Claraboia

Claraboia José Saramago




Resenhas - Claraboia


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Ricardo Rocha 18/08/2015

sempre suspeito de um autor cujo estilo é peculiar e isso o consagra em textos em que esse estilo não se faz presente. claro, não invalida o autor mas com certeza o livro em questão tem irreverihvel dano. me sinto aa vontade pra falar porque sequer gosto tanto assim de saramago, mas não tenho de gostar, apenas reconhecer o quanto foi competente para criar sua obra. o que me incomoda neste claraboia, o que em muitos momentos quase me fez abandonar, é ter sempre em mente (pq está na orelha) que é um livreo anterior a seu reconhecimento como escritor e mesmo assim ele deixou para os herdeiros decidirem sobre se deviam publicar ou não. ahn? os herdeiros? de que entendem os herdeiros e sobretudo numa questão assim? natutalmente, entenderão o que lhes será interessante entender, são herdeiros. mas saramago lhes delegou isso. por isso é saramago e não, por exemplo, gogol. sobre o livro? olha, não lembro, não sei
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Raquel Lima 17/04/2014

Voyeur ...
Engraçado como Saramango consegue nos levar para um Voyeurismo ... adorei compartilhar os momentos de vida de suas famílias e quanto elas estão ligadas... O Título também é perfeito. Nós inclusive nos posicionamos nela para dar esta espiada nestas vidas. Apesar de ser o primeiro livro escrito dele e a característica de escrever sem paragrafo não está ainda presente, já consegui sentir a sua " voz" contando a história.
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Elder 04/10/2013

Sob o pretexto de narrar amenidades, Saramago apresenta uma reflexão muito interessante sobre os conflitos humanos, tanto externos quanto internos.
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Toni 10/02/2012

A primeira mirada
Há muito que se escrever sobre esta obra de José Saramago, extraordinariamente anunciada pela Companhia das Letras como o romance perdido do vencedor do Nobel. Ora, perdidas podem se encontrar muitas coisas: as chaves de casa, o troco da padaria, a vontade de trabalhar em dias muito quentes. Pequeno ou grande, o que se perde, perdido está, e pouco se há de fazer. Salvas raras exceções de que se tem notícia na história da literatura, não são muitos os romances que se perderam, isto é, continuam perdidos pelo fogo, por naufrágio ou por loucura autoral, sem chances de serem reavidos, como sugere uma visita ao vernáculo. Em que pese a nobre tentativa de tornar as vendas do selo Saramago ainda mais volumosas, não será exagero talvez sugerir que a editora do Sr. Schwarcz, dessa vez, precisaria encontrar-se mais a prumo em suas campanhas publicitárias.

Claraboia não é, pois, um romance perdido. Mais duas ou três palavras e dá-se cabo ao assunto: em 1953 Saramago submeteu seu datiloscrito de 319 páginas a uma editora que manteve silêncio a respeito da obra. Mais de trinta anos depois, quando o autor já detinha prestígio nas letras portuguesas um telefonema anuncia a honra de editar o romance. A resposta, que tanto tinha de despeito quanto de dor, foi um peremptório, Que o devolvam. Ora pois! (A exclamação é por minha conta.)

É de se imaginar que esse romance preterido, uma das primeiras incursões do autor no gênero, estivesse aquém da qualidade esperada daquele que escreveu Memorial do Convento, O evangelho segundo Jesus Cristo e Ensaio sobre a cegueira, entre tantas outras obras impressionantes. De que outra forma se justificaria o caprichoso impedimento de sua publicação em vida? Adianto que não é o caso. E foi preciso que a teimosa viúva do autor, Pilar del Rio, em cujo discernimento podemos confiar, o levasse ao prelo para que um novo livro do português chegasse às estantes como obra além da campa teimosia a que somos todos muito gratos.

Vencido o estranhamento com que o leitor de Saramago forçosamente se depara ao folhear as páginas desse romance e encontrar períodos curtos, travessões indicando discurso direto e outras marcas convencionais da prática narrativa, esse leitor estará diante de uma obra que encanta e impressiona, daquelas de que se diz não-ser-possível-parar-de-ler. Claraboia é uma mirada de cima. É a fresta na parede que dá passagem ao ar, é a parte envidraçada de um telhado que deixa entrar a claridade. Através desse óculo, é permitido ao leitor mirar e ver a vida de seis famílias da classe média-baixa portuguesa que ocupam todo um modesto e pequeno edifício em Lisboa na primavera de 1952.

O livro é, portanto, dividido em seis núcleos narrativos que se cruzam ao longo de 35 capítulos. Apesar de ter sido escrito sob a ditadura de António de Oliveira Salazar, ali não há qualquer alusão direta ao ditador afinal pouco provável seria que passasse pela censura. Lê-se nele, não obstante, um mundo em constante inquirição, onde já se vê o mote que será tão caro ao 'Ensaio sobre a Cegueira', como a importância de se conservar os olhos abertos e enxergar de uma certa maneira. Tomando emprestada a ideia de um laboratório do escritor, que o tradutor Paulo Bezerra elaborou no prefácio para O duplo de Dostoiévski, Claraboia revela muitos leitmotiven e formas que irão florescer com a maturidade literária de Saramago, como sua relação com a música clássica e com a poesia de Fernando Pessoa, as cenas de estupro e de lesbianismo, a presença de mulheres fortes, o apelo à enciclopédia do leitor, certa dose de pessimismo inoculada, o velho artesão filósofo e o jovem aprendiz, etc.

O barroquismo tão característico de sua linguagem ainda se apresenta em forma embrionária, sendo raros os momentos em que o discurso parece dar voltas sobre si mesmo para inquirir sobre sua referencialidade no mundo ou sobre seu lugar na memória da literatura. O lirismo contundente, no entanto, já lá está em passagens de bruta força poética e delicada ironia. O narrador/autor passeia como uma câmera de cinema especialmente no capítulo que abre o romance passando de um ponto de vista para outro à medida que as personagens se cruzam nas escadarias, terraços e umbrais do edifício. Como sugere o título do romance, a narrativa escrutina o dia-a-dia dos moradores do prédio, devassando-lhes a vida por dentro e por fora. No sentido contrário ao que se espera de uma claraboia, o resultado dessa leitura-mirada é sairmos nós, leitores, com mais vida nos pulmões, e maior lucidez no tato com o outro.
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Pereira 26/04/2012

Interconexão
Vidas teoricamente independentes misturadas no cadinho. Personagens com um único ponto comum: moravam no mesmo prédio. Situações diferentes, niveladas pelo mesmo crivo: realidade. Saramago expõe de maneira muito dinâmica a rotina de pessoas bem próximas as que conhecemos, ou quiçá, fazemos parte. A inveja, o ciúme, o desprezo. Coisas que fazem parte deste mundo desde sua criação. Os diálogos em que Abel participa são os que mais me despertaram a admiração pelo estilo de escrito deste autor, já consagrado, mas por mim desconhecido. A certeza da leitura dos outros títulos anima meu mundo literário. Não indico este livro a menores. Não entenderam 10% do conteúdo. Não por inépcia, e sim pelo simples fato de ainda terem vivido pouco.
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Tiago 20/04/2012

Claraboia
Saramago surpreende com esta novela. O ano é 1952. Empoeirado e perdido pelas gavetas cheias de histórias Saramago presenteia seus fãs com um trabalho, diga-se de passagem, exemplar. Crônicas do dia-a-dia, cotidiano e humanidade. É isso que se pode esperar desda obra. Personagens em letras de carne e osso, Histórias singulares, mas comum a toda a gente. Fantástico.
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Leandro676 03/06/2024

Saramago dando luz às histórias desses vizinhos que se entrelaçam na mesma medida que ele desdobra as histórias particulares de cada apartamento. A escrita dele sempre tão satisfatória com um pensamento e ideias tão sagazes, um prazer de leitura. Cheio de passagens e momentos bastante memoráveis, mas as conversas entre o Silvestre e o Abel... Baita primor!
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Eduardo 02/04/2012

Intersecção
As estórias contadas na narrativa de Claraboia circundam em volta dos personagens que dividem o mesmo prédio. Diversos grupos sociais, pais e filho, mãe, irmãs e sobrinhas, uma cortesã sustentada por um empresário e diversos outros, que não se tornam. A vida deles se cruzam pelo convívio diário - corredores, janelas e sons mostram a curiosidade pela vida de outrem -. O jeito de contar essa estória torna-se interessante pela sua mudança de foco dos personagens em meio ao diálogo. A narrativa em terceira pessoa dá a inclusão e o apego aos pensamentos e ações dos personagens, aumentando o interesse a cada página.
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Revista Macondo 22/02/2012

[Indicações] Claraboia - José Saramago
(Postada, originalmente, em http://revistamacondo.wordpress.com/2012/01/11/indicacoes-claraboia-jose-saramago/)

No último semestre de 2011, os leitores de Saramago foram surpreendidos pela notícia de que seu primeiro romance, mantido inédito por desejo do próprio autor, seria publicado. Em meio à expectativa, tão logo promovido o lançamento da obra, deu-se início o turbilhão de críticas que, não reconhecendo em Claraboia o estilo consolidado dos trabalhos que conferiram notoriedade a Saramago, preferiram renegá-lo.

(...) Continue lendo no blog da revista!
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Stephanni 27/04/2012

Não foi o primeiro livro que li do autor, mas com certeza foi o que mais gostei. talvez por ter lido já mais madura tenha tido maior efeito em mim. A descrição dos ambientes, a capacidade de retratar diferentes vivências em pararelo, a relação entre pessoas...minuciosamente o autor nos faz mergulhar no mundo deste prédio composto dos mais diversos tipos sociais.
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Estevão 01/02/2012

Suave e descontraído.
Extremamente diferente do Saramago que li durante bastante tempo. Bem menos crítico e meticuloso, cheguei a pensar que poderia ter sido escrito por outras mãos, após sua morte. Porém, lá pelo meio do livro já se percebe indícios das características que tornariam o escritor um dos mais conhecidos e criticados da literatura contemporânea. Bem mais suave, uma dica pra quem quer começar a conhecer o autor e suas ideias.
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Sabrina Coutinho 01/02/2012

www.sassaricadas.wordpress.com
Claraboia foi escrito em 1953 por Saramago sob o pseudonimo “Honorato”, mas permaneceu inédito até esse ano. O livro foi mandado para uma editora mas acabou esquecido, anos depois a editora entrou em contato com o autor e ele resolveu não publica-lo. Para os admiradores do autor esse lançamento aparece como um presente. As histórias de cada família são narradas em ritmo bastante lento, com riqueza de detalhes sobre as características psicológicas de cada personagem e da influência de suas personalidades na casa em que vivem. Algumas palavras desconhecidas são inevitáveis, mas não afetam o fluxo do enredo. Fica cada vez mais interessante aprofundar-se nas histórias dentro de cada porta, janela, entre quatro paredes. Com alguma imaginação podemos montar o cenário, ouvimos o barulho de passos nas escadas, compartilhamos do interesse de cada morador pela vida alheia, passeamos dentro do humilde prédio.

As reflexões a respeito da existencia ficam por conta de Abel em suas conversas com o sapateiro Silvestre, de quem aluga um quarto. “Tem até um personagem que, de alguma maneira, é o Saramago debatendo-se com os seus próprios problemas e, nomeadamente, com um problema que ele nunca resolveu, que é o do optimismo e do pessimismo: se a humanidade é recuperável ou não e que atitude deve cada um de nós tomar, sentirmo-nos responsáveis por aquilo que se passa à nossa volta e intervir, ou acharmos que não temos nada a ver com isso e afastarmo-nos de qualquer intervenção na sociedade.” disse Zeferino Coelho, amigo e editor de Saramago, sobre Abel.

Critica-se a acomodação de duas famílias em seus casamentos infelizes e o apego ao passado. Justina mantêm intactas as roupas da filha Matilde, que morreu nova vítima de uma doença. Carmen vê suas fotos e lembra dos bons tempos na Espanha.

Isaura é tão absorvida por suas leituras que fica transtornada após ler A Religiosa, de Diderot , livro do qual apresenta-se trechos, para o completo entendimento dos motivos do transtorno da menina. São muitas as referências a obras clássicas da literatura, o que me deu mais vontade de ler algumas delas como Os irmãos Karamazov, de Dostoiévski.

Dois trechos que gostei muito e podem dar uma ideia da linguagem usada no livro:

“Tenho a sensação de que a vida está por detrás de uma cortina, a rir às gargalhadas dos nossos esforços para conhece-la. Eu quero conhece-la.”

“Ter não é possuir. Pode ter-se até aquilo que se não deseja. A posse é ter e o desfrutar o que se tem. Tinha uma casa, uma mulher e um filho, mas nada era, efetivamente, seu. De seu, só tinha a si mesmo, e não completamente.”
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Renato 18/01/2012

Um velho novo Saramago (publicada no Coletivo Amálgama)
Leia também esta resenha em:
http://www.amalgama.blog.br/01/2012/um-velho-novo-saramago/

por Renato Tardivo
renatotardivo.blogspot.com

Foi publicado recentemente o que talvez sejam os últimos originais deixados pelo escritor português – vencedor do prêmio Nobel em 1998 – José Saramago, falecido em junho de 2010, aos 87 anos. Curiosamente o livro em questão, Claraboia, foi o segundo romance escrito por ele, no início dos anos 1950, quando utilizava o pseudônimo “Honorato”.

Saramago já havia publicado um romance em 1947 – Terra do pecado. O livro de estreia não tivera boa acolhida, nem do público nem da crítica. Também como “Honorato”, o ex-serralheiro e jovem funcionário da previdência social (contava por volta de 30 anos) possuía alguns contos publicados em jornais e revistas. Nessa época, incentivado por um amigo artista plástico, o escritor submeteu Claraboia a uma editora de Lisboa, mas não obteve retorno e os originais sequer foram devolvidos. Veio o silêncio: José Saramago só publicaria outro livro, Manual de pintura e caligrafia, cerca de 24 anos mais tarde.

Na década de 1980, quando o escritor português já era mundialmente consagrado, a editora que o ignorara 30 anos antes propôs a publicação de Claraboia. Não se sabe ao certo se magoado ou ocupado com a produção de outros livros – o autor escreveu inúmeras obras entre a década de 1980 e o seu falecimento, em 2010 –, ou provavelmente devido aos dois motivos, Saramago decidiu não publicá-lo em vida, deixando a decisão para os seus herdeiros.

Bem, se já não bastasse a novela de 60 anos em torno do livro, vale dizer que sua leitura é válida. No entanto, isso não se deve, ao menos não primordialmente, à qualidade do romance. A propósito, aliás, o comumente lúcido José Saramago disse que o livro era “ingênuo”, mas que não se tratava de um romance “mal construído” e que possuía “coisas que já têm que ver com o meu modo de ser”. Tendo a concordar.

Claraboia tem mais de 350 páginas distribuídas em exatos 35 capítulos. Os longos períodos e parágrafos, a pontuação própria, a prosa que por vezes demanda algumas páginas até que o leitor se acostume, enfim, a marca própria que Saramago consolidou a partir de livros como Memorial do convento e Levantado do chão e com a qual se notabilizou em O Evangelho segundo Jesus Cristo e Ensaio sobre a cegueira, não figura ainda em Claraboia. Neste velho novo Saramago, as frases são curtas, a prosa é ágil e a leitura flui – da primeira à última página.

A epígrafe, de Raul Brandão, diz o seguinte: “Em todas as almas, como em todas as casas, além da fachada, há um interior escondido”. É este “interior” que o romance procura habitar. No primeiro capítulo, a partir da casa de Silvestre, um velho sapateiro, e sua esposa Mariana, tomamos contato com os habitantes dos demais apartamentos de um prédio. Nos demais capítulos, salvo raras exceções, as histórias dos vizinhos praticamente não se cruzam – cada capítulo é dedicado a um “interior escondido”.

Um casal infeliz, cuja filha morrera ainda nova, quatro mulheres solteiras – duas velhas, duas irmãs mais jovens (filhas de uma, sobrinhas da outra); um casal que (aparentemente) não se gosta mas cuja relação se transforma pelos olhos do filho; uma jovem e bela senhorita que sustenta a mãe com os ganhos do corpo; uma família que vislumbra o potencial da filha subir de vida; o velho sapateiro e sua esposa que, para equilibrar os gastos, alugam um dos quartos do apartamento para o jovem aventureiro Abel. Um verdadeiro microcosmo que, nessa medida, lembra o clássico O cortiço, de Aluísio Azevedo.

É interessante vislumbrar passagens (já) dignas de nota: “Duas mulheres velhas e duas que já voltavam costas à mocidade. O passado para recordar, o presente para viver, o futuro para recear”; “Vivia dentro de si mesma, como se estivesse sonhando um sonho sem princípio nem fim, um sonho sem assunto de que não queria acordar, um sonho todo feito de nuvens que passavam silenciosas encobrindo um céu de que já se esquecera”; “Ninguém sabe se esquece antes de esquecer”; “Não gosto de ser agarrado e a vida é um polvo de muitos tentáculos. Um só basta para prender um homem”; “Ter não é possuir. Pode ter-se até aquilo que não se deseja. A posse é o ter e o desfrutar o que se tem”; “Mas entre o ser e o parecer há sempre um ponto de entendimento, como se ser e parecer fossem dois planos inclinados que convergem e se unem”; e ainda haveria outras.

Em outros momentos, fica nítida a busca de Saramago pela própria linguagem – com a qual, felizmente, viria a se encontrar anos mais tarde. Shakespeare, Eça de Queirós, Dostoiévski, algumas vezes utiliza-se o recurso da intertextualidade. Seja como for, lampejos do Saramago maduro comparecem neste livro, e não apenas enquanto potencialidade senão enquanto realidade: “Abel pensou, tornou a pensar e, no fim, tinha diante de si apenas a pergunta”. Não seriam estas – as perguntas – o motor da prosa de José Saramago? É provável, vale dizer, que se escrevesse o romance em sua fase madura o autor mergulharia de forma ainda mais radical em apenas um daqueles interiores escondidos. Silvestre, Mariana e Abel? Possivelmente.

O jovem Abel, o estranho/familiar, disparador do início e do desfecho do romance, trava com o velho Silvestre belos diálogos – os diálogos envolvendo também as demais personagens são bem construídos. Temas como liberdade, desejo, união e desunião entre os homens – impossível não localizar os germes de Ensaio sobre a cegueira, A caverna, O Evangelho segundo Jesus Cristo – dão a tônica do embate entre o novo e o velho e – por que não dizer? – do próprio romance Claraboia – ele mesmo emblema do embate entre o novo e o velho José Saramago.

No entanto, se por um lado os múltiplos enredos são emblema da procura de Saramago por uma terra mais segura, por outro, vale destacar a sutileza com que o escritor maneja a luz que atravessa as diferentes janelas mas passa pela mesma claraboia: “O sol entrava pelos vidros da marquise e projetava no chão a sombra da armação de ferro como se fossem grades”. Mas, sobretudo, fazendo um exercício metonímico, Claraboia sobe de escala quando colocado em perspectiva com os livros que o velho Saramago ainda escreveria. Porque, em si mesmo, não é mais que um bom romance. E de (apenas) bons romances, para o bem ou para o mal, o mundo está cheio.

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