Emily422 26/04/2020
To Antarctica and never back!
Pela débil tentativa de compreender algo inominável, os mistérios que estão além das montanhas da loucura levam a mente humana ao desvio de seus sentidos. Em meio a paredões imemoriais, cubos, cones, estruturas piramidais, esculturas e pontilhados grotescos nas rochas, o crepúsculo de uma civilização foi tão certo quanto o declínio da sanidade dos seres que lá se intrometem.
Bem, muitas pessoas reclamam do detalhismo que acaba deixando a história cansativa. Eu, mesmo amando as descrições que remetem à total perda da sanidade humana, concordo parcialmente. Adjetivo vai, adjetivo vem. Lovecraft acaba dando voltas e mais voltas ao tentar expressar o descomunal e impronunciável horror empregado no seu universo, e no final, para muitas pessoas, a "coisa" que foi dramaticamente encontrada pelo Danforth e o narrador, nada entregava de grandioso além das já conhecidas descrições, dadas ao longo da história, que remetiam a um absurdo inimaginável.
Mas sinceramente, talvez a intensão do Lovecraft não fosse vender plot twists, conclusões e contos perfeitos, e sim, desesperadamente, escrever a tetricidade que sondava a sua mente, as informações grotescamente lá entalhadas e os mundos que o mesmo visitava. O horror está na decadência, na demência obtida pela possibilidade da blasfema malícia encontrada no incomum, no desconhecido, capaz de obliterar a "alma" humana. O próprio Lovecraft diz: "As palavras que chegam ao leitor não logram sequer sugerir a bestialidade da visão. Ela paralisou nossa consciência tão completamente [...]". Com isso, acho eu, se o leitor quer realmente se aproximar do que seria sentir o horror cósmico, deve imaginar-se perdendo completamente o que chamamos de sanidade ou equilíbrio. Encare perplexamente a sua desmembrada razão e a associe aos mais infernais fenômenos psíquicos contidos dentro e fora do livro. Talvez funcione.....
As descrições exacerbadas tem seu emprego, os confins que a narrativa pode te levar são incríveis.
Ademais, o que será que aconteceu depois do geólogo relatar suas experiências e implorar para que novas missões rumo ao hediondo continente morto não fossem feitas? Após ouvirem o moribundo discurso, teriam os novos pesquisadores, assim como muitos que leram o livro, achado a bizarrice lá fincada decepcionante, falsa ou besta? Decidiram então por ignorar as recomendações? Se sim, tiveram eles o triste azar de encarar A COISA QUE NÃO DEVERIA EXISTIR?