Apátrida

Apátrida Ana Paula Bergamasco




Resenhas - Apátrida


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ana paula 13/01/2011

Resenha do Historiador Edison Minani
Vários leitores estão me pedindo. Então postarei a resenha do Dr. Edison Minami, aqui no skoob, que é Doutor em História Social pela USP e que gentilmente, após ler o livro, me enviou. Um cordial abraço a todos, Ana Paula Bergamasco.


O presente livro é a estréia de Ana Paula no universo da literatura. Ela já havia produzido obras para a sua especialidade, o direito, o que de forma nenhuma desmerece a presente obra. Pelo contrário, sentimos que a clareza na exposição das idéias, a linguagem ao mesmo tempo fácil e precisa são indubitavelmente fruto dos anos circulando no universo dos fóruns e tribunais.

Quando comecei a leitura da obra, confesso que pensei estar diante de mais uma obra que procurava romancear sobre um tema já clichê no universo da cultura: a Shoah – o Holocausto Judaico ocorrido na Europa sob o controle nazista. Mas a leitura das primeiras páginas demonstrava o cuidado da autora em descrever o universo em que seus personagens se moviam: os nomes populares de casas, quartos, vilas, os pronomes de tratamento usados por poloneses, judeus, alemães, imediatamente nos revelam os anos de pesquisa da autora para poder penetrar esse universo tão distante do nosso.

Proponho aqui uma análise da obra por dois caminhos distintos que em maior ou menor proporção irão nos ajudar a compreender a obra por caminhos paralelos, mas que irão se encontrar no final: histórica e teológica-moral.

Poderia dizer que Ana Paula se valeu de um dos meios mais nobres para retratar uma das épocas mais tumultuadas da história recente mundial, embora nos dias de hoje já existam meios pouco usuais para narrativas históricas. Além de filmes (Roman Polanski, O pianista; A lista de Schindler, de Steven Spielberg) cito aqui Hadashi no Gen de Kenji Nakazawa e Maus de Art Spiegelman. Se o romance de Ana Paula choca com as descrições de privações, fome, torturas e morte, nas obras acima citadas os autores para narrar os episódios de Hiroshima (Nakazawa) e o Holocausto judeu (o pai de Spiegelman), usaram recursos “infantilizantes” para tentar amenizar a crueza dos fatos narrados.

Ana Paula utilizou o romance em primeira pessoa para contar a vida de Irena, uma jovem camponesa polonesa que se apaixona por Jacob, um judeu que vive perto de sua aldeia. É a partir desse amor impossível que se desenrola toda a trama. Impossível por que não é permitido a uma não judia desposar um judeu, sob a pena de exclusão da comunidade e ruptura da linha de ascendência pelo lado materno, elemento essencial para a manutenção do judaísmo tanto como raça quanto como religião. Tanto mais grave se lembrarmos que as comunidades descritas no romance eram as Askenazis, mais conservadoras com relação à miscigenação do que as comunidades Sefaradis, originárias da península ibérica (Portugal e Espanha) e mais espalhadas pelo mundo.

O cenário não poderia ser mais problemático: a Polônia do Entre Guerras (1914-1918 – 1939-1945) disputadas pelas mais diversas potências européias da época. De um lado a Alemanha nazista, com seu corolário de racismo e violência, e de outro a antiga União Soviética, com a agressiva política expansionista de Stálin. Aqui reside um dos elementos mais saborosos do livro: a veracidade dos fatos narrados.

Ana Paula nos faz passear ao longo das numerosas páginas do livro por alguns dos acontecimentos mais dolorosos do séc. XX: as deportações dos armênios, os Gulags soviéticos, o massacre de Nanquim, o massacre de Katín, os campos de extermínio nazistas, o bombardeio de Dresden, e muito mais. A personagem Irena personifica o nosso pasmo diante de tanta bestialidade ao longo do século da tecnologia e do bem estar. A autora se coloca eqüidistante de dois extremos: a demonização plena dos alemães e a deificação dos aliados.
Pelo contrário, em momentos diversos do texto a autora aponta falhas na ação dos aliados, embora seu grande alvo sejam os regimes políticos totalitários. Ana Paula descreve com precisão o papel dos mais diferentes grupos naqueles anos de guerra: as delações russas de parentes e amigos para os Centros de reeducação, a oposição pacífica de Testemunhas de Jeová e de muitos cristãos ao nazismo e ao comunismo, mostrando como muitas pessoas de bem não se calaram diante da injustiça.

Já pensando de um ponto de vista teológico-moral o livro de Ana Paula nos provoca com uma série de questionamentos: como entender o fenômeno dos totalitarismos no século XX? Porque pessoas cultas e refinadas se deixaram levar pelo ambiente dominante e endossaram extermínios em massa em nome de ideologias como o Nazismo e o Comunismo? Ao longo da leitura do livro Ana Paula nos coloca mais e mais questionamentos: por que existe o mal? Como Deus permite que Gulags, Campos de concentração, paredões, câmaras de tortura tenham existido e continuem a existir? Porque o racismo, o ódio, a indiferença ao sofrimento alheio e o egoísmo?

Logo no início do livro Irena se questiona sobre isso:
“(...) como convencer as pessoas que não podemos julgar um povo inteiro pelo seu governo? De outro lado, seria justo inocentá-los de vez? E os que participaram dos atos de terror?”[2].

Uma possível resposta é a crítica que Ana Paula faz ao materialismo em seu livro em especial as páginas 276-277. Ela ataca a falta de espiritualidade das pessoas como origem de muitos males modernos, que tentariam ser sufocados com modas e bens materiais. E, neste materialismo, tudo o que eventualmente atrapalhe essa busca de bem estar deveria ser eliminada, inclusive fisicamente.

Aqui é possível ver o diálogo de Ana Paula com Hannah Arendt e sua teoria da banalização do mal. Para a famosa pensadora o drama de sociedades onde a permissividade domina através de relativismo moral, corrupção e violência, o mal passa a ser encarado como algo normal, um bem, que as leis deveriam garantir. Entendido assim, o totalitarismo estaria justificado por ser a vontade de uma maioria.

Por fim, devo falar do espírito irênico nas relações pessoais e mesmo amorosas da personagem Irena. Irena desde a mais tenra idade se relacionou com pessoas diferentes do seu universo de origem: judeus, alemães, russos, e também homossexuais, comunistas, fascistas. Chega a ser comovente o espírito realmente ecumênico de suas relações pessoais e de suas convicções. O espírito aberto de Irena é demonstrado sucessivamente ao longo do livro através de sua família, seu esposo e seus filhos. Mais importante que as diferenças é a unidade familiar, que deve pautar nossas ações.

Aqui Ana Paula discretamente nos dá uma das chaves para encontrarmos as respostas para o enigma do mal: o respeito pelas diferenças, o amor pelos outros, mesmo que sejam os nossos inimigos! Aqui destaco a paixão dúbia de Irena pelo comandante do campo, que ao mesmo tempo protegia seus filhos e ela do extermínio, mas não impedia maus tratos e até mesmo tentativas de homicídio. Como explicar essa incongruência? Seria Síndrome de Estocolmo, a compaixão de seqüestrados pelos seus seqüestradores? Ou mero oportunismo para não morrer como mais uma prisioneira?

Aqui transparece o caráter moral de Irena. Ela se compadece das incongruências de seus mais encarniçados inimigos, chegando a se deixar apaixonar por eles. Ana Paula quer dizer que devemos perdoar sempre nossos adversários, por piores que eles nos tratem ou deixem de tratar. O mal não deve ser pago com mal, a vida em todas as suas formas é mais valiosa que a morte. Por exemplo, Irena em nenhum momento pensa em abortar o filho que teve no campo, mas em como sobreviver aos maus tratos.

Essa seria a chave argumentativa e interpretativa de Apátrida: o enigma do mal no séc. XX, o século da Era do desastre segundo o historiador Eric Hobsbawn em seu livro Era dos Extremos, é na verdade o enigma da fomes peccati, a fome de pecar, ou seja, de cometer males a si e aos outros. Porque grandes líderes políticos, intelectualizados ao extremo, permitiram – e continuam a permitir! – atrocidades em nome de um bem maior para o povo, o partido, a humanidade, etc. Aqui Apátrida serve de comparação ao livro Memória e identidade do Papa João Paulo II, ele também um polonês sobrevivente do nazismo e do comunismo.

A concórdia entre os homens não se encontrará nem no liberalismo nem no comunismo, nem na pobreza ou na riqueza, no ateísmo militante ou no dogmatismo estrito, mas no respeito às diferenças e aos diferentes sem abrir mão de convicções religiosas e morais. A firmeza moral de Irena acena para esta direção, assim como as inumeráveis pessoas que, ao longo de anos de cativeiro, sacrificaram-se gratuitamente para que ela e sua família sobrevivessem e emigrassem para o Brasil.

A moral pautando a vida cotidiana e política de uma nação, de um povo, de uma raça. Não uma moral qualquer, mas A Moral. Eis a mensagem final do livro de Ana Paula Bergamasco.


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[1] Edison Minami é Doutor em História Social pelo DH-FFLCH-USP.
O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq-Brasil.
[2] p. 09.
Cris 16/10/2012minha estante
Excelente, ele disse tudo e mais um pouco! Colocou em palavras todas as questões que o livro levanta. Não tinha lido em nenhum livro sobre a segunda guerra, nem em filme, esse modo realista, sem melindres, sem artifícios, nem infantilizações, como bem colocou o historiador em sua resenha. Quem sabe Apátrida ainda não estará nas telas do mundo todo ;)




Regiane 13/01/2011

Emocionante!

"Não pense que o meu coração é um barco à vela, que navega de amor em amor de acordo com o vento. Ele é mais fixo que as pirâmides do Egito. Ainda que as areias da vida tentem escondê-lo, ele permanece inabalável."

Vou começar falando um pouco do enredo e depois colocarei minha opinião, mas antes de tudo, tenho que dizer que foi meio difícil concluir essa resenha por conta da emoção que senti ao terminar de ler essa incrível obra escrita pela Ana Paula Bergamasco. Também não poderia deixar de comentar sobre a capa. Eu adorei!!! É muito linda! E pela imagem já dá para perceber um pouco do drama que vem por aí.

O livro conta a história de uma menina polonesa chamada Irena, que cresceu junto da sua numerosa família em um vilarejo. Apesar de levarem uma vida humilde, eles eram felizes e muito unidos. Ainda na infância, ela conhece Jacob - um menino judeu, que tornou seu grande amigo - e com o passar do tempo, essa amizade foi transformada em amor.

O futuro dela e de seu amado seria incerto, traçado por tragédias, devido à guerra. Irena mais do que nunca teria que ser forte, e era assim que seria. Conduzida pelo amor que sentia por Jacob, ela foi capaz de arrancar forças para enfrentar os seus medos, suas perdas e tentar de alguma forma proteger todos aqueles ao seu redor, além de lutar pela sua sobrevivência. É através dessa mulher guerreira que é narrado toda a história, que toca e que emociona a todos que lerem.

Infelizmente em muitos momentos, a vida acaba tomando direções indesejáveis e inesperadas, e assim, os sonhos que aparentam ser possíveis de se realizarem, tornam-se apenas ilusões. E a guerra é uma das maiores e piores causas para isso, mas não só de destruir sonhos, mas de acabar com a dignidade, com o respeito e até mesmo com a esperança.

A cada livro que eu leio sobre o holocausto eu tiro uma lição diferente, além de sempre me fazer refletir, pois servem para lembrar que as guerras ainda estão por aí, cheias de crueldades, mortes, traumas, e que são causadas pela ganância, pelo ódio, pela ambição e fanatismo do homem.

Apátrida não é só um livro emocionante, mas envolvente, que prende do começo ao fim, além de ter um desfecho surpreendente. A autora consegue mexer com os mais diversos sentimentos, numa narração de arrancar o fôlego. Sem sombra de dúvidas, é uma excelente obra que merece uma atenção especial.

Recomendo a todos aqueles que apreciam livros sobre a guerra, mas que por trás de toda tristeza e dor, traz uma ótima lição de vida.
Renata CCS 07/11/2013minha estante
Gosto muito de livros ambientados durante a guerra. Este me parece fascinante!




Pitz 13/01/2011

Palavra de Allan Pitz
O livro ultrapassou voando o "ser bom"; ele é ótimo! Quando a queridíssima Ana Paula me propôs a troca de livros, jamais imaginei que receberia um presentão de fim de ano como este. Repetirei aqui o mesmo que disse a ela: "Apátrida é a última pedra sobre o assunto de os livros nacionais não terem o mesmo nível dos estrangeiros (dúvidas? Compre urgentemente: http://www.apatridaolivro.blogspot.com ).

Em Apátrida, Bergamasco literalmente salva a pátria com uma história que poderia muito bem ter saído de nossos maiores selos editoriais, ou importada a peso de ouro por eles. Somos conduzidos para a trama através dos olhos e sentimentos de Irena, uma jovem polonesa que vivera sua mocidade lado a lado com os horrores da Segunda Guerra Mundial.

Mas não pensem vocês, que ficaremos somente naquele mar de suásticas, violência e gritaria em alemão; nada disso! Irena é real em nossas mentes desde a primeira página, e o que vemos depois nada mais é do que a vida fantástica da moça (minha heroína), independente da maldita guerra. Por isso a obra se faz tão espetacular... A guerra invadiu a vida da doce Irena, e não o contrário. A guerra é uma intrusa, ordinária, vil, na história dessa personagem maravilhosa, que já reservou seu espaço cativo no meu coração. E que sem dúvida alguma, entrará no coração e na alma de cada leitor.
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Evy 03/08/2011

DESAFIO LITERÁRIO 2011 - Tema: Novos Autores / Mês: Julho (Livro 5)
Resolvi ler Apátrida pelo tema. Não é novidade para aqueles que me conhecem, pois já sabem do meu interesse por livros com essa temática. E também não é novidade que todos esses relatos infindáveis do horror da Segunda Guerra Mundial e as odiosas atitudes humanas daquela época sempre me deixam emocionalmente abalada. Não foi diferente com este livro. Apátrida trouxe-me lágrimas aos olhos em muitas tristes passagens.

Ana Paula Bergamasco tem uma narrativa embriagante e o livro tem início com uma citação simplesmente maravilhosa:

"__Você é jornalista. Portanto conhece parte da história. Diga-me, em qual local do mundo há vencedores numa guerra? O conflito só existe porque houve fracasso, seja o resultado que ele tiver. Sim, minha querida, os seres humanos são os únicos a compreenderem-se por palavras. Desenvolvem retóricas, dialéticas, gramáticas, filosofia e ética. Produzem os mais diversos tipos de linguagem. Estudam à exaustão a diplomacia e veem-se incapazes de chegar a uma solução pacífica. Os medos, os anseios, a ganância, a soberba, a hybris, a riqueza ou a pobreza impedem que compreendam seus iguais. A nossa forma de 'inteligência' fez com que nos transformássemos em predadores. Algozes de nós mesmos. Ainda não consigo entender o grau de loucura com que uma pessoa se reveste para, seguindo ordens de superiores, matar seu igual ou atentar contra a vida de alguém, não importa o quanto este outro seja diferente. Autodefesa? Duvido. A maioria das guerras foram decididas por interesses econômicos. Então, quando há o primeiro ferimento e a primeira morte, não importa se de um soldado ou de um civil, as partes envolvidas se tornaram perdedoras. A vida tem um preço inestimável, imensurável. Nada justifica a sua perda. Desse modo, desconheço qualquer vencedor na Segunda Grande Guerra. Todos tiveram baixas. Todos sofreram muito".

Daí em diante a autora já tinha minha atenção, muito embora eu tenha ficado um pouco decepcionada no início, pois não gosto muito de livros narrados em primeira pessoa. Notei logo que isso não se mostrou um problema. Os fatos narrados por Irena, a protagonista, têm um tom natural que cativa e faz a leitura fluir sem dificuldades.

A história gira em torno das recordações de Irena sobre a Segunda Guerra Mundial e como os acontecimentos daquela época destruíram sonhos, ceifaram e marcaram a vida de milhões de pessoas. A escolha pela narrativa em primeira pessoa ficou então clara pra mim. As agruras e horrores vividos por famílias inteiras expostas desta forma tornou o livro mais humano e envolvente. Houveram muitas cenas que me trouxeram lágrimas aos olhos.

Fiquei realmente impressionada com a história, e com as reviravoltas e destinos que levam Irena de um lugar ao outro sempre encontrando dor e perda por onde passa. Achei os personagens muito reais e cativantes e a única coisa com a qual fiquei um pouco confusa foram as idas e vindas ao passado e ao presente no início do livro. Já do meio para o final, esse recurso se tornou mais claro.

Apátrida, assim como tantos outros livros que relatam esses horrores, tem por objetivo principal lembrar! É um alerta para que jamais esqueçamos do que os seres humanos são capazes e até onde vão por ambição, poder e dinheiro. Uma demonstração de que precisamos nos cuidar para que isso não se repita nunca mais.

Só por este motivo eu recomendaria a leitura, mas o faço também pela qualidade do texto e belíssima história.
Mari 01/08/2011minha estante
Ly, suas resenhas são sempre perfeitas! Já marquei muitos livros motivada por elas, e não me arrependi de nenhum! tbm adoro livros com esta temática, é sempre impressionante e triste perceber até onde o ser humano é capaz de chegar por poder, ambição e dinheiro!
Este livro entrou para a lista de livros a serem lidos, com certeza! Parabéns pela resenha!




Luciano Otaciano 12/12/2020

Livro excelente, uma obra comovente!
Olá caros leitores e caríssimas leitoras, preparados para mais uma resenha literária. Venham comigo descobrir minhas impressões à respeito da obra.


Se precisasse definir Apátrida em uma palavra, sem dúvidas o classificaria como emocionante. Com destreza a autora nos apresenta a um contexto tocante, envolvendo-nos com a dor e o sofrimento daqueles que presenciaram a segunda guerra mundial. O fato é que, esse, por si só, já é um tema comovente, é difícil não se deixar emocionar com as perdas e o sofrimento que afligiram a humanidade nesse período, ainda mais quando paramos para refletir sobre os motivos que levaram a tantas mortes. Será que a ânsia pelo poder justifica a necessidade de subjugar os desejos de seu próximo? Até que ponto algumas nações estão dispostas a ir para alcançar seus objetivos? O fato é que na guerra, ou no dia a dia, nossa sociedade, infelizmente, não se preocupa com as consequências de suas ações, o importante é a realização própria, independente do que isso possa causar aos seus semelhantes.
Assim, logo no início da leitura fui enlaçado pelas palavras e sentimentos presentes em cada página da narrativa. Eu, que faço o tipo de leitor que se emociona facilmente com o que lê, derramei um bocadinho de lágrimas fácil ao compartilhar das experiências de Irena, que como uma bibliografia, nos conta os detalhes de sua vida, partilhando conosco todas as suas lembranças, desde as mais felizes, até as que mais dolorosas.
Nascida na Polônia, em uma família simples, Irena ao nos apresentar suas memórias conta sobre as boas lembranças de sua infância, as brincadeiras, as amizades, os fortes laços que mantinha com seus irmãos e pais. Fala-nos também, de seu primeiro amor, das descobertas e dificuldades que esse sentimento causou, e então, de como a guerra chegou para tirar dela, aos poucos, os feixes de luz e paz que existiam em sua vida.
Partindo dessa premissa Ana Paula cria uma obra para lá de tocante, envolvente e muito comovente.
Como vocês já sabem a Polônia, por estar em meio à Alemanha e antiga União Soviética, foi considerada um ponto estratégico, de forma que por esse motivo, foi dominada pelas forças alemãs. Desta forma, subjugados à dominação das tropas de Hitler, os poloneses sofreram duramente com a guerra, sendo tratados como uma raça impura, muito inferior à raça ariana. Por isso, Irena e sua família presenciaram o que existe de pior na guerra, o medo, a dominação, as perdas, as mortes. Suas experiências são intensas, cada fato descrito por Irena nos assombra, a realidade, mesmo que indireta, de sua narrativa, é algo que nos envolve de uma forma inimaginável.
O ponto forte do livro é a forma com que Irena narra sua história de vida, ligando fatos do passado com seu presente, ou vice-versa. Isso permite que possamos compreender o quanto a personagem amadureceu e principalmente, o quanto a guerra deixou cicatrizes imensuráveis. Entretanto, de forma surpreendente, mesmo tendo passado por momentos muito difíceis, Irena ainda sorri para a vida, e de uma forma simples ensina-nos que, na guerra, não existe um lado vencedor, todos os envolvidos, independente de qual deles acredite ter saído vitorioso, sofre perdas. E que mesmo durante longos períodos de dor e sofrimento, sempre existe a esperança de que um dia, a tristeza cederá lugar para a felicidade.
A escrita de Bergamasco é bastante dinâmica, o que dá a narrativa a fluidez necessária durante toda a diegese.
Apátrida é o tipo de livro que marca o leitor, que nos faz refletir sobre o passado, o presente e o futuro da humanidade. Afinal, o preconceito idealizado pelos que se denominavam a raça pura, é tão diferente, do preconceito racial ou cultural que ronda nossa sociedade? Outro ponto de reflexão é que, ao imaginar quantas pessoas existem no mundo que compartilharam das mesmas experiências que Irena, o livro nos faz pensar se todas elas foram tão fortes como ela, que foi capaz de dar uma chance a si mesmo, deixando o passado para trás.
Além de uma ótima trama, o livro conta também com uma narrativa dinâmica, prendendo-nos aos detalhes da vida de Irena. Sendo assim, o livro me conquistou por completo. O trabalho que a autora teve de pesquisar nomes e fatos históricos referentes ao período narrado, tornou a obra ainda mais legítimo, misturando de uma forma quase imperceptível, ficção com realidade. Diante dos aspectos por mim mencionados, não posso deixar de indicar o livro. Posso afirmar que,
sem dúvida, é um dos melhores livros nacionais que já li. Em resumo, Apátrida é uma obra que mexerá completamente com o emocional do leitor, portanto esteja preparado para derramamento de lágrimas. Finalizo por aqui, espero que tenham gostado da resenha e até a próxima!
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Kako 07/10/2010

O melhor romance sobre a II Guerra Mundial ! ! !
O melhor romance sobre a II Guerra Mundial!!! Sou um grande aficionado pelo tema. Li diversos livros, assisti todos os filmes e outros tantos documentários. Quando apresentaram-me este livro, não tinha a menor expectativa de encontrar algo novo, pois é um tema esgotado. Ledo engano, me surpreendi a cada página lida. Uma história digna de Best Seller e um excelente enredo para um grande filme! Parabéns a autora.
Hannah Charlier 11/10/2010minha estante
Este é um livro que deve ser lido por todos. Nele encontrei a mim mesma e a muitos amigos de todas as proveniencias que conheci no pos-segunda guerra aqui e na Europa. Parabens Ana Paula. Hannah Charlier


Cris 08/10/2012minha estante
Kako, escrevi para uma amiga no Facebook quase igual a sua resenha ;)
Impressionante!!! De todos os livros que li ambientados na Segunda Guerra Mundial, ele supera todos. Incrível como a autora que não descende de judeus, nem de eslavos, escrever um livro tão fiel, tão bem pesquisado, sem um relato de um familiar, nada do tipo, e ficar tão absurdamente emocionante como ficou! Deu cinco estrelas e recomendo muito!!!




gustavo 01/03/2011

lINDO,UM DOS MELHORES LIVROS QUE LI EM MINHA VIDA,VOU RELER DAQUI A UM TEMPO,QUEM NÃO DÁ AO MENOS NOTA 4 PARA ELE AQUI NO SKOOB DEVE SER UMA PESSOA TOSCA QUE DEVE SÓ GOSTAR DE LIVRO DE AÇÃO,QUE NAO TEM CORAÇÃO E NÃO SABE SE EMOCIONAR COM OS LIVROS,ESPERO ANCIOSO NOVOS LIVROS DE ANA PAULA QUE JÁ É UMA DE MINHAS AUTORAS PREFERIDAS,MINHA NOTA PARA O LIVRO?MIL VEZES 10
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naniedias 20/01/2011

Apátrida, de Ana Paula Bergamasco
O livro Apátrida conta a história de Irena, desde sua infância, durante a Segunda República Polonesa, passando pelo período em que viveu na Bielorússia, o período de ocupação nazista em território polonês e terminando em sua viagem para o Brasil, após o final da Segunda Guerra.
Narrado em primeira pessoa por Irena, o livro faz-nos emocionar com cada pedacinho de vida que a polonesa conta.
"Diga-me, em que local do mundo há vencedores numa guerra? O conflito só existe porque houve fracasso, seja o resultado que ele tiver. Sim, minha querida, os seres humanos são os únicos a compreenderem-se por palavras. Desenvolvem retóricas, dialéticas, gramáticas, filosofia e ética. Produzem os mais diversos tipos de linguagem. Estudam à exaustão a diplomacia e veem-se incapazes de chegar a uma solução pacífica. Os medos, os anseios, a ganância, a soberba, a hybris, a riqueza ou a pobreza impedem que compreendam os seus iguais. A nossa forma de 'inteligência' dez com que nos tranformássemos em predadores. Algozes de nós mesmos. Ainda não consigo entender o grau de loucura com que uma pessoa se reveste para, seguindo ordens de superiores, matar seu igual ou atentar contra a vida de alguém, não importa o quanto este outro seja diferente. Autodefesa? Duvido. A maioria das guerras foram decididas por interesses econômicos. Então, quando há o primeiro ferimento e a primeira morte, não importa se de um soldado ou de um civil, as partes envolvidas se tornaram perdedoras. A vida tem um preço inestimável, imensurável. Nada justifica a sua perda. Desse modo, desconheço qualquer vencedor na Segunda Grande Guerra. Todos tiveram baixas. Todos sofreram muito."
Uma história triste e encantadora!

O que eu achei do livro:
Em uma palavra: emocionante! Prepare-se com lencinhos antes de ler esse livro, muitos lencinhos. Certamente irá chorar bastante, como eu chorei. Acho que não ser humano vivente que consiga ler esse livro sem derramar muitas lágrimas. A vida de Irena foi muito sofria e ela passou por diversas privações, que são contadas magistralmente por Ana Paula Bergamasco nesse livro, de forma detalhada e incrivelmente realista.
A autora tem uma escrita envolvente, maravilhosa e conta de maneira espetacular a história de Irena. Abaixo um trecho para que vocês possam entender como é bonita e refinada a escrita da autora.
"Existem casamentos que começam na juventude e continuam na velhice. Ultrapassam as bodas de ouro e fazem as de diamante. Mas estão longe da promessa solene do matrimônio, pois muitas dessas pessoas nem conhecem o seu cônjuge. Não procuram descobrir a essência do outro, não buscam verificar a pureza de cada um, as suas qualidade e defeitos, nem se preocupam com os seus sentimentos. Passam a vida na contemplação da sucessão dos fatos, acostumados na rotina. Muitas das vezes nem amigos são. Acorrentam-se pela vida, sem cumprir a promessa de amarem e respeitarem-se até a morte."
Ainda estamos em janeiro, portanto é um pouco arriscado falar de qualquer coisa no âmbito de um ano inteiro... Fica complicado então dizer que esse foi o melhor livro que li esse ano, mas certamente estará entre os melhores. É um livro incrível!
Porém, nem tudo são flores... E fico muito triste ao dizer que esse livro tem defeitos. Eu realmente gostaria de estar aqui elogiando a edição em todos os pormenores. Mas não será possível. A capa é realmente maravilhosa. Entretanto, são muitos os erros de ortografia, gramática e digitação com os quais me deparei no decorrer da história. Creio, devido à grande qualidade da história, que esse livro terá novas edições - pois, certamente, fará muito sucesso. Espero, portanto, que nessas próximas edições, sejam feitas novas revisões, para que os erros encontrados possam ser corrigidos. Esses erros não somente tornam a leitura menos agradável, quanto ainda diminuem a credibilidade de uma obra que deveria estar entre os mais vendidos livros em nosso país. Pensei muito antes de dar a nota ao livro... hesitei entre o 8 e o 9... mas por fim, decidi que, apesar dos erros que me incomodaram muito durante a leitura, uma história tão incrível não merecia menos que 10.
Por fim, indico, ainda que com erros, esse livro a todos. Pois a história é linda e tocante e você precisa conhecê-la!

Nota: 10
Dificuldade de Leitura: 8

Leia mais resenhas em: http://naniedias.blogspot.com/
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Marcia Lopes 18/02/2012

Apátrida
Há livros que são para sempre, assim eu descrevo este livro.
O livro narra a história de Irena uma criança cheia de sonhos e perdas e mais tarde uma mulher forte e determinada.O romance e enriquecido em personagens marcantes e emocionantes.No começo da leitura fiquei um pouco confusa, pois a narrativa vai e volta do presente para o passado, porém logo você se acostuma.
O que mais me chamou a atenção nesse livro foi o fato da autora não só nos fazer relembrar dos horrores do nazismo e comunismo soviético, mas também nos colocar perante as diferenças religiosas e culturais e as violações dos direitos humanos e violência moral e psicológicas, e o que esses seres humanos submetidos a essas diferenças são capazes de fazer.Esses relatos são tão chocantes que parei por diversas vezes, para me refazere dos sentimentos causados por eles.E o ápice da emoção transborda quando Irena narra seus momentos no campo de concentração de Aushwitz,as lágrimas rolam.
Mas a história também tem paixões e um amor impossível e você vai se enternecer com eles!
Este livro além de ser uma história sobre a segunda guerra mundial é uma lição de vidae serve como um alerta.

Nota 10!







Quem comentar na resenha no blog e deixar o email nos comentarios da fan page aqui do FB do Gossinp participa de um sorteio de um kit de marcadores ! http://gossinp.blogspot.com/2012/01/resenha-apatrida-ana-paula-bergamasco.html
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Rafa 24/07/2011

Resenha - Apátrida - Ana Paula Bergamasco
Quando comecei a ler Apátrida, pensei que seria um livro cheio de mistérios e acontecimentos desumanos, que me faria chorar do começo ao fim e essas coisas, e confesso que desanimei do primeiro capítulo, descrevendo que a numerosidade dos irmãos de Irena, que eu acabaria por esquecer e confundir com tantos outros, além disso não gostei só dessa parte, livros que contém muitos nomes acabo por me perder na história, mas em Apátrida a autora conseguiu me lembrar várias vezes do personagem o que consegui me adequar a história. Fiquei emocionado com o conhecimento dos personagens tão humanos e chocado com alguns tão cruéis, mas fui gostando da forma como a autora foi descrevendo em 1ª pessoa, transcorrendo os fatos horríveis e que de certa forma marcaram muitas vidas, inclusive a de Irena.
Apátrida narra a história de Irena, determinada polaca e forte, nascida em Lublin, numa família polonesa feliz, crescida durante a Segunda República, cheia de sonhos, mas se vê perdida entre vários amores e várias perdas.
Os vários lugares demonstrados era puro cenário de sofrimento, tratando o ser humano como se fossem animais ou cobaias, me deu nojo de ter que ler as descrições que Irena destacava no Campo, principalmente dos experimentos em crianças. Era triste ver também que as próprias crianças, velhos e idosos eram os mais torturados por causa de suas fraquezas, e isso parecia muito comum. Senti repulsa e tive que parar de ler em vários momentos para vomitar, perdoe o vocabulário, mas foi essa minha reação em várias leituras.
A Irena mesma, disse que era impossível descrever qual foi o sentimento de estar ali e retratar como era a vida daquelas pessoas, era impossível descrever, nem em filmes se conseguia expressar a dor daquelas pessoas.
Mas a história em suas várias passagens desde a Polônia, uma passada breve a Rússia, inclusive nos EUA e até no Brasil, que descreve como um país cheio de diversidade, considerei que a autora tem conhecimento de mundo, e que descrevia cada qual na sua devida maneira, retratando somente o momento da cena e desprezando como era o lugar.
A autora em nenhum momento deixou a desejar em relação às descrições e forma como contava com sua perspicácia com a ortografia, mostrou dom com palavras rebuscadas, e estrangeiras ao país de origem de Irena.
Sem contar com a capa linda, e que demonstra logo de cara que a história é forte e de chorar, podemos ainda encontrar algumas partes do livro que em meio a tantas desgraças, via-se riso de uma criança acolá.
Achei a história fascinante, tem uma magnitude nunca vista, desde o início desejei que virasse filme, pois faria muitas pessoas se emocionarem. Acho que faria muita crítica boa.
Enfim, recomendo a todos que gostam de ouvir relatos reais, de sentir os acontecimentos e contrapartidas inesperadas, pois em cada página que eu virava uma coisa diferente acontecia, a autora jamais ficava me segurando, mas sim dava logo a informação. Então não estranhe com a forma como a escritora leva a história, pois ora está no passado, ora está no presente, lendo você vai entender melhor. Nota 10.
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Lucas 17/10/2011

Maravilhoso!
Eu amei Apátrida.
Sabe aquele livro que você guarda a estória dentro de si e não empresta por nada e nem pra ninguém? então, é esse.

Ana Paula Bergamasco nos insere de tal forma na estória que quando percebemos já estamos chorando, ou orando baixinho para que nada aconteça com Irena e seus filhos no campo de concentração. ou no decorrer do dia a dia nos pegamos pensando "meu Deus, que fim levou Jacob. Ele é perfeito para ela". Resposta essa que descobrimos (em prantos)só no fimzinho do livro.
Esse é o melhor livro de guerra que eu já li. Nada poderia retratar melhor as atrocidades que aconteceram em auschwitz, e na invasão a Polônia. E isso tudo no ponto de vista de uma única mulher: Irena. Forte, batalhadora e de princípios. Em nenhum outro livro eu nunca gostei tanto de uma protagonista. A Bondade dela, a forma como ela consegue ser tão delicada e ao mesmo tempo tão forte e decidida, pronta para qualquer embate para salvar os filhos ou algum familiar.

Não existe uma nota para o livro, por que, se eu disser que ele é 10 estou impondo um limite, e ele não tem limites, como os números e como o tempo. É claro, para cada pessoa, ele vai ter um significado e a sua essência se impregnou em mim de um modo que mesmo depois de ter lido, senti um vazio enorme.

Para mim, ele é perfeito, desde o fluxo de informação até o a narrativa. A escritora o tornou impecável. Recomendo.
Com certeza você não ira se arrepender, da primeira página até a última.
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Ioná 09/08/2011

Inesquecível
Que história impressionante, linda, emocionante, triste, poderosa, intensa. Muuuito intensa.

Cada parte da vida de Irena daria um livro.
Que personagem fantástica!!!
Os detalhes da vida dela ficarão na minha memória para sempre.

A obra é cheia de emoções fortes, de momentos de suspense, revolta, amor. Bergamasco mesclou o livro com diversas partes de forte comoção, nos levando ao choro convulso.

Adorei cada pedacinho desta obra.

A única coisa a melhorar são os erros no texto. Encontrei erros ortográficos, como "arrasado" escrito com z, e de digitação, como "cotodiano" no lugar de cotidiano, além de alguma considerável falha nos plurais. Mas, nada que nao possa ser corrigido numa próxima edição.

Recomendo a leitura sem medo nenhum.
Leiam, leiam, leiam.
Vale muito a pena!!!!

Bárbaro!




Nadz 26/04/2012minha estante
Achei a obra as vezes próxima de apenas um relato, sem a história/enredo em si. Gostei bastante, especialmente quando ja está mais próximo ao fim em que tudo muda e o relato histórico se une a sentimentos, diálogos e trama.




Mille Siqueira 07/05/2011

O que eu posso dizer de Apátrida, se não que é uma história maravilhosa e arrebatadora? Desde o primeiro momento me apaixonei por ela. É tão bem escrita e direcionada, que eu nem me dei conta do tempo e passei horas – tantas quantas meu escasso tempo permiti - lendo e saboreando a história da Irena, um dos personagens mais fortes que “conheci”. A Irena é determinada, sagaz, leal, mãe, e, acima de tudo: real, assim como sua história, que é tão semelhante à de tantas pessoas que passaram por essa época macabra, que foi o século XX, e ainda hoje passam, em alguns lugares da África e tantos outros escondidos pela mídia.

O livro é incrível, lindo, triste, viciante; é o tipo de história que não dá para deixar de ler. O que mais chama atenção, do meu ponto de vista, é a forma madura como a Ana Paula mescla a Segunda Grande Guerra com outras rivalidades passadas e recentes, usando inúmeras frases de efeito, mas uma ficou especificamente cravada em mim: “ Às vezes penso, o que será de nós, pobres humanos, quando os nossos algozes somos nós mesmo?”.

A narrativa é feita entre o passado e o presente, intercalando de forma deliciosa, deixando-nos, em muitas partes, curiosos quando uma situação do presente ainda não foi explicada no passado.

Os personagens são lindos e cativantes, especialmente o Rurik – marido da Irena -, que foi um dos meus preferidos. Alfons também se tornou meu queridinho, mesmo com as atrocidades que ele praticou, por mais diminutas que sejam comparando-as à de outros seguidores de Hitler e soldados Soviéticos.

Eu super recomendo mesmo o livro, principalmente para quem gosta de história, e até está em época de vestibular, como eu. Como disse, esse é um livro que você não pode deixar passar, é, sem dúvidas, mais uma obra de arte na literatura brasileira, que infelizmente não é tão valorizada, justamente pelos próprios brasileiros.

Enfim: leia!


Ps.: Queria agradecer à Ana Paula – a autora - por disponibilizar o livro, sem isso, com certeza, eu dificilmente teria oportunidade de ler.
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Mell 06/01/2011

Resenha: Apátrida
Apátrida narra uma boa parte da sôfrega vida de Irena, uma mulher forte e persistente nascida na Polônia. A estória é iniciada com um momento da última entrevista dada pela heroína, e vai, aos poucos, nos mostrando como foi a sua infância e adolescência, e as pessoas com quem conviveu. Desde cedo, somos marcados pelo genuíno laço de amor que envolve a família da personagem principal; a luta pela sobrevivência mostra o vínculo dessa família. Depois que nos é apresentado uma importante parte da vida de Irena pré-Guerra, nos é apresentado o romance do livro. Desde pequenina, Irena se enamorou por Jacob, seu amigo judeu filho de um rico médico que passou a estar sempre presente na vida de sua família, ajudando e amparando. Jacob se tornou essencial para a vida da heroína, e esse sentimento tornou-se muito mais concreto com o amadurecer dos dois. Mas Irena não contava com o noivado de seu amado, que lhe justificou devido a sua religião. Era judeu e ela uma católica ortodoxa. Não podiam ficar juntos, e ele sabia disso desde cedo. A vida de Irena ruiu, mas acabou por tomar um rumo. Como gosto sempre de lembrar, "O tempo sempre vai ser o melhor remédio, mas seus resultados nem sempre são imediatos" (Charles Chaplin). Demorou, mas a nossa heroína conseguiu endireitar sua vida e seguir em frente.

Ela então se casa com Rurik, e muda-se para a terra de seu noivo, a Bielorússia. Lá, cria raízes. Forma uma família, tem um filho e desenvolve um amor inesperado pelo marido. Mas tudo isso lhe é tirado por uma ignóbil traíção. A partir desse marco em sua vida, a Segunda Guerra passa a fazer parte de seu cotidiano, e sua vida nunca mais seria a mesma.

Novamente destruída interiormente e com grandes perdas, Irena volta para os braços de seus familiares, e é no cenário de sua doce infância que nossa heroína passa por uma prévia do que ainda estaria por vir. E é em Varsóvia, capital da Polônia, que a estória continua, mês após mês, enquanto a guerra se alongava por toda a Europa, e o país era tomado por uma onda cada vez maior e sem piedade de barbaridades. Junto de seus falazes gêmeos, Irena encontra seu destino e pior pesadelo: o campo de concentração. Lá terá de enfrentar a morte cara-a-cara e lutar pela vida, de si própria e de seus amados filhos.

Intercalando capítulos do passado e outros do futuro, Ana Paula Bergamasco nos apresenta o palco da Segunda Guerra Mundial ao criar personagens cujas estórias nos levam ao encontro da História; Apátrida nos proporciona uma espetacular aula sobre a Segunda Guerra Mundial e o que ela representou: destruição, desumanidade, crimes e atrocidades. Não pude deixar de pensar que o livro é um ótimo instrumento, apesar do romance, para ser usado em salas de aula do Ensino Médio. Uma vez li "Um Salto Para a Humanidade", da autora Célia Valente, que narra a estória de uma jovem durante a Segunda Guerra Mundial, leitura esta a pedido do meu professor de História do Ensino Fundamental. Eu lembro de ter adorado, e de boa parte de meus colegas (inclusive os que diziam não gostar de ler) também terem elogiado a obra. Imagino que Apátrida seria igualmente recomendado, uma vez que narra com tamanho afinco a rotina dos presos e refugiados em guetos (entre outros lugares), que não perdi a chance de confirmar se os fatos são ou não verdadeiros.

Com grandiosos atos de compaixão e responsabilidade, Irena e tantos outros personagens do livro nos mostram a essencia do ser humano: metade defeitos, e a outra, qualidades. Sim, leitores, não se enganem caso pense que somos constituídos apenas por qualidades, e da constatação dos referidos defeitos só temos a lucrar: aprendemos lições de vida e a enfrentar nossos medos a fim de corrigir nossos defeitos. Alfons, um importante personagem nessa intrincada estória, foi um coronel alemão muito respeitado e comandante do campo de concentração onde Irena passou vários anos, Auschwitz. Creio que, excetuando Irena, ele foi o personagem com o qual eu mais aprendi. Ele nos ensina a dualidade do caráter humano. Nos mostra que somos, sim, capazes de errar e aprender com esse erro, por mais fatídico que possa ser, direta ou indiretamente. Jan, primeiro filho de Irena, nos demonstra integridade. Ele inspirou meu "eu" sedento por vitórias. Jacob me relembrou que é possível, sim, amarmos de uma forma doce e perpétua, mesmo que o tempo insista em ser o melhor amigo do relacionamento. Ele decidiu por não quebrar as regras e isso me ensinou mais do que possa parecer, mesmo que tenha desistido tarde demais.


Apátrida encerra meu ano de uma forma especial, reflexiva. É uma autêntica fonte de lições de vida, e recomendo para qualquer um que possui maturidade. Foi a resenha mais difícil que já fiz em minha vida até o momento, creio, e por se tratar de um livro ótimo que, apesar dos erros de revisão (infelizmente, não foi publicada a versão final), nos transmite diversos sentimentos. Meu exemplar está lotado de tags marcando passagens, o que por si só já mostra a importância do que Ana Paula Bergamasco escreve. Ela possui um genuíno dom para a escrita e estou ansiosa por um próximo livro da mesma.
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Ana 27/03/2013

Apátrida
Sobre o livro Apátrida. Passei dois dias praticamente ininterruptos imersa no século XX. A narrativa se inicia na Polônia, onde somos apresentados a pequena Irena e seu cotidiano, embora simples repleto de brincadeiras infantis e da proteção de seus irmãos mais velhos. É nessa época que ela conhece Jacob,um judeu, companheiro de infância e juventude que se torna sua grande paixão. A partir daí o livro dá grandes reviravoltas. É retratado o período da Segunda Guerra Mundial, bem como a emigração de Irena para o Brasil.
É um drama visceral, choca. No entanto, é certo que as descrições, embora tristes, são verdadeiras e impressionam. Ademais um livro marcante, mesmo após fechar a última página, permanece vívido em minha memória.
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