Luara Cardoso 01/10/2013James Patterson é um dos autores mais completos que eu já li. Ele se dá bem em romance – como em
O diário de Suzana para Nicolas, um dos meus livros favoritos –, em policiais e até se aventura em infanto-juvenis. Ainda não tinha lido nenhum livro da série do
Alex Cross, um dos personagens mais famosos do autor. Quando tive a chance de ler
O dia da caça aproveitei e mais uma vez
me surpreendi, apesar de ser uma temática densa que eu não estou acostumada.
Por causa da morte de uma amiga do passado, Alex Cross se vê envolvido em uma rede de homicídios. Por causa disso, ele precisará encontrar o assassino de sua amiga e desvendar todos os enigmas que o cercam para que outras pessoas não acabem seguindo o mesmo destino. Sua aventura começa nos Estados Unidos e acaba parando na África, onde o caso fica ainda mais misterioso e cada movimento pode fazer com que tudo se vire contra Cross.
Os mistérios mais difíceis de solucionar são aqueles que você vê que estão perto do fim, pois já não há evidências suficientes nem muito mais a desvendar. A menos que você possa voltar ao início – retroceder e rever tudo. p. 12
Cada livro do James Patterson é uma
surpresa para mim. Não importa que a série tenha vários livros (como a própria série do Alex Cross) ou que ele escreva vários do mesmo gênero, sempre há algo que
me fisga e me deixa sem fôlego no final. Não foi diferente com
O dia da caça. Comecei o livro achando que ele teria as mesmas bases da série O clube das mulheres contra o crime, em que o enredo é mais leve e fluído, porém me enganei completamente.
O dia da caça é um daqueles livros que você tem que ter
estômago. O autor James Patterson
não economiza nas cenas fortes e faz com que o leitor sinta toda a tormenta que seu protagonista passa. Esse foi um dos grandes causas para que a minha leitura fosse lenta. Para ser sincera com vocês, demorei quase
duas semanas para finalizar o livro porque a cada dez páginas eu tinha que parar, absorver tudo aquilo que tinha acabado de acontecer, tomar coragem e só então continuar. Como disse no começo da resenha, essa não é uma temática que estou acostumada, logo, foi um livro que mexeu demais comigo.
Isso acontece porque o próprio Alex Cross é difícil de lidar. Um
personagem impulsivo, que não pesa as consequências de seus atos e que se mete em lugares que ninguém deveria se meter. É claro que essas são características que fazem qualquer livro policial se tornar ainda mais instigante, mas isso
me irritou na maior parte do tempo. Então, somando isso ao fato de que o enredo já estava bem denso, o livro se tornou ainda mais arrastado. Porém, aos poucos, fui criando um vínculo com Alex Cross e vi que todos os seus defeitos eram totalmente
humanos, o que fez com que James Patterson ganhasse mais um ponto positivo por criar um personagem tão propenso a
falhas.
Apesar dessa lentidão no enredo, o próprio é muito instigante. Toda a evolução, desde os capítulos iniciais até os finais, deixa qualquer leitor boquiaberto porque a história é muito bem conduzida. Os fatos são muito bem amarrados e dá para ter uma visão geral através da
alternância da narrativa em primeira e terceira pessoas. Foi por causa disso que o livro me surpreendeu, apesar de seus pontos negativos.
Circulei lentamente os corpo mutilados, desviando das poças de sangue, procurando pisar nas partes secas do assoalho sempre que possível. (...) Dei a volta completa para ver o rosto da mãe. O ângulo era tão bizarro que ela parceria estar com os olhos erguidos para mim, com uma expressão quase esperançosa, como se eu ainda pudesse salvá-la. Inclinei-me para analisá-la mais de perto e de repente fiquei tonto. (...) Eu não podia acreditar no que estava vendo. p. 15
Uma das características do autor que eu mais gosto são seus
capítulos curtos. Como já disse diversas vezes por aqui, esse é um dos métodos que mais gosto que os autores utilizem para que a leitura se torne mais dinâmica. E em O dia da caça isso também foi empregado e tenho que confessar: ainda bem que o autor fez isso. Com tantas cenas horrorosas que
mostram a realidade em sua forma mais crua, só assim para que eu conseguisse avançar na leitura.
Apesar de ter sido uma leitura densa, mais uma vez me surpreendi com a habilidade do autor de fazer um livro tão cru, tão real. É um
prato cheio para os fãs do gênero e, para aqueles que não têm costume de ler, já vão preparados para o enredo bem pesado, mas que vale totalmente o tempo investido na leitura.
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