Moonlight Books 02/11/2012
Branca de Neve Tem Que Morrer, resenha de Cida Oliveira
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Intrigas, sangue e uma cidade com vários esqueletos no armário.
Tobias Sartorius cumpriu uma sentença de mais de 10 anos de prisão pelo assassinato de duas jovens, ao sair da cadeia acreditava que tivesse pago pelo crime, mas os habitantes de sua cidade natal estavam decididos a fazer com que ele pagasse por isso pelo resto de sua vida. Paralelamente a libertação do rapaz, uma ossada é encontrada em um antigo aeródromo fazendo a policia desenterrar muito mais do que um esqueleto.
Este livro não é sobre Tobias, é sobre um crime muito bem orquestrado ocorrido em uma pequena cidade alemã, lugar onde cada olhar e gesto tem um duplo sentido; uma cidade que vive como se estivesse em uma redoma, seus segredos pertencem somente aos seus habitantes, que vivem como em um mundo a parte e aos forasteiros nada é revelado.
Esta redoma será o maior obstáculo para a polícia, que ao investigar a ossada é levada diretamente ao crime de Tobias, mas parece que muita gente não deseja uma investigação mais apurada sobre este acontecimento, e a inspetora Pia e seu chefe o inspetor Bodenstein, percebem que algo mais profundo está enterrado com aqueles ossos.
Ao começar esta leitura a primeira pergunta que surge é se Tobias é culpado, ele não lembra de nada do que aconteceu na noite do crime, mas as provas apontam para ele e sem encontrarem os corpos, ele é condenado somente pelas evidências. Sua condenação teve uma base muito rasa, não havia quem pudesse testemunhar ao seu favor, porém com estes novos investigadores, uma nova visão sobre os fatos surge, e não é só a polícia, mas também o leitor, que começa a buscar a verdade.
Temos então uma história densa, com muitos personagens e fatos, não pensem que torna - se confuso, a escritora Nele Neuhaus, com extrema habilidade, vai ligando minuciosamente cada elemento apresentado e constrói algo sensacional. A cada página que virei uma nova teoria surgiu na minha mente, eu suspeitei de todos, já que motivos não faltavam, e o que parecia apenas o assassinato de duas jovens, prova ser uma rede de intrigas e interesses.
O livro ainda conta com ótimos personagens, eu achei o pai de Tobias um velhinho muito frágil e meigo, temos também a jovem Amelie, super ousada e corajosa, e praticamente uma sósia de uma das garotas desaparecidas, o que pode levar o passado a se repetir...
O destaque fica por conta dos investigadores Pia e Bodenstein, que ao pesquisar mais sobre a escritora, descobri que estão presentes em outros livros dela. Eles não são aqueles policiais perfeitos e infalíveis, são pessoas esforçadas e cheias de problemas, suas vidas pessoais são bem abordadas, e aproxima os mesmos do leitor.
Tobias é um rapaz sofrido, cheio de incertezas e que não confia mais nas pessoas, nem em si mesmo, ele reflete toda a dor e angústia que um crime causa nas pessoas envolvidas.
O livro é extenso, são quase 500 páginas, mas em momento algum senti dificuldade, a vontade de chegar ao desfecho é tanta, que li rapidinho. Narrado em terceira pessoa, dá uma ótima visão dos acontecimentos, tem uma diagramação muito boa e uma capa sombria, gente as páginas tem manchas vermelhas, como manchas de sangue.
E se me perguntarem onde está a Branca de Neve, eu respondo que em algum lugar deste livro, num descanso eterno.
Quem é fã do estilo vai amar, eu gostei mais do Harlan Coben, sério, é um livro muito bem escrito.
Recomendado.