Senses 06/06/2021
éééééééééééééé, é um dos livros já escritos...
Quando eu li esse livro pela primeira vez, devia estar no segundo ano do ensino médio acho, com meus 15 anos, e bem, eu gostei na época, realmente foi um livro que me deixou vidrado a ponto de eu terminar ele em apenas 2 dias, mas é aquilo, eu era um adolescente meio idiota e tinha praticamente zero senso crítico, não vi nenhum dos problemas que eu percebi nessa segunda leitura, todos os problemas em volta do desenvolvimento da trama e da escrita porca. Esse livro parece que foi escrito de qualquer jeito e decidiram lançar o rascunho. Falando um pouco dos outros livros, mesmo naquela época eu já comecei a ver problemas, mesmo eu comecei a perceber como a escrita muitas vezes era péssima, tanto que larguei a leitura no quarto livro talvez, mas eu decidi que queria sim, ler essa saga de 12 livros, e no começo desse ano coloquei na meta de leitura para o ano, e mês passado fiz a loucura de começar, e se eu já tive problemas para terminar esse primeiro de tão ruim que foi, imagina os outros. Agora vamos para as coisas que eu considero boas nessa obra, porque sim, existem, poucas, mas estão lá.
A primeira coisa é a premissa. Ok, ela não é tão original e talvez até não seja a melhor do mundo, mas eu falo que, se bem explorada, funcionaria. E esse é o problema que abordarei mais para frente, ela não é bem explorada.
A parte de vampiros já estava meio batida mesmo quando o livro lançou, imagina 10 anos depois. A outra parte, a de uma escola para onde todos eles vão para morrer ou se transformar, essa sim foi mais original, mas, como eu disse, mal explorada. Uma parte da história também tem um ponto que eu adorei, e sendo um livro que eu estava quase desistindo, quando chegou nessas pequenas partes que inserem umas coisinhas novas na história, admito que esqueci por algumas páginas o quão ruim a leitura estava sendo, mas claro, pensando nas sequências, sei que essas partes caem no mesmo problema de mal desenvolvimento.
Agora as coisas ruins, e começaremos com as mais leves e depois vamos indo para as piores.
Primeiro vamos falar do “ai nussa, meus pains são cunservadoris i religiosus, malvados que naum acreditam na xienxia e eu instou morrendo, todus saum ped e outras letras que não vou digitar para não fazer a análise ser excluída”, sério, é tão caricato que chega a ser ridículo, provavelmente viram que estávamos no começo da onda de criticar qualquer coisa relacionada a fé cristã e tentaram tirar uma lasquinha fazendo algo para jovens idiotas se sentirem revoltosos contra os papais que vão para a igreja todo domingo.
Agora, as coisas mais leves. O início do livro é muito confuso, as autoras apenas começam sem muitas explicações e que eu admito que eu não entendi na primeira vez, é muito confuso e sem descrições até mesmo do local, o que me dificultou entender o que estava ocorrendo ali. Outro grande problema é a escrita corrida, coisa que se estende por todo o livro, mas falando do começo, temos o fato de em algumas poucas páginas Zoey é marcada, somos apresentados a novos personagens, ela vai para casa, mais personagens, ela sai de casa e vai de encontro a avó e depois começa de verdade o livro, corrido e ainda mal explicado.
O outro problema que eu senti foi o fato de muitas informações serem jogadas na sua cara, e você continua lendo sem entender nada, o livro não explica, você continua lendo, ele continua jogando informação, passa para outra cena e você percebe finalmente o que aconteceu, mas não faz sentido então de nada adiantou.
Outra coisa que me irritou demais, muito mesmo, é o roteiro cagado para fazer a história funcionar como as autoras queriam. Vamos lá, novos adolescentes marcados precisam ir para a House of Night, ou Morada/Casa da Noite no bom português, ou eles adoecem e podem morrer, mas a brilhante ideia da protagonista, que 5 páginas antes falou exatamente sobre isso, é ir para a casa da avó que fica a 1 hora e meia (acho) de onde ela mora. Por que? Sei lá, simplesmente foi, “to morrendo, mas que se dane, vamos viajar, quem liga se eu começar a passar mal no meio do caminho e morrer porque demoraram para ver se estava tudo bem e me levarem para a House of Night, alguém? Pois eu não”. Tudo isso para que a história tomasse um certo rumo, mas faz tão pouco sentido que chega a ser idiota de tão burro que esse roteiro é. Essa é uma das coisas que mas me causam ódio em livros: o roteiro burro e conveniente para a história funcionar.
Um detalhe que irrita também é que sempre todos sabem sobre tudo sem motivo. E eu não digo algo como um livro com personagem A pensando em personagem B e personagem C fala que A está pensando em B pois C sabe que A faz a mesma cara de sempre quando pensa em B, não, é simplesmente “eu sei disso” “como?” “eu apenas sei”, e isso irrita, não se dão o trabalho de dar motivos, apenas jogam lá e você aceita, e isso vai do começo ao fim do livro.
Outro ponto que eu realmente não entendi foi o fato de tudo se passar em uns 3 ou 4 dias, e as autoras tentarem fazer parecer que foram meses. A protagonista fala sobre como aquele lugar já é a casa dela, como ninguém ligou para ela, como ela confia plenamente nos novos amigos, e isso estando no lugar a míseros 2 dias. Nem para passar algumas semanas dela se adaptando a nova vida, conhecendo o lugar, entendendo como funciona as coisas, não, é nesse espaço de tempo e acabou, e isso piora quando pensamos que o livro tem algo que eu simplesmente não sei como alguém em sã consciência olhou para as autoras e falou “está ótimo”: a protagonista é uma Mary Sue de respeito, mas falaremos disso mais para frente.
Outra coisa que eu olhei e falei “não”, é como retratam os adolescentes nesse livro. Na minha visão as autoras foram em uma locadora, ou qualquer coisa que estava na moda nos EUA em 2007 para ver filmes, e viram todos os filmes de escolas com adolescentes e suas intrigas sobre ser popular e querer garotos e gostar de coisas de adolescentes e ser descolados e isso e aquilo e mais isso. Elas devem ter baseado cada personagem em algum ator que viram em um filme, menos a protagonista, que deve ser uma imagem delas mesmas que projetaram no livro, mas isso é mais para as continuações. Os adolescentes são fúteis, só pensam em sapatos e roupas e promoções, estão em uma escola para vampiros novatos, mas ainda agem como adolescentes comuns em uma escola comum. Outra coisa é o negócio de coisas nerds, porque a toda hora aparecia algo como “meu óculos nerd” ou “eu vi esse filme, sou nerd de mais” ou “tal coisa nerd”, mais uma vez reforçando a teoria de que elas viram filmes e escreveram o livro baseado neles, com essa coisa de grupos populares que não se misturam com os nerds ou qualquer coisa assim.
Agora entraremos no chorume do livro, então prepare-se.
Começaremos com a escrita. Eu sempre falo que se um livro tem uma escrita pior que a minha, eu posso garantir que ela é ruim de verdade.
Em HoN, as autoras não deram atenção a algo tão importante quanto esse ponto, e nós temos aqui uma coisa que parece uma fanfic publicada. Sabe aquelas do Wattpad que fala sobre o romance entre dois integrantes de uma banda de K-Pop ou dois personagens claramente héteros se pegando, todos escritos por adolescentes de 13 anos que não tem o mínimo de noção sobre escrita? Então, é igual, a diferença é que aqui uma editora publicou (me da esperança de algum dia minhas obras serem publicadas kk). Tudo é muito raso, sem muita estruturação, os diálogos são mal escritos também, e essa parte é a pior nesse sentido.
Os diálogos, aaa os diálogos, um dos livros que eu simplesmente não consegui imaginar os personagens conversando entre si, e se eu não consigo fazer isso o livro perde boa parte da magia para mim. Conversas nada naturais ocorrem o tempo todo, além de reforçar novamente a retratação ridícula de adolescentes. Todos os personagens são meio caracterizados de uma forma, mas isso é passado até nas conversas, não tem muito como explicar, simplesmente não é bom porque não é natural, parecem garotinhas tentando imitar alguém que ela viram em um filme, é feito de um jeito que eu simplesmente não consigo imaginar algum grupo de pessoas normais tendo uma conversa assim, principalmente pessoas com quase 18 anos.
Existe um problema gigantesco em Marcada que se estende até mesmo para as continuações, e eu não sei nem como nomear isso. Um exemplo:
Zoey faz algo incrível.
Amigo A disse:
– Parabéns Zoey
Amigo B disse:
– Boa Zoey
Amigo C disse:
– Isso ai Zoey
Amigo D disse:
– Você foi incrível Zoey.
Além do óbvio uso excessivo de “disses” e “falous”, temos esse negócio que eu não consigo imaginar nada além de uma câmera focando em um personagem, ele falando algo, cortando para outro e ele falando algo e assim vai até todos os 4 amigos e o resto do pessoal falar alguma coisa, mesmo que não seja necessário que personagem X fale algo no meio de 10 outros que falaram quase a mesma coisa que ele. Por todo o livro todos os personagens falam algo durante as conversas, mesmo que seja absolutamente desnecessário. Eles só precisam falar. Parece até que pegaram um livro de “Como escrever um livro”, leram que os personagens precisam ser úteis, então decidiram que em todo dialogo todos eles têm de falar algo, mesmo que seja só uma repetição de outra coisa já dita 10 vezes antes (kk, repetição, outro problema que aparece em livros posteriores, gostaria muito de ler para falar sobre, mas provavelmente vai demorar). Em outras obras os personagens falam apenas quando necessário, uma ou outra vez o autor faz ele soltar uma fala ou outra que realmente não seria importante, mas deixa mais natural a conversa, mas aqui em HoN fica estranho de mais, não é como se em uma roda de amigos conversando todos fossem falar algo sobre tudo sempre, as pessoas escutam, as pessoas falam, mas não como é feito aqui.
Já o segundo maior problema desse livro é o desenvolvimento porco e raso para tudo. Como eu já disse, várias coisas são jogadas na nossa cara, e em vez de desenvolver elas de forma correta, indo aos poucos, nos apresentando cada tópico de forma que nós possamos compreender, não, as autoras só apresentam algo e dão uma explicação rasa sobre e bora pro próximo tópico que esse aqui já deu. Isso sem falar nos diálogos expositivos sobre tudo, nada de fazer um roteiro bom que dê ao leitor as respostas aos poucos e de forma sutil, não, nesse ponto também só é jogado na sua cara um monte de diálogos expositivos, tanto que eu pensei ser melhor ter um guia no começo do livro para que nós não precisássemos ler isso durante a história (mas acho que se tirar essa exposição e os diálogos que eu já falei como funcionam, o livro teria a metade do tamanho dele).
Lembra a parte que eu escrevi sobre o livro querer parecer que já se passaram semanas, meses, e na verdade se passou apenas uns 3 ou 4 dias? Então, tudo é rápido de mais no desenvolvimento a ponto de ser extremamente ruim. Relações são criadas do nada, a Zoey chega na nova escola e simplesmente faz amizade com um grupo de pessoas. Mesmo sendo uma das pessoas a colega de quarto dela, ainda assim é rápido de mais, ela apenas chega na escola e já tem uns 4 amigos e acabou, sem desenvolver nenhum problema. Além disso todos confiam plenamente na Zoey e ela neles, e isso depois de 2 dias de convivência, e esse é o ponto que já já vou falar sobre.
Outros problemas são os pontos da história mesmo, algumas coisas apenas aparecem uma vez e não são mais citadas, outras temos algumas páginas para dar mais ou menos um panorama do que é, mas no geral nada é desenvolvido direito. Isso sem falar em como tudo acontece rápido de mais, as amizades, como eu falei, o romance, os problemas com a antagonista. Existe uma parte em que a Zoey encontra a antagonista em certa situação que é explicada alguns poucos capítulos antes, e você pensa que vai ter uma coisa grande acontecendo, mas certo personagem, depois de poucos momentos, apenas diz para Zoey sair do lugar e pronto, é isso. A parte mais interessante que é um plotzinho para os próximos livros também, é a parte que eu mais gostei, mas se falaram sobre por 10 páginas, foi muito. Nem o final se salva, simplesmente a preparação para ele, a parte logo antes do clímax, o próprio clímax, o final do livro, tudo, TUDO foi feito em talvez umas 30 páginas, não tem um bom desenvolvimento, apenas tudo está incrivelmente preparado para ocorrer o mais rápido possível, tudo é feito da forma mais simples, como se não fosse nada, todos os problemas são resolvidos facilmente, e eu acho que o final de um livro não deva ser assim, tão rápido e mal desenvolvido.
Já o último e pior ponto do livro é: Mary Sue.
Bom, para quem não sabe do que se trata uma Mary Sue, é mais ou menos aquela personagem perfeita. Todos amam ela, ela consegue tudo, ela pode tudo, não existe problema que ela não consiga resolver sem dificuldades. Um estalar de dedos é o suficiente para que muralhas desabem e desertos sejam irrigados. E esse tipo de personagem é uma porcaria, já que não existem falhas, dilemas, problemas reais, você sabe que a protagonista vai tirar da bunda uma solução para qualquer coisa que venha ocorrer com ela ou com alguém próxima a ela. Zoey é uma das, se não A MAIOR Mary Sue que eu já vi, e não apenas em livros, em todo tipo de obra.
Basicamente a garota é perfeita, ela diz que não é aceita, que não se sente em casa, que isso e aquilo, mas nem parece, ela apenas vive a vida dela com amigos, diz que não é feliz mas nunca demonstrou muito disso. Ela já começa a vida de vampira dela com coisas a mais, e claro, protagonismo é isso, ser mais do que o resto de alguma forma, mas aqui nesse livro exageraram. A garota é poderosa ao ponto de nunca ter existido ninguém como ela. Ela sabe de tudo pois sempre existe uma sensação dizendo para ela o que fazer. Ela consegue tudo, desde amigos, que amam ela desde o começo, até um par romântico sem o menor esforço. Os professores amam ela, ela é mais avançada que qualquer calouro do lugar, e até da história pelo que o livro nos leva a crer. Zoey consegue tudo, simplesmente TUDO. E como eu já falei, piora quando você lembra que a história toda se passa em menos de uma semana, ou seja, coisas que acontecem em questão de anos para as outras pessoas acontecem em 4 dias para a protagonista. E isso estraga a obra mais do que ela já estava estragada, deixando tudo fácil e sem emoção para o leitor. Parece essas super-heroínas de filmes de super-heróis da última década, que conseguem seus poderes do nada e já são incrivelmente poderosas e muito mais fortes do que qualquer um sem o mínimo de treinamento. Apenas ganham os poderes e é isso. Eu acho sinceramente que isso foi uma autoinserção das autoras, que queriam parecer perfeitas e poderosas, principalmente quando você lê as continuações, pois aquilo sim parece essas protagonistas de livros e fanfics, com elas sempre sendo o tipo de garota sem amigos e deslocada que acaba ficando no meio de uma briga de vários homens por ela.
No final, HoN é um livro que se diz escrito para jovens, mas que parece escrito para crianças, e se não fossem certos detalhes do roteiro daria sim para pensar que é um livro infantil. Se você é um adolescente pode sim gostar, como eu gostei, mas quando você cresce e desenvolve um mínimo de senso crítico a coisa desmorona, como aconteceu comigo e com dezenas de pessoas que li análises sobre o mesmo livro e todas escreveram que quando foram reler a série não aguentaram de tanta porcaria escrita. E eu já vi pessoas dizendo que se trata de um livro para jovens, e por isso é tranquilo esses problemas existirem, mas isso não funciona, pois HP é um livro para jovens, e até hoje vejo pessoas dizendo que releem os livros, mesmo tendo começado quando jovens a 10, 15 anos atrás, o livro só é ruim mesmo. Caso as coisas fossem minimamente bem exploradas e a escrita no geral fosse um pouco melhor, admito que sim, poderia ser um livro razoável e agradar um publico com mais de 16 anos.
Sinceramente, minha vontade era ler a saga toda e analisar livro por livro, mas não sei se tem como. 12 livros, provavelmente todos com a mesma qualidade, já que eu li mais livros, e a cada um a coisa piorava, tanto que até eu larguei de tão ruim que estava ficando, então quem sabe algum dia, mas não hoje. Por enquanto HoN é um nota 2 na minha escala de livros, coisa que é bem baixo, já que eu sou um tipo de pessoa que consome quase qualquer porcaria, e se eu não gosto apenas fico indiferente e dou uma nota OK se a coisa que estou consumindo não for uma porcaria de verdade.
Lembrando que a metodologia que uso é a de 5 estrelas:
5 estrelas: livros favoritos como Estrela da Manhã, O Último Olimpiano, Corte de Espinhos e Rosas.
4 estrelas: livros ótimos, mas que não chegam no patamar de favoritos, como O Ceifador, Coração de Aço, Torre do Alvorecer.
3 estrelas: livros bons, não chegam a ser ótimos, mas gostei da maior parte. Aqueles livros que tem algum problema, mas que consigo gostar dele. Nessa entram alguns, tipo Nevernight, A Lâmina da Assassina, Rainha do Ar e da Escuridão.
2 estrelas: livros que eu não gostei, mas não chegam a ser péssimos a ponto de eu não conseguir terminar, ou no mínimo tem partes que me agradam, mas são tão pequenas que não faz sentido colocar na categoria de 3 estrelas, aqui estão incluídos Senhor das Sombras, Marcada e Calamidade.
1 estrela: é simplesmente algo que eu odiei, simples assim. Normalmente aqui estão os livros que eu nem consegui terminar, como Ladrão de Almas e Half Wild.