Denise @nise.rodrigues 11/05/2015Surpreendeu!!! (Definitivamente, não é o “Harry Potter Brasileiro”, muito menos infanto-juvenil!!)O livro conta a história de Idá Hugo, menino de 13 anos que vive no morro da Dona Marta/RJ, em uma época que os traficantes dominavam o morro e a violência assustava os moradores. Em meio a uma confusão, Hugo descobre que é bruxo, no início ele é relutante com essa ideia, mas paga para ver... É aí que a aventura começa...
Ele vai para a Korkovado, escola de Bruxaria do Sudeste do Brasil, onde nota que a diferença entre o ensino bruxo x mequetrefes/azêmolas (não-bruxos) é muito pouca há: injustiça, professores faltosos, alguns nem tão competentes, outros irresponsáveis, alunos que criam problemas, outros que tentam resolve-los, etc.
Em determinado momento Hugo se vê encurralado pelos traficantes que outrora havia escapado e começa um verdadeiro pandemônio em sua vida, problema atrás de problema. Ele se depara sendo o culpado por diversos acontecimentos ruins, que fugiram totalmente de seu controle, ações essas que poderiam levar aquele mundo mágico a destruição, como vem ocorrendo no mundo não-bruxo. Agora está em suas mãos a decisão de enfrentar as consequências de suas ações ou deixar que outros paguem pelas suas atitudes.
Hugo como personagem principal é muito hostil, egoísta, briguento, inconsequente, irritadiço, aproveitador, malandro e por que não manipulador? Sua vida, até então, na favela o ensinou a ser assim e não o deixa confiar em ninguém. Porém, esse excesso de ‘chatice’ faz com que em um primeiro momento pegarmos um tipo de aversão a ele, (POXXAAA, mas ele é o mocinho... é... +/- O verdadeiro mocinho à brasileira). Logo ao entrar na escola ele encontra Gislene, uma amiga do morro que sabe tudo sobre ele e conhece Eimi, um gracioso mineirinho e uma caipirinha misteriosa chamada Maria... Além de conhecer os Pixies, um grupo revolucionário e popular composto por Viny, Capí, Caimana e Índio. Hugo sente uma profunda admiração por eles, principalmente por Capí (como não se encantar pelo Capí?), são esses 4 que dão uma outra cara à trama mostrando o modo de pensar de cada personagem, sempre na perceptiva de Hugo. O que faz com o personagem principal acabe ganhando uma certa humanidade que talvez, nem ele próprio sabia que tinha.
Vejo nos Pixies a outra consciência do Hugo, cada membro tem alguma característica que lhe falta, e que nos próximos livros farão toda a diferença para saber qual lado da balança pesará mais para o Sr. Escarlate e como usará esse dom que lhe foi dado.
Estou dando 5 estrelas, pois a Renata conseguiu criar um universo todo alternativo ao Harry Potter, mostrando como realmente seria/é, uma escola de bruxaria no Brasil, com todas as suas deficiências e qualidades que ela vai apresentando ao longo do livro. Ela criou os feitiços em iorubá e tupi, mostrou um lado B da história do Brasil, deu um toque de cultura afro-brasileira (AMEI ;D), mostrou um pouquinho de nosso folclore, além de dar umas cutucadinhas sobre a política em nosso país. O trabalho de pesquisa foi formidável! (Além das diversas citações ocultas, ou nem tanto, ao universo de Harry Potter, Anne Rice, Crepúsculo, entre outros! :3)
Estava achando o livro legal até o fim da primeira parte, mas nada de mais... Então virou a segunda parte e foi uma surpresa INCRÍVEL, foi surpreendente o modo como eu devorei a pt.2... Sempre pensando: “o que vai acontecer com esse IDIOTA do Hugo?”, “Como ele vai se safar dessa?", “Tomara que ele tome jeito!!”. E apesar de tudo que acontece no decorrer do livro, termina com aquela sensação de “Eu não acredito que ele fez isso... E agora?!”. Apesar de ser classificado como infanto-juvenil, o livro traz muitas reflexões mais complexas pesadas que, a meu ver, seriam melhor compreendidas pelo público jovem-adulto.
Parece que o Hugo está sempre em cima do muro, sempre entre o bem e o mal, o certo e o errado. Fazendo a minha curiosidade com o futuro bruxesco dele e dos demais personagens só aumentar, pois acho que nem a própria Renata saiba, bem ao certo, em qual lado este bruxinho vai parar.
"Não existem soluções fáceis para problemas complicados, Hugo. A não ser que sejam soluções cruéis. E essas também, cedo ou tarde, reclamam seu preço." - Capí
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http://www.entrelinhasfantasticas.com.br/2015/05/resenha-arma-escarlate-renata-ventura.html