AdrianoBiLL 27/06/2023
Uma obra-prima do suspense policial!
O meu primeiro contato com um livro da Tess Gerritsen foi no começo de 2009, quando do nada resolvi comprar "O Jardim de Ossos". Este foi o primeiro livro que eu li da autora e já achei excelente, já despertou o meu interesse em conhecer mais da sua bibliografia. Foi então que eu comprei um segundo livro...
A primeira vez que eu li "O Cirurgião" foi ali por volta de julho de 2010. Ao término do livro eu identifiquei na hora a minha paixão pelo suspense policial, pelo thriller médico, pelo suspense em torno da busca de um serial killer, das séries de assassinatos, e também já identifiquei todo o meu amor e admiração pela Tess. Ou seja, foi com "O Cirurgião" que eu me tornei um verdadeiro fã da Tess Gerritsen.
Depois de mais de uma década eu resolvi reler este que eu considero com um dos seus melhores livros de toda a sua carreira.
"O Cirurgião" é impecável, irretocável, uma obra-prima da literatura que te sufoca e te prende com uma história absurdamente incrível.
É realmente incrível a riqueza de detalhes técnicos que a Tess emprega em sua história. Por ela ter sido médica ela consegue colocar tudo que está acontecendo com uma precisão invejável. Todos os detalhes cirúrgicos e termos técnicos da medicina que envolve uma cirurgia, uma perfuração, uma incisão (excisão), tudo muito bem explicado, muito bem detalhado, muito crível, que nos imerge cada vez mais em sua história.
Existe assassinato perfeito? O Cirurgião era o assassino perfeito, era o assassino inteligente, cauteloso, organizado, metódico, cético, que deixava poucas pistas, ou nenhuma. E o mais curioso é você justamente achar que ele odiava as mulheres, pois tudo que ele queria era somente o útero delas, pois ele desfeminiza as suas vítimas, as purifica dos seus pecados. É completamente bizarro e doentio!
É incrível como a história te prende, te envolve, te abraça, te sufoca, quando você passa a percorrer cada passo do assassino oculto (juntamente com cada personagem), quando você passa a criar suas expectativas, suas imaginações, suas apostas e suas conclusões. É bizarro pensar em como um médico formado cirurgião possa ser o psicopata de toda a história. Como um médico que foi treinado para salvar vidas pode simplesmente dizimá-las com golpes precisos e letais.
Outro ponto muito curioso na história está relacionado com a Detetive Rizzoli, que passava todos os preconceitos possíveis por ser mulher e estar atuando só ao lado de homens em uma profissão predominantemente masculina. Ela sofria agressões verbais, desconfianças, discriminações, assédio e machismo. Me remete muito ao caso da Clarice Starling em "O Silêncio dos Inocentes".
"O Cirurgião" é um livro que traz uma história muito intrigante, muito pertinente, muito curiosa, ao mesmo tempo que se revela inquietante, perturbador, assustador, simplesmente por conter uma história pesada, que incomoda com seus desfechos, que incomoda com seus inúmeros gatilhos de estupros, torturas e violência contra a mulher. Eu considero o livro impecável mas entendo perfeitamente que é muito difícil o recomendar para alguém por esses motivos, principalmente se este alguém for uma mulher que já tenha passado por experiências traumáticas. É difícil imaginar como uma pessoa irá reagir diante de uma história tão perversa, tão cruel, tão chocante, envolvendo assassinatos, torturas, estupros, violência, machismo, preconceito e discriminação.
Por outro lado eu considero o livro como uma obra de arte da literatura. Simplesmente por ter sido escrito por uma autora que está no hall das maiores escritoras de suspense médico e policial de todos os tempos.
A sua maior fraqueza pode ser o medo. O medo une o elo eterno. Assim como a ovelha, o leão também é abençoado. E também o caçador.
Obra-prima irrevogável!
5 estrelas!
⭐⭐⭐⭐⭐
👏👏👏👏👏