O Vermelho e o Negro

O Vermelho e o Negro Stendhal




Resenhas - O Vermelho e o Negro


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J.Jardini 11/01/2016

Identidade em Crise: uma resenha crítica de O Vermelho e o Negro



Em O Vermelho e o Negro, a princípio, Stendhal nos remete ao habitual ambiente bucólico consagrado pelo movimento romântico do século XIX. Julien Sorel, seu personagem, se mostra, à priori, como um um ente frágil e disperso; um verdadeiro sujeito fragmentado em seu ainda não totalmente desenvolvido processo de individuação; aquele através do qual concretiza-se identidade própria através do devir, da superação das contradições enfrentadas bem como das experiências vividas, no incorrer da maturidade.

A perspicácia de Stendhal sugere-nos, em nítido e expresso conteúdo filosófico permeado em sua obra, não o retrato móvel - e quiçá espalhafatoso - de uma crise identitária mas sim, mais precisamente, faz-nos apreender em seus diversos momentos, as idas e vindas não só de uma consciência moralmente instável mas, de uma verdadeira identidade em crise.

Tal fato teria seu subsídio no truculento ambiente familiar de Julien Sorel. Este, vítima de abusos físicos e psicológicos por parte de seu pai e irmãos, lhe é imposta à livre definição de sua individualidade, uma conflituosa flutuação entre a reprovação de seu comportamento e a violência à ele dirigida por sua aparente “natureza frágil”; destacadamente, frente à primazia de sua inteligência, uma franca dissonância para com os árduos trabalhos braçais da madeireira de seu pai, o velho Sorel.
Esta identidade em crise, absolutamente inseparável da trama principal, coloca à este jovem rapaz, intencionalmente deslocante, sempre imerso em uma noção de movimento, momentos que caracterizam rupturas; deixar sua família, o distanciamento para com o ideal de Napoleão, incursões e dispersões apaixonadas em relação à mulheres, constantes viagens e um incerto câmbio dos meios pelos quais atingirá seus sonhos e Desejos. Este quadro de rupturas fornecerá, esta matéria prima a qual, ao desenrolar de seus momentos culminantes, em desfechos que acompanham ao passo que desafiam o gênero romântico, agem quase como degraus que o elevam a garantir-se personalidade e se tornar um Ser que na medida em que progride torna-se cada vez mais complexo e autêntico.
Este atualizar constante da personalidade e das vontades de Sorel torna toda a história proposta numa inebriante mistura de drama e tragédia; uma progressão rumo à edificação de uma autêntica e marcante personalidade, verdadeira oscilação que entre o Vermelho e o Negro, sobressai-se um Sorel cada vez mais certo de si.

Stendhal não economiza adentrar aos rincões mais obscuros da consciência humana; ganância, joguetes de poder, orgulho, vaidade, prepotência, hipocrisia. Todo entre aprofundamento psicológico meio às podridões moralmente reprováveis da alma humana é marca de um estilo crítico, livre e necessário para com a naturalidade de sua proposta, através de uma sutil, quase gramatical ironia, estes conflitos constituem nada mais do que a própria realidade destituída de grandes alardes. O ser humano emerge aqui, destacadamente em Julien Sorel, como essencial e moralmente relativista, composto de uma intrincada síntese de diversos predicados os quais conferem à obra como um todo, uma verdadeira representação universal.

Neste sentido, a artificialidade própria dos salões franceses ou mesmo o evidente jogo de interesses subordinados da aristocracia provinciana em seus âmbitos propriamente ditos são determinantes; são como verdadeiras exteriorizações desta complexa e contraditória amálgama que o consciente romântico de Stendhal propõe à nossa observação.

Stendhal, como dito, parte de um cenário comum pertencente à uma literatura já há muito explorada e difundida. No entanto, ilustra sua destreza ao integrar, à plenitude de um descritivismo equilibrado, um cativante novíssimo frescor ao roteiro do que seria uma narrativa já esperada. Stendhal adiciona à fórmula romântica um crescendo exponencial de profundidade, bom senso, complexidade e de um imersivo sentimento em constante catarse, o qual perpassa-nos a saga do jovem Sorel.
Este, longe de se enquadrar em moldes de herói romântico, quebra totalmente com as preconizações de estilo e gênero ao ser posto como um ente falho, vítima de uma consciência que oscila entre uma despretensa leveza e o martírio sobre a retenção de suas angústias frentes à impulsividade e o imperativo absolutamente incontingente de seus interesses ideais e carnais.

Sorel longe de quitar-se completamente à uma ‘’futilidade do mundo” e imergir em uma angústia existencial própria, incorpora em si mesmo as mais superficiais vaidades e, assim, denota-se marcante em sua personalidade, a despeito de suas incumbências religiosas, uma cumplicidade para com as paixões mais terrenas, as quais afirmam em si, um caráter egocêntrico, passional e claro, profundamente hedonista. Seu percurso, ao transcorrer da obra, longe de ser maçante e retilíneo é inundado por atentas percepções e articuladas estratégias. Em interessantíssimas digressões de pensamento tomadas das atentas observações de Sorel ou mesmo na figura de um suposto filósofo, estabelecem-se francas interlocuções as quais é confuso afirmar se é Sorel ou o próprio Stendhal que que nos conecta à uma ponte direta entre o desenvolvimento da trama e a necessária detenção de seus momentos específicos, para com o leitor, em uma reflexão quase como conjunta.
Define-se, então, uma marca de estilo autêntica que pela simplicidade empregada em todo seu vocabulário, em sua divisão piedosa de capítulos, e ausência de escrúpulos quanto ao ordinário, qualifica esta obra como uma leitura densa e profunda ao passo que fluida e apreensiva.

Toda a proposta literária elaborada por Stendhal estabelece-se em alicerces que constituem um aprofundamento gradualmente intenso da trama psicológica que se prescreve. Um aglomerado denso, cativante e emocionalmente carregado se traduz não só durante toda a trama mas, destacadamente, ao seu final, num sentimento de profundo êxtase, identificação e eterna separação para com Julien Sorel. Neste ponto, este crítico em específico, acredita em uma interessante aproximação não só da exploração do âmbito moral e imoral em questões práticas bem como toda a edificação constitutiva de Julien Sorel como uma curiosa ressonância entre este mesmo e Willhelm Meister, do romance de formação Os Anos de Aprendizagem de Willhelhm Meister, de Goethe.

Destacando assim, em suas devidas proporções, a profundidade desta obra prima de Stendhal, não obstante, ter-se qualificado como uma das Imortais da Literatura Universal justamente, frente á universalidade e destreza com as quais Stendhal pinta, com científicas dissecações e matizes estudadas, a natureza do ser humano.


site: http://reflexoepoesias.blogspot.com.br/
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MCTS 23/03/2016

A Ambição e seus Limites
O enredo do livro desenrola-se em um contexto histórico específico: a restauração na França, isto é o período logo após a derrota de Napoleão que abarca os anos de 1814 até 1830. Trata-se de um período de ressurgimento do conservadorismo baseado na implantação de uma monarquia constitucional (rei Luis XVIII) e na retomada da influência da igreja católica.
A obra acompanha o percurso atribulado do personagem Julien Sorel. Apesar de nascido em condições sociais adversas - filho de família de origem camponesa e cujo pai é dono de uma serraria - alimenta o projeto de enriquecimento e ascensão social. Frente às escassas opções para alguém com sua origem em uma sociedade aristocrática e enrijecida, Julien opta pela carreira eclesiástica como atalho para alcançar seu fim.
O percurso de Julien ao tentar cumprir seu projeto de vida nos é descrito pelo autor em três fases. A primeira corresponde ao seu envolvimento com a família do sr. Rênal - prefeito da cidadezinha fictícia de Verrières, que o contrata para ser preceptor de seus filhos. A segunda transcorre no seminário de Besançon onde Julien ingressa a fim de preparar-se para seguir a carreira eclesiástica. A terceira transcorre em Paris para onde segue Julien a fim de trabalhar como secretário do Marquês de La Mole.
Embora inteligente e dedicado a incorporar o padrão de comportamento e etiquetas aristocráticos, Julien, em cada uma dessas três diferentes etapas, depara-se reiteradamente com o obstáculo de sua origem social ao tentar levar adiante seu projeto de ascensão. Ressentido por perceber a chance escassa de vir a ser aceito como um igual no seio da aristocracia e enredado em romances atribulados com mulheres situadas em um patamar social superior ao seu o enredo evolui para um desfecho muito diverso do pretendido pelo nosso personagem.
Stendhal, além de demonstrar a força da sociedade aristocrática em limitar o potencial e as qualidades de Julien - jovem, ambicioso e inteligente - nos oferece um retrato rico e envolvente de um período de transição histórica onde uma aristocracia ainda dominante emprega seus esforços em preservar seus privilégios e refrear a ascensão de uma burguesia emergente. Leitura mais do que recomendável!!!
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Debb Cabral 04/04/2016

O Gato leu: O Vermelho e o Negro
As mais de 600 páginas do livro passam de maneira rápida. Apesar da história não ter grandes reviravoltas e se centrar nos desafios diários do jovem, a leitura flui muito fácil. Acho que o grande mérito disso está no fato que sabemos como cada personagem pensa, é interessante em uma mesma cena ver os diversos pontos de vista, além de um narrador que comenta e opina sobre os acontecimentos e os personagens. Sthendal, consegue escrever um livro muito real e crível, pois mesmo Julien, nosso herói, tem desvios de caráter, ambição e orgulho exacerbados.

site: Leia mais em: http://gatoqueflutua.com.br/2016/04/04/o-gato-leu-o-vermelho-e-o-negro/
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Thaise @realidadeliteral 20/12/2018

Leitura difícil, mas essencial!
Olá pessoas, já avisando que essa resenha aqui é totalmente despretensiosa, vamos chamar então de “impressões sobre a obra”, acho que combina mais. Primeiramente, uma dica para quem ainda não leu e pretende ler esse livro, não tem como entender essa bagaça sem antes estudar um pouco sobre a história da França daquela época.
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🔴⚫️“O Vermelho e o Negro” tem como plano de fundo a chamada “Renovação” Francesa, período Pós Napoleônico, no qual a França voltou a ser governada por um rei (Professores de história me perdoem se eu estiver falando besteira) e no qual ser “liberal”, ou seja, ser favorável às ideologias de Napoleão não era mais uma boa ideia.
.🔴⚫️Com esse plano de fundo temos a história de Julien Sorel, que nasceu em uma família pobre no interior da França, filho de um simples lavrador (que por sinal era um belo de um filho da puta), o que, nesse novo velho regime, significava que ele não tinha condições nenhuma de ser alguém importante ou poderoso porque na monarquia somente quem tem sangue nobre ou é da igreja tem algum prestígio. O problema é que nosso amigo Julien era muito ambicioso, e queria de qualquer forma ser importante (por que ninguém avisou esse ser que num dava?)
Então, ele vai tentar, ao longo de toda a narrativa, ascender socialmente. Porém, por ter consciência de sua posição social e por ser totalmente liberal e fã de Napoleão (tinha até fotinha escondida embaixo do colchão e tudo), mesmo vivendo em maio aos poderosos ele carrega um ódio mortal de todas essas pessoas.
🔴⚫️Minha opinião sobre o livro: Não é uma obra fácil de ler. Tive muita dificuldade, principalmente no meio da história, demorei 3 meses para terminar porque não ia nem na bala. Porém, a importância histórica e literária da obra é inquestionável. Ficou muito clara para mim a influência de Stendhal na literatura Realista, inclusive brasileira (Machado de Assis que o diga) e o final do livro compensa totalmente não ter parado a obra no meio, um dos mais surpreendentes que já vi. .
🔴⚫️ Em suma, não é uma leitura fácil, porém aconselho a todo mundo que gosta de literatura que a leia um dia na vida.

site: https://www.instagram.com/realidadeliteral/
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Tiago600 21/01/2023

A Alma deveria ficar sempre Entreaberta


Muito já foi dito e escrito sobre o Vermelho e o Negro, portanto, o que quer que eu escreva aqui em muito pouco irá contribuir para a fortuna crítica da obra, o máximo que posso fazer são dois apontamentos.

Elias Canetti em um de seus livros teóricos, salvo engano é em "A consciência das palavras" - espero que minha memória não esteja me traindo  -, confessa que o único autor invejou e sempre invejará é Stendhal. O escritor francês dotado de um estilo enxuto, límpido, que se recusa as afetações, divide opiniões entre os leitores (creio eu) em muito, justamente por sua forma (incomparável) de narrar.

Sobre Julien, protagonista do romance e conhecido como um dos maiores personagens da literatura mundial, bem, em quase nada consegui julgá-lo ao término da leitura, afinal, me pareceu alguém que de tão humano, pode causar repulsa e espelhos parecem assombrar os desavisados que ao se reconhecer demais em algo, de pronto se colocam de lado e de dedo em riste (sempre acusador), inconscientemente dizem: "ele é capaz disso, não eu". Ao que me parece o personagem vive e reage de acordo com as circunstâncias que lhe são impostas, como um campo de batalha cotidiano. Ademais, Nabokov descreve a vida humana como uma "breve fenda de luz entre duas eternidades de escuridão."
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z..... 05/02/2019

Edição Martin Claret (2004)
Clássico francês do século 19, costuma aparecer em listas de livros destacados da literatura mundial. Na sugestão de uma delas busquei a leitura (101 Livros - Coleção Super Essencial).

Lembra outros livros do contexto, em que o meio é sedutor à ascensão social para jovens personagens, trilhando-se esse caminho com ambição fútil e maquiavélica. Especificamente da literatura francesa, é o que pareceu-me, por exemplo, a leitura de 'Madame Bovary' e 'Educação Sentimental' (ambos de Flaubert, registre-se, posteriores a Stendhal, mas de comum realidade).
Além da expectativa de crescimento ambicioso, evidencia também a futilidade que a almejada sociedade vivenciava cotidianamente. A leitura seguiu nesse rumo, numa história que não é bonita, mas interessante enquanto olhar histórico sobre o meio e sobre a disposição de caráter pelos objetivos.

É uma obra volumosa, em que fui movido mais por curiosidade que prazer (a não ser que o prazer seja sinônimo de reflexão).
Julien Sorel é o protagonista, tem pretensões de crescimento social, mas é limitado pelas barreiras que a sociedade criava em distinguir drasticamente, com preconceitos, ricos e pobres. O jovem, por mais talentoso e também bonito que fosse (uma das valorizações fúteis na sociedade), não passava de um provinciano filho de um marceneiro (em outras palavras, um Zé Ninguém no meio que queria se integrar).
Dois caminhos para os objetivos, que relativamente permitiriam o acesso: exército e sacerdócio. O primeiro estava em declínio (referência ao império napoleônico) e assim o segundo foi escolha fácil, que o permitiu "entrar no meio", onde, com desfaçatez e interesses egoístas, foi oportunista em conquistas que julgou vantajosas. Caso da confiança como preceptor, que o levou a se tornar amante da mulher do acolhedor (Senhora de Renal) e, posteriormente, amante da filha de um nobre (Mathilde de La Mole), ao ser credenciado como secretário .
Algo a se interpor em seus objetivos? Sim, numa ação que surpreende pela disposição do jovem em achar o que seria solução, semelhante a de Raskolnikov (analogia para conhecedores). Que crápula ambicioso! Mas de spoiler é só.

O sujeito foi sórdido, porém, interessante que a sociedade tem dessas coisas e isso, na cabeça de desajustados como ele, é sugestivo de que "os fins justificam o meio".
A sociedade se assenta em coisas vãs e espera-se nada menos que isso das pessoas. É o que seria natural e o contrário é até menosprezado. Aspecto ilustrado, por exemplo, no olhar de desprezo dos empregados à Julien, pela falta de tato em certos requintes.
O jovem também passa a se gabar em futilidades, como a sensação de "grande conquista" no adultério que comete com bonita, rica e bem afamada mulher.

As maiores emoções reservam-se no desenrolar final, com disposição surreal na Sra. de Renal e muito mais na jovem Mathilde. Talvez elas sejam a evidência da busca de novos rumos na sociedade de imposições fúteis, amando por amar, e não por interesses próprios como Julien e tantos outros. Pelo menos é o que concluí e escolhi associar na história e na percepção de vida (ainda que em disposições que não concorde).

Encerro com trecho de um diálogo que extraí do capítulo IX - Livro II (O baile), que nas entrelhinhas traz um retrato que esta resenha tentou evidenciar:
"...No século XIX já não há paixões verdadeiras. É por isso que há tanto tédio na França. Cometem-se as maiores crueldades, porém sem crueldades.
- Tanto pior! disse Julien. Pelo menos quando se cometem crimes é preciso cometê-los com prazer; é o único lado bom, e só se pode justifica-los um pouco por essa razão."
z..... 05/02/2019minha estante
Vale a referência ao título. Todos dizem que seria alusão ao vermelho do exército e o negro de vestes sacerdotais. Acho que também cabe a vida (simbolizada no sangue) e a corrupção pelo pecado (trevas). Tem uma passagem em que Julien vê o reflexo da cortina vermelha sobre um meio mais escuro se fundindo, mais ou menos isso (preguiça de procurar o capítulo, mas é o que sua vida se tornou).




Roberto Petrúcio 13/02/2019

Um bom clássico
Li a primorosa edição da Martin Claret, com excelentes notas explicativas ao texto, papel amarelado para facilitar a leitura e capa dura. No entanto, a tradução da Ed. Penguin-Cia. das Letras também é boa. Ainda não verifiquei a famosa edição esgotada da Cosac Naify.
O livro é intrigante, mesmeriza a atenção do leitor. O protagonista é um egoísta rematado e um inveterado femeeiro. Para apreender melhor o conteúdo do livro, a meu ver, é imprescindível ter bom conhecimento da história da França da época da escrita, pois o autor faz inúmeras referências ao contexto político daquela época. São feitas duríssimas críticas ao clero católico.
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Samarithan 12/03/2019

Um retrato da degradação moral da sociedade
Escrito por Henri Marie Beyle (mais conhecido como Stendhal), O Vermelho e o Negro é considerado o primeiro romance realista francês - sendo o realismo a escola literária do qual Balzac, conterrâneo de Stendhal, se tornaria grande mestre. É possível traçar alguns paralelos entre os escritores, principalmente por ambos apresentarem um retrato da sociedade francesa de meados do século XIX, cada um a sua maneira.

A história se passa na França em 1830, onde o país vivia a restauração da monarquia e passava por um período conturbado, de muita instabilidade política e ideológica. O protagonista é Julien Sorel, um jovem camponês que possui a ambição de deixar para trás sua origem humilde e ascender na sociedade francesa. Mantendo uma relação conturbada com o pai e os irmãos, ele é indicado por um padre local a trabalhar na casa do prefeito da cidade como preceptor dos seus filhos, onde acaba se envolvendo com a Sra. de Renal, esposa do prefeito. Este romance será posto a prova várias vezes, tanto por Julien (que devido a seu orgulho e por carregar um sentimento de inferioridade por conta de sua origem, encara esta relação muitas vezes como uma conquista particular) tanto pela Sra. de Renal, por questões religiosas e pelo medo de cair em desgraça perante a sociedade caso descubram sua relação adúltera.

Na medida que a história avança, Julien recebe uma proposta para trabalhar em Paris na casa de um Marquês, realizando uma de suas grandes ambições, que era morar em uma grande cidade.

No desenrolar dos acontecimentos do livro, Stendhal pinta um retrato psicológico da hipocrisia e mesquinharia da sociedade, marcada principalmente pela dissimulação e a busca por status social, tudo é conquistado à custa de intrigas e favores sórdidos.

O ponto alto do romance acontece na reta final, com um evento daqueles de cair o queixo (sem spoilers é claro), mas o livro mantém um bom ritmo e só reforça o porquê de Stendhal, mesmo na obscuridade, ser considerado um dos grandes escritores de seu tempo!

"Eu amei a verdade...Onde está ela?...Por toda a parte hipocrisia, ou pelo menos charlatanismo, mesmo entre os mais virtuosos, mesmo entre os maiores." (Julien Sorel).
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Rafael 13/04/2019

Um pouco enfadonho, mas um clássico
Temo não ter tido maturidade suficiente para absorver tudo o que essa obra pode propiciar ao seu leitor, dados os elogios que lhe são dedicados pelos mais distintos e renomados escritores de todos os tempos. Acredito, também, que uma prévia é profunda contextualização histórica é fundamental para aqueles que se pretendem aventurar nessa leitura, sob pena de, como eu, se ver, por vezes, perdido, sem compreender todas as nuances que envolvem os conflitos sociais destacados na obra. No mais, embora tenha achado a narrativa um tanto quanto arrastada da metade do livro para frente, considero-o uma boa obra. A estória do protagonista é instigante e, fatalmente, você irá se apaixonar por ele. Malgrado algumas resenhas o tratem como um ser ambicioso demais e, por conta disso, desprezível, eu não o vi assim. Para mim ele é só um rapaz inteligente e bonito que conseguiu alcançar certas posições, ainda subalternas, numa sociedade que, como a nossa, tem a hipocrisia como alicerce. Sem dúvida é um retrato, não só da sociedade francesa da época, como de nossas relações sociais hodiernas. Bem escrito, acredito que vale a leitura. Quem sabe um dia, relendo-o, não o torno leitura indispensável?
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LER ETERNO PRAZER 30/06/2019

Com esse livro, publicado em 1830, oescritor Henri Beyle, que escreve com pseudonimo de Sthendal, marca o início do Realismo na literatura francesa, deixando de lado toda a tradição romântica.O Vermelho e o Negro não é uma leitura que possa definir como fácil e superficial. É uma leitura densa, forte, diria até um pouco pesada em muitos pontos, porém, a cada capítulo, prende mais o leitor no emaranhado das relações de Julien Sorel que termina condenado pela mesma sociedade que tanto desprezou e cobiçou.
Julien Sorel. Jovem, ambicioso, autêntico em seus desejos, extremamente sedutor, traiçoeiro em suas ações, porém honesto em suas verdades,  ele é sarcástico, arrogante, mas também se deixa levar por paixões, vive o céu e o inferno ao longo das 489 páginas do romance.* Ao longo dos capítulos sofremos por Julien, torcemos por ele, amamos e odiamos sua figura ao mesmo tempo. Anti-herói por excelência, não é de todo mau, contudo seguramente nada tem de bondade.
Julien Sorel nosso protagonista, é um jovem, ambicioso, autêntico em seus desejos, extremamente sedutor, meio traiçoeiro em suas ações, porém honesto em suas verdades, é sarcástico, arrogante, mas também se deixa levar por paixões, vive o céu e o inferno ao longo das 489 páginas do romance. Ao longo dos capítulos sofremos por e com Julien, torcemos por ele, admiramos e odiamos sua figura ao mesmo tempo.Podemos afirmar que nosso personagem é um anti-herói por excelência, não é de todo mau, contudo seguramente nada tem de bondade. Capaz de muitas coisas que podemos, não considerar corretas. Em O vermelho e o negro, observamos que Stendhal usa-o como pano de fundo para descrever e tecer críticas a sociedade
parisiense no período que que sucede a Revolução Francesa,
acompanhamos e nos envolvemos com os dramas e alegrias de um personagem no qual nenhum gesto ou palavra é gratuita.
O vermelho é o negro e uma obra para se ver com calma e concentração. Demorei para concluir sua leitura mas foi muito gratificante!
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Arthur Sayão 17/07/2019

O retrato de uma época confusa
Stendhal, com O vermelho e o negro, abre o realismo moderno no século XIX, mas ainda ligado à escola anterior, o romantismo. Seu personagem principal (nosso herói, como o narrador o chama) é inserido no contexto político da época mais conturbada da história da França, o período pós-napoleônico e a restauração, amando e desamando as aristocratas na mesma proporção.


A história gira em torno de Julien Sorel, um ambicioso filho de carpinteiro de uma fictícia cidade do interior francês, Verriéres. Julien é diferente de seu pai e irmãos, num contraste que vai do físico mais esbelto (enquanto seus irmão são parrudos e grosseiros) ao intelecto mais sensível à acumulação de conhecimento e memória. Esse contraste evidente traz muitos problemas familiares, Julien sofre bullying e é agredido constantemente pelo pai e irmãos.


Seu exemplo de vida são as obras literárias que devora avidamente e um ex-militar, que lutou por Napoleão, nutrindo uma grande admiração pelo imperador. Adquire vasto repertório no latim vivendo sob a responsabilidade do pároco da cidade e, através dessa habilidade e religiosidade, é contratado para ser preceptor dos filhos pequenos do prefeito da cidade. E é nesse convívio que Julien começa a por em prática seu plano ambicioso para chegar à glória, tendo como exemplo o próprio Napoleão.


Durante a leitura, é percebido evidentemente o desdém dele pela nobreza, mas tem a certeza que só manipulando-a chegará ao objetivo, já que ele não tem sangue azul. Julien é alvo da paixão inadvertidamente e se entrega a ela em momentos diferentes. Esse jogo detalhado de sedução, avanço e retrocesso até a entrega absoluta à paixão, é o fio condutor do enredo. A diferença de personalidades das duas paixões de Julien, é pano de fundo para a crítica social de Stendhal. O medo pela volta das revoluções populares e o orgulho, são marcas registradas dessa nobreza em colapso.


Apesar de vários defeitos, não tem com não torcermos por Julien. Com um pouco do anti-herói clássico e ídolo pop, através de Julien, Stendhal vai descrevendo minuciosamente as artimanhas do orgulho, da polidez e hipocrisia das relações de um regime inacessível socialmente e em declínio.


Uma obra marcante, não só pelo caráter de transição de estilo e base para gigantes do realismo do século XIX, mas pela linguagem elaborada e estória comovente.
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Mauricio 29/09/2019

Romantismo com Realismo
Julien de Sorel é um jovem, filho de camponês, culto, ambicioso, que ousou alcançar as altas rodas da nobresa francesa pós napoleônica, usando para isso o seu talento com as letras e sua beleza e desenvoltura na sedução e conquista de mulheres de sangue azul, especialmente duas que são seus principais pares romanticos, Sra de Renal e Srta. de La Mole. O caminho a percorrer seria basicamente dois, como o era na maioria dos casos semelhantes de ascensão social da época: o vermelho, cor dos uniformes do exército ou o negro, cor das batinas dos padres. Julien passa pelos dois, mas uma paixão genuinamente verdadeira torna-se mais forte e a desconfiança da sociedade, em meio a um crime passional mal aplicado, faz com que nosso herói tenha um desfecho trágico.
Livro longo, densamente psicológico, com alguns trechos arrastados demais no romance, de idas e vindas, mas muito interessante para entender a sociedade da época!
Fiquei sabendo do livro numa citação do livro didático de História do meu filho, onde se disse ser referência da sociedade francesa do período pós Napoleônico!
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Lipe 30/10/2019

7/12 Calhamaços ao Ano
Romance psicológico de Stendhal, que oscila entre o Romantismo e Realismo. A obra em si, pode constituí-se como um desafio para alguns leitores por apresentar um certo marasmo, sobretudo na primeira parte do romance. Julien, o protagonista, é filho de um carpinteiro e camponês, que torna-se preceptor dos filhos do prefeito de uma fictícia cidade francesa. Aspirando uma posição social e revolucionar as rodas da alta sociedade elitizada, Julien buscou algumas táticas para subir socialmente, tanto pela carreira eclesiástica, que à época rendia prestígio social também, quanto por meio da carreira militar nas quais o protagonista tentava se inserir. Entretanto o jovem Julien, acaba usando as mesmas artimanhas nas quais esses meios sociais se sustentavam, a saber: a hipocrisia, mentiras e artificialidade. Características essa que Julien tanto criticava.
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