Ciranda de pedra

Ciranda de pedra Lygia Fagundes Telles




Resenhas - Ciranda de Pedra


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Wania Cris 08/03/2024

Questões...
O livro é um mergulho na sociedade machista dos anos 50, porém mostra ousadias que até hoje não são permitidas às mulheres, como lutar por sua felicidade. Mãe de Virgínia fez isso e enlouqueceu e duvido muito que a loucura tenha vindo da decisão, muito mais provável que do julgamento.

A desestruturação da família também é imposta à mulher porque, ora, onde já se viu um homem manter sua família de pé? Claro que isso é responsabilidade e culpa da mulher (contém ironia e raiva).

Virgínia cresceu protegida da verdade, vendo a mãe viver o amor que era tão rechaçado na casa do pai. Não tem como mesmo a menina ser menos confusa.

No fim, todo mundo tava despirocado das ideias e é isso que a gente aprende que acontece quando se importa mais com a opinião dos outros que com os próprios sentimentos.
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Eduardo Cassago 04/03/2024

O que fazer para quebrar o círculo?
Assim como a formiga que sobre pelo batente da porta e vai ao chão com um sopro, Virgínia sobe as escadas, cheia de esperança, para ver a mãe acossada pela loucura. Seu sopro de esperança logo a derruba novamente para o início da escada; no outro dia e no outro.
Assim é a vida da criança Virgínia e depois da adulta: cheia de recomeços, isolamentos - por vontade própria ou não - introspecção e esperança.
Lygia nos mostra, com enorme sensibilidade, como a sociedade caótica pode açoitar uma criança que apenas quer ter a "vida normal" de volta. Morar com o pai, mãe e irmãs, todas juntas. Não entende por que o padrasto cuida mais dela do que o próprio pai. Não sabe porque é sempre preterida pelas irmãs e os amigos destas. Mas aos poucos todos os segredos são desvelados e ela enxerga a vida como ela é - não existem pessoas boas e pessoas más, somos todos as duas coisas, dependendo da circunstância.
Segue-se a ciranda da vida de Virgínia, cheia de recomeços, ao contrário dos anões do jardim, em seu círculo fechado, como sempre, cada qual com seu olhar de pedra fixo num futuro que talvez nunca chegue. O que fazer para quebrar o círculo?

site: https://www.youtube.com/@canalosofredor
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alinepickles 02/03/2024

Tava sentindo falta de ler algo nacional e não poderia ter acertado mais na escolha. Com uma narrativa fluida e propositadamente confusa em alguns momentos, somos envolvidos em uma trama familiar cheia de segredos e tristezas. A "loucura" de Laura (que na minha opinião pode ser o que chamamos hoje de depressão pós-parto) dá o compasso da história e nos imerge na cabeça e na vida de boa parte dos personagens, é como se houvesse algo de contagioso naqueles delírios de besouros e raízes. Maravilhoso, espero reler um dia.
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LudGuiotti 29/02/2024

Um romance novelesco
A parte 1 do livro é bem conturbada, descreve muitos personagens, mas constrói bem cada um. A parte 2 flui melhor, mas no tom de novela. O final é bem bacana!!! Compensa a leitura, é uma escritora que escreve bem e amarra a trama sem deixar pontos!
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Izabella.BaldoAno 29/02/2024

Esse foi meu primeiro contato com a escrita de romances de Lygia. fui direto no romance que explodiu na cena da literatura moderna brasileira na década de 1950, e que já foi mais de uma vez adaptado pra produções audiovisuais.

vejo que o estrondo faz todo sentido. encontrei aqui uma história que aos poucos desmancha a estrutura de aparências da família de classe média alta brasileira da época, que explora as contradições de ser humano, que vai despindo os sentimentos mais íntimos de cada uma das personagens.

Ciranda de Pedra nos é contada a partir da perspectiva de Virgínia em duas fases: primeiro, através de seu olhar de criança, e depois, ao adultecer. Virgínia experimenta abandono e o tempo todo rememora e revivencia seus traumas. seu desenvolvimento e como ela reage a tudo que lhe acontece são surpreendentes, uma virada seguida de outra virada seguida de outra virada.

um dos pontos que mais me chamou a atenção foi a presença constante de insetos na narrativa, sobretudo nos pensamentos de Virgínia que repetem falas que escutou das pessoas que ama, e como a narrativa vai construindo significados pra a presença desses insetos. "um dia, um besouro caiu de costas. e besouro que cai de costas não se levanta nunca mais", disse Laura, mãe de Virgínia, marcando-a pra sempre.

outro aspecto marcante é a própria repetição dos pensamentos e como eles estão inseridos dentro das falas. as personagens conversam umas com as outras ao mesmo tempo em que conversam consigo mesmas em seus pensamentos. elas falam e pensam e daí nasce aquilo que falarão em seguida e sua escolha do que verbalizar nos mostra da maneira mais crua aquilo que sentem, aquilo que escondem, aquilo que querem construir da sua imagem.

as relações entre as personagens são essa ciranda que vai se fortalecendo a partir da cumplicidade, da dívida para com o outro, do amor, do ódio, de tudo que é belo e feio ao mesmo tempo.

no fim, o que é loucura? o que é traição? como é válido amar? - Lygia me faz questionar.

é um livro que parece não ter começo nem fim: começa assim, numa cena íntima em que parecemos nos intrometer, e do mesmo jeito termina.
mariaclara.pb 29/02/2024minha estante
eu amo!




Bárbara Garbinato 22/02/2024

Primeiro contato com lygia
Emocionante. Irei ler mais livros da autora, com certeza. Narrativa fluida, impactante psicologicamente, profunda em simbolismos. Amei!
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dmitrivileheart 21/02/2024

Esse livro foi um passeio inimaginável, no começo ao acompanhar a vida da Virgínia menina tudo era muito obscuro mas ainda assim brilhante, afinal tudo era narrado pelos olhos de uma criança que ainda não compreendia nada da vida e que tenta desvendar o mundo e as pessoas que a cercam junto com o leitor. Para mim essa foi a melhor parte do livro, a Virgínia criança desabrocha em muitas fases, despenca em vários sofrimentos e vagueia por um mundo que a todo momento não a quer por perto, mas mesmo assim a mantém com um tipo de pena que leva ao amor.

A segunda parte com Virgínia adulta alçou um voo repentino do mundo sombrio da sua infância para o mundo eletrizante e dramático do começo da vida adulta. Tudo nessa segunda parte muda drasticamente, os personagens e o ambiente são todos tocados por uma nova trama que traz conflitos e descobertas surpreendentes que me deixaram ainda mais ansiosa para terminar o livro. É uma parte bem mais madura, de aparência forte por fora mas extremamente frágil por dentro, Virgínia tenta entrar no mundo dos adultos mas sem realmente ter deixado de ser a criança que tinha as unhas roídas e andava nas pontas dos pés.

O final foi uma surpresa, fiquei bem feliz por ser meio conto de fada e meio realidade, no fundo eu esperava por alguma coisa mais obscura que algumas vezes foi sugerida durante a história mas mesmo que não tenha atendido essa expectativa ainda foi um final coerente com o livro. Lygia tem uma escrita muito visual e por isso extremamente linda, seus diálogos são reais e seus personagens são palpáveis, tudo é amparado por seu jeito delicado mas dolorido de descrever a realidade sem nunca perder a essência poética.

Enquanto lia esse livro eu voltei a escrever de novo e terminei um capítulo que até agora eu ainda gosto bastante :)
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Geo 24/02/2024minha estante
Sua resenha me deu mais vontade ler




rcssa 20/02/2024

Um livro imagético e apaixonante
Se o que torna um bom livro é a capacidade que ele tem de arrebatar o leitor de sua realidade e o transportar através dos tempos ou dos mares, o que torna um bom autor é sua capacidade de se fazer criança ou adulto, homem ou mulher de um parágrafo a outro. E isso Lygia faz com maestria.
É um livro que nos leva a refletir sobre vários assuntos delicados presentes na nossa sociedade como o racismo, a intolerância e o fanatismo religioso de uma forma sutil.
Uma leitura que vale a pena.
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Lisiearagao 14/02/2024

No inútil também está Deus.
O livro narra o drama de uma família destruída através da visão da filha mais nova. Uma história triste, mas a sensibilidade da autora é tão grande que você atravessa a toda a obra acompanhada de muita doçura, leveza e coragem.
Para quem gosta de Carla Madeira eu achei muito parecido com o estilo dela, mas com a narrativa um pouco mais lenta.

?É preciso amar o inútil. Criar pombos sem pensar em comê-los, plantar roseiras sem pensar em colher as rosas, escrever sem pensar em publicar, fazer coisas assim, sem pensar em nada em troca. (?)
Pois é preciso amar o inútil porque no inútil está a Beleza. No inútil também está Deus.?
Lygia Facundes Telles
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Pri 13/02/2024

Me surpreendi com esse livro. A leitura não e fluida, muitas inserções de pensamento e diálogos truncados. A história é triste e contada no início pelo ponto de vista de uma criança/adolescente que vai desabrochando, em meio a muito sofrimento e se encontrando no mundo, revelando a hipocrisia das famílias e das relações. "somos traidores, mas não delatores."
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edusrds 13/02/2024

Completamente arrebatada
Comecei essa leitura há um tempo e acabei deixando de lado por vários fatores, há dois dias resolvi continuar depois de ver uma excelente resenha sobre e não poderia ter acertado mais. Consumi mais da metade do livro como se nada, tamanha minha conexão com a história, que se deu principalmente pela maestria da escrita da Lygia. Eu não tenho o menor direito de julgar a escrita dela, pois não sou ninguém, mas que escrita! Se você não for atento, ela vai te fisgar e te conduzir por meio dessa ciranda de pedra tão cheia de sentimentos, e se você não se solidarizar com a Virgínia, em sua incansável tentativa de entrar na roda, você não está lendo direito. A segunda parte se mostrou superior a mim, mas a forma que ela fez a primeira parte ser valorizada é absurda, nunca tinha me sentido assim, quis reler pra captar devidamente o que antes havia deixado passar, pra enfim apreciar essa obra de arte em toda sua totalidade.

Fico feliz quando sou pega de surpresa assim, e esse livro foi uma deliciosa, embora angustiante, surpresa. 2024 já é um ano melhor por eu ter lido essa história, obrigada Lygia Fagundes Telles.
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zold 12/02/2024

"os semideuses eram apenas 5 criaturas dolorosamente humanas
A coisa que mais me impressionou no livro todo foi a escrita dele. parecia que eu tava lendo um fato sendo narrado, como se, se eu fosse pesquisar, todas as personagens na verdade existiram mesmo e tudo o que aconteceu no livro aconteceu de verdade. tinha horas que parecia uma fofoca, juro.
a história seguiu um caminho que eu não esperava e as personagens tomaram atitudes que me deixaram chocados, o que deixou a história com esse toque de real. foi uma experiência bem diferente de tudo que li até agora
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LorenaFontes 11/02/2024

Traições e hipocrisias
No começo da história, a personagem principal é apenas uma criança rejeitada pelas irmãs, pelo pai, pelos amigos, a mãe doente e divorciada. Ela é meio chata e histérica, o que me dificultou um pouco a leitura. Ela perdeu muito tempo buscando a validação de todos os outros amigos, e perdeu a chance de partilhar uma história bonita com quem a amava de verdade. Mas sendo criança e imatura ela não poderia saber.
No salto do tempo a história muda, e parece que todos só tem olhos para ela. Além da Virgínia, acho que a "traição" também é a protagonista. Esse grupo de amigos crescem e todos eles são hipócritas. Conrado, o alvo do afeto de Virgínia é um covarde que prefere santificar sua imagem, do que correr atrás dela. Afonso não sabe lidar com os próprios sentimentos, Otávia parece amar apenas a si próprio, Bruna é deplorável. E nesse meio que a Virgínia volta conformada do seu destino.
Foi a segunda vez que tentei ler algo da Lygia Fagundes Telles, e a primeira vez que concluí. Os primeiros capítulos quase me fizeram desisti, o estilo de escrita dela, ao se retratar de Virgínia me deixou um pouco cansada. Depois que ela cresceu começou a fluir, num futuro voltarei a ler outra obra da autora.
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Luíza 08/02/2024

? Ciranda de Pedra ? Lygia Fagundes Telles
Eu ainda não tinha lido nada de Lygia Fagundes Telles, mas já tinha sido fisgada algumas vezes pela curiosidade com relação a sua obra, pois via ? e ainda vejo ? muitas pessoas falarem e escreverem sobre ela, por aqui nessa rede social. Lygia realmente tem uns leitores bem fanáticos, que vivem divulgando a sua palavra e dizendo nas DMs por aí: ?você já leu o Seminário dos Ratos??
Pois bem, resolvi ler, mas dentre as obras da autora, a que mais me chamou atenção foi essa, então comecei por Ciranda de Pedra mesmo ? peço desculpas a todos que tentaram me convencer a ler Seminário dos Ratos, prometo que vou ler esse também, depois

Ciranda de Pedra é um romance de formação sobre uma menina que demorou a crescer, uma adulta que ficou retida nos traumas de uma infância muito perturbada e que precisou de bastante força de vontade ? na falta de uma expressão melhor ? para se entender e se reerguer. Em Ciranda de Pedra, a analogia se encaixa perfeitamente: Virgínia tenta, forçadamente, adentrar em um círculo que lhe rejeita, em uma ciranda de pedras bem coladas entre si, que não deixa espaço para um terceiro se aproximar

Mas será que esse círculo é tão fechado assim? Ou então, será que é mesmo necessário tentar participar dessa dança? E se Virgínia inventasse a própria dança? E se, ao invés de querer entrar, ela ajudasse alguém a sair? Esse trecho resume bem o que quero dizer:

?O mal maior foi não estar nunca presente, não ver de perto as coisas que assim de longe viraram histórias de semideuses e não de seres humanos inseguros, medrosos.?

Esse livro me deixou meio ?viajosa?, pensativa, mirabolante sobre as coisas da vida... será que é esse o efeito ?Lygia?, que seus leitores tanto apreciam? Se for, eu gostei bastante. O livro não é uma leitura pesada, do tipo que lhe sufoca ou lhe oprime, nem tampouco é uma leitura leve demais, que lhe deixa muito solta. A leitura é, na medida certa, instigante e profunda, sem cair na mesmice

E por aí, já leram algum livro da autora? Já foram abordados pelos divulgadores de Lygia?
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Antonio338 07/02/2024

É o primeiro dos romances da Lygia que eu leio e que acho que se tornou um favoritinho pra vida. É um romance de formação maravilhoso, com o bônus de ser construído com a escrita elegante, controlada, de cores vivas e tons fortes da Lygia. A riqueza do perfil psicológico de Virgínia, o retrato de um cotidiano familiar burguês em crise, a exploração da sexualidade da personagem e sua trajetória de formação me tocaram em um nível absurdo, é tudo um delírio, um deslumbre. É difícil saber que é possível nos encontrarmos no desencontro, que a ciranda é humana, não de pedra, mas humana e viva, errante.
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