Queria Estar Lendo 21/10/2014
Resenha: Estilhaça-me
Demorei algum tempo para poder ler esse livro. É uma das distopias preferidas da Denise e ela vinha insistindo para que eu lesse há algum tempo. As distopias meio que me desapontaram com Jogos Vorazes, Divergente e A Seleção, mas resolvi dar uma chance.
Como já diz a sinopse, a história conta sobre a vida de Juliette, uma garota de 17 anos presa em um manicômio por um crime que só nos é revelado ao desenrolar da história. Juliette tem um dom poder, por assim dizer, e não pode tocar ninguém. O dom dela é letal.
O mundo dela está arrasado, os humanos destruíram a terra e uma organização chamada O Restabelecimento, com pontos em todo o mundo, há alguns anos, prometeu que poderia restabelecer a vida como os humanos a conheciam. Porém, como é a pedida das distopias, O Restabelecimento não é um governo bonzinho e reprimi a população do único jeito que a opressão parece funcionar: através do medo. Juliette está presa há três anos e a pelo menos um está sem qualquer contato humano no manicômio. Até a chegada de um misterioso companheiro de cela.
"Na ausência de relacionamentos humanos, eu criei laços com os personagens de papel. Vivi amor e perda por meio das histórias enredadas na história; experimentei a adolescência por associação. Meu mundo é uma teia entrelaçada de palavras, amarrando membro a membro, osso a tendão, pensamento e imagens todos juntos. Sou um ser composto de letras, uma personagem criada por frases, um produto da imaginação fabricado por meio a ficção."
Daí pra frente a história tem muito spoiler e eu não posso realmente lhes contar, então vou focar um pouquinho nos três personagens principais dois dos quais me fascinaram como nunca!
O livro é narrado em primeira pessoa, pela visão da Juliette, e é uma experiência única. Quando comecei a ler, me senti meio assaltada por todas as emoções ali presentes. A Juliette parece ser uma personagem muito intensa. Uma narradora em que não se pode confiar completamente no início já que você fica sem saber o que pode ser real e o que pode ser delírio dela, como nem mesmo ela sabe.
É uma pessoa completamente maltratada, que sofre absurdos por conta de seu poder, que nunca foi completamente entendida pelas pessoas a sua volta. Seus pais a culpavam, seus colegas de classe e professores a conheciam como uma aberração e ela não conhecia o toque humano.
"Suas mãos tremem muito, seus olhos estão cheios de sentimentos, seu coração vibra de dor e afeto e eu quero morar aqui, em seus braços, em seus olhos, pelo resto da minha vida."
Isso até encontrar Adam, uma figura do passado que volta para sua vida a mando de Warner, um dos líderes dO Restabelecimento. Enquanto o Adam me pareceu um pouco sem personalidade, um pouco apagado em toda essa história, o Warner explodiu em tantas cores quanto a Juliette.
É fácil perceber que ele e ela são muito parecidos, ao mesmo tempo em que são completamente diferentes. E vou parabenizar a Tahereh por ter conseguido desenvolver dois personagens com uma criação tão semelhante, mas que tomaram dois caminhos tão diferentes.
Eu simplesmente adorei a personalidade insana do Warner e a obsessão dele. Os personagens adoram dizem que o Warner gosta do poder, mas eu acho que na verdade ele só se sente seguro estando no poder. Eu achei o Warner extremamente frágil e amedrontado, escondido em uma máscara de rigidez e desesperado por encontrar alguém que sentisse ao menos uma sombra do que ele sentia. Ele se esconde atrás do poder, vinga sua própria dor infligindo dor aos outros. Não acho que o poder pra ele é uma questão de gosto, mas sim uma questão de necessidade.
"O ar fresco e macio como a seda trança uma brisa suave por meus cabelos. Este pátio quadrangular poderia ser meu salão de bailes. Quero dançar com os elementos. Warner agarra minha mão, dou meia volta. Ele está sorrindo."
E acho, também, que a Juliette é a primeira vez que ele sente algum tipo de esperança. Esperança de um final feliz para o vilão.
E eu adoro ela. Adoro como ela é frágil, mas ao mesmo tempo é tão forte. Como ela é tão humana, quando quase não teve exemplo algum de humanidade, caridade, amor. Eu amo como os pensamentos fluem na narrativa dela e como eles jorram da página, eu amo amo amo como ela consegue dar um ar de poesia a tudo que fala.
Pode parecer estúpido estranho, mas outra coisa que eu gostei bastante foi a dinâmica das relações entre os personagens. Juliette e Adam era como uma nuvem carregada pronta para explodir gotas de felicidade, e foi revigorante. Já Juliette e Warner foi a explosão em si, tão disfuncional e perturbadora, ao mesmo tempo tão
tão
tão certa.
Eu queria poder costurar os 3 na minha alma. Queria poder pegar nas mãos deles e dançar na neve. Eu queria poder dizer que amei eles.
Já estou estendendo a mão para pegar Liberta-me, nada menos que cinco estrelas para esse! Ah, e se você quiser conhecer o lado da história do Warner, a Denise já resenhou Destrua-me (o 1.5 da trilogia) aqui para o blog.
E deixe-me só dizer que Kenji. Kenji é amor, Kenji é vida, Kenji é a personificação do alívio cômico perfeito. Amo tanto que dói os ossos.
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Gostou da resenha, quer mais? Então acesse o blog 'Só mais um' e venha viver este vício conosco! :)
Esta resenha foi feita por Bianca da Silva, membro do blog 'Só mais um', e a reprodução integral ou parcial da mesma é proibida. Plágio é crime.
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