Dani 26/10/2015Uma Proposta Irrecusável, Jill MansellLola Malone é uma garota trabalhadora de dezessete anos e decidida, ainda que um pouco extravagante em seu modo de ser e se vestir, com um grande amor por seu namorado, Dougie. Os dois são jovens e têm muito pela frente, tanto que Dougie está se mudando para uma outra cidade, para ingressar na universidade, enquanto Lola continua em sua cidade natal.
A distância, para os dois, não é problema; eles sempre podem viajar nos fins de semana para ver um ao outro, se revesando e trocando correspondências. Mas o namoro dos dois é um problema para a mãe do rapaz, Adele, que não gosta nem um pouco de Lola e não quer que seu filho fique preso à uma garota como ela, de classe inferior, tão jovem.
Para que os dois se separem, Adele faz uma oferta a Lola: ela lhe dará 10 mil libras se ela deixar seu filho em paz, para sempre. Lola não aceita, ficando furiosa. Ela ama Dougie mais que tudo e nunca o deixaria. Mas surge uma situação realmente horrível e a proposta de Adele se torna irrecusável.
Dez anos depois, Lola volta para seu país e acaba topando com aquela família novamente, os sentimentos antigos em relação á Dougie voltando, junto às mágoas. Mas Lola está determinada a reconquistar Dougie, mesmo que precise persegui-lo e ser insistente de uma forma irritante.
Ela, que ainda o ama - na verdade, nunca deixou de amar - precisa lutar para conseguir se redimir e tê-lo de volta, mesmo que não possa contar porquê aceitara a oferta de Adele.
Confesso que sempre me senti intimidada com este livro, por causa de seu tamanho, mas, como estava em minha Meta de Leitura de 2015, um dia decidi pegá-lo sem preguiça! Pela capa e sinopse, me parecia uma obra romântica e dramática, e me surpreendi quando comecei a ler e percebi, de cara, que se tratava de uma estória mais leve e divertida, no estilo chick-lit.
A narrativa é bem parecida com este gênero, contrastando à capa, cheia de momentos divertidos e descontraídos, tornando a leitura leve. Foi uma grande surpresa para mim, que esperava algo mais no estilo de A Última carta de amor ou outras obras da Jojo Moyes, e acabei encontrando este livro parecido com Meg Cabot, por exemplo.
Entretanto, apesar do estilo, que sempre me dou bem, algumas (muitas) coisas empacaram minha leitura. Não sei se fui eu que não estava em um momento de ler o gênero, ou se não gostei mesmo, mas eu simplesmente não conseguia, ás vezes, engolir a estória. A começar pela protagonista, que sempre fora muito infantil. Os primeiros capítulos mostravam os acontecimentos de dez anos atrás, quando ela estava com dezessete, e tinha um comportamento típico jovem. Até aí tudo bem, o problema foi quando, depois que passaram os anos, parecia que não havia mudado nada, ela não amadurecera nem um pouquinho. Claro que eu já não buscava uma leitura séria, mas as atitudes de Lola me irritaram muito pois era simplesmente toscas e de um humor forçado (sabe toda aquela atrapalhada que as protagonistas têm mania de ter? quando tudo dá errado sempre de uma forma cansativa e repetitiva?).
Outra coisa que não entendi, foi o fato de Lola se vestir tão extravagantemente. Não entendi qual era a intenção da autora, mas ela faz questão de ressaltar que a Lola se veste como uma prostituta. E não estou sendo má, no livro as pessoas realmente a confundem com uma garota de vida "fácil"!
E o mais horrível é que a autora não deve ter senso de moda algum, pois quase todos os personagens, segundo as descrições, usam cores vibrantes com cores vibrantes sem harmonia alguma. Se fosse apenas um personagem, ficaria até cômico, mas a piada ficou desgastada quando passou a ser uma característica de quase todos ali. E o pior é que Lola ainda se sentia no direito de reclamar de um deles! Tipo, what?
Por outro lado, descobrir a verdade dói como uma punhalada nas costas. - Página 113
Não era só a Lola que era de uma infantilidade enjoativa. Sally, irmã de Dougie e que se torna uma grande amida de Lola tem 36 anos e também se comporta como uma jovem de dezoito anos. Mais uma vez, nada contra, mas o problema é que ficou forçado demais, nem pareciam duas adultas.
Dougie devia ser o segundo personagem principal, mas acabou se tornando extremamente neutro. Ele é mencionado a todo momento, mas a autora simplesmente não foca nele. Não é mostrado sua parte da estória, seu dia-a-dia, seus pensamentos. Nadinha. Ele pareceu-me completamente avulso, sem importância, apenas um detalhe. Os outros personagens têm muito mais destaque.
Um personagem que me conquistou mesmo foi Gabe, vizinho e melhor amigo de Lola. Ele é um personagem bem clichê, o bonitão mulherengo, mas me agradou muito, protagonizando cenas hilárias e tendo até sua própria estória dentro da principal.
Além das situações atrapalhadas da personagem e o romance, o livro aborda muitas questões familiares e como relacionamentos ruins deixam marcas nas pessoas. Uma coisa nada a ver mas preciso comentar: não sei porquê, mas não páro de, quando leio sobre a Adele, imaginar a Malvina, sogra da Maria Mercedes *foto aqui* em seu papel.
Tudo seria tão diferente e alguém podia facilmente enlouquecer imaginando como a vida poderia ter sido se tivesse feito isto ou aquilo.
E imaginar, naquele momento, era irrelevante. Na época ela não teve escolha.
O romance não me convenceu nem um pouco. Gosto quando os personagens já se conhecem há anos, não fica algo apressado, mas não funcionou aqui pois, como mencionei, Dougie simplesmente não tinha destaque algum. Como eu saberia se ele retribuía os sentimentos de Lola?! E o final aconteceu assim: o começo te leva a pensar em um enorme clichê, você deduz o final. Até aí ok, pois passamos então a prestar atenção ao desenrolar. Mas daí o meio do livro te sugere outra coisa, você cria outra ideia para o final. Porém quando o desfecho chega, é exatamente como você imaginou no começo. Sim, isto mesmo que você pensa, Dougie e Sally ficam juntos no final [MIL PERDÕES PELO SPOILER, MAS NÃO CONSEGUI ME CONTER] o que é completamente estranho tendo em vista que não dá para saber, durante todo o o livro, se ele ainda gosta dela. O final ficou meio ??? e repentino, improvisado. Penso que a autora gastou páginas demais com cenas dispensáveis para depois não dar tempo para o mais importante: a estória.
Eu pensava que o livro ganharia uma estrela a mais sobre o desenrolar, que mais da metade do livro passou a ter a estória divertida e Lola aprendeu boas lições, além de sugerir outros rumos. Mas então a autora vem com este final que não se encaixou nos últimos acontecimentos. Sinceramente, pareceu que ela se distanciou no desenrolar do livro para, no final, fazer o que todos esperavam. Decepcionante!
Um detalhe que me incomodou foi a revisão do livro, que pecou em vários pontos. Muitas vezes os diálogos se misturavam com a narrativa, não distinguindo pensamentos e comentários do narrador com as falas dos personagens. Isso deixou por vezes confuso.
Mesmo assim, apesar de todos estes pontos negativos, é uma leitura leve e me diverti sim em algumas partes, pois, como Lola trabalha em uma livraria, passa por muitas aventuras que só os vendedores de livros devem passar *me lembrou este blog aqui* e, como ela ama livros, é muito fácil se identificar em alguns momentos mas, na maior parte do tempo, as situações me pareceram de um humor forçado, com desespero para nos fazer rir.
Uma Proposta Irrecusável foi um livro razoável, para ler como entretenimento sem pensar muito *ou as falhas não param de surgir*. Achei que a autora pecou bastante no romance, principalmente. Gostei muito mais da estória de Sally e Gabe (que por acaso tiveram muito mais destaque que Dougie, repetindo) que dos protagonistas, mas não foi tanto tempo perdido. No fim, fiquei intimidada com o número de páginas à toa, pois não é uma leitura cansativa. Não seria o primeiro livro que indicaria para alguém, mas acredito que outras pessoas podem gostar muito mais que eu.
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