Primeiras estórias

Primeiras estórias João Guimarães Rosa




Resenhas - Primeiras Estórias


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Bárbara 22/05/2014

Histórias inusitadas
O livro é composto por contos, muito bons, que nos levam à reflexão e deixam uma mensagem. No entanto, não é muito fácil de ser entendido, não consegui compreender tudo que Guimarães Rosa quis transmitir. A linguagem e a forma escrita também me chamaram atenção, termos diferentes, neologismos, e há trechos em que a história tem um ritmo que parece uma poesia, muito interessante mesmo. É uma ótima leitura, um belo livro, com contos por vezes inusitados, diferentes e que certamente, por trás de fatos estranhos, inexplicáveis, deixam uma mensagem, mesmo que de difícil compreensão. A existência humana, seus sentimentos, loucuras, angústias, buscas, entre outros, são abordados na obra. Alguns dos contos que mais me encantaram foram "A menina de lá", "Pirlimpsiquice" e "Os cimos".
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tbbrgs 29/11/2020

Primeiras Estórias, o primeiro livro
"De lá, o sol queria sair, na região da estrela-d'alva. A beira do campo, escura, como um muro baixo, quebrava-se, num ponto, dourado rombo, de bordas estilhaçadas. Por ali, se balançou para cima, suave, aos ligeiros vagarinhos, o meio-sol, o disco, o liso, o sol, a luz por tudo. Agora, era a bola de ouro a se equilibrar no azul de um fio".

Assim, Rosa descreveu o nascer do sol no último conto, Os Cimos, de Primeiras Estórias, que eu demorei à beça pra ler, mas valeu muito a pena ter esperado pra terminar, porque é com certeza um dos melhores livros que li esse ano, só pelo jeitinho com que o Guimarães escreve as coisas.

Quando comecei a ler o livro em agosto (ou talvez no final de julho?), estranhei de cara a escrita do Guimarães e estava tendo bastante dificuldade pra deixar a leitura fluir. Isso por ser o primeiríssimo livro de Guimarães que leio, então nunca tive contato nenhum com o tipo de escrita dele. Apesar de a minha mãe ter Rosa entre seus escritores preferidos, eu só fui começar a ler agora.

Uma das coisas que me ajudou bastante ao longo da leitura do livro foi, esse semestre, ter tido uma disciplina na faculdade em que a professora falou muito de um dos contos desse livro (Famigerado) e também fez uma leitura de um conto de Tutameia. Ela explicou tanta coisa, tanto sobre o conto, quanto sobre o próprio escritor, que me fez perceber um pouco como era bem particular a experiência de leitura de Guimarães, e eu cheguei à conclusão de que é só um estilo de escrita que a medida que nós lemos, nós nos acostumamos. A dificuldade inicial passa depois que entendemos um pouco mais, vamos pesquisando e procurando aprender tudo o que gira em torno daquela obra, de seu escritor e do mundo em que ele viveu.

A escrita de Guimarães é muito diferente de qualquer coisa que eu já tenha lido. Em muitos contos desse livro, na primeira leitura, em muitos casos, era uma primeira leitura difícil de penetrar, mais densa. Demorei pra ler esse livro, em grande medida, por causa disso: muitos contos eu lia duas vezes, porque ler uma vez não bastava. A segunda leitura costumava ser realmente muito mais esclarecedora do que a primeira, e eu conseguia ter uma visão mais ampla do conto e entender as entrelinhas, observar a estrutura e a forma das descrições de personagens e lugares com muito mais perceptividade e atenção. A cada conto que eu lia, era todo um universo novo criado em poucas páginas, em palavras tão bem elaboradas, imaginadas, inventadas. Esses contos emanam uma energia literária própria incomparável, cada um fala por si só e ao ler eles percebi o motivo pelo qual ecoam além da vida de Rosa, pelo qual são considerados histórias clássicas da literatura brasileira.
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Cigana.Geek 25/04/2023

Introdução ao estilo rosiano
É um livro que a gente finge que entende a maioria das coisas e faz cara admirada quando termina cada conto. Mas não é, necessariamente, uma leitura prazerosa.

Alguns contos são realmente de arrebentar. A Menina de Lá me pegou de jeito, O Espelho é fantástico, Famigerado é muito divertido, A Terceira Margem do Rio faz jus à fama. Mas muitos outros são chatos e esquecíveis, como Sorôco, sua mãe, sua filha e Pirlimpsiquice, que sinceramente eu pulei.

Tomo este livro como essencial para iniciar no universo rosiano, acostumar-se a sua escrita e apreciar melhor outros trabalhos. São altos e baixos, mas os altos são picos de beleza singular.
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Tiago 13/08/2022

A Terceira Margem do Rio
O mistério está às voltas em cada conto do livro. Em A Terceira Margem do Rio, um dos particularmente prediletos da coletânea e de todos os outros contos que já li, é o mistério o que mais atravessa a narrativa. É sobre esse conto que teço aqui meu comentário. Um rio é fundo, é dito pelo narrador, e a leitura de quem lê esse conto, se também não o for, vai morrer no raso. Os elementos simbólicos da narrativa precisam ser considerados: um rio tem duas margens - a de um lado e a de outro. Mas o rio do conto tem três: nessa terceira margem é onde vai o pai do narrador. Essa figura que fica estável diante do rio, que é coisa que tem um movimento contínuo. Concordo com alguns comentadores do conto quando afirmam que a ida do pai para a terceira margem do rio é rodeada de um mistério tão grande tal qual uma espécie de morte. E o filho que perpetuamente vai visita-lo sem sucesso de chamar sua atenção, até o dia em que propõe ficar no lugar do pai, nos põe a nós, leitores, diante do irremediável fato de que a morte é uma experiência intransferível, única para cada sujeito, e absolutamente rodeada de mistério. Dentro da morte não há o que entender, visto que não é o entendimento ou nada mais o que irá importar - o mesmo ocorre com a terceira margem, esse lugar para onde foi o pai.

Os parentes do filho, narrador do conto, tomam cada um o seu rumo: casam-se, vão morar com outros parentes. Menos ele. Sua devoção ao pai, seu luto insuperável causam nele uma incompreensível culpa que fica implícita ao leitor. Os anos passam e o filho já não é outra coisa senão sua culpa, sua devoção. Até que o segundo grande momento do conto ocorre: o filho propõe um lugar possível que ele possa ocupar na vida: o de entrar na canoa no lugar do pai. É quando o pai parece aceitar a proposta, acena e está voltando da terceira margem que o filho não suporta de terror; corre, retrocede. Sabe ali que o lugar do pai não pode ser ocupado. Se não for o lugar do pai que será ocupado, que lugar resta a ele? Ao fim do conto, há uma identificação ao próprio rio que corre, que leva, que segue seu fluxo.

Na clínica, nesse meu ofício de psicólogo, não é raro ouvir dos filhos enlutados um empuxo a ocupar na família o lugar dos pais mortos. Ocupa-lo não é sem sofrimento, pois esse movimento acarreta uma via direta, por identificação, que os liga ao parente que partiu para a "terceira margem do rio". Como passar a desejar um lugar para si? É essa a grande tarefa de cada um. Mesmo que não seja diante da morte dos pais, ocupar para si um lugar é enfrentar certo mistério que sustenta o viver. É construir para si a própria canoa, identificar-se não com a figura estática do rio, mas com o rio mesmo, com sua correnteza que leva, com seu fluxo.
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Matheus 21/06/2020

Único
Guimarães Rosa foi o autor que mais me fez feliz pela literatura ser literatura: nenhum outro meio conseguiria reproduzir o que ele faz com as palavras. Além das histórias serem boas, a forma como ele escreve é um espetáculo à parte (não só pela sintaxe mas também pela doçura e leveza).

Obs.: Também é fantástico como ele consegue, em todos os contos, nos localizar num cenário específico sem se demorar nos descritivos.
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Ana 16/06/2022

Simplesmente encantador
A maneira como o autor escreve possui tamanha suavidade e regionalismo que torna a leitura tão gostosa quanto uma conversa com alguém mais velho que tem infinitas histórias para contar.
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Jhon 05/12/2020

tô triste, alegre, perdido, confuso e emocionado
Não sei nem o que falar direito sobre o que foi essa leitura. É a segunda experiência com o autor e posso dizer que fui novamente arrebatado pelas criações desse carinha tão especial!

Os loucos, as crianças e os dissidentes que vivem no primeiras estórias não conseguem se adequar à normalidade esperada. Eles escapam às formas de vida razoáveis (da razão mesmo), me levando para espaços, mundos e tempos outros; fazendo com que eu me colocasse em questão várias vezes. A impressão que tive é que ao ler essas narrativas uma questão em comum costumava aparecer: "que tipo de vida estou vivendo?". E é uma pergunta muito difícil de pensar. Na verdade, quanto mais eu penso sobre essas estórias (algumas mais que outras) mais eu fico confuso, perdido, tocado e mexido por tantos afetos diferentes, que fica difícil extrair algo objetivo dessa experiência.

E apesar de eu gostar pra caramba, ler Guimarães Rosa pra mim não é fácil. É uma leitura dispendiosa, que, mais que atenção, requer uma espécie de aceitação de um chamamento, de um convite em que tu embarca num barquinho e vai navegando, remando em conjunto com as maluquices dos universos e das personagens inventadas pelo Guimarães. A passividade não teve espaço aqui, pois as respostas que tanto procurei e questionei só podiam partir de mim. E mesmo assim essas respostas não são acabadas ou intocáveis: as situações são demasiado irracionais para que sejam aceitas explicações lógicas finalizadas.

Tá aí um narrador da vida singular! Aaaaamo a escrita de Guimarães Rosa (embora não a ache tranquila). É um contar e um escrever de uma sensibilidade tão imensa que me faz rir com dentes, olhos e coração. Me emocionei demais! E parece que eu terminei o ato de leitura, mas sem sair saindo desses mundos, porque são tantas as coisas que vão reverberando, as angústias, as alegrias, os desesperos, as incompreensões, que não dá pra fechar o livro e esquecê-lo. São estórias que vão morar comigo e com certeza este foi um dos melhores livros que já li.
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Victor.mcrv 28/02/2020

Gostoso
Livro gostoso de se ler, mas não fácil, Guimarães tem um jeito único e peculiar de escrever, onde inventa palavras ou as escreve da maneira que o sertanejo fala, as estórias que ele escreve, os temas e os desfechos das mesmas fazem com que seja um livro tão bom de se ler.
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Futebol07 11/04/2024

Bom ??
Tem algums contos legalzinhos, mas nada de muito interessante. Minha crônica favorita é a da menina de lá pq foi um dos únicos que realmente me fez querer saber o final.
Enfim um livro bem normal mesmo ?
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Elvis Gomes 31/01/2021

Crianças e loucos: um mundo onde se era permitido ser
o meu primeiro contato com Guimarães Rosa foi: 20 dias pra ler 200 páginas. a experiência de ler esse cara é de uma leitura à parte. uma leitura em que você precisa diminuir o ritmo, se permitir dar uma saída do globo girando muito rápido e estar ali no que tá sendo dito. é praticamente ler em outra língua, porque é mais experienciar do que entender em si, as palavras tão sempre dizendo mais do que os puros acontecimentos, tem algo ali de uma essência da vida que tá pedindo pra ser tocada, mas cê precisa tá disposto a se desconectar por um tempinho pra chegar a isso.
*
gosto desse livro porque seus protagonistas não são os neuróticos de sempre que a leitura contemporânea nos faz simpatizar. rosa traz crianças e loucos na maioria das vezes. crianças como a beleza de quem descobre o mundo, os loucos como aqueles que redescobrem. uma visão de mundo que se perdeu, de uma época onde as crianças podiam ser, ao invés de vir a ser (os projetos de adultos de hoje), assim como aos loucos era permitido compartilhar e vivenciar sua outra experiência de mundo. além disso, a natureza cerca tudo. em um dos contos, a protagonista é uma vaca. simples assim. em outro, um louco se pendura numa mangueira. mais um: quando uma criança deprimida com a mãe doente consegue extrair um pouco de beleza na vida ao observar, todo dia de manhã cedinho, um tucano numa árvore.
*
esse livro me fala de uma época de mais esperança (que serve, assim, para ressuscitar um pouco dela hoje, mesmo que seja assustadoramente difícil).
raphaela.campano 28/04/2022minha estante
foda


raphaela.campano 28/04/2022minha estante
concordo muito




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Felipe 03/01/2015

Precisa de dicionário?
Neologismo é a arte de inventar palavras, e é também uma marca de João Guimarães Rosa nessas Primeiras Estórias. Como se já não bastasse as palavras que já existem e eu nem reconhecia.
Sopitados? Celha? Vinháticos? Confesso que até mesmo, durante a leitura, eu mesmo fiquei na dúvida do que era "famigerado".

Os ambientes que se repetem, numa fronteira entre a cidade e o campo, a vida ente a civilização e a natureza, retomando um universo que é real e mítico ao memso tempo. Tão mítico quanto a realidade o é.

Confos favoritos: A terceira margem do rio; Sorôco, sua mãe, sua filha; O espelho; Darandina; As margens da alegria e Os cimos.
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Luiz993 27/07/2022

O melhor e o pior de Guimarães
A obra reúne 21 contos de Guimarães Rosa. Não se enveredam por esplêndidas facetas literárias em rompantes de genialidade; os contos não explodem em grandes mistérios com desfechos magníficos, não. São até simples, mas mesmo na simplicidade, Guimarães é diferenciado.
Até o momento em minha leitura rosiana é o livro mais fraco, porém aquele que me deu de seus melhores personagens, a genial Brejeirinha no conto "Partida do Audaz Navegante". Não é superestimar a concepção de um gênio na figura de uma criança simples. Crianças, de maneira geral são sensíveis às emoções, e essa Brejeirinha foi sensacional em suas maluquices de contação de histórias, que, de uma delas promoveu a união de um casal que não via um palmo à frente do nariz para perceber o que a vida sempre se esmera em dar condições que aconteça: o amor. Foi genial.
Tiago 13/08/2022minha estante
Com dizer que não há grandes mistérios e que os contos são simples diante de A Terceira Margem do Rio? A Menina de Lá também é mistério puro.


Luiz993 21/09/2022minha estante
A tão polêmica "A Terceira Margem do Rio" tem um enredo elementar, previsível, ao meu ver. Para mim é claríssimo. "A Menina de Lá" é uma fofura, parece sinistro, mas é simples como uma ida à venda da esquina comprar um doce. Não são mistérios construídos ao longo da obra numa apoteose de sua elucidação como em outras obras, não.
Mas são percepções, ninguém é igual a ninguém. Para mim, esta é a obra mais simplória do gênio.




gabriel 23/10/2020

Estilo peculiar de escrita

Guimarães Rosa escreve de um jeito único, e o livro transpira este estilo próprio. É quase como ler um livro em outra língua, não mais o português. É algo que se aproximaria a uma "poesia em forma de prosa". É uma linguagem confusa mas fascinante ao mesmo tempo.

Temos aqui alguns contos do autor, e eu acho que eles variam muito em qualidade e estilo. Algumas histórias são fantásticas, outras enigmáticas, já outras são tão confusas que você termina sem entender nada. É uma leitura desafiadora, mas agradável se você compra a ideia do autor. O problema é até que ponto você está disposto a comprar este estilo...

Tal como um disco de uma banda qualquer, aqui temos os "fillers", que são os contos mais genéricos que soam mais como um exercício gratuito do estilo do autor. Outros já são muito bons e conseguem envolver o leitor na sua proposta. Destaco os contos "O Espelho", "A Terceira Margem do Rio" e a "Partida do Audaz Navegante", que são alguns dos melhores do livro. "Nenhum, nenhuma" é enigmático ao ponto quase do ininteligível. O "Nada e Nossa Condição" eu acho que ele pesou a mão, a linguagem está excessivamente confusa e exagerada.

É claro que a proposta é totalmente outra, o autor aqui quer reinventar a linguagem e utilizá-la de uma maneira altamente inovadora. É uma proposta radical, interessante, mas a real é que é simplesmente muito confusa e até chata em alguns momentos. Ele mais investe nas invencionices da própria linguagem e outros malabarismos linguísticos, do que na força poética das próprias coisas. É válido, mas não sei se sempre funciona... é, então, uma linguagem altamente experimental.

A impressão que me dá é que Guimarães é um cara sem humor. Ele só quer fazer poesia das suas histórias, enxergar um lado "maravilhoso" (digamos) das coisas (e, para isso, produzindo seus efeitos de linguagem), mas o fato é que a leitura é quase desprovida de qualquer senso de humor. Essa é a impressão que fica. Tudo no final soa muito sério, para uma linguagem tão inventiva e lúdica. Não que não haja histórias divertidas aqui, mas elas são a exceção à regra.

Outra impressão é de que Guimarães, no radicalismo da sua proposta, pesa um pouco demais a mão. Poderia ser um pouco mais leve. Não precisava ser tão confuso toda hora. Às vezes a leitura simplesmente não flui. E, muitas vezes, a linguagem fica entre você e as coisas relatadas. Fica uma barreira.

Mesmo assim, é uma ótima leitura, e sou super favorável à literatura de Guimarães Rosa. É um bom preâmbulo aí para encarar a sua grande obra-prima, que é o Grande Sertão: Veredas (livro pouco lido, mas sempre muito comentado). Eu só seria desonesto comigo mesmo se dissesse que gostei muito do que li. Em alguns momentos, simplesmente bocejei ou fechei o livro. Mas é uma escrita muito inventiva e criativa, que vale ser checada.
Guilherme Amin 01/07/2023minha estante
Excelente resenha! Inclusive me identifiquei.


gabriel 02/07/2023minha estante
Obrigado!




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