Nataly 16/02/2021
A DAMA DE ESPADAS - PUCHKIN, 1834
Esse é um clássico russo da primeira metade do século XIX para se devorar de uma vez só. Em menos de 80 páginas, Puchkin constrói uma narrativa que desperta a curiosidade e que surpreende no final.
O texto se desenrola de maneira até calma, o que me levou a pensar que tudo terminaria de maneira pacífica e do jeito previsto, tamanha a fluidez da história.
Mas esqueci que era um Puchkin, famoso justamente por suas grandes reviravoltas. O final consegue nos passar o mesmo impacto e o frio na barriga que a personagem sente ao ver seu destino decidido...
Com sua típica ironia, Puchkin costura a ingenuidade à ganância, mostrando como a segunda se utiliza da primeira para seus fins.
Sua linguagem nesse livro é clara, com momentos românticos que nos enganam e também com toques de humor. Puchkin é considerado pai da literatura russa moderna justamente por ter reorganizado a linguagem literária, incluindo a maneira do povo se expressar em seus textos. Em "A dama", há espaço até para discutir brevemente o crescimento do romance russo nessa primeira metade do século XIX.
Essa recente edição da editora Principis, traduzida por Irineu Perpetuo, é muito bem organizada e dinâmica, com cartas de baralho marcando os inícios de capítulo e também com notas explicativas das muitas expressões em francês, características da literatura russa do XIX.