Carla 29/04/2022"Quando você mexe em um segredo do passado, é como se abrisse as comportas de uma represa (...)(...) Porque a água cai e se espalha por lugares que você não esperava.”
Julia é uma pianista muito talentosa e famosa, mas acabou de viver uma tragédia muito grande na sua vida e então resolve retornar para a sua cidade natal, Norfolk, na Inglaterra, já que ela vive na França. Abandonando temporariamente sua fama e fortuna para viver em um chalé em uma pequena cidade, ela tenta recomeçar. Ela faz uma visita a tão amada Wharton Park, onde ela cresceu e teve incríveis experiencias ao longo da sua juventude e reencontra Kit Crawford, um velho conhecido. Kit então lhe entrega um diário antigo da família de Julia e ela mergulha em uma velha história que envolve algo que ela tando ama, Wharton Park.
Lucinda criou uma belíssima história. Incrivelmente bem escrita, bem desenvolvida e inteligente. Como é do seu feitio, ela faz um mix de culturas que eu amo! Nessa história ela envolve Inglaterra e Tailândia.
O talento dela em escrever detalhadamente sobre um lugar, uma cultura e sobre pessoas reais é inegável. Ela escreve e parece que tudo cria vida. Isso faz com que o leitor se transporte para o local onde está sendo contada a história e foi exatamente assim que eu me senti. Eu me envolvo sempre bem mais na história quando ela é inteligentemente bem descrita, fazendo com que eu indiretamente esteja nesse lugar e assim é feito nessa história. Wharton Park não sai da minha cabeça, fecho os olhos e posso ver aquela linda propriedade, o grande terreno e principalmente as orquídeas. Ah, que lugar deslumbrante! E a Tailândia? Terminei essa história louca para conhecer de pertinho. Conhecer a cultura e as pessoas.
"Toda casa tem seus segredos, e todo amor, seu preço"
Ah, mas não se engane, nessa história tem um belíssimo romance! E é belíssimo com todas as letras! É tão simples, leve e principalmente maduro. A personagem principal precisa de espaço, precisa de tempo e o mocinho a entende tão bem, age de forma tão bonita, que simplesmente virou um dos romances mais bonitos que já li. Ele é tão compreensivo, de verdade, que em meio a tantos outros desenvolvimento masculino, acaba sendo uma surpresa. O que não deveria. Eu simplesmente amei o romance, amei que eles são o que são sozinhos e juntos são maravilhosos.
E em paralelo um romance com muita história a ser contada (mais que isso é spoiler :P)
Ao longo de cada história criada por Lucinda, eu me apaixono mais pela forma dela de escrever, de criar e de dar vida. Mas essa, acredito que tenha ganhado meu coração como nenhuma outra ganhou, foi direto pro topo das minhas histórias favoritas! Eu recomendo muito essa leitura, não deixe a quantidade de páginas te assustar hahahah, no final a gente pensa sempre que queria um pouco mais.
“Em meio à dor e à felicidade da jornada que percorri nos últimos dois anos, eu aprendi a lição mais importante que a vida tem a oferecer e fico feliz por isso. Tudo o que temos é este instante."
“A verdade completa de repente fica clara para mim. Porém, ela me consola ou me assusta? Wharton Park não pertence aos Crawford. Nós pertencemos a ela.”
Essa é uma história regada de histórias de amor, dramas e descobertas. Nela, Julia embarca no passado para se reerguer no presente, aprendendo com os habitantes que já passaram por lá. Junto com ela, o leitor embarca nessa longa e deliciosa jornada.
A trama se desenrola entre passado e presente. O passado conta a história da tão amada mansão Wharton Park, que ao mesmo tempo é bem misteriosa e no presente ela está a venda por conta das inúmeras dividas que uma casa tão grande deixou. E é aí que a minha querida Lucinda desenrola uma super história de amor e de dor.
Os personagens que dão vida a essa história, são carregados das sua próprias histórias e experiências, que ao longo da leitura nós vamos tendo mais acesso, vamos mergulhando mais em cada um deles. O mais legal é que ao fazer um paralelo entre passado e presente, podemos ver os elementos em que definem ou não a personalidade de uma pessoa. A carga emocional, os traumas, as experiências e vivencias que levam as pessoas a serem o que são e, também, aquilo em que podem ser, não facilmente, mas podem, modificadas ao longo do tempo e de novas experiências e relações. O que a história nos passa é que, apesar das coisas ruins, das pedras de tropeços, não devemos deixar essas coisas definir o rumo das nossas vida. Não devemos perder o tão pouco tempo em que temos aqui nesse mundo. Recomeçar é preciso! E eu percebi lendo as passagens do passado e o rumo em que tomou e o que a personagem se tornou e em contra partida o momento em que Julia estava, ela podia escolher o que seria dali pra frente, uma vida amargurada ou criar uma bela e nova história.
“Ele não sentia mais que cada amanhecer simplesmente anunciava outro dia a ser suportado. Pela primeira vez na vida, estava feliz de verdade.”