@aprendilendo_ 24/01/2021
Resenha de Cem Anos de Solidão
Publicado pela primeira vez em 1967, ganhador do prêmio Nobel de Literatura e escrito por Gabriel García Márquez, Cem Anos de Solidão é considerado um dos grandes clássicos da escrita mundial. Na trama, a partir de uma narrativa em terceira pessoa, acompanhamos a jornada da família Buendía e sua entrelaçada história com a cidade fictícia de Macondo. Nesse contexto, um a um, os personagens da genealogia protagonista têm sua história, do início ao fim, destrinchada pelo autor durantes os anos de sua existência.
Em primeiro plano, ao analisar a narrativa, percebe-se na obra um singular aspecto, o qual une o realismo e o sobrenatural com maestria. Nesse sentido, tal elemento é baseado na forma natural pela qual o autor consegue descrever os fatos e desenvolver os acontecimentos com cada personagem. Isso acontece enquanto misticismos, característicos de um povo no início de seu desenvolvimento, são incrementados nas experiências da cidade fictícia de Macondo. Como consequência da junção desses atributos, temos a entrega de uma história apta a gerar uma enorme sensação de veracidade enquanto constrói, ao mesmo tempo, todo um ambiente mágico e instigante. Dessa forma, ao balancear o magnífico e o cotidiano, Gabriel manuseia um romance de leitura fluída, a qual, ainda assim, não perde sua força complexa e reflexiva. Cabe ressaltar, por claro, a capacidade poética do escritor, o qual se utiliza de uma imensidão de métodos de desenrolar a magnitude e leveza do livro pelas páginas, repletas de palavras muito bem desenvolvidas e esteticamente bem colocadas.
Em um segundo momento, sobre os personagens, fica nítida a magistral habilidade do autor em criar diversas personalidades complexas e únicas. Assim, ao traspassar por sete gerações e narrar, do nascimento à morte, a vida da maioria dos Buendía, Marquez traz uma variedade de biografias e exemplos de solidão e amargura. Nesse contexto, o grande acerto do escritor é justamente, dentre os protagonistas, não existir sequer um personagem que não é aprofundado, podendo, dessa forma, qualquer um deles ser o destaque de seus próprios livros. Ou seja, há aqui uma explosão de acontecimentos, os quais, além de impedirem a história de se tornar monótona, conseguem se encaixar de forma perfeita em um livro relativamente curto quando comparado ao conteúdo sobre cada sujeito. Nesse sentido, o único ponto negativo da escrita está justamente em sua forma incessante de correr o tempo e nos nomes, os quais, em sua maioria idênticos, podem gerar algumas confusões no enredo. Essa questão desfavorável, no entanto, resolve-se sozinha entre as páginas e logo o leitor se acostuma com o ritmo e os diversos nomes.
Cem Anos de Solidão, considerado um dos grandes clássicos mundiais, é genial do início ao fim, entregando uma história capaz de gerar diversas sensações e deixar uma marca única no leitor. Sem dúvidas, é o tipo de leitura indispensável para aqueles em busca de apreciar a maestria da escrita.
Nota: 9,8
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