G. X. Vitoriano 09/12/2012
Confesso que Nunca ouvi falar de James Patterson antes que a Editora Arqueiro trouxesse os livros deste autor para o Brasil e nele apostasse, para a felicidade de nós leitores. Figurando como o autor mais bem pago de 2011 e também o autor de suspense mais vendido no mundo, lendo o livro O Dia da Caça é fácil se convencer da veracidade dessas informações...
Minha primeira impressão é que o a autor é uma máquina de escrever livros. James Patterson possui, até o presente momento, sete séries em andamento, além de outros livros independentes. Esta série do detetive Alex Cross, por exemplo, já soma 17 volumes publicados.
O Dia da Caça é o quarto livro da série Alex Cross e, embora eu tenha ficado com a curiosidade atiçada para ler os volumes anteriores, é perfeitamente possível apreciar sua leitura sem qualquer dano a um bom entendimento da trama, pois poucas vezes há referências aos outros exemplares. Mas a orelha trás um breve resumo sobre a trajetória profissional do Detetive Alex Cross, somente para situar o leitor: órfão aos 10 anos, criado pela avó Nana Mama, é pai de 3 filhos e sua primeira esposa morreu baleada num crime nunca solucionado e possui uma brilhante carreira na polícia de Washington.
Alex Cross é o especialista em solucionar mistérios, mas o atual caso, além de misterioso, também á apavorante: famílias inteiras estão sendo eliminadas através de massacres nitidamente cruéis e hediondos. A primeira família era de uma ex-namorada de Cross do período acadêmico, o que faz com que ele veja a investigação como um desafio pessoal. Com os novos massacres que acontecem, incluindo um simultâneo em Washington e Abuja, da família de um diplomata nigeriano, fica evidente que os crimes têm motivos que levam às savanas africanas. Alex não pensa duas vezes e também viaja à caça do assassino que se autodenomina Tiger e usa meninos como soldados.
A investigação de Alex Cross tem poucos resultados a princípio, pois ele é preso pela policia local e espancado sem qualquer motivo aparente. Logo fica evidente que são apenas lições para que Cross desista, mas ainda assim ele vai em frente e pouco a pouco consegue alguns aliados, descobre informações úteis e vê com seus próprios olhos uma miséria profunda. Neste ponto da trama, junto com Cross, o leitor se surpreende com a realidade africana, sobretudo na Nigéria, Serra Leoa e nos campos de refugiados de Darfur, onde há instabilidade política e milícias que atacam deliberadamente civis. Mais uma vez a ganância corrompe o mundo com jogos de interesses e fica quase impossível separar o joio do trigo... Quem serão os verdadeiros vilões?
Bem, o que falar sobre esse livro? Dia da Caça é narrado em primeira pessoa – pelo protagonista Cross e em parcos momentos pelo antagonista Tiger – na forma de capítulos curtos e o estilo do autor faz com que lê-lo seja uma experiência de rápida, não só pelo número reduzido de páginas, mas pela proeza de conseguir passar toda sua mensagem com economia. Não se engane, há descrições dos crimes, sim, e elas são chocantes, mas em momento algum a leitura é maçante.
Com relação aos personagens, achei que o detetive Cross poderia ter agido com mais esperteza, afinal as maiores descobertas que conseguiu vieram de terceiros e de graça, sem que ele, de fato, as conquistasse. Para um policial “tarimbado” como Cross, pode-se dizer que ele agiu com muita inocência na áfrica. Tudo bem que há o choque cultural, e tudo o mais, mas por vezes achei o personagem muito perdido. Ainda estou na dúvida se o antagonista poderia ser mais explorado, ou se parte do charme do livro reside neste mistério que foi o Tiger. Mas, sem dar spoiler, digo apenas que o desfecho é plenamente satisfatório e faz o leitor entender que nada poderia ser entregue de bandeja logo de início.
Entre minhas leituras dos últimos meses quase não houve suspenses, então ler O Dia da Caça foi uma variedade literária que me agradou muito. O enredo é muito interessante, quase que um pano de fundo para abordar de forma crua realidades que poucas vezes são veiculadas ao mundo, então este livro mereceu toda minha atenção.
Finalizando, e apenas à titulo de curiosidade, dois livros as série Alex Cross já ganharam versões nas telonas, vividas pelo ator Morgan Freeman nos filmes Beijos que Matam e Na Teia da Aranha. Nem preciso falar que recomendo.