Primeiras estórias

Primeiras estórias João Guimarães Rosa




Resenhas - Primeiras Estórias


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Janaina Edwiges 22/04/2020

"Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo"
Não tenho pretensão e nem conhecimento suficiente para escrever uma resenha sobre uma obra de João Guimarães Rosa, um dos maiores escritores da literatura brasileira. Mas gostaria de dizer que Primeiras Estórias é um livro encantador e extremamente poético, para ser lido com muita calma e tranquilidade. Não é uma leitura fácil, especialmente para quem, assim como eu, não tem muita proximidade com a escrita do autor (este foi o primeiro livro que li dele). O que ajudou bastante a minha compreensão, foi pesquisar uma explicação sobre cada conto, à medida que avançava na leitura.

Através deste livro, conheci o conto mais lindo que já li em toda a minha vida: A terceira margem do rio. Este conto tocou profundamente a minha alma e vai ficar no meu coração para sempre. Muito obrigada, Guimarães Rosa! Não poderia partir deste mundo, sem ler algo tão belo e profundo.

O professor de literatura José Miguel Wisnik, em uma aula disponível no YouTube, nos diz que "A terceira margem do rio é um dos contos mais luminosos, encantados e indizíveis que existe. É um texto que a gente pode passar a vida inteira lendo, pois é conversando com a vida, que o conto se deixa ler! ”.
Fabricio268 23/04/2020minha estante
Nossa, Janaína!! Vou procurar esse livro só pra ler o conto que você mencionou. Anos atrás tentei ler Grande sertão veredas, mas a escrita de Guimarães Rosa não é fácil, ao menos pra mim naquela oportunidade foi bem difícil. Bela resenha a sua.


Janaina Edwiges 24/04/2020minha estante
Muito obrigada, Fabrício! Ahhh lei, leia sim, por favor! Você vai se encantar, é de tocar a alma. E este conto tem uma narrativa de mais fácil compreensão, é mais tranquilo para ler. Em muitos contos eu tive uma dificuldade maior para entender e precisei buscar uma explicação. Quero muito ler Grande sertão veredas um dia. Mas terei que ler com bastante calma :)


karolina 08/01/2022minha estante
que lindo!!


CPF1964 22/09/2023minha estante
Comprei hoje no sebo por 0,50 centavos. Muito lindo o seu comentário, Janaina. Inspirador !!!!




DIRCE 11/02/2012

Milmaravilhosa
Primeiras Estórias, livro de J.G. Rosas que traz 21 contos, e, me permitindo tomar uma emprestada uma fala do narrador- personagem de Pirlimpsiquice , diria que, a leitura que eu fiz foi milmaravilhosa, ainda que, ao contrário do que aparenta, não são contos muitos fáceis de entender – falo por mim, uma vez que, alguns deles, me levou a releituras para um melhor entendimento, como A Terceira Margem do Rio.
De uma maneira geral, J.G. Rosas, aborda nesse livro diferentes temas, como o descoberta do mundo por um menino , o deslumbramento que coisas simples provocam, e a compreensão de que a alegria pode desvanecer , porém, no meio das trevas, um vaga-lume pode representar outra vez a Alegria.
E "mergulhando" na escrita e narrativa de G. Rosa me deparei com a solidão, com a loucura, com a solidariedade, com a lei dos mais fortes, com a ingratidão, com as seqüelas da guerra, com os questionamento que um espelho pode trazer, com um novo despertar do amor e da sexualidade, e encontrei , até , uma vaca fujona que, no final de sua insólita jornada, tal qual um cúpido, permitiu que dois jovens fossem atingidos pela certeira flecha do amor.
Vou me estender um pouco mais falando sobre a "A Terceira Margem do Rio" e "Pirlimpsiquice".
A Terceira Margem do Rio, por ter me intrigado, me instigado e me desafiado, a ponto de eu ler e reler 2 vezes, pois inúmeras perguntas ficaram me martelando: o que representaria o termo a terceira margem? Por que o filho não conseguiu, como os demais membros da família, levar sua vida adiante, quando seu pai resolve viver, rio adentro, em uma pequena canoa? Por que tanta culpa? Por que tive a sensação que o filho ocupou o lugar de protagonista destinado ao pai? Pensei, pensei e pensei. Lembrei-me que, com freqüência, as pessoas sem perspectiva, são definidas como pessoas que vivem às margens da sociedade. Então será que minhas perguntas poderiam ter como respostas que o Rio foi uma metáfora utilizada por G. Rosas da vida, da existência? A negação do filho em ocupar o lugar do pai , representaria o seu medo da travessia, o seu medo de fazer as coisas acontecerem, levando-o a optar em ficar à margem ( a terceira margem do rio) , e , como seu pai que ficou à margem - a mercê da loucura , ficaria ele a mercê de dias não vividos, esperando apenas pela sua derradeira hora?

Já ,Pirlimpsiquice....Ah! Doce verão dos meus sonhos... No conto: a lembrança do narrador-personagem de uma peça encenada na sua infância, e que, devido a ausência de um dos membros ( o protagonista mor) e a rivalidade existente entre os alunos do colégio, se deu o maior quiprocó.
Maior quiprocó também se deu, quando eu, no segundo ano primário, fui escalada pela minha professora ( D. Nilza) para encenar uma peça de teatro , na qual eu representava uma madame- caracterizada como tal : salto alto ( aos 8 anos???) coque na cabeça...fala sério: uma verdadeira caricatura - hilário. Mas não parou por aí: na peça eu derrubava um vaso de porcelana valiosíssimo e, em uma das minha falas, eu dizia: OH! Meu vaso de porcelana, tão valioso! Valioso, não só pelo seu preço mas também pelo seu valor sentimental. Ocorre, que nos ensaios eu derrubava um suposto vaso , e não havia objeto algum representando-o , porém, no dia da apresentação da peça, a professora, colocou na mesa o tão valioso vaso - uma garrafinha de coca-cola- e , eu, toda talentosa, derrubei aquela " preciosidade" que se espatifou no chão em mil cacos. Nossa!!! Que vexame! Não é que eu achei tanta graça com o "vaso" espatifado no chão, que comecei a rir muito , na verdade, eu chorei de tanto rir e não disse fala alguma. Eu apenas ria , ria e ria. A professora apavorada fazia sinal para que eu parasse de rir, mas não tinha jeito: a cada sinal dela mais eu achava graça. A solução que ela encontrou, para acabar com aquela situação embaraçosa, foi ocupar o meu lugar peça. Estava encerrada minha carreira de atriz.
Por que eu "fugi" de modo tão desavergonhado da leitura ? Porque ler G. Rosas também é se permitir, por meio da sua narrativa, "voar" a tempos longínquos, e se perguntar: como G. Rosas escreveria minha façanha? Qual o título que ele daria a ela? Pirlimpsiquice II?
Como nesse meu comentário prevaleceram as interrogações, eu o finalizo com mais uma: posso deixar de dar 5 estrelas?
Tiago 02/05/2012minha estante
Releitura: uma das coisas mais gostosas de ler Rosa é que cada leitura que você faz do mesmo texto dele é um conto novo que lê.


ScaredOn 22/08/2012minha estante
Muito importantes as suas observações.
1-O termo a terceira margem, vem do fato do pai isolar-se e viver na terceira margem, o pai mergulha numa questao existencial;Guimarães rosa revelou que o rio é a alma humana, o pai mergulha no rio que é a alma, e passa a viver numa outra margem, uma amrgem meta fisica.
2-"Por que o filho não conseguiu, como os demais membros da família, levar sua vida adiante"- O conto mostra que alguns filhos sentem necessidade de cuidar dos pais, se sentem responsáveis de alguma forma pelos pais e pelo sofrimento "Por que tanta culpa".
3 - "Por que tive a sensação que o filho ocupou o lugar de protagonista destinado ao pai"-O filho, assim como o pai, acaba se isolando do que deveria viver, o pai deveria viver com a familia,o filho deveria fazer familia, os dois de certa forma, se isolaram da propria existencia.


ScaredOn 22/08/2012minha estante
Corrigindo "Muito importante".


Carla 28/07/2013minha estante
Realmente, Dirce, os contos não fáceis de entender...
Estou no meio da leitura do livro e, muitas vezes, ao terminá-los, percebo que não compreendi o texto e, muito menos, sua mensagem...
Este livro está sendo um grande desafio... há tempos, não lia um livro de tão difícil compreensão!
Torço para conseguir entender a mensagem que o autor almejou transmitir...




Bruno Oliveira 25/01/2016

Muito acima de minhas capacidades
Um livro bastante complexo o qual exige um leitor bem sofisticado para captar suas minúcias. Particularmente, tive muita dificuldade em manter a atenção em vários contos ou mesmo em compreender certas coisas.

Evidentemente, um nível superficial de leitura é possível, não é difícil entender os enredos e coisas banais assim, mas o modo como o autor usa a linguagem faz com que esse tipo de compreensão seja muito básica perto daquilo que o livro pode oferecer.

Há contos mais "tradicionais" como "A terceira margem do rio" ou o belíssimo "Soroco, sua mãe, sua filha" que, respectivamente, encantam pela aura metafórica e pela ausência de qualquer aura em torno de si, contudo, esses são apenas os contos mais acessíveis ou, ao menos, aqueles que o leitor acha que entendeu e pôde se encantar.

Considerei muito frustrante minha experiência com o livro e sinceramente não consegui apreciar muita coisa. Foi como ficar trancado do lado de fora da experiência que ele poderia me proporcionar. Guimarães é aquele tipo de literato que te mostra que literatura não é brincadeira e nem está aberta a todos. Há níveis e níveis de leitura, e muitos deles demandam muita sofisticação para que sejam alcançados.

Talvez eu me dê melhor com alguma outra obra do autor, mas no momento não estou interessado em tentar descobrir.
Lê Amâncio 11/01/2017minha estante
Tive a mesma infeliz sensação.
Fica pra depois esse.


Lene Colaço 13/04/2017minha estante
Senti o mesmo. Acabo de abandona-lo frustrada. Foi meu primeiro contato com o autor e esperava me sair melhor.


gabriel 23/10/2020minha estante
Resenha de uma honestidade ímpar, parabéns. Essa sensação de "ficar trancado pra fora" é horrível, a gente sente que perde muita coisa e se sente impotente em relação a isso. Eu acho que tive mais abertura a Guimarães quando jovem (quando qualquer um mais "espertinho" já bate nossa carteira e nos leva no gogó), então imediatamente comprei todas as inovações que ele fazia. Já mais velho e "chato", tive resistências. É uma excelente leitura, mas às vezes fico na dúvida se eu é que sou um leitor sem sofisticação, ou se é simplesmente o autor que passou do ponto e "desandou". Mas vai aí criticar figurões da literatura, é praticamente comprar briga com muita gente... ou seja, moral da história, Guimarães é genial, mas não é perfeito, seus experimentalismos nem sempre envolvem o leitor.




Ronaldo Thomé 25/06/2019

Não Deu
Essa resenha terá um tom mais pessoal e mais opinativo que as demais que faço.
Não é meu primeiro contato com a obra de Guimarães Rosa; foi Sagarana, quando eu tinha 16 anos. Já naquela época, fiquei espantado com a qualidade de seu texto em relação ao trabalho linguístico. No entanto, algo me incomodava: as histórias dos textos me pareciam muito simples, sem grandes detalhes. Sem contar que o texto em si já dá uma barreira com seu vocabulário peculiar. O tempo passou; hoje, após muitos anos, resolvi reencarar o desafio de ler Guimarães Rosa, por meio deste seu livro de contos iniciais, que já estava na estante há alguns anos. Infelizmente, a sensação permanece. Não é de modo algum um livro ruim: apenas não parece o tipo de livro que eu gosto. Há contos maravilhosos, como "A Menina de Lá", "O Espelho" e A Terceira Margem do Rio", os três entre meus favoritos. Mas o restante não funcionou para mim. Alguns dos contos são muito simplórios, outros, simplesmente parecem não fluir devido ao desafio da escrita. Posso dar uma futura segunda chance, mas talvez Guimarães Rosa não seja mesmo um autor de quem goste.

Neste caso, não me sinto apto para dar uma nota ao livro; prefiro deixar que os que lerem este texto conheçam o livro e criem uma opinião.
Marlo R. R. López 09/07/2019minha estante
Te entendo. É um livro difícil, mesmo. Esses três contos que você citou também são alguns dos meus favoritos. Alguns contos, infelizmente, eu li três páginas e entendi uma linha, se tanto.


gabriel 23/10/2020minha estante
Engraçado. Eu li também Guimarães na juventude (e o mesmo "Primeiras Estórias" aqui) e virei fã de carteirinha, simplesmente cai de cabeça neste estilo "maluco" do autor. Acho que era uma época em que eu estava muito mais aberto às inovações. Li mais velho recentemente e gostei bem menos, ainda que ainda reconheça as inúmeras qualidades literárias da obra. O problema é que a experiência nos faz perceber com mais clareza as "malandragens" do autor, o que antes era uma criatividade poética pura vira só um maneirismo linguístico muitas vezes gratuito e até forçado. O tempo nos torna céticos e amargos... ou simplesmente menos sensíveis, talvez.




Luiz993 27/07/2022

O melhor e o pior de Guimarães
A obra reúne 21 contos de Guimarães Rosa. Não se enveredam por esplêndidas facetas literárias em rompantes de genialidade; os contos não explodem em grandes mistérios com desfechos magníficos, não. São até simples, mas mesmo na simplicidade, Guimarães é diferenciado.
Até o momento em minha leitura rosiana é o livro mais fraco, porém aquele que me deu de seus melhores personagens, a genial Brejeirinha no conto "Partida do Audaz Navegante". Não é superestimar a concepção de um gênio na figura de uma criança simples. Crianças, de maneira geral são sensíveis às emoções, e essa Brejeirinha foi sensacional em suas maluquices de contação de histórias, que, de uma delas promoveu a união de um casal que não via um palmo à frente do nariz para perceber o que a vida sempre se esmera em dar condições que aconteça: o amor. Foi genial.
Tiago 13/08/2022minha estante
Com dizer que não há grandes mistérios e que os contos são simples diante de A Terceira Margem do Rio? A Menina de Lá também é mistério puro.


Luiz993 21/09/2022minha estante
A tão polêmica "A Terceira Margem do Rio" tem um enredo elementar, previsível, ao meu ver. Para mim é claríssimo. "A Menina de Lá" é uma fofura, parece sinistro, mas é simples como uma ida à venda da esquina comprar um doce. Não são mistérios construídos ao longo da obra numa apoteose de sua elucidação como em outras obras, não.
Mas são percepções, ninguém é igual a ninguém. Para mim, esta é a obra mais simplória do gênio.




gabriel 23/10/2020

Estilo peculiar de escrita

Guimarães Rosa escreve de um jeito único, e o livro transpira este estilo próprio. É quase como ler um livro em outra língua, não mais o português. É algo que se aproximaria a uma "poesia em forma de prosa". É uma linguagem confusa mas fascinante ao mesmo tempo.

Temos aqui alguns contos do autor, e eu acho que eles variam muito em qualidade e estilo. Algumas histórias são fantásticas, outras enigmáticas, já outras são tão confusas que você termina sem entender nada. É uma leitura desafiadora, mas agradável se você compra a ideia do autor. O problema é até que ponto você está disposto a comprar este estilo...

Tal como um disco de uma banda qualquer, aqui temos os "fillers", que são os contos mais genéricos que soam mais como um exercício gratuito do estilo do autor. Outros já são muito bons e conseguem envolver o leitor na sua proposta. Destaco os contos "O Espelho", "A Terceira Margem do Rio" e a "Partida do Audaz Navegante", que são alguns dos melhores do livro. "Nenhum, nenhuma" é enigmático ao ponto quase do ininteligível. O "Nada e Nossa Condição" eu acho que ele pesou a mão, a linguagem está excessivamente confusa e exagerada.

É claro que a proposta é totalmente outra, o autor aqui quer reinventar a linguagem e utilizá-la de uma maneira altamente inovadora. É uma proposta radical, interessante, mas a real é que é simplesmente muito confusa e até chata em alguns momentos. Ele mais investe nas invencionices da própria linguagem e outros malabarismos linguísticos, do que na força poética das próprias coisas. É válido, mas não sei se sempre funciona... é, então, uma linguagem altamente experimental.

A impressão que me dá é que Guimarães é um cara sem humor. Ele só quer fazer poesia das suas histórias, enxergar um lado "maravilhoso" (digamos) das coisas (e, para isso, produzindo seus efeitos de linguagem), mas o fato é que a leitura é quase desprovida de qualquer senso de humor. Essa é a impressão que fica. Tudo no final soa muito sério, para uma linguagem tão inventiva e lúdica. Não que não haja histórias divertidas aqui, mas elas são a exceção à regra.

Outra impressão é de que Guimarães, no radicalismo da sua proposta, pesa um pouco demais a mão. Poderia ser um pouco mais leve. Não precisava ser tão confuso toda hora. Às vezes a leitura simplesmente não flui. E, muitas vezes, a linguagem fica entre você e as coisas relatadas. Fica uma barreira.

Mesmo assim, é uma ótima leitura, e sou super favorável à literatura de Guimarães Rosa. É um bom preâmbulo aí para encarar a sua grande obra-prima, que é o Grande Sertão: Veredas (livro pouco lido, mas sempre muito comentado). Eu só seria desonesto comigo mesmo se dissesse que gostei muito do que li. Em alguns momentos, simplesmente bocejei ou fechei o livro. Mas é uma escrita muito inventiva e criativa, que vale ser checada.
Guilherme Amin 01/07/2023minha estante
Excelente resenha! Inclusive me identifiquei.


gabriel 02/07/2023minha estante
Obrigado!




luisa302 15/12/2022

não cheguei a ler o livro todo, só uns contos para escola. uns eu amei muito e outros eu não entedi caralhas por isso 3 estrelas kkkk
Geovana.Esther 15/12/2022minha estante
Acho que é o curso normal de ler Guimarães Rosa, alguns contos só "traduzindo" pra entender, mas gosto doq já li dele.


mariana.rgs 04/04/2023minha estante
KKKKKK




Elvis Gomes 31/01/2021

Crianças e loucos: um mundo onde se era permitido ser
o meu primeiro contato com Guimarães Rosa foi: 20 dias pra ler 200 páginas. a experiência de ler esse cara é de uma leitura à parte. uma leitura em que você precisa diminuir o ritmo, se permitir dar uma saída do globo girando muito rápido e estar ali no que tá sendo dito. é praticamente ler em outra língua, porque é mais experienciar do que entender em si, as palavras tão sempre dizendo mais do que os puros acontecimentos, tem algo ali de uma essência da vida que tá pedindo pra ser tocada, mas cê precisa tá disposto a se desconectar por um tempinho pra chegar a isso.
*
gosto desse livro porque seus protagonistas não são os neuróticos de sempre que a leitura contemporânea nos faz simpatizar. rosa traz crianças e loucos na maioria das vezes. crianças como a beleza de quem descobre o mundo, os loucos como aqueles que redescobrem. uma visão de mundo que se perdeu, de uma época onde as crianças podiam ser, ao invés de vir a ser (os projetos de adultos de hoje), assim como aos loucos era permitido compartilhar e vivenciar sua outra experiência de mundo. além disso, a natureza cerca tudo. em um dos contos, a protagonista é uma vaca. simples assim. em outro, um louco se pendura numa mangueira. mais um: quando uma criança deprimida com a mãe doente consegue extrair um pouco de beleza na vida ao observar, todo dia de manhã cedinho, um tucano numa árvore.
*
esse livro me fala de uma época de mais esperança (que serve, assim, para ressuscitar um pouco dela hoje, mesmo que seja assustadoramente difícil).
raphaela.campano 28/04/2022minha estante
foda


raphaela.campano 28/04/2022minha estante
concordo muito




Maria Lucia 05/01/2009

Livro ideal para quem começar o mergulho no universo roseano.

Término: 2º semestre de 2007
Luiz993 27/06/2022minha estante
Acho complicado começar Guimarães Rosa por essa obra, aliás, para mim é seu livro mais difícil. Eu vejo Sagarana como um ótimo início na obra do autor, pois as leituras são mais fáceis e mais interessantes também.




dualda 18/02/2022

leitura arrastada
foi uma leitura muito arrastada e, infelizmente, de vinte e uma estórias que tinham no livro, eu só consegui gostar de verdade de quatro. o que torna uma experiência muito ruim (decepcionante na verdade). preferi mil vezes a leitura de campo geral.
Luiz993 27/06/2022minha estante
Realmente, este é um dos mais difíceis livros de Guimarães Rosa; difícil de ler e difícil de gostar. No entanto é o que contém um dos contos que mais gostei do autor. No fim, tudo em Guimarães Rosa vale a pena.




Samyta 07/03/2009

Primeiros passos no sertão...
Sou muito suspeita pra falar de Guimarães Rosa, porque sou roseana de coração, muito fã mesmo!!!
Esse é um dos meus preferidos, com contos maravilhosos (destaque para "A menina de Lá" que é de uma delicadeza sem fim).
Ótimo para quem ainda não leu nada dele. E também sempre bom para reler trechos de vez em quando. Amo!
biiah 14/03/2012minha estante
tive EXATAMENTE a mesma impressão de A Menina de Lá. Mas amei com todas as minhas forças Nenhum, Nenhuma.




giginha 14/09/2021

guimarães como sempre nos oferecendo tudo no cenário sertanejo: gente nova, gente velha, gente criminosa, gente extraterrestre, gente apaixonada (senti falta de uma história de c0rno!!! lembro que no sagarana tinham várias) e gente doida - mas ninguém é doido. ou, então, todos. tem também fantasia, dark academia, caso de policia, casos de família, lovers to enemies e por aí vai. não é o melhor livro que eu já li, mas também não é o pior. não curto muito livros de contos porque tem sempre coisa muito boa e coisa meio meh, mas aí já é problema meu. os melhores aqui são a menina de lá, os irmãos dagobé e a benfazeja.
giginha 14/09/2021minha estante
história de c0rn0!!!! censurou por que skoob que saco




Ulisses 04/09/2013

Informações básicas sobre o livro
Livro de contos que já traz algumas nuances da excepcional literatura de Rosa. A obra é composta de 21 contos que se inter-relacionam e se complementam.

1. As margens da alegria
2. Famigerado
3. Sorôco, sua mãe, sua filha
4. A menina de lá
5. Os irmãos Dagobé
6. A terceira margem do rio
7. Pirlimpsiquice
8. Nenhum, nenhuma
9. Fatalidade
10. Sequência
11. O espelho
12. Nada e a nossa condição
13. O cavalo que bebia
14. Um moço muito branco
15. Luas-de-mel
16. A partida do audaz navegante
17. A benfazeja
18. Darandina
19. Substância
20. Tarantão, meu patrão
21. Os cimos

lispector 10/02/2019minha estante
Por mais comentários assim,com os contos




Matheus 29/07/2013

O sertão é Rosa. Guimarães Rosa!
Não sei direito o que falar sobre este livro. Escrevo no meio da noite com o marteladas solitário de uma siriema distante, no pasto. A situação não poderia ser melhor. Deixo, pois, ao momento me ditar as palavras.

Muitos são da opinião que Machado de Assis é o deus da literatura portuguesa, ou até universal. Assim também eu achava; até ler Guimarães Rosa. Provavelmente, só não é unanime a opinião de lhe conceder o posto de primeiro lugar na literatura, porque poucos são os que leem seus livros. Paira um ar intimidador sobre as obras desse escritor e a maioria das pessoas não se sentem capazes de pega-las para ler. No entanto, nada justifica esse receio e a intimidação dos livros de Guimarães existe mais pela conversa fiada de professores de literatura do que por um estilo difícil de entender. De fato, logo na escola os professores falam que, de inicio, parece estar-se lendo em outra língua, e a quase totalidade dos alunos caem no equivoco de pressupor que essa outra língua e impossível.

"Ninguém é doido. Ou, então, todos. Só fiz, que fui lá. Com um lenço, para o aceno ser mais. Eu estava muito no meu sentido. Esperei. Ao por fim, ele apareceu, aí e lá, o vulto"
- A terceira margem do rio -

Sim, com certeza Rosa não escreve na mesma língua que os outros escritores brasileiros. Estes usam a linguagem técnica, formal, pensada e repensada... enfim, linguagem de livro. Rosa não. A sua é a da fala, a da alma e por isso mesmo seria impossível que carregasse a incompreensibilidade que lhe é erroneamente atribuída . Consigo perfeitamente imaginar um noite de lua, onde em volta de uma fogueira, sertanejos contam causos na linguagem de Guimarães. O escritor dos sertões é o equivalente aos impressionistas na arte visual. Estes estudaram os efeitos óticos da luz e do olho humano de forma a que pintaram espelhos da natureza sem precedentes, como nem Da Vici ou Michelangelo jamais sonhavam em conseguir; Já Guimarães Rosa estudou a língua de todas as formas possíveis e imagináveis, e conseguiu dar uma vivacidade tão absoluta a suas estórias que nem mesmo Shakespeare conseguira.

O cenário de Rosa, assim como sues personagens, não conhecem limites entre o mundo real e o do romance. Parecem trasbordar do livro. O sertão descrito parece frequentemente muito mais real do que a sala ou quarto em que o leitor lê o livro, e parece termos convivido pessoalmente com as personagens criadas, mais até do que com nossos amigos e parentes mais íntimos. Por mais extraordinárias e misteriosas que que sejam, em nenhum momento se duvida que a estória contada seja verídica - e de fato, elas parecem mais contadas do que escritas. Esse é o Gênio maior e inigualável de Guimarães Rosa!

"A Mãe queria, ela começou a discutir com o Pai. Mas, no mais choro, se serenou – o sorriso tão bom, tão grande – suspensão num pensamento: que não era preciso encomendar, nem explicar, pois havia de sair bem assim, do jeito, cor-de-rosa com verdes funebrilhos, porque era, tinha de ser! – pelo milagre, o de sua filhinha em glória, Santa Nhinhinha."
- A menina de lá -

Esse parágrafo é uma síntese de Primeiras Estórias, e mostra que o livro não foge do que eu falei acima. São vinte um contos que se unem de maneira surpreendente, apesar de não terem entre si nenhum vínculo claro. Há uma mágica comum a todas as estórias, algo entre a sabedoria milenar dos ascetas japoneses e o sobrenatural das fábulas e do folclore brasileiro. Todos os contos tratam de seres humanos excepcionais e talvez aqui esteja o Guimarães do livro. Assim como seus personagens são diferentes de tudo que os cerca, também seu criador possui o Gênio sem igual!
Gian 31/08/2014minha estante
Depois de ler este livro, fica difícil não colocar Rosa como o mais incrível escritor brasileiro, e o mais "inventivo" na língua portuguesa.




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