seiva do terceiro livro de contos machadianos. A diversidade é enfatizada pela afirmação de Machado na advertência do livro, quando fala que este título parece negar uma unidade e, logo em seguida, afirma que “a verdade é essa, sem ser bem essa”. Isto é, essa diversidade, essa escolha de textos avulsos, compreende uma diversidade proposital. Ao meu ver, uma diversidade mais formal do que conteudística. Se Machado abre o livro frisando a importância do leitor na relação com o livro, o trecho a seguir de “A Chinela Turca”, serve como chave de leitura do livro enquanto unidade: “Um bom negócio e uma grave lição: provaste-me ainda uma vez que o melhor drama está no espectador e não no palco”. O que, nas palavras de Crestani (2014, p. 326) evidencia “a exigência de uma participação decisiva do leitor no sentido de acionar o dispositivo irônico e a desenvoltura paródica que fundamentam o conjunto de textos reunidos no volume”.
MatheusPetris 21/12/2022minha estante
Como o Skoob não está permitindo a resenha completa, vou adicionar ela aqui nos comentários:


MatheusPetris 21/12/2022minha estante
Unidade e diversidade se coadunam com textos publicados anteriormente em periódicos entre os anos de 1875 e 1882. Para Crestani (2014), esse paradoxo proposto por Machado é uma espécie de provocação, pois, além de ter anunciado essa ambivalência na abertura do livro, deixou a resolução ? ou, melhor dizendo, a resposta ? ao próprio leitor. Ademais, há uma outra relação entre esses textos, pois são de gêneros diversos e não o são: ?Entre o parecer e o não ser permanece uma vez mais a indefinição, que sugere uma dubiedade conscientemente construída? (CRESTANI, 2014, p. 314).

As diferenças formais entre os contos tal como a extensão, tipos de narrador, tipos de personagem, não deixa de estabelecer um fio condutor que rege o livro: a ironia, as críticas ao cientificismo e a arrogância de pretensas ideias mirabolantes. Uso a expressão ?fio condutor? no singular e destaco essas três características, pois elas fazem um ataque conjunto e frontal aos costumes da época? em uma trincheira que é a própria sociedade. Machado critica essas questões internamente. A ironia não está presente apenas em seu uso retórico dentro dos contos, mas no fato de que a maioria dos contos foram publicados na Gazeta, jornal declaradamente particípio dessas ?metodologias? escrachadas por Machado. É como a verve da crítica do conto ?O Espelho?, o narrador não questiona a filosofia de Jacobina em si, mas sua metodologia. Afinal, não existe filosofia sem dialética.


MatheusPetris 21/12/2022minha estante
Esse fio se estende ao longo de todo o livro. Eis a outra unidade. O sério e o cômico se entrecruzam nas provocativas narrativas irônicas. As personagens pretensiosas e de abundante retórica cientificista e filosófica, distribuem as suas teorias como uma verdade incontestável, enquanto o tom dos narradores e a coesão por trás dos contos que se entrechocam, evidenciam o tom sarcástico e jocoso de Machado, que apenas debocha das ideias profundamente vazias e arrogantes. Tudo isso se cristaliza no conto (ou novela, como queiram) que abre o livro: O Alienista, que, como sabemos, dispensa apresentações.

Impossível não lembrar de um trecho de uma carta de Graça Aranha para Machado de Assis:
?Ah! o culto do superlativo, meu caro. Como ele serve ao Brasil, à nossa decadência intelectual e moral, ao grupo dos aduladores e aos vazios de ideias! Creio que é necessário grafá-lo num tipo literário que fique eterno.? Machado o grafou: José Dias, personagem paradigmático de Dom Casmurro. Mas aqui, além do uso (ainda pouco usado) do superlativo, há, justamente, o desenho dessa decadência. O pedantismo que traduz a ignorância local, como nos diz Ana Cristina Pimenta da Costa Val, não reafirma essa ideia dos superlativos de José Dias? Que nas palavras de Graça Aranha representam o vazio das ideias?


MatheusPetris 21/12/2022minha estante
Pensemos um pouco mais detalhadamente por meio de um exemplo. Se, em teoria do Medalhão, o pai aconselha ao filho nos mais minuciosos detalhes de como se portar em sociedade ? e, acima de tudo, em como ser, ou melhor: como se mostrar para alcançar ?, esperando que essas conceituações formulaicas e prescritivas, alcem seu filho ao sucesso social; o conto não atesta, justamente, uma crise moral na sociedade? Portanto, existe uma (a)moralidade girando em torno dos contos de Papéis Avulsos? Suas personagens são individualistas, escusas de compaixão, de ?humanidades?? Estão em crise? D. Benedita é outro exemplo de alguém perdida em si própria. Ela age de acordo com suas frívolas e efêmeras vontades. Mas nada a preenche. A suposta família feliz é apenas um ornamento. Assim como as ideias para tantos outros.

Não delinearei respostas. São questionamentos em aberto. O fato é ? guardada as devidas proporções ? que esse livro é tão importante como Memórias Póstumas. Diferentemente de quase toda a patota da época, esse livro, assim como o seu próprio autor, não se contentam com as importações francesas perfumadas. O Brasil pode ? e quer ? mais do que isso. 1882. Um ano após Memórias Póstumas de Brás Cubas. É mais do que claro o refinamento e o domínio formal da literatura de Machado. Seja nos romances, seja nos contos. Não é o começo, mas uma profunda marca da trajetória do maior literato da nossa terra.




Procyon 03/08/2021

Um breve comentário a respeito da coletânea
Nesta série de contos, o autor traz aspectos humanos de forma demasiado irônica - criticando, muitas vezes, a sociedade da época (só da época...). Dentre esses contos, o seu mais famoso, "O Alienista", se faz aqui presente - criticando o tratamento da loucura. A "loucura'', essa, tão expressa em todos os personagens, até mesmo o sr., dr., médico dos alienados, Simão Bacamarte. Machado aqui questiona a eficiência dos manicômios, explora a personalidade dissimulada e oportunista de políticos, além de trazer outras questões bastante interessantes. ''Afinal, quem era louco: o que julga a loucura ou o que é julgado?''

Além disso, há também ''A teoria do medalhão'' - que traz uma conversa, até mesmo hilária, entre pai e filho, com crítica ácida e extremamente atual -, ''Na arca'' - demonstrando a coragem do autor de envolver, de forma alegórica, personagens bíblicos -, ''O espelho'' - ''transcendendo a essência humana'', com o monólogo do personagem Jacobina (haja vista a ironia do próprio nome), onde o autor critica a superficialidade das relações e impressões externas -, além de vários outros textos. O autor, brilhantemente, consegue trazer discussões ainda muito atuais, por meio da ironia, e até mesmo do cinismo, de forma avassaladoramente excepcional.
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João 09/08/2021

Papéis Avulsos - Machado de Assis
Terceira coletânea de contos do Machado e primeira da sua fase realista.
Os contos são muito bons e sempre trazem uma crítica social/política de forma velada.
De forma geral, gostei bastante do livro.
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david andriotto 12/08/2021

recebi essa indicação de uma professora e não poderia ter-me feito mais feliz. que obra!

um ranking não numerado:

a sereníssima república;
o alienista;
a teoria do medalhão;

e nossa todos os outros
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Anica 19/02/2011

Papéis Avulsos (Machado de Assis)
O Machado de Assis contista sempre se apresentou aos poucos para mim. Fora a coletânea Contos Fluminenses, não lembro de ter buscado outras coletâneas, mas os contos de forma avulsa mesmo. Sem nem pensar duas vezes penso em A Igreja do Diabo, Missa do Galo e outros textos que mostram que quando o assunto era prosa, Machado de Assis sabia muito bem o que estava fazendo. E justamente por isso quis conferir a edição de Papéis Avulsos que saiu pela Penguin & Companhia das Letras: mesmo que já conhecesse alguns contos, sabia que seria um prazer reler.

Minha grande surpresa é que mesmo as releituras viraram novas leituras. Porque o trabalho com as notas de Hélio Guimarães (professor de Literatura Brasileira na USP) tornou textos já conhecidos como O Alienista e O Espelho algo completamente diferente, ampliando a noção do Rio de Janeiro e do Brasil de Machado e, mais do que isso, mostrando a pluralidade de referências do escritor, que citava autores então modernos como Allan Poe e Longfellow, além dos clássicos.

Além das notas de Hélio Guimarães, esta nova edição de Papéis Avulsos ainda conta com um brilhante prefácio de John Gledson (Doutor pela Universidade de Princeton), notas de Machado de Assis sobre seus contos, Preâmbulo a “Na arca”, cronologia e uma lista de sugestão de leituras relacionadas. Nos mesmos moldes da edição de O Amante de Lady Chatterley, é o equivalente a um DVD recheado de extras, que enriquecem infinitamente a leitura.

E sim, tem a capa laranja linda no padrão da Penguin na década de 30.

Ok, falamos sobre os extras, vamos ao texto. Nesta edição, os contos estão em ordem cronológica, de acordo com as datas em que foram publicados em revistase jornais para os quais Machado escrevia. É curioso saber que alguns deles o escritor acabou optando por assinar com um pseudônimo (caso de A chinela turca e A arca).

Papéis Avulsos vem cheio daquele Machado que nossos professores não cansavam de repetir no cursinho, a ironia no máximo e aquelas interrupções para conversar com o leitor, por exemplo. Mas o que mais chama a atenção nestes 12 contos que fazem parte da coletânea é como muitos deles ainda são atuais, mesmo quando se situam tão bem no Rio de Janeiro do século XIX. O leitor vê um espaço dominado por casas iluminadas por velas, personagens seguindo uma rotina que hoje em dia já não existe. Mas o interior do texto não envelheceu nem um ano sequer.

O destaque de Papéis Avulsos é sem sombra de dúvidas O Alienista, que muitas pessoas discutem tratar-se de uma novela e não um conto, mas para essa discussão gosto do que fala Machado já na Advertência que abre o livro: “Direi somente que se há aqui páginas que parecem meros contos, e outras que não o são, defendo-me das segundas com dizer que os leitores das outras podem achar nelas algum interesse (…)“. Algum interesse é uma forma até modesta de falar dessa genial história que a todo momento levanta a questão da loucura, do que é ser louco e o que é o normal. Dr. Simão Bacamarte está sem dúvida na galeria das grandes personagens da literatura brasileira.

Ainda sobre a atualidade do texto de Machado, temos o ótimo A Teoria do Medalhão, com a conversa de pai para filho mais irônica que lembro de ter lido. Os conselhos do pai causam graça porque muito do que é dito ali se encaixa no que se vê nos dias atuais. São pequenos detalhes e passagens, características de personagens que dão esse tom, como também se pode ver em A sereníssima república.

Outro conto que chama a atenção é Na Arca, que Machado escreve como se fosse um trecho retirado da Bíblia (três capítulos inéditos do Gênesis). Fico pensando na coragem do escritor de publicar algo envolvendo personagens bíblicos naqueles tempos – já que mesmo nos dias de hoje envolver religião mesmo que como alegoria ainda possa causar dores de cabeças para autores. E o melhor é que o texto é engraçadíssimo, e muito bom.

Na realidade, toda a coletânea apresenta textos de bons para excelentes. Alguns podem passar meio batido em uma primeira leitura, como D. Benedita, mas aí a questão das notas acabam melhorando a leitura. Valeu a pena reler alguns e conhecer outros, ainda mais com todo esse cuidado desta nova edição. Foi quase como reencontrar um velho amigo depois de anos, e ver o quanto ele melhorou com o passar do tempo.
Geisa 28/06/2011minha estante
Também já li os contos separados através do site Domínio Público. comprei a edição da Penguin justamente pelos extras: notas, prefácio e a capa inconfundível, marca registrada do selo.

Sua resenha está ótima.


Anica 28/06/2011minha estante
Obrigada, Geisa ^^


Vinnie 03/02/2012minha estante
Sua resenha fez justiça a esse que é o Saergent Pepper's da literatura curta nacional. Jesus, que livro!


Sara Melo 06/03/2016minha estante
Estava em dúvida se comprava ou não a edição. Sua crítica foi definitiva na minha escolha de comprá-la. Obrigada. :D




Paula1735 19/10/2022

Papéis Avulsos
Machado de Assis é um gênio da literatura brasileira, sua escrita é encantadora. Conseguimos perceber a ironia até mesmo no título, afinal, não são apenas papéis avulsos mas sim histórias que tem um propósito. Sua análise moral e social é muito bem explorada e apresentada, além de ter um refinamento absurdo da linguagem narrativa.
Tantos contos, tantas histórias e tanto para se contar em apenas 300 páginas? Não consigo escolher apenas um como meu favorito, há vários. Porém, quem imaginaria que o alienista era o próprio louco? ou que a história da sapatilha turca era apenas um sonho? Amo demais o teu senso de humor, Machado. Há quem leia e não se encante com sua escrita?
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Clara.Horn 06/01/2022

eu tenho é pena de quem fala mal da literatura brasileira
Desde que "Dom Casmurro" foi uma leitura obrigatória durante meu Ensino Médio, Machado de Assis se tornou um autor que admiro e, por muitas vezes, fico fascinada. Acabei não gostando tanto assim de alguns contos, mas "O Espelho" e "O Alienista" valeram pela coletânea inteira. Juntei a "obrigação" de ler os contos por causa do Vestibular com o primeiro desafio da MLV de 2022 e deu muito certo. Recomento, principalmente para quem já gosta de Machado ou quer começar a se aventurar no estilo realista dele.
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Renato375 04/11/2021

Literatura brasileira de qualidade
"Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro... Espantem-se à vontade; podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica. Se me replicarem, acabo o charuto e vou dormir."

Machado e sua capacidade em compreender a natureza humana. Gênio! Ácido e debochado contra a hipocrisia da sociedade.

Melhores contos:

?O alienista
?Teoria do medalhão
?O espelho

Encadernação: 4/5
Fonte: 4/5
Espaçamento: 4/5
Cor do papel: amarelado
Preço: R$ 22,10
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Marina 10/02/2023

Papéis avulsos tem alguns dos meus contos favoritos de Machado de Assis, como O espelho, O alienista, A arca e Teoria do medalhão.
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monigreenbriar 26/04/2022

li pq a escola me obrigou a tal
Os contos são bem relevantes, para ser sincera, alguns fazem denúncias bastante atuais. Alguns contos são bem confusos, como "Na arca", e há portanto alguns que eu gostei bastante como "O alienista", "Teoria do medalhão", "O segredo do bonzo" e "A sereníssima república". E me desejem sorte tenho prova sobre esse livro amanhã.
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Arthurito 04/08/2021

Muito Bom!!!
Gostei da maioria das historietas que tinha, as minhas favoritas foram as das aranhas, a da D. Benedita, a do grego (essa foi a melhorkkkk)
recomendo o livro, embora algumas histórias sejam meio entediantes as outras fazem valer muito a pena a leitura
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Luíza 26/06/2023

Papéis avulsos, de Machado de Assis
Ler Machado de Assis é quase sempre um desafio, e 100% das vezes uma delícia! ?

É claro que é preciso ler 3 ou 4 vezes pra poder captar determinadas palavras, referências ou ironias, mas se não fosse assim, não seria Machado (eu, pelo menos, tenho essa sensação)?

Papéis avulsos é uma coletânea de contos, da fase realista de Machado, que é exatamente isto: um bocado de ?papéis? avulsos, contos aparentemente desconexos entre si, mas que retratam o humor e a ironia do autor pois ?brincam? bastante com um jogo entre a verdade e a semelhança, o ser e o parecer.

É uma leitura divertida e tranquila, se comparada às outras obras do autor, e eu gostei bastante!

Dentre os contos nesse livro, O alienista e A sereníssima república são os meus favoritos. E os seus, já leu algum? Conta aí ?
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THALES76 05/09/2022

Ora deleite, ora cansativo.
Primeiro livro que leio do Machado, e fico com uma opinião um tanto nublada, não muito clara se gostei ou não de ler. O livro é composto por alguns contos, e como é de se esperar, alguns me cativaram, já outros foram um saco.
Destaque para o conto do “O alienista”, que foi deveras interessante, me proporcionando alguns devaneios sobre o tema, “A chinela turca” também foi bem legal, gostei bastante das reviravoltas e por fim “Uma visita de Alcíbiades” que pude me deleitar com toda aquela magia.

Uma ponto negativo: A edição.
Não sei exatamente, mas acho que 40% ou mais do livro são notas do rodapé, isso pra mim é tão chato, pois meu objetivo era ler os contos a fabulação em si, não ficar lendo dados e explicações, que muitas das vezes as notas eram quase uma página inteira. Logo de início já se foram 30 páginas de prefácio, que logo às pulei.
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Marianne 21/09/2021

Isso de estudar sempre,sempre,não é bom,vira o juízo.
Aquele jeitinho de escrever de Machado de Assis, contando histórias aparentemente bobinhas, mas sem precisarmos analisar muito conseguimos ver a intenção delas. São contos divertidos de ler.

" Voltou ansiosa, namorada do livro, tão namorada que abriu as folhas, jantando, e leu os cinco primeiros capítulos naquela mesma noite." ( pg 81)

"O sono dava-me alívio, não pela razão comum de ser irmão da morte, mas por outra." (pg 127)
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Fabi 14/11/2022

Leitura nº 40 de 2022
Uma coletânea de contos machadianos, Papéis Avulsos é uma boa pedida para quem quer conhecer o lado irônico e sarcástico de Machado de Assis no período da República. O conto Alienista faz parte da obra e é fantástico! Enredo cativante.
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