Psychobooks 21/07/2012
Ao ler A Sombra do Vento e O Jogo do Anjo, eu acreditava que as únicas coisas em comum eram a Livraria Sempere, O Cemitério dos Livros Esquecidos e Barcelona, durante a leitura de O Prisioneiro do Céu me deparei com alguns detalhes sutis que me fizeram pensar na genialidade de Zafón ao 'amarrar' tão bem esses três livros.
O autor declarou que eles podem ser lidos em qualquer ordem, mas na minha humilde opinião, o leitor se deliciará com O Prisioneiro do Céu muito mais se já tiver lido os dois livros anteriores, se não os tiver lido, vai encontrar alguns spoilers sobre eles.
Muitas vezes eu disse que para ler um livro do Zafón é preciso calma, nada de sair atropelando as frases, é preciso apreciar sua escrita peculiar e bela. Mas dessa vez, a narrativa está bem acelerada e o número de páginas faz com que o leitor chegue ao final da história após algumas horas. O autor usa diversos elementos em seus enredos: mistério, suspense, humor, sarcasmo, fatos históricos e uma boa dose de insinuação.
Grande parte da história desse livro acontece no passado, onde o Fermín Romero de Torres relembra os momentos mais sombrios de sua vida para que Daniel possa entender a confusão em que ele se encontra. E não pense que a narrativa ficou desgovernada, Zafón sabe como ninguém distinguir diferentes épocas no mesmo livro sem deixar o leitor perdido ou entediado com informações desnecessárias.
Conhecemos a rotina de uma prisão que causa arrepios até no mais destemido criminoso, ela fica em um castelo acima do nível da cidade. Um lugar lúgube, sem condições de higiêne, alimentação e onde o diretor mantém seus presos na linha. Quem entra ali só consegue sair depois de morto. Ali, um grupo de prisioneiros contam algumas histórias de sua vida, trazendo a vida a trama idealizada por Zafón, proporcionando aos leitores informações valiosas que conectam os livros anteriores a esse.
Fermín é um personagem fantástico! Sempre me surpreendo com sua sagacidade e rio muito com seu humor, até nos piores momentos ele consegue fazer uma piada para aliviar o clima pesado. Aos poucos, este vai se revelando o verdadeiro personagem central da série.
Ao final da leitura, fica muito claro que este é apenas uma preparação para o próximo (e último) livro da série do Cemitério dos Livros Esquecidos. Aqui não há as reviravoltas e obscuridades presentes nos livros anteriores, mas nem por isso, deixa de ser uma leitura excelente. Eu o vejo como a peça que une A Sombra do Vento e O Jogo do Anjo, antes duas histórias paralelas, que agora se convergem para começar uma nova aventura.
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