spoiler visualizarMaicom2 09/04/2024
Que sorte seria se este livro desaparecesse
É natural que, ao menos de início, sejamos atraídos pelo livro pelo título e ou capa. Com ?Se os gatos desaparecessem do mundo? não foi diferente, pois logo de cara fiquei intrigado pelo que poderia ser.
Pois bem, neste livro acompanharemos a semana de um jovem adulto que, após receber um diagnóstico fatal de câncer, receberá a visita do diabo com uma proposta um tanto duvidosa: ganhar mais dias de vida a cada coisa que fizer desaparecer do mundo. Promissor, certo? Mas não aqui. A estória, apesar de partir de uma premissa original e com grande potencial, será pouco desenvolvida e tampouco despertará qualquer furor no leitor- pelo menos não em mim. A personagem principal, não apresenta nenhum carisma ou desperta qualquer sentimento, nem mesmo empatia pelo seu triste destino. Em contrapartida, as personagens secundárias, especialmente a mãe, me despertou interesse, não tanto pela personagem em si, mas mais pelas características infelizmente tradicionais e aspectos sociais que a circundam- mas, mais uma vez, nada desenvolvido.
Mas vamos olhar sob a perspectiva de ?copo meio cheio?? Nesse sentido, o livro traz ótimas referências de filmes (o autor é diretor/produtor), além de apresentar uma concepção curiosa (apesar de batida) de como seria o diabo- concepção individual a partir de si mesmo, o que você poderia ter sido, seus medos, arrependimentos, ?o diabo é isso, aquilo que você queria se tornar mas não conseguiu?. Fora isso, não negarei que na passagem que relata a morte e despedida da mãe me despertaram lágrimas, o que foi um ponto positivo, pois para mim livro é arte e arte tem como propósito fazer sentir (seja o que for). Para finalizar essa sessão e, acredito que esteja sendo demasiadamente generoso, há um aspecto interessante: ao passo que a personagem faz algo desaparecer do mundo, há a lembrança de alguém cujo aquele objeto ou coisa o remete. Telefone = ex namorada; filmes = melhor amigo (?); relógios = pai. Isso desencadeia um momento de reflexão e memórias, tristemente pouco desenvolvidos, mas que dão sequência a narrativa e oportuniza momentos de despedidas a personagem.
Já se tratando de termos técnicos, neste livro teremos uma leitura fluida, com períodos curtos e uma narrativa estruturada em primeira pessoa. O que geralmente costuma me ganhar, mas nesse caso e, acredito eu que pela superficialidade dos diálogos e pouco desenvolvimento do enredo, só deixou o livro raso e com diálogos pobres. Até mesmo nos momentos de clímax, em que é esperado um maior desenvolvimento, é feito de maneira fraco e com pouca preocupação com a narrativa.
Por fim, encerrando de maneira pouco criativa, sinto em dizer que se este livro desaparecesse do mundo não faria falta alguma.