O Perfume é um romance, no qual se encontra vários aspectos naturalistas, a todo o momento um personagem é comparado com um animal, ou age como um. Um exemplo é o protagonista Jean-Baptiste Grenouille, que é comparado com carrapato, aranha, caranguejo, etc.
Patrick Süskind é realmente um alquimista das palavras, durante a leitura da obra é praticamente impossível passar incólume diante de tanta habilidade na escrita - com suas inúmeras sinestesias, prosopopeias e hipálages - e não sentir o cheiro dos perfumes da fragrância que é descrito, e principalmente desperta no leitor a percepção do olfato, pois, após a leitura de algum capítulo, tentamos sentir o cheio ao redor, ou prestamos mais atenção nos aromas.
Grenouille nasce na imundícia de uma feira de peixe ao céu aberto, onde o fedor é acre e corrosivo, sem chorar ao acabar de nascer já chapinha na sujidade. Sua mãe que já perdeu vários filhos desta maneira é acusada pelos transeuntes por infanticídio, sendo ela executada semanas depois, enquanto Grenouille vai para doação. Desde os primórdios as “mães de leite” percebem que Grenouille não tem cheiro nenhum, em contrapartida, ele já experimenta seu olfato extremamente desenvolvido.
A subjetividade de Grenouille, ou seja, seu mundo interior é feérico, um mundo onde ele tenta recorrer a todo o momento, para fugir do mundo exterior, cheio de pessoas e lugares com odores desagradáveis. Após descobrir que não tem cheiro algum, ele procura um aroma para ele e que possa conquistar o coração dos homens, ou seja, governar a humanidade. Seguido pelo olfato ele descobre jovens com cheios agradáveis, e sua busca começa. Transformando em um assassino em série, começa seu plano, usando toda sua diligência que aprendeu anos de duro trabalho, sendo até semi-escravizado.
Não podemos deixar de falar do grande aprendizado que este livro nos traz, sobre grandes técnicas, que nem imaginamos, para extrair o perfume das flores, durante minha pesquisa, comprovei que realmente o que é descrito acontece até hoje, sendo que a “enfleurage” rara técnica, é usada atualmente, de modo artesanal, pela 'O Boticário', para extrair o absoluto da flor, seu óleo essencial mais puro.