O Vermelho e o Negro

O Vermelho e o Negro Stendhal




Resenhas - O Vermelho e o Negro


311 encontrados | exibindo 76 a 91
6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 |


Matheus Lins 20/03/2011

http://b33p.me/2011/03/20/resenha-o-vermelho-e-o-negro-de-stendhal
O Vermelho e o Negro (Le Rouge et le Noir) expõe um retrato incisivo e crítico da sociedade aristocrática francesa de 1830; retrato este que realça sobretudo a hipocrisia e a falsidade que parecem imperar sobre todas as relações sociais e pessoais da época, desnudando o caráter mesquinho, fútil e interesseiro por trás de ações com fachadas muito nobres.

Stendhal (pseudônimo de Marie-Henri Beyle) relata a trajetória de Julien Sorel, agraciado com uma extraordinária memória, o que lhe permitiu se destacar rapidamente nos estudos eclesiásticos (ele decorou a Bíblia de cabo a rabo – em latim) e, eventualmente, libertá-lo de sua existência sofrida sob a égide do pai – o qual despreza o apreço do filho pelas artes e a sua completa inaptidão para com o ofício da famíla, a carpintaria. O primeiro espasmo de liberdade advém com a chance de trabalhar, como preceptor de latim, para os filhos do importante prefeito da região. Isso lhe abre portas que, em retrospecto, deveriam ter permanecido fechadas.

Sorel, todavia, não é um refém impotente e inocente das circunstâncias, salvo pela religião, como o parágrafo acima pode dar a entender; trata-se mormente de uma pessoa astuta e ambiciosa, que almeja alcançar uma glória similar a do seu maior ídolo, Napoleão Bonaparte (que, no contexto do romance, é uma espécie de Judas para a aristocracia).

Porém, o que fica logo claro ao leitor é que o personagem, a despeito de seus dons sobre-humanos, carece da malícia necessária para lograr êxito no meio burguês de que tanto aspira fazer parte, sendo vítima de arroubos de sensibilidade e romanticismo que denunciam a sua falta de cinismo e que muitas vezes põem em risco os seus planos. Sua natureza sensível é em parte compensada pelo frio calculismo que no decorrer da narrativa ele se esforça em esmerar, não sem um grande desgaste emocional.

A partir da peculiar trajetória do personagem, que transita por diversos setores da sociedade em virtude dos seus dons mnemônicos, Stendhal ilumina os recônditos sórdidos da aristocracia e clero franceses, impingindo-lhes as suas críticas. A sua pusilanimidade prudência, no entanto, em diversos momentos o leva a um engenhoso exercício metalinguístico: longos parênteses elucidatórios quanto aos seus intentos como que emergem em meio ao texto, interpelando a narrativa, como, por exemplo:

“Um romance é um espelho que se carrega ao longo da estrada. Tanto pode refletir para os seus olhos o azul do céu como a imundície do lamaçal da estrada. Por acaso o homem que carrega o espelho em sua sacola pode ser acusado de imoral? Seu espelho mostra a sujeira e o senhor acusa o espelho? O senhor deveria acusar o longo caminho onde se forma o lamaçal e, sobretudo, o inspetor das estradas que deixa a água apodrecer e o lodo se acumular.”

Dado o modo pioneiro com que Stenhal trabalhou os seus personagens, numa narrativa impermeável a qualquer idealismos ou florecimentos da realidade, O Vermelho e o Negro é considerado um dos precursores do Realismo na literatura, antecedendo em alguns bons anos essa tendência literária, disseminada mundo afora por Flaubert e seu Madame Bovary.

No Brasil a obra recebeu um tratamento bastante digno, com uma publicação em capa dura pela Cosac Naify, a qual é ilustrada por um quadro de Napoleão Bonaparte (cuja figura tanto pairou sobre a mente de Sorel) com uma expressão de enfado sombrio que em muito remete ao nosso protagonista. Tarsila do Amaral e Erich Auerbach assinam, respectivamente, o prefácio e a contracapa.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Tarcísio 10/07/2012

Mais de seiscentas páginas de uma literatura clássica, vocabulário rico e, de brinde, um realista e detalhado retrato da Europa do século XIX. Se isso não bastasse, um conteúdo recheado de palavras, frases e trechos filosóficos, disponibilizado ao leitor através da autoanálise dos personagens.

Ótimo, então "O Vermelho e o Negro" merece todos os elogios e indicações. Infelizmente, na minha opinião, não é bem isso. Apesar das qualidades citadas anteriormente, a obra não serve muito como um exemplo de leitura prazerosa. Apesar de trechos interessantes e com um bom ritmo, em vários momentos a leitura torna-se cansativa e sem empolgação. O autor exagera vez por outra nas discussões filosóficas e em estórias que não agregam em nada.

Aos personagens principais, falta-lhes carisma. Como, por exemplo, comparar as inconstantes e orgulhosas Srta. La Mole ou mesmo Sra. de Rênal com a encantadora e arrebatadora Elisabeth Bennet, de "Orgulho e Preconceito"? Sem comparação. Julien Sorel parece-me mais com um rebelde sem causa do que propriamente como um herói romanesco.

Minha indicação do livro seria somente aos amantes da literatura clássica, que sentem prazer não somente com um enredo empolgante mas também com um texto bem escrito, de qualidade cultural indiscutível.
comentários(0)comente



E. Soares 04/07/2022

Não sei se sou eu que estou sem muita paciência pra ler, pois tudo o que li este ano foi insosso. Esse livro é o que se espera de um romance antigo, extensas descrições, e o psicológico de cada personagem é extremamente detalhado, um ponto muito positivo. Ficamos absortos na complexidade das relações de Julien Sorel, seus sentimentos e os sentimentos das pessoas ao redor que também podem influenciar consequências que podem ir de tênues a graves.

Mesmo assim eu acabei lendo de pouco em pouco porque eu quase dormia de tédio pela repetição de certas situações, repetição de dilemas e monólogos internos.

No geral, um livro que eu considero importante pra literatura, embora eu tenha quase desprezado Julien (e olha que eu tentei gostar dele até imaginei ele como timothee chalala).

O final é satisfatório e acaba o ciclo, condiz com a personalidade do nosso "herói" orgulhosinho e eu só posso sentir pela Mathilde porque eu acho ela uma personagem genial, no fim, ela teve o que queria, um homem que não nasceu de joelhos e uma tragédia digna dos tempos das revoluções.
comentários(0)comente



Pequod.3 21/03/2024

Simplesmente uma obra-prima da literatura francesa escrita por Stendhal (pseudônimo de Marie-Henri Beyle) e publicada em 1830. Ambientado na França pós-napoleônica, o livro oferece uma análise bastante perspicaz da sociedade, política e psicologia humana.

A trama gira em torno de Julien Sorel, um jovem inteligente e ambicioso de origem humilde que está determinado a ascender na hierarquia social. Utilizando sua inteligência afiada, charme e astúcia, Julien embarca em uma jornada de autoafirmação em um mundo onde as oportunidades são escassas para alguém de sua condição social. Achei ele um personagem fascinante e complexo, cujas aspirações colidem com as realidades cruéis da sociedade da época.

O livro é dividido em duas partes distintas, representando as duas cores do título. Na primeira parte, Julien se envolve em um romance apaixonado com a Sra. de Rênal, esposa de um prefeito provinciano. Esse relacionamento o lança em um mundo de intrigas e traições, enquanto ele navega pelas complexidades do amor e da moralidade.

Na segunda parte, Julien parte para Paris em busca de ascensão social e sucesso político. Ele se envolve em jogos de poder e manipulação, tornando-se secretário de um influente político e seduzindo a filha de um aristocrata. No entanto, sua ambição implacável eventualmente o leva à ruína, destacando os custos da busca pelo poder e reconhecimento na sociedade francesa do século XIX.

Se tem algo que eu aprendi com essa leitura é que o autor desenvolve muito bem uma série de personagens e eventos que conseguem nos revelar as mais complexidades e também contradições da natureza humana. Possuindo diálogos perspicazes e sua análise aguda da sociedade oferecem uma visão penetrante das lutas individuais e sociais da época.

Não menos importante, também encontramos aqui um reflexão sobre as tensões entre a paixão e a ambição; amor e poder; moralidade e pragmatismo. Stendhal retrata magistralmente os conflitos internos de seus personagens, destacando as tensões entre seus desejos pessoais e as expectativas da sociedade.
comentários(0)comente



João Souto 22/02/2015

Paixão e ambição
Queria tentar resenhar com alguma imparcialidade, mas como fazer isso com uma obra que entrou na minha lista de favoritos em posição de destaque? O livro é poderoso, e esse é o primeiro adjetivo da minha pseudo imparcialidade. Criei vínculos com a história e, em vários momentos, admito, senti que ele contava minha história, com algumas diferenças é claro, mas essencialmente transcrita naquelas páginas.

Foi a primeira vez que me identifiquei tanto com uma obra literária e ainda questiono-me porque me senti puxado a ela desde que a vi na prateleira daquela livraria.

Um triângulo amoroso. Paixões exacerbadas. Orgulho, muito orgulho. Uma obra a frente de sua época, muito atual e, de novo, muito poderosa.
comentários(0)comente



Samira_santos 05/12/2022

FINALMENTE
Levei literalmente meses para ler esse livro. O enredo é meio devagar e do início até o meio você tem que perseverar mesmo, porque se não a leitura não flui. Depois da metade, melhora. Mas só fica bom mesmo no final, é cada reviravolta que só lendo viu. De uma maneira geral, Stendhal trata de classes sociais, conflitos relativos a isso, a história também tem romance e ação, ou seja, não é uma trama totalmente parada. Para quem curte essa pegada/temática, é uma boa.
comentários(0)comente



Kamilla 25/11/2021

Um clássico para digestão bem lenta.
Estou acostumada a ler livros mais antigos, então não foi por causa da linguagem mais rebuscada que eu demorei quase 3 meses para reler esse livro, assim como na primeira vez que eu o li, só conseguia ler no máximo três ou quatro capítulos por dia. A história é interessante, os personagens não chegaram a me cativar, mas me deixaram curiosa o bastante para querer acompanhar seus destinos.

Creio que a história seja mais interessante para quem está mais familiarizado com a época retratada pelo livro, a França pós Napoleônica, o que infelizmente não é o meu caso, então creio que muitas nuances foram perdidas na minha leitura devido a essa lacuna nos meus conhecimentos.

Gostei mais da primeira parte da história, a segunda parte me pareceu menos interessante. Prefiro a dinâmica da cidade menor a de Paris, onde o personagem principal esteve diversas vezes a escanteio dos principais acontecimentos.

A narrativa abordando o aspecto psicológico dos personagens foi interessante e bem-humorada, todos passam a maior parte do livro reagindo ao comportamento alheio – muitas vezes de um outro personagem que não tem quase nenhuma ideia do que está fazendo.

O autor também aborda o aspecto manipulador e calculista das relações humanas, e as ambições de uma sociedade em um período de reinvenção e mudanças intensas.

Provavelmente vou reler daqui há alguns anos, e da próxima vez espero ter um conhecimento melhor do período abordado, o que vai tornar a leitura mais interessante, mas não importa o tempo que leve, creio que O Vermelho e o Negro nunca será uma leitura rápida para mim.
comentários(0)comente



JJ 24/11/2017

O Vermelho e o Negro é uma das maiores obras para materializar o conceito de "livro clássico". Dividido em duas partes, é marcado pela densidade da história, com foco quase exclusivo nos fatos que compõem a vida de Julien, protagonista da trama. A trama se passa no período pós-Napoleônico, em que os resquícios da luta entre nobres e burgueses são de fácil identificação. No limbo da falta de oportunidades, Julien se mostra desde cedo um autodidata dividindo o amor ideológico entre o militarismo e o cristianismo. Conhecimento prévio em História pode tornar a leitura de O Vermelho e o Negro mais prazerosa, mas não é uma condição sine qua non, uma vez que a pungância das aventuras narradas pelo autor francês é o suficiente para que o clássico seja apreciado.

Por óbvio, não explora a psique dos personagens mais constantes e até mesmo alguns temas que poderiam ser mais desenvolvidos são apresentadas com pouca profundidade - para não dizer com superficialidade. Alguns exemplos na primeira metade podem ser creditados aos déspostas esclarecidos que ganhavam força no interior da França e no coadjuvantismo e vulnerabilidade das mulheres, que precisavam conviver com leis protecionistas às vinganças de seus maridos (ou seriam donos?) em casos como os de adultério. É uma obra bem linear, com foco na aventura romântica. A ambientação do leitor em questões políticas e sociais está ali, mas com a impressão de que Stendhal talvez não tivesse a mínima noção do potencial e natureza documental de seu escrito. As boas intervenções do autor são reduzidas e os monólogos internos dos personagens, mesmo que propositalmente assim, não precisavam ser tão confusos em alguns momentos.

O início do livro 2 acrescenta um tempero político, mas por pouco tempo, apenas para demonstrar que o conflito na França atingiu o interior quase que no mesmo momento em que Julien parte para Paris. Uma camada interessante de O Vermelho e o Negro é tratar dos tentáculos do clero, sempre à procura de poder e dinheiro, se permitindo desenvolver argumentos e ideologias extremamente convenientes. O autor usa o tédio da própria história (cada metade possui um capítulo com este título) para desenvolver o amor de Mathilde de La Mole por Julien. A insistência em abordar desencontros amorosos compromete um pouco o ritmo da trama, mas quando o capitulo XXIII do Livro II retrata a ascensão do ideal republicano, a obra ganha força. O autor encontra o tom na aventura romântica quando passa a tratar o amor como uma guerra, onde por vezes o outro é o inimigo e é preciso muita estratégia para sair vitorioso. As primeiras consequências que o poder estar atrelado ao dinheiro causa também é uma ótica interessante, que transforma a conclusão dramática da obra bastante coerente.

Na página 604 da edição lida um parágrafo genial sobre questões sociais diz: "Não existe um direito natural: essa expressão não passa de uma tolice antiga bem digna do promotor que me acusou naquele dia, e cujo antepassado foi enriquecido por um confisco de Luís XIV. Só há um direito quando há uma lei que proíba de fazer alguma coisa, sob pena de punição. Antes da lei, só eram naturais a força do leão ou a necessidade da criatura que tem fome, que tem frio, numa palavra, a necessidade... Não, as pessoas honradas não passam de velhacos que tiveram a sorte de não serem apanhados em flagrante delito". Um raro momento em que se vê claramente o potencial de Stendhal para delinear grandes discursos e que - talvez - o aprofundamento em sua obra revela material tão precioso quanto este.
comentários(0)comente



Sidney.Prando 18/07/2021

“Ele era mais excitado pela sua imaginação do que arrastado pelo seu amor”

Ambientalizado em uma cidade fictícia no interior da França antes da revolução de 1830, o livro, O VERMELHO E O NEGRO, tece suas raízes tão fundo nos vícios de uma sociedade que a obra reverbera todas as nuances das classes sociais.
Julien, um jovem intelectual e filho de um carpinteiro, é dentre os demais irmãos o menos dedicado ao trabalho braçal, encontrando nos estudos uma desculpa para faltar as demais obrigações. O moço também é admirador confidente de Napoleão Bonaparte, detalhe que o colocara em saias justas. O estopim na vida pacata de Julien se dá com o convite para ser preceptor dos filhos do prefeito, o que é alcançado graças ao seu Latim fluente e memória eidética de trechos inteiros da bíblia. É nesta casa acolhedora que ele terá seu primeiro contato com a Sra. de Rênal, esposa do prefeito, a qual ira enredar a mente jovem e ambiciosa do jovem.
Além disso, circunstancias o levarão a fugir, a buscar abrigo em um seminário e outras o levaram ao berço de uma nobre família de Paris, os “La Mole”. Consequentemente, Julien verá nessa família uma nova chance de ascender socialmente. Sua ambição não tem limites, e dessa vez Mathilde será a destinatária desse sentimento. Um livro clássico, com personagens marcantes e um final de tirar o ar.

Para mim, Julien é um dos personagens mais complexos aos quais tive contato. Ele vem de uma família humilde, é bonito, intelectual e não possui limites para a sua ambição. Logo, é fácil discernir que ele almeja tudo e que tudo é de certa forma, insuficiente.
Muitas vezes altruísta, o jovem não se mostra da mesma forma para o amor, mesmo que essa palavra não signifique muito para ele. Por diversas vezes Julien se vê em um impasse frente aos seus sentimentos, amor e ambição, chegando a confundi-los (detalhe que é marcante em suas muitas reflexões acerca da Sra. de Rênal ou Mathilde). Entretanto, o desejo de posse fala muito mais alto que seus sentimentos, e uma infelicidade o colocara a par de seus erros e de seu destino pouco esperado pelo leitor, mas digno de um romance de Stendhal.


site: https://www.instagram.com/p/CRG-PDfNUHi/?utm_source=ig_web_copy_link
comentários(0)comente



Saulo115 09/08/2020

Perspectiva...
"Palavras desalinhadas, encontros por mero acaso transformam-se em provas da última evidência aos olhos do homem de imaginação se ele tem algum fogo na alma."
comentários(0)comente



marcelinho 16/12/2022

Essa foi a história que mais me cativou nesse ano. Uma narrativa bem amarradinha, o narrador desenvolvendo todo o nivelar do drama. Muito bom mesmo.

Nesse clássico, vamos acompanhar a tragédia do jovem Julien de Sorel. Um jovem que deseja a ascensão social. Não importa o meio: seja pelo claro ou por usar pessoas abastadas socialmente, principalmente as mulheres.

A vida desse ambicioso é uma desgraça se fim. O modo que ele usa as mulheres, o como ele despreza as pessoas que estão ao redor dele. Gente, Julien é um jovem desgraçado que teve um fim muito trágico.
comentários(0)comente



Ricardo.Borges 20/01/2023

Dramático demais
Um livro longo, com mais de 620 páginas, narrando a curiosa trajetória de Julien, um jovem francês que sai de casa para estudar no seminário e vê sua vida se misturar em paixões e intrigas políticas dignas de D?Artganan e os 3 mosqueteiros.
Há muitas acontecimentos diferentes ricamente narrados e descritos ao longo dos quase 50 capítulos da história, e, talvez por isso, tive a sensação de que a história acabou de repente.
Senti falta, também, de momentos maiores de protagonismo aos personagens secundários, para tirar um pouco o foco do ponto de vista de Julien.
Por ser um clássico, dou um desconto, afinal o ritmo de escrita e leitura varia exponencialmente ao longo dos anos.
comentários(0)comente



Evelyn.Rosa 28/07/2021

Apesar dos os inúmeros detalhes que tornam a experiência cansativa, O Vermelho e o Negro apresenta todos elementos fundamentais de uma narrativa que prende o leitor. Fiquei cansada com alguns capítulos que não davam em nada mas não conseguia só deixar para lá.
Julien é um personagem que desperta raiva mas também aguça a curiosidade e até desponta certa identificação com ele. Sua jornada começa muito marcada pela sensação de não pertencimento e pela vontade de prosperar em meio a uma sociedade que ele enxergava como falsa e corrupta.
Mas conforme o livro avança e vemos a busca pelo poder e boa colocação social, fica cada vez mais difícil distância-lo da moral burguesa que Julien tanto questionava. Ele mente e faz alianças visando unicamente o prestígio.
Apesar de terminar de maneira previsível, a narrativa me surpreendeu com o toque meio sombrio do final. Se eu tivesse lido só apenas as últimas páginas do livro com certeza acharia que se trata de uma história de terror. Amei.
comentários(0)comente



prof.vinic 20/08/2021

Vermelhor (exercécito) e o Negro (batina) ...?
Basicamente não sei o que achei deste livro! Durante a leitura eu gostei muito e ao mesmo tempo não suportava mais ... alguns trechos me deixaram no limite de abandonar! O problema é que o livro é super recomendado, um clássico da literatura mundial e um dos maiores expoentes do romance histórico psicológico ... eu tinha que ler.
Explico melhor meu problema, o enredo é interessante mas não consegui me ligar verdadeiramente ao Julien Sorel, embora eu estava realmente curioso para saber como sua história se desenvolveria até o final. A maior prova disso foi o tempo além do usual que gastei para ler a obra, ficando semanas sem vontade pegar o livro.
Mas vamos à história, inicialmente o jovem Sorel (embora o livro acabe com ele aos vinte e poucos anos, jovem portanto) vive sonhando com a glória igual a de Napoleão. Mas a dura realidade é jogada em sua cara e a vida tem que ser vivida. Para mim é a melhor parte do livro, reconheci o jovem-eu em sua visão do mundo, simplista mas realista para a idade e época. Esta linha vai até o momento em que ele se torna pretor dos filhos do prefeito de sua cidade provinciana ao sul da França, sendo a primeira grande virada em sua vida.
O enredo é recheado destas viradas, deixando o futuro de Julien sempre como uma grande incógnita. Mas, ao mesmo tempo, os detalhes meticulosos do ambiente ao seu redor deixa a história um pouco lenta de mais (a parte do seminário foi sofrível para mim).
Durante todo o livro ocorre citações de acontecimentos reais que mudaram a história da França naqueles anos 30 do século XVIII, mas o autor opta por não situá-los e nem mesmo nomeá-los. Só lendo sobre o livro pela internet que descobri que uma determinada passagem durante a segunda parte do livro (um encontro secreto, você saberá do que estou falando) se tratava da organização da Revolução de Julho de 1830 (Revolução das Três Gloriosas) que viria a derrubar o rei francês no período da restauração pós Império Napoleônico ... interessante, né? Pois então, o autor não fala sobre isso!
Mas repare que ainda assim o livro não é ruim, apenas que para mim o autor se focou em temas que me interessam menos do que os que ele deixou de lado ... possivelmente eu li o livro errado!
Resumo da ópera, é um bom romance psicológico, com uma trama instigante e recheado de reviravoltas ... mas não me empolgou tanto assim.

ps.: nunca foi explicado do porquê do nome deste livro, deixei no título a melhor interpretação que achei por aí ... o dilema do Julien entre suas fantasias napoleônicas (exército) e os estudos (batina).
comentários(0)comente



311 encontrados | exibindo 76 a 91
6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 |