Luisa1033 13/04/2024Quando a garota judia entra no barNa categoria de melhores premissas de livros, 'Já que você perguntou' se destaca facilmente entre os melhores. A autora aproveita o boato de que a jornalista Edith Zimmerman teria vivido um caso com o ator Chris Evans em um fim de semana. Zimmerman escreveu um perfil de Evans para a revista QG à época da escolha do ator para o Capitão América. Com essa ideia é de onde parte o romance e os caminhos de Gabe e Chani se cruzam e se entrelaçam pelo período de 10 anos.
Elissa Sussman tem um humor autodepreciativo que traz graça para a trama e busca dar força à protagonista, tornando Chani uma garota praticamente normal. A narração em primeira pessoa e as descrições feitas por Chani trazem essa protagonista para perto do leitor, quase que mostrando para este que um astro de Hollywood não é tão inalcançável assim. O que, obviamente, não é verdade. Mas e daí!
As matérias de jornais, revistas e as publicações no blog dão o tom de público e privado. Elas ambientam o leitor no que foi apresentado a todos e mostram como as pessoas conhecem a história, em contraste com os lados internos da história.
Há bons coadjuvantes, como o ator britânico Oliver Matthias e a cachorrinha "Ursinha". Gabe cumpre perfeitamente o papel do mocinho moderno. Ele é atraente, bonito e facilmente desejável, além de ser carismático, gentil e mostrar uma vulnerabilidade que o torna mais interessante.
Em contrapartida, a autora parece ser muito fã de comédias românticas antigas, e me pareceu que foi nelas que ela mirou para escrever esse livro. E talvez esse tenha sido um de seus erros. Ao frisar durante o romance os pontos problemáticos de 'Núpcias de Escândalo', a autora esquece que não se fazem mais comédias românticas como antigamente, o que é um privilégio. Os personagens podem se envolver romanticamente, se separarem e voltarem anos depois. Apresentando uma trama coesa e coerente, o livro consegue guiar o leitor pelo caminho do romance de um casal. Durante as 400 páginas, vemos pouco amadurecimento da personagem. Aos 36 anos, ela acumula medos e inseguranças que não havia aos 26 anos, e que considerando que a proposta do livro seja ela ficar com Gabe, esperaria que houvesse resolvido.
A autora não soube onde focar a sua trama. Há muitas páginas desse 'antes' que servem para criar a expectativa do casal, mas não para dizer, realmente, porque esse casal não daria certo naquele momento. E o 'agora', que de fato se aproveita do desenvolvimento do 'antes' e apresenta os personagens desimpedidos e no momento ideal, não desenvolve o bastante para resolver as questões que Chani tem durante toda a narrativa, fazendo parecer pouco crível o amor dela.
No geral, é um bom romance. Agrada, principalmente, se o leitor gostar do estilo. E considerando que a autora está arriscando no estilo, se mostra promissor.