Amanda 15/10/2011Apátrida - Ana Paula BergamascoPrimeiro eu queria agradecer a Ana por ter me colocado no booktour.
Não preciso nem dizer o quanto fiquei feliz e sou imensamente grata por isso. O livro é maravilhoso e me tocou de uma forma como poucos conseguiram.
Em Apátrida conhecemos a história de Irena, uma polonesa, filha mais nova de um casal de camponeses que já tinha sete filhos. Irena nasceu no entre guerras e teve uma infância feliz, mesmo com todas as dificuldades.
Ainda criança, aos quatro anos, conhece Jacob, no enterro de uma de suas irmãs, Anna, que morreu de pneumonia. Jacob é judeu e mesmo com todas as proibições, o amor de ambos cresce no decorrer de suas vidas. Até que a sociedade e o destino pregam uma peça em ambos. Vários impedimentos começam a surgir e um deles, a II Grande Guerra, é o mais difícil e perigoso de ser superado.
Apátrida me conquistou logo de cara. A capa é maravilhosa, preciso destacar isso.
Mas, além da capa, eu já sou naturalmente apaixonada por história, principalmente a da I e II Guerras e do período entre-guerras, que foi quando o homem atingiu o ápice de sua loucura e, como é citado por vezes no livro, devemos lembrar sempre de tudo o que aconteceu naquela época, para que não venha a se repetir.
Irena é uma personagem encantadora. Forte e determinada, que luta pela sua vida e a de seus filhos, mesmo tendo sua existência marcada pela dor de várias perdas.
Na verdade, todos os personagens são muito bem construídos. Esse é um ponto super positivo do livro.
Me apaixonei por Rurik, o primeiro marido de Irena e chorei horrores quando ele se foi. Da mesma forma como aconteceu quando seus irmãos partiram, ou mesmo seus amigos e pessoas que sequer tem seus nomes escritos no livro. É um livro muito forte e é impossível você se manter firme o tempo todo.
Fiquei encantada por Jacob, por seus cavalheirismo, sua inteligência, sua educação. Apesar de tudo, torci muito para que os dois ficassem juntos. É impossível não torcer por isso.
Outro que me encantou bastante foi Jan, o filho de Irena, que é bastante maduro para sua idade, além de ser super inteligente e seguro. Sabe o que fazer na hora certa.
Todo o horror do maior conflito armado de todos os tempos é narrado de forma intensa no livro. Durante a leitura, me dei conta de que tudo foi muito pior do que é contado. Tudo foi muito pior do que imaginamos e que várias pessoas sofreram de verdade as mesmas coisas que Irena.
Quantas famílias não foram arrasadas por conta da irracionalidade humana? Quantos sonhos não foram destruídos? Quantas vidas não foram ceifadas por não se encaixarem em determinado padrão pré-estabelecido?
São perguntas que nos fazemos o tempo todo, principalmente quando Irena e seus dois filhos, Jan e Bogdana, são levados para Auschwitz e podemos perceber, nesse que foi um dos piores campos de concentração nazista, todo o terror do holocausto.
Isso é o que ganha mais destaque no livro. Como forma de alerta, para que olhemos com mais cuidado tudo o que aconteceu com estes seres humanos na Europa.
Óbvio que a história de amor é importante, mas em certo momento, ela acaba ficando em segundo plano.
Confesso que essa é uma das resenhas mais difíceis que já fiz. Porque gostei mesmo do livro e sempre que gosto muito, tenho extrema dificuldade para emitir uma opinião com clareza.
O livro nos passa uma lição maravilhosa, a de que sempre vale a pena lutar pela vida, mesmo em situações extremas, mesmo quando achamos que já não vale mais. Além de tudo, tem um desenrolar surpreendente e uma narrativa fantástica, que se alterna entre as lembranças de Irena na Polônia e sua vida no Brasil.
Resumindo: o livro é profundo, encantador, uma lição de vida.
Agradeço muito a Ana por ter nos proporcionado esta leitura maravilhosa.
Super indico para todos que, como eu, gostam de um bom livro e, ainda por cima, nacional. Esse, com certeza já entrou na lista dos meus favoritos e foi uma das melhores leituras de 2011.
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