kathcontardi 03/06/2024
Um retrato da vida como ela é, sem massagem
Muitas vezes, quando nos apegamos aos romances clichês e previsíveis, acabamos criando expectativas para o mundo real. De que a fantasia do amor perfeito, do final feliz, é simples, totalmente dependente da sorte de encontrar alguém que vai magicamente preencher todas as lacunas de si.
Aqui, Coco Mellors nos mostra, sem massagem ou leveza, a dureza das relações. Cléo e Frank se conhecem e, após pouco tempo, decidem se casar em uma decisão impulsiva baseada na paixão e no calor dos sentimentos. Porém, eles acabam percebendo que é necessário mais do que amor para que vivam uma vida afortunada.
A autora esfrega na nossa cara que a felicidade tem um preço que é pago diariamente por nós. Em um relacionamento, ser feliz significa ceder, abrir mão vez ou outra, abandonar vícios, mas nem sempre isso acontece, nem sempre o parceiro está disposto. Ou, perigosamente, o parceiro entende que no outro mora sua felicidade plena, sua possibilidade de realização.
E essa expectativa é uma porta para o caos, uma vez que ninguém é a resolução dos seus problemas ou a cura para todos os males. Nem nossos parceiros, nem nossos amigos, que podem, inclusive, estar tentando se encontrar assim como nós. E esse é o tapa na cara que a autora da.
A vida não é só magia, só emoção, só empolgação. É luta, é perda, é desistência. Porque a vida tem seus altos e baixos. É nós buscamos a todo custo fugir dos baixos.
Uma boa experiência de leitura.