A solidão dos números primos

A solidão dos números primos Paolo Giordano




Resenhas - A Solidão dos Números Primos


93 encontrados | exibindo 16 a 31
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Mona 29/03/2014

Não há nada mais incômodo do que problematizar a existência. Temos esse exercício de forma muito instigante em A Solidão dos Números Primos, livro de estréia de Paolo Giordano.
O título é coerente ao livro,a solidão entre os protagonistas Alice e Mattia, seus dramas e conflitos, encontros e desencontros. Juntos eles acabam descobrindo que, mesmo com diferenças eles tem coisas em comum, como por exemplo as suas dores e sua solidão, eles realmente entendem um ao outro.
São personagens reais,talvez por se tratar de conflitos reais,eu ficava pensando no quanto aqueles personagens bem estruturados sofriam tanto e no quanto aquele sofrimento era real.
Paolo Giordano, até então desconhecido por mim, partiu meu coração com esse livro.
comentários(0)comente



LissBella 01/09/2010

Solidão!
Um livro delicioso de ler. Leitura fácil e rápida.

Em alguns momentos nos sentimos tão só quanto Alice e Mattia. Paramos pra pensar em como algumas decisões podem mudar nossa vida, como diz Paolo Giordano "As escolhas são feitas em poucos segundos e se pagam durante todo o resto da vida".

A vida de Mattia reflete isso claramente. Já a vida de Alice nos mostra que não podemos decidir por ninguém... toda relação depende de duas pessoas e uma só não tem poder de controlar.

E, apesar de ser uma história de solidão e tristeza, nos deparamos com lindos sentimentos...

"Decidiu que faria isso por ele... para levá-la para passear. Tinha medo de admitir, mas quando era com ela, parecia que valia mais a pena fazer todas as coisas normais que as pessoas normais fazem".

Delícia de livro!

Recomendo!



comentários(0)comente



Kabrine 30/08/2021

Um livro fora da curva e poético
Um livro fora da curva e com uma escrita maravilhosa e poética!

Só por essa descrição, meus bibliófilos, já sabem que eu amei o livro né?

A solidão dos números primos conta as histórias de Alice e Mattia: inicialmente paralelas que se convergem ao ponto de se conhecerem.  

Ambos sofrem uma tragédia que os marcam para sempre.

Ambos se isolam e tem em comum a solidão.

Ambos possuem traumas por suas escolhas passadas e possuem dificuldades nas escolhas presentes e futuras.

Ambos possuem traços de distúrbios psicológicos: um, automutilação e a outra, anorexia.

O livro conta a história dos dois em suas diferentes fases (infância, adolescência e fase adulta) e mostra o peso que uma escolha possui ou mesmo quando se deixa que a maré escolha por você.

É um livro pesado, com diversos gatilhos como famílias desestruturais, distúrbios psicológicos, bulling, solidão, entre outros.

Não é um livro que termine com um final feliz, mas sim um agridoce que, eu pelo menos, achei extremamente coerente e perfeito para o espírito que o livro tem desde o início.

A forma como o autor descreve tudo é o maior charme do livro: tristemente poético. Ele relaciona a solidão dos personagens com os números primos e com a matemática, que por falar nisso, é a verdadeira paixão de Mattia.

O livro foi como um diamante gigantesco e bruto para lapidação na mão do autor, com temas importantes, escrita extraordinária, porém o mesmo se perdeu dentre as tantas possibilidades que o livro oferecia e mesmo gostando do final a execução teve um quê de apressada enquanto a história seguia um tempo lento e morno.

Personagens secundários que não foram bem aproveitados e poderiam ter sido melhor explorados.

Situações que não precisavam de tantos pormenores e outras que foram rápidas demais.

Viajar para a Itália foi uma experiência incrível com esse livro, mas não posso dizer que foi feliz e sim, profunda.
Dadá 30/08/2021minha estante
Esse entra sem dúvidas na sua lista de livros que os personagens tem algum transtorno psicológico.




Mariana Colleone 03/06/2020

O livro que abandonei a alguns anos atrás
" As escolhas são feitas em poucos segundos e se pagam durante o resto da vida" - Mattia

Eu tinha meus quinze anos quando comecei a ler mas parei, e depois com 23 anos li ele novamente até o fim. Alice e Mattia igualmente perdidos se encontram em suas próprias solidões.

Livro muito bom( não é um dos melhores) mas vale a pena ser lido.
comentários(0)comente



Diego Vertu @outro_livro_lido 26/08/2021

Cumpre seu título
Em A Solidão dos números primos acompanhamos a vida de Alice e Matthia em tempos diferentes de suas vidas (infância, adolescência e vida adulta). Matthia, desenvolve altas habilidades matemáticas mas um episódio triste de seu passado não sai da sua cabeça, já Alice vive situações em que tem que fazer escolhas difíceis que talvez se arrependa depois. Por mais difentes que sejam as personagens os dois tem traços comuns: A solidão.
.
Gostei da leitura é uma obra bem focada na realidade de muitas pessoas. Há trechos que o leitor (eu) se identifica com alguns personagens. O autor soube explorar bem o tema confabulando a solidão com algumas teses matemáticas. Achei a obra um pouco densa, algumas partes desnecessárias e muito explicativas, por mais que amo finais abertos algumas coisas poderiam ter um direcionamento melhor. Em resumo: Apesar de algumas ressalvas é um bom livro e te deixa bem reflexivo ao final.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
Kabrine 20/12/2021minha estante
Adorei a recomendação de não ler em dias de fossa. Kkkk


Dadá 20/12/2021minha estante
Não é verdade? hahahaha




Dominique 10/07/2010

Real e totalmente humano
As escolhas são feitas em poucos segundos e se pagam durante o resto da vida. (pag. 277)

Mattia e Alice conheceram-se por uma triste coincidência na infância, ambos estavam em um lugar desconhecido onde ninguém ali se importavam com eles, pelo contrário, menosprezavam-os. Porém, até aquele momento Alice não sabia disso e Mattia tinha seus motivos para estar presente, seja por qual motivo foi, o importante é que o destino haviam unido duas pessoas tão parecidas intimamente, mas que por mais que tentassem nunca conseguiam alcançar um ao outro.

Mattia tinha uma irmã gêmea, Michella, que em dado momento desaparece de sua vida por motivos que ele entende profundamente, pois ele havia sido o culpado. O buraco deixado em seu peito aliado a culpa que o transtornava, Mattia aliviava sua dor se auto-flagelando, ora com queimaduras, ora cortando-se.

Quando era criança Alice foi obrigada a fazer o curso de esqui, que tanto satisfazia ao seu pai, porém esta nunca disse-lhe dos medos e do desconforto que sentia. Um dia se afasta do instrutor de esqui e acaba sofrendo um acidente que marcaria seu corpo pelo resto de sua vida. Essa mutilação custou sua alegria e relacionamento familar, pois nunca mais permitiu que seus pais se aproximassem e culpava seu pai pelo acidente que custou sua perna. Sua forma de mutilar-se era comendo o mínimo possível, vivendo dias somente de água. Alice desenvolveu verdadeiro horror a comida.

Carregando pesados traumas de infância, Mattia e Alice eram pessoas solitárias e arredias que afastavam todas as pessoas em volta. O mundo somente ficava melhor quando estavam juntos, pois ambos respeitavam o silêncio um do outro, não precisavam de respostas para seus questionamentos ou tão pouco de exigências, juntos eles continuavam ainda a viver no singular. Por isso, o título "A Solidão dos Números Primos", pois esses números nunca encontram na vida um par, são sempre solitários, isolados, únicos, sem possibilidades, pois dividem-se apenas por eles mesmo ou por 1, nunca a mais que isso.

Esse é um livro singular e extremamente triste. Ao acompanhar a vida e as escolhas de Mattia e Alice você sofre, se enternece e ao mesmo tempo sente raiva dos dois, pois ambos são apáticos diante da vida. Não vivem, vegetam. Eles não reagem com nada, apenas fecham-se cada vez mais para o mundo e vivendo somente para eles mesmos, a única válvula de escape que existia era quando estavam juntos, mas mesmo assim, eles nunca permitiram que as barreiras impostas por ambos fossem derrubadas por alguns segundos, Alice e Mattia sentiam-se seguros na solidão.

A parte que mais doeu, foi quando acabou o casamento de Alice e Fábio. Fábio que desejava apenas a dádiva de ser pai e Alice com sua aneroxia não podia e também não queria conceder-lhe esse desejo. A forma como ela entrega-se ao nada e quase morre por falta de alimento é estupidamente triste. Mesmo quase morta, ela não admitia a verdade para si mesma, que precisava de ajuda.

Pessoas como Alice e Mattia vivem aos montes por aí. Pessoas que perderam a vontade de viver e que passam seus dias esperando unicamente a morte ou o nada. Eu não sei viver assim, nunca conheci um livro tão oposto aos meus sentimentos, as minhas concepções. Há momentos que a vida deles passa a ser uma tortura pro leitor, momentos de pura claustrofobia.

Veja mais: http://livrosfilmesemusicas.blogspot.com/2010/07/solidao-dos-numeros-primos.html
comentários(0)comente



Beatriz 11/01/2023

O melhor livro que já li!!!
Esse livro simplesmente é fantástico!!para quem gosta de se aprofundar em sentimentos e se coloca no lugar dos personagens vai ama a experiência.O livro em si é muito melancólico,mas você entende cada sentimento levado em questão,Eu amo esse livro por que ele me desperta uma sensação de querer ver um final feliz para os dois personagens,e como a história de cada um deles pesa demais.Enfim recomendo muito o livro,li na minha época de escola na biblioteca,e no final me deixaram leva o livro de tanto que eu gosto dele,leio sempre que posso e a cada ano que passa vem um sentimento diferente de ler o mesmo,por questão de amadurecimento da minha mente,mas continua sendo um livro incrível!!!!!
comentários(0)comente



Leandro 14/04/2013

Quanta dor... quanta solidão...
O que me motivou a ler "A solidão dos números primos" foram algumas resenhas positivas sobre o livro e isso me gerou muitas expectativas quanto ao livro.

Logo no início, Giordano nos mostra de forma ágil e precisa sua narrativa poderosa e os acontecimentos da estória.

Os dois primeiros capítulos nos apresentam os protagonistas, Alice e Mattia, na qual o autor já relata os acontecimentos marcantes que perdurarão na vida dos personagens por todo o livro.

Vemos duas crianças crescerem cheias de solidão, ressentimentos, amarguras e dor diante de fatos que marcaram sua vida já em sua fase inicial... é como se eu tivesse lendo e pudesse vislumbrar os sentimentos desses personagens tão bem criados por Giordano.

A estória dos dois jovens é "bela", cheia de encontros e desencontros... o título do livro já relata que a relação entre eles não seria fácil, ou seja, entre os números primos gêmeos, sempre teria um número par que os separariam de estar perto um do outro.

O Autor trata de vários temas como a bulimia, o bullyng, a solidão, autoestima e sexualidade de personagens que se sentem tão excluídos das relações sociais que o permeiam e encontram-se um no outro, talvez pelo olhar, aquilo que os completa.

"...porque o amor de alguém a quem não se ama deposita-se na superfície, e logo se evapora." Pg.236

O final te deixa com um gostinho de "quero mais saber o que acontecerá a esses personagens tão marcantes"... Talvez não tenha sido contemplado com o turbilhão de emoções que eu aguardava ao ler a obra, mas de qualquer forma, vale muito a pena sua leitura.

* * * * Muito bom!
comentários(0)comente



Léia Viana 21/04/2011

Incrivelmente perturbador!
“A Solidão dos Números Primos” é uma obra admirável pela maneira única e reveladora que, Paolo Giordano, expõe seus personagens.

É extremamente triste, melancólico e profundamente marcante. Fiquei surpreendida com a formação do autor, Físico, o que me levou a pensar na dificuldade que possa ter existido para escrever uma história assim tão perturbadora, carregada de sentimentos tão abstratos, com personagens tão únicos em sua dor. Paolo nos permite meditar sobre como se formam as relações humanas.

Os capítulos são divididos entre duas histórias paralelas, que se entrelaçam e se misturam com outras histórias ao longo da leitura, de maneira densa cheia de desencontros, sonhos e desejos, muitas vezes abafados, que chega a criar um abismo, difícil de ser rompido.

Alice e Mattia vêm de uma infância complicada, e conforme vão crescendo tornam-se pessoas melancólicas, incapazes de falarem de seus segredos e de suas tristezas o que os tornam diferentes de todos os outros que os rodeiam, criando dificuldades em relacionarem-se com pessoas que fazem parte de seu convívio. Simplesmente não combinam com o mundo em que vivem, mas reconhecem-se um no outro a ponta de ter um laço que os aproxima e “um número par” que os mantém distanciados um do outro.

É possível notar o quanto Alice e Mattia são diferentes daqueles que os cercam à medida que a narrativa avança e outras histórias se misturam as suas, fica impossível não notar o quanto os dois vivem a margem dos demais, presos em sua própria solidão.

"Atravessaram aquele período em apnéia, ele recusando o mundo, ela sentindo-se recusada pelo mundo, e perceberam que não fazia grande diferença."

Não existe comodismo nesta obra, é uma história comum, um retrato geral da dificuldade das relações entre as pessoas. Sem um fim necessário, mas que consegue captar o retrato da vida, das relações humanas. Dois estranhos, imperfeitos, desajustados, destinados a se encontrar, porque se completavam em suas dores trazidas desde a infância.

Acredito que seja por isso que o autor optou por deixar em aberto o seu final, para que o leitor pudesse divagar como tudo poderia ter sido “se”, ou, por simplesmente querer deixar claro que a vida segue seu curso de acordo com o que se escolhe para si.

Confesso que não é o meu ‘The End’ favorito, mas combinou perfeitamente com esta obra excepcional, sem cair na mesmice, Paolo, construiu personagens humanos, com todos os seus defeitos e qualidades, desafiando o mesmo conseguiu ser original se cair em “clichês”.

Muito mais que recomendado!
*Rô Bernas 24/06/2011minha estante
Tô com ele me casa pra ler....a sinopse me cativou!!!
Depois te conto rsss




Lu 28/03/2014

A solidão dos números primos
Originalmente publicada em 02/03/2012

http://bibliotecabauru.wordpress.com/2012/03/02/resenha-a-solidao-dos-numeros-primos-4/


“Os anos de colégio foram como uma ferida aberta, que pareceu tão profunda a Alice e Mattia a ponto de nunca mais poder cicatrizar. Atravessaram aquele período em apnéia, ele recusando o mundo, ela sentindo-se recusada pelo mundo, e perceberam que não fazia grande diferença. Tinham construído uma amizade defeituosa e assimétrica, feita de longas ausências e muito silêncio, um espaço vazio e limpo em que ambos podiam voltar a respirar, quando as paredes de escola ficavam muito próximas, para ignorar o sentimento de sufocamento.”

Foi amor à primeira vista! Sei que não se deve julgar o livro pela capa, mas em algumas ocasiões é quase impossível resistir. Confesso que com “A solidão dos números primos” não tive dúvidas na escolha, a delicadeza da imagem e a sutileza do título representaram a promessa de uma história envolvente. Uma obra poética, intensa e comovente, onde beleza e dor ocupam o mesmo espaço. No romance, a solidão é fio condutor dos encontros e desencontros protagonizados por Alice e Mattia.

Vidas paralelas que se aproximam no deslocamento e desajuste com o mundo. Na infância uma tragédia particular marca o corpo e a mente de ambos. Mattia convive com a culpa por ter abandonado a irmã gêmea, sendo que o desaparecimento da criança desencadeia no garoto um comportamento arredio e autodestrutivo. Alice, após sofrer um acidente de esqui que a deixa manca, tenta disfarçar a insegurança e esconder da família a anorexia. Ela se refugia na fotografia e ele na matemática. Ela tenta se ajustar ao mundo enquanto ele recusa qualquer tentativa de adaptação. No desvio de interesses, o encontro e o reconhecimento.

“Porque Alice e Mattia estavam unidos por um fio elástico e invisível, encoberto por um monte de coisas sem importância, um fio que podia existir apenas entre pessoas como eles: dois que reconhecem a própria solidão, um no outro”. Dos tempos de colégio à vida adulta estabelecem uma relação bastante singular. Parceiros, mas incapazes de transpor a barreira oculta que os separa, tal como os números primos. “Mattia achava que ele e Alice eram assim, dois primos gêmeos sós e perdidos, próximos, mas não o bastante para se tocar de verdade”.

A base da relação é também o seu ponto frágil, o isolamento social e a vulnerabilidade emocional que os aproxima também representa a maior lacuna no relacionamento. No cenário desfilam personagens complexos, mas que são facilmente identificados em nosso cotidiano, indivíduos que apesar da aparente estabilidade e auto-suficiência muitas vezes ocultam traumas que causam desconforto, sofrimento e dor. Basta observar: vivem em desacordo com o mundo e consigo mesmo, em permanente estado de fuga, são muitas vezes negligenciados pela família, invisíveis e indiferentes à sociedade.

A narrativa apresenta a evolução cronológica dos personagens: infância, adolescência e juventude (1987-2007), bem como as dificuldades, as angústias e o sentimento de inadequação que os acompanha em cada fase. Uma história triste, mas bela. Não recomendado aos fãs de contos de fadas. Paolo Giordano impressiona em sua estréia como escritor, usando a matemática como metáfora da vida, e desenvolve um relato extremamente sensível. O autor foi aclamado pela crítica e conquistou importantes prêmios literários na Itália. Em 2010 a história foi adaptada para o cinema com o mesmo título.
comentários(0)comente



Giulia29 05/08/2021

História que te faz refletir sobre escolhas e em como lidamos com elas.

"As escolhas fazem-se em poucos segundos e descontam-se no tempo que resta"
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



De Cara Nas Letras 16/03/2015

A Solidão dos Números Primos - Paolo Giordano
Melancolia: significa o estado de tristeza e apatia sentido continuamente por algo.

Começo a resenha com essa definição, pois foi uma das coisas que mais senti durante a leitura.

Já vou dizendo que a editora Rocco fez um ótimo trabalho no livro. O título e a delicadeza que encontrei na capa foram elementos que me deixaram, ao mesmo tempo, intrigado e instigado a lê-lo. Se amor a primeira vista existe ou não, eu não sei, mas que me encantei com o físico do livro, isso eu não posso negar.

Em A Solidão dos Números Primos, temos a história de Alice e Mattia, dois jovens que passaram por uma infância cheia de conflitos e dificuldades e uma tragédia que os afetaram psicologicamente em seus desenvolvimentos, tornando-os pessoas reclusas, com dificuldades em esboçar sentimentos e até mesmo falar sobre eles.
O livro possui capítulos paralelos e cronológicos (de 1983 a 2007) e que se alternam entre os dois protagonistas principais que têm seus caminhos cruzados juntamente com a de outros personagens, e é a partir daí que vemos suas características serem nos apresentadas e a trama começa a ganhar forma.

"Mattia tinha estudado que entre os números primos existem alguns ainda mais especiais. Os matemáticos os chamam de prima gêmeos: são casais de números primos que estão lado a lado, ou melhor, quase vizinhos, porque entre eles sempre há um número par, que os impede de tocar-se verdadeiramente..."

O Paulo Giordano, neste livro, abordar problemas em que há muito eu já não via ser trabalhados em outros livros, como o ato de se cortar, distúrbios alimentares, dificuldades em socializar e o isolamento, de tal maneira que em cada linha a um toque de delicadeza e tristeza.

"Havia uma bolha enorme de coisas a dizer que flutuava sobre suas cabeças, e os dois procuravam ignorá-la, olhando para baixo."

Para alguns o livro pode ser chato, ou até mesmo difícil, creio que depende muito do momento e o que está passando no interior de cada leitor. Para mim foi uma leitura gostosa e que me marcou muito.

Próximo ao final do livro estava completamente submerso na história e com uma vontade incontrolável de saber o fim, tanto é que acabei acelerando e me encantando com o desfecho, não foi o melhor do mundo, mas pra min foi perfeito, perfeito por ser triste, perfeito por ser angustiante, perfeito por ser delicado, perfeito por ser real...

Enfim, leiam o livro e mergulhem nesta história que fala nas entrelinhas, assim mesmo, de maneira obscura da tristeza de dois números primos reais, digo reais por ver em nós (gente de carne) e isso é o que estes personagens transmitem.

E antes que eu me esqueça, em 2010 o livro ganhou uma adaptação para as telinhas. Ainda não o assistir por medo de estragar a imagem que tenho do livro, mas vi o trailer e me deu uma vontade de chorar...

site: www.decaranasletras.blogspot.com
comentários(0)comente



Dri Ornellas 07/04/2011

A solidão dos números primos. O título diz muito sobre a história. Uma solidão a dois. Uma solidão incompleta e que nunca cessa.

O livro de Paolo Giordano tem uma linguagem simples, mas com significados profundos. Conta a história de Alice e Mattia, dois amigos marcados por tragédias durante a infância que compartilham o deslocamento do mundo e, como opostos (menino/menina - homem/mulher), se atraem e como se semelhantes (com a mesma dor), se repelem.

Alice não conseguia se impor com seu pai. Em mais um dia fazendo uma atividade por gosto dele, ela sofre um acidente que mudará permanentemente e suas relações com sua família.

Mattia vê em sua irmã gêmea um obstáculo à normalidade. Ela é a pressão que o mantém à margem daqueles que poderiam ser seus amigos e o estigmatiza como diferente. Em um dia, isso acaba; mas Mattia não se desvencilha de seu incômodo interno.

No começo da adolescência, eles se encontram e durante boa parte de suas vidas estarão entrelaçados. Ao mesmo tempo em que desejam ficar juntos, uma vontade invisível os mantém separados. Os dois se sentem esquecidos do mundo, vivem em luta para se manterem à parte do comum, do normal; querem ficar esquecidos. Apesar disso, cada um a seu modo (ela através de distúrbio alimentar e ele por meio de autoflagelação), eles gritam por ajuda para se livrarem do sentimento de impotência permanente de não poderem mais alterar os episódios de seu passado que definiram o modo deles enxergarem suas vidas.

Nesse ponto, eles brigam com seus sentimentos, mas acabam se deixando levar pelas situações. Ficar junto significar renunciar de vez à sociedade e se entregarem à um mundo particular. Ficar separado é admitir a necessidade de adaptação ao mundo e tentar seguir em frente mesmo com seus fantasmas do passado.

Pode parecer um pouco confuso, mas o livro é apenas a narração de fatos de uma história que pode ser considerada até sem graça, mas que a luz dos sentimentos de seus protagonistas revela uma grande profundidade. Para tentar entender, só há o caminho subjetivo.

No livro há uma parte (muito bonita, por sinal) onde há uma pequena explicação para o título do livro.

Os números primos são divisíveis apenas por um e por si mesmos. Estão em seus lugares na série infinita dos números naturais, comprimidos entre dois, como todos, mas um passo adiante em relação aos outros. São números suspeitos e solitários, e por isso Mattia os achava maravilhosos. (...)
Em um curso do primeiro ano, Mattia tinha estudado que entre os números primos existem alguns ainda mais especiais. Os matemáticos os chamam de primos gêmeos: são casais de números primos que estão lado a lado, ou melhor, quase próximos, porque entre eles sempre há um número par, que os impede de tocar-se verdadeiramente. (...)
Mattia achava que ele e Alice eram assim, dois primos gêmeos sós e perdidos, próximos mas não o bastante para se tocar de verdade.

Na resenha do site Orgia literária, é levantada a metáfora feita pelo livro da vida com a matemática, sendo mais uma interpretação (muito bem acertada) com o título.


A história é trágica, mas bonita e com um texto poético. Uma ótima leitura! O livro tem uma adaptação cinematográfica que foi muito elogiada no Festival de Veneza em 2010, com roteiro escrito pelo próprio Paolo Giordano.
Renata CCS 17/04/2013minha estante
Este tb está na minha lista!




93 encontrados | exibindo 16 a 31
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR