Nicolas388 11/03/2023
"Alice fez o anjo na neve com as asas abertas"
É uma obra que faz jus ao título.
Enquanto mais lia, mas a imagem de um outro autor se destacava em minha mente, a do Gabriel García Márquez. Certa vez ele relatou que todo escritor está, na verdade, num caminho para escrever um único livro, e o que ele buscava escrever era o livro da solidão. Pois é este sentimento, tão complexo, belo e melancólico, que se sobressai na leitura.
A escrita de Paolo Giordano é extremamente poética. Em especial, achei interessante a maneira com que as figuras de linguagem das duas narrativas (as de Alice e Mattia), são recheadas por metáforas compatíveis com os personagens, porém ainda entremeadas com o mesmo significado, o mesmo alvo em comum: a solidão, os abismos que unem esses dois personagens tão humanos.
Essa solidão surge por seus respectivos traumas, momentos minúsculos em suas vidas que, no entanto, acabam por marcá-los para sempre, levando os dois a um caminho de autodestruição. É dessa maneira que reconhecem um no outro a mesma culpa, o mesmo isolamento, e se amparam dessa maneira tão singular.