Cinde.Costa 29/09/2021
Uma boa história de moral
Uma velha condessa, certa vez, contraiu uma dívida em um jogo de cartas e seu marido se recusou a saldar o débito. Isto posto, ao conseguir um empréstimo, seu benfeitor transmitiu a ela um segredo: como obter a revanche no jogo de cartas em que perdeu grande soma. Assim ela fez: a condessa não só quitou seu débito como jamais perdeu um jogo. Sua fama se tornou lenda, mas ela jamais revelou qual seu segredo.
Esse segredo chama a atenção de Hermann quando ele entreouve uma conversa:
Alguém diz, espantado:
"O que? - disse Narúmov - Você tem uma avó que adivinha três cartas na sequência, e até agora não extraiu essa cabalística dela?
O neto da condessa responde:
"Sim, é duplamente infernal! Ela teve quatro filhos, dentre os quais o meu pai: todos jogadores inveterados. E ela não revelou o segredo a nenhum".
Hermann, então, fica obcecado.
"A dama de espadas" é uma novela russa publicada em 1945. A narrativa, em terceira pessoa, expande nossa percepção para além daquilo que os personagens sabem e, consequentemente, apreendemos as querelas dos nobres de São Petersburgo, no século XVIII. É nas reuniões para jogar cartas - aliás, um jogo não nomeado na história - que política, filosofia, economia e sociedade são discutidos.
Contudo, trata-se de uma história cujo objetivo é moralizar através de uma sátira e, nesse sentido, tanto os personagens quanto esse contexto social não são aprofundados. Nessa história, isso não faz falta porque o que está sendo contado - e como é contado - basta para entendermos onde o autor quer chegar.
Para além da condessa, vamos conhecer o Hermann, um jovem ambicioso que, ciente do segredo da condessa, intenta descobri-lo a qualquer custo.
Durante a leitura, a gente pensa "rapaz, vai devagar aí...". No desfecho, a gente pensa "trouxa, bem feito" 😂😂😂😂
Enfim: essa é uma novela que vale a pena conhecer e garante uma boa risada no desfecho. Deixo minha RECOMENDAÇÃO e também informo que existem duas óperas baseada nessa história: uma do Tchaikovsky e outra do Franz von Suppé.