Lili Machado 29/06/2012“Não há pobres suficientes morrendo em Boston. Nós os tratamos com excessiva indulgência, e eles ficam muito saudáveis.” - Edward KingstonOssos desconhecidos, segredos escondidos e crimes não solucionados, de um passado distante, deixam sombras sobre o presente, neste thriller da escritora da famosa série Rizzoli&Isles (resenhas no blog: http://houseofthrillers.wordpress.com/tag/rizzoliisles/). Inclusive, a Dra. Maura Isles faz uma aparição isolada, neste livro que junta presente e passado.
Nos dias de hoje, Julia Hamil, recém-divorciada, faz uma terrível descoberta no jardim de sua nova (e velha) casa na região rural de Massachusetts: um anel antigo e um crânio enterrado – humano, feminino e com marcas indubitáveis de assassinato. Mas, seja quem for essa mulher sem nome, e quem quer que a tenha matado, perdeu-se há muito tempo...
Julia se junta Henri, um parente da dona da casa, de 89 anos, cheio de caixas com cartas, jornais e documentos velhos que pertenceram à provável vítima. Os dois descobrem informações que datam de 1830, com uma bebê de nome Meggie, nascida de uma irlandesa chamada Aurnia, cujo marido era um canalha.
Boston, 1830: Para pagar por sua educação na faculdade de Medicina, Norris Marshall, um estudante talentoso mas terrivelmente pobre, junta-se a um ressurreicionista – profanador de sepulturas, ladrão de cadáveres, para serem vendidos no mercado negro aos estudantes e professores de medicina abastados, poderem praticar com corpos de verdade.
Porém, até mesmo esse revoltante, mas necessário comércio, perde a importância ante aos chocantes assassinatos de enfermeiras, encontradas mutiladas, perto do hospital da universidade.
Quando um famoso médico também é encontrado morto, da mesma forma, Norris é alçado à categoria de principal suspeito. Para provar sua inocência, Norris deve buscar a única testemunha do assassino: Rose Conolly – uma bela jovem da periferia de Boston que teme ser ela a próxima vítima do Assassino do West End.
Rose era irmã de Aurnia, tia de Meggie, órfã com a morte de sua mãe, na maternidade escola. Alguém quer o bebê. E alguém está disposto a matar para isso.
Juntamente com outro estudante muito inteligente, chamado Oliver Wendell Holmes, Norris e Rose procuram pela cidade – dos cemitérios às salas de autópsias – na trilha de um maníaco que espreita nas sombras, esperando por sua próxima oportunidade mortal.
Com detalhes históricos perfeitos, O jardim de Ossos reúne protagonistas dos séculos XIX e XXI, traçando o sombrio mistério que cruza essas épocas.
“Suas mãos saíram de sob o lençol, os dedos cobertos de uma gosma brilhante e amarelada, e a enfermeira entregou-lhe a mesma toalha suja em que havia limpado as mãos, após o exame de vários pacientes.” - Tess Gerritsen
Naquele tempo não se conhecia a teoria dos germes. Não usavam luvas. Os médicos faziam uma necrópsia num cadáver apodrecido e iam direto à maternidade, com as mãos imundas. Examinavam paciente por paciente, espalhando a infecção e matando cada mulher que tocavam. - os horrores da medicina do início do século XIX.
Em 1843, o médico Oliver Wendell Holmes, personagem do livro e da vida real, apresentou o trabalho “O contágio da febre puerperal”, que introduzia a nova prática, que agora nos parece óbvia, mas que, naquele tempo, era uma idéia radical: lavar as mãos.
A escritora Tess Gerritsen, em seu primeiro thriller histórico, mistura de forma louvável, seus romances água com açúcar iniciais, como Call after midnight e Never say die (resenhas no blog: http://houseofthrillers.wordpress.com/2012/01/21/call-after-midnight-tess-gerritsen/ e http://houseofthrillers.wordpress.com/2012/02/25/never-say-die-tess-gerritsen/), com os futuros best-sellers da série Rizzoli&Isles.
E, para terminar, Tess dá o nome de McCoy a um cão, personagem do livro, em homenagem a Star Track – bom saber que dividimos esse amor pela série.