Ciranda de pedra

Ciranda de pedra Lygia Fagundes Telles




Resenhas - Ciranda de Pedra


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Carolina.Gomes 23/06/2022

Ciranda da vida
Ciranda de Pedra é o primeiro romance de Lygia Fagundes Telles também considerado o marco da sua maturidade intelectual. Essa foi a minha porta de entrada para conhecer sua escrita e, confesso, fui, de pronto, arrebatada por ela. Lygia surpreende, encanta, envolve e, sem prometer nada, entrega tudo? Impossível não se sentir hipnotizada pela magnitude de sua narrativa. Sua paixão pelas palavras e sua notória intimidade com elas, nos aproximam das personagens de tal forma, que é fácil se transportar para o cenário ali descrito.


Sobre o que a teria inspirado a escrever o romance, a autora conta que a ideia surgiu, quando, durante uma caminhada, ?passava em frente a um casarão abandonado em processo de demolição, e, ao passear pelos cômodos vazios, encantou-se com uma fonte onde se via uns anões de pedra em círculo, e imaginou o quanto de histórias não se escondiam por ali naqueles jardins abandonados, alegrias, tristezas que envolveram os antigos habitantes da casa?.

Dessa inspiração surgiu o romance, dividido em duas partes, narrado sob a perspectiva de Virgínia. Caçula de três irmãs, ela é a única que fica morando com a mãe e o padrasto, Daniel, enquanto Bruna e Otávia moram com o pai, Natércio. Nessa primeira parte, acompanhamos a angústia da personagem, seu sentimento de rejeição em relação ao pai e às irmãs e seu desejo de ver os pais unidos novamente, ao tempo em que idealiza uma vida perfeita, na mansão. A aflição, ansiedade e a angústia, vividas pela personagem, passam a ser experimentadas, também, pelo leitor.

Na segunda metade da obra, acompanhamos Virgínia, agora adulta, retornando do internato à casa da família, e, descobrindo, a partir do convívio próximo com os integrantes da ?ciranda?, a verdade sobre a personalidade de cada um deles. A partir de suas próprias percepções e autoconhecimento, ela rompe o casulo e se percebe pronta para alçar seu próprio voo, longe dali, compreendendo, finalmente, que mais importante que pertencer a um determinado grupo ou sociedade, é pertencer a si mesma.

Em Ciranda de Pedra, Lygia traz à tona temas polêmicos, tais como adultério, doença mental, suicídio, eutanásia, moral religiosa e homossexualismo feminino. Tudo está ali posto de modo a provocar a reflexão do leitor, revelando a coragem da autora e sua ousadia para desafiar os tabus da época. Não bastasse isso, todas as personagens femininas, em certa medida, e ao seu modo, são transgressoras dos padrões sociais.

Ao findar a leitura, o livro permaneceu ressoando na alma. E, uma vez aberta a porta de entrada para o universo fantástico de Lygia, me vi provocada a atiçar em você, que ora me lê, o desejo de atender ao apelo da autora: ?Me leia. Não me deixe morrer.?
Bruno Oliveira 23/06/2022minha estante
Uau! Ótima resenha! Já estava de olho nesse. Agora, "a cosquinha" se intensificou mais. :)


Carolina.Gomes 23/06/2022minha estante
Q bom, Bruno! Vale a pena!


Eliza.Beth 23/06/2022minha estante
??????


Thales 23/06/2022minha estante
Esse livro é uma obra-prima e mesmo assim não tá entre os melhores dela. É daí pra cima


samuca 23/06/2022minha estante
Esse eu quero ler ainda em 2022


Carolina.Gomes 23/06/2022minha estante
Eu adorei, Thales e Samuca!
Quero ler tudo?


Thamiris.Treigher 24/06/2022minha estante
Uau!!


Nath 26/06/2022minha estante
Meu livro favorito da Lygia! Verão no Aquário também é maravilhoso! ?


Carolina.Gomes 29/06/2022minha estante
Já estou c esse, aqui, Nath


Nath 01/07/2022minha estante
Você tb vai AMAR o Verão no Aquário, Carol! Para mim os dois, ele e Ciranda de Pedra, estão quase empatados como os melhores da Lygia ??




JJ 25/08/2010

Lygia Fagundes Telles me conquistou com a corajosa história de uma moça que insiste em deixar o convívio da mãe e do padrasto para descobrir aos poucos que o lado paterno da família, por ela idealizado como um mar de rosas, não é bem como parece. Ao falar sobre a decepção de uma menina que elevou um grupo de jovens a condição de ídolos, Lygia entrega um texto brilhante, abordando temas como adultério, homossexualismo e liberdade feminina, em uma época em que era raro aceitar uma escritora mulher, ainda mais trazendo discussões como essas. As reflexões da protagonista e sua comparação com a ciranda de anões de pedra é fascinente. Livro inesquecível. Até hoje não acredito que custou um real em um sebo de Copacabana.
Luis 16/09/2010minha estante
Muito boa resenha. Ainda não li. Comprei o meu exemplar essa semana, custou R$5,00 na feirinha do livro na Uruguaiana.


JJ 16/09/2010minha estante
Impressionante como livros que visivelmente não chegam aos pés de obras como essas são vendidos a 40 reais enquanto achamos coisas como Ciranda de Pedra tão barato. Enquanto o preço nas livrarias for esse absurdo, ficarei com os clássicos.


Bruno 18/11/2010minha estante
Cara eu trabalho em copacabana e não conheço nenhum sebo ainda, me diz onde você achou esse sebo, por favor (implorando...)


JJ 18/11/2010minha estante
É em uma galeria ali na Rua Siqueira Campos, perto da saída do metrô. Do lado do Juizado Especial Cível no 2º andar. Comprei tem uns seis meses e lembro que o dono estava se desfazendo de muito livro porque não tinha espaço para guardar. No site do Tribunal de Justiça diz que o endereço é Rua Siqueira Campos, 143-D.




Aline 06/09/2020

Demasiado humano (e ótimo).
Transgressor, o primeiro romance de Lygia Fagundes Telles chegou em 1954 com o pé na porta. O livro narra, na sua superfície, os conflitos de uma família burguesa, infeliz à sua maneira, como diria Tolstói. Nas camadas mais profundas aparecem temas como racismo, homossexualidade, traição, loucura, machismo e outros que não falo aqui para evitar o spoiler. Entretanto, nada disso é tratado de maneira panfletária e escancarada, mas de forma sutil, insinuante. Segundo o professor Antônio Dimas, Lygia, machadianamente, disfarça mostrando.

O livro é dividido em duas partes. Na primeira parte, somos jogados na história sem nenhuma informação e acompanhamos os acontecimentos pelo olhar de uma criança: Virgínia, a filha mais nova de um lar desfeito. Para uma criança nunca se explica muita coisa e nós só sabemos o que ela sabe: houve uma traição e agora ela mora em uma casa modesta com a mãe louca, como ela diz, e o padrasto, a quem ela culpa pela separação dos pais. Enquanto isso, moram numa mansão seu pai e suas duas irmãs mais velhas.

Virgínia é uma criança de muitas formas negligenciada e que anseia por pertencer, mas que não consegue fazer parte de nenhum círculo em que orbita. Um desses círculos é o formado por suas irmãs e alguns vizinhos. A rejeição faz Virgínia se sentir inferior e idealizar os membros desse grupo como semideuses.

Na segunda parte, Virgínia já cresceu o bastante para começar a descobrir alguns segredos e captar melhor as entrelinhas do que não é falado. E com ela, nós começamos a entender também a complexidade dos personagens que a cercam. 

A primeira parte do livro é a minha favorita. A descrição de uma criança sem idealizações, humanizada, com seus impulsos e conflitos internos, te prende e te assusta. Depois que Virgínia te cativa, você passa a torcer por ela e não quer mais largar o livro.

É incrível a habilidade que a autora tem ao escrever em apenas 200 páginas um romance com temas tão densos e personagens tão complexos. Quase não há ação, mas a construção dos diálogos e a narrativa são primorosas. A leitura é fluida, sedutora e envolvente. 

É uma pena que um enredo tão bom tenha ido parar (duas vezes) numa novela das seis, precisando ser bastante descaracterizado para caber na censura do horário. Sua carga dramática teria sido melhor aproveitada em um bom novelão das nove ou minissérie, por exemplo.

Sobre a escrita de Lygia, Drummond dizia: quem quer uma estória tem quase sempre uma estória. Quem quer a verdade subterrânea das criaturas, que o comportamento social disfarça, encontra-a maravilhosamente capta­da por trás da estória. Nesse romance, os personagens são tão humanos que você fecha o livro e eles continuam com você. Por tudo isso, é uma leitura que eu recomendo.
Lina 06/09/2020minha estante
Adorei a resenha ! Parabéns amis ??


Aline 06/09/2020minha estante
Obrigada, amis.


Brenda.Podanosqui 06/09/2020minha estante
Excelente. Ainda bem que o meu tá chegando. Fiquei com mto mais vontade de ler.


Dona Erica 28/09/2021minha estante
Maravilhosa essa resenha!




Fabio Shiva 01/05/2020

“Mais importante que nascer é ressuscitar.”
Neste 19 de abril li a notícia de que nessa data Lygia Fagundes Telles comemorava seu 97º aniversário. Por isso tive a feliz inspiração de me presentear com a leitura dessa magnífica obra, certamente uma das melhores da autora e, também, de nossa literatura brasileira.

“Ciranda de Pedra” é o primeiro romance de Lygia, publicado em 1954, quando a escritora já havia testado sua perícia em dois volumes de contos, “Praia Viva”, de 1944, e “Cacto Vermelho”, de 1949, que lhe valeu o Prêmio Afonso Arinos da ABL. Em 1981 o romance foi adaptado para uma telenovela da Rede Globo, que em 2008 ganhou um remake (https://youtu.be/DjwdCTcNMOQ).

O romance é magistralmente concebido e executado, um verdadeiro deleite do início ao fim. Cada personagem foi minuciosamente elaborado para ocupar seu lugar preciso na trama, que oferece toda uma gama complexa de emoções ao leitor. A impressão que dá é que, depois de imaginar todo aquele rico universo fictício, a criadora se limita a insuflar o sopro vital em suas criaturas, deixando que elas vivam por si mesmas. Tamanha é a força da prosa de Lygia Fagundes Telles, capaz de encapsular em cento e tantas páginas a própria vida!

Em muitas passagens dessa esplêndida obra fui tomado por arrebatamentos que chegavam a me arrancar gemidos de prazer! Senti um êxtase tal que só posso chamar de religioso, diante de uma concepção estética ao mesmo tempo tão refinada e vívida. Espiritualidade é outra coisa, mas cada vez me convenço mais de que a minha religião é a Literatura!

“Mais importante que nascer é ressuscitar.” (Lygia Fagundes Telles)

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2020/05/ciranda-de-pedra-lygia-fagundes-telles.html



site: https://www.facebook.com/sincronicidio
Ferreira.Souza 10/11/2020minha estante
livro de costumes bom , datado, mas bom


Fabio Shiva 13/11/2020minha estante
Salve amigo! Gratidão pelo comentário! Acho que esse romance descreve bem uma determinada época, mas não considerei a obra em si datada, pelo contrário. Eu pelo menos fui totalmente cativado pela narrativa da primeira à última frase! Abração e salve nossa Literatura Brasileira!


alexiaramalho 18/03/2024minha estante
Excelente resenha, Fabio! Parabéns pela sua escrita, é fantástica!




spiderxulha 19/09/2010

O livro é bom.
No começo achei um pouco confuso, os pensamentos da Virginia como criança são aleatorios e eu me perdia um pouco, confesso. A segunda parte é bem intrigante, você é pega de surpresa pelos personagens e tudo mais.
Gostei do livro, só achei que a autora poderia ter aproveitado os personagens ou o enredo mesmo, melhor. E o final achei muito forçado, de última hora e tudo mais.
Bruno 18/11/2010minha estante
Concordo, personagens ricos porém pouco aproveitados, e o que a Otávia diz de "você acha que nos conhece? você não sabe de nada, tem muito mais." Faltou esse muito mais...


May 11/04/2011minha estante
O final realmente fica a desejar, eu diria até um pouco vago. Falta algo.


Dani 28/12/2015minha estante
Acho que o final que autora dá ao livro cabe a uma jovem de 20 anos que resolve sair do mundo da fantasia, da ciranda que vivia e resolve descobrir o mundo. Ela acreditava, até então, que aquele circulo, aqueles espaços eram o mundo, despediu-se e vai mergulhar na vida de verdade, o sentido dúbio da frase: "Preciso me arrancar e tem que ser agora. Tomarei um navio qualquer e irei por aí com um mínimo de bagagem, com um mínimo de planos, ou sem plano algum, melhor ainda"... Enfim livre da ciranda de pedra.
Lindo, a busca da liberdade que a aprisionava.




Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

Ciranda de pedra, Lygia Fagundes Telles - Nota 10/10
Sensibilidade. Se eu tivesse que definir essa obra de Lygia Fagundes Telles em apenas uma palavra, seria sensibilidade. Em “Ciranda de pedra”, a autora conseguiu narrar o drama de uma família desestruturada a partir da visão de uma criança, Virgínia, de uma forma extremamente humana, que envolve e toca o leitor.

Filha caçula de um casal separado, Virgínia precisa desde criança conviver com a loucura da mãe, a falta da afeto do pai e o isolamento por parte de suas duas irmãs mais velhas. Após um episódio de traição, a protagonista passa a viver com a mãe e seu amante, enquanto suas irmãs ficam morando com o pai. Virgínia é constantemente excluída pelas irmãs e passa a sua infância buscando uma certa aceitação.

A obra é dividida em duas partes. Na primeira, Virgínia é ainda criança e tem um olhar infantil e imaturo - mas repleto de emoções - sobre os problemas que vive. Já na segunda parte, o leitor acompanha a personagem no final da adolescência, com ideias e reflexões mais complexas sobre os impactos que esses problemas enfrentados na infância surtiram, e continua surtindo, em sua juventude. Ou seja, é um romance sobre o amadurecimento em um ambiente caótico, conflituoso, mas que não é nem um pouco irreal.

É impressionante a capacidade da autora, já em seu primeiro romance, de colocar um drama familiar no papel tão humano, sem tornar a trama exagerada ou pouco provável. Apesar de sua extrema sensibilidade, os diálogos também são muito bem construídos e dão fluidez ao texto.

Uma excelente obra escrita por uma autora nacional e que deve ser muito valorizada! Pronto e animado para conhecer mais do trabalho de Lygia Fagundes Telles… Qual vocês recomendam?

"Não há gente completamente boa nem gente completamente má, está tudo misturado e a separação é impossível. O mal está no próprio gênero humano, ninguém presta. Às vezes a gente melhora. Mas passa.”

site: https://www.instagram.com/book.ster
Michelly 11/03/2020minha estante
Leia Antes do baile verde.


Marcos.Vinicius 12/11/2020minha estante
Leia "As horas nuas", é maravilhoso tbm.


Vanessa.Nascimento 03/09/2023minha estante
Eu amei ler essa obra, que livro maravilhoso




Michela Wakami 24/05/2023

Razoável
Gostei mais da primeira parte, a segunda não me cativou.
A personagem principal, sofre muito com o descaso e abandono da sua família, em muitos momentos as minha lágrimas rolaram e eu verdadeiramente me compadeci dela.
Acho que o final não poderia ter sido diferente.
Mas esperava mais do enredo.

Lygia Fagundes Telles, realmente não é uma autora que me faz ter vontade de ler mais dela, e olha que eu fui insistente.
Claro que em outras obras dela, li alguns contos que eu simplesmente amei, mas foram pouquíssimos.
Carolina.Gomes 25/05/2023minha estante
Eu adorei ?


Michela Wakami 25/05/2023minha estante
Que legal, Carolina. Fico feliz.????


Eva 27/05/2023minha estante
Acho que a sua experiência com Lygia foi um pouco parecida com a minha e Dostoiévski, e eu insisti. Dei uma pausa do autor e ainda espero voltar a ler no futuro. Faz parte.
Gosto bastante da Lygia.




Dani 22/09/2021

Espetacular
Que grande romance este.
Gosto de ?as meninas? acredito q seu romance mais popular, mas pessoalmente ?Ciranda de Pedra? me fez cair de amores por Lygia Fagundes Telles de vez!
Grandes personagens imperfeitos e uma história que nos prende do início ao fim.
Tudo girando nessa grande roda e não sabemos como vai parar.
Incrível!!!!
Kênia 22/09/2021minha estante
Miga, se vc deu 5?? é porque deve ser bom meeeesmo. Li pouco ainda, mas tô gostando. Vou pegar firme agora.


Dani 23/09/2021minha estante
Aiiii até ontem daria 4,5. Mas o finalzinho me conquistou demais
Achei muito bonito


Érica 23/09/2021minha estante
Ciranda de pedra é meu favorito dela ??




Henrique860 22/01/2016

O livro começa com Virginia subindo as escadas às pressas e se trancando no quarto.

A empregada Luciana mandou Vírginia abrir a porta o mais rápido possível, mas Vírginia estava querendo ajudar a formiga que ia entrar numa frecha perigosíssima; Estava na cabeça dela o que Conrado disse sobre os bichos "Se você for má e começar a matar só por gosto, na outra vida você será bicho também, mas um desses horríveis, cobra, rato, aranha..."

Depois de tanta insistência, e de usar Daniel como subterfúgio para conseguir que Vírginia abrisse a porta. Dizendo que ia contar tudo para Daniel, mas numa fração de segundo Vírginia se exaltou vociferando que o pai dela não era ele coisa nenhuma, era Natércio o pai dela.

Conseguindo entrar no quarto, disse que Vírginia estava atrasada para a festa, e tinha que colocar imediatamente a fita em seus cabelos.

Vírginia tinha duas irmãs, Bruna e Otávia, sendo que sentia um imenso ódio por Otávia, pois era a mais bonita de todas, e a inveja lhe carcomia por dentro.

Vírginia é de pai separados e no entanto, mora com Daniel, o atual marido de Laura, sua mãe que está doente, e Bruna e Otávia não acredita mais na recuperação da mesma. Só Vírginia que acredita.

Mas num determinado dia Vírginia se depara com a morte da mãe e não consegue suportar tamanha tristeza. Sendo assim, foi morar com Natércio um tempo, mas de uma hora para outra decidiu ir para o convento, pois era a melhor opção.
Passaram se alguns anos e Vírginia saiu do convento, e já estava outra Vírginia, não era a mesma. Mas ainda tinha os olhos de gazela; e quando saiu foi sabendo das novidades. E uma delas foi de Daniel, pois ficara sabendo que ele se matara. Luciana disse a ela : "Um tiro entrou por um ouvido, e saiu pelo outro."

O livro em si é uma ciranda de pedra, composto por Otávia, Bruna, Afonso, Conrado, e todos formam aquela ciranda de pedra, que não se permite que entre alguém; Principalmente Vírignia, que se vê excluída, e a solidão lhe pega, e não sai mais dela.

Posso dizer que este enredo é uma mistura de sentimentos, de solidão, de descobrimento, de perdas, de dores, poucas vezes vi alegrias, mas não é um livro triste. Mas sim uma pequena amostra de que pode causar um lar desestruturado por alguma traição.

Amei, ler este livro, senti às vezes uma vontade de ajudar Vírginia em alguns aspectos, mas deixei ela seguir o seu caminho, e ver a vida como ela é. Não me senti decepcionado em nenhuma parte do livro, acho que a palavra certa é que me senti encantado com este livro. Como todos os outros livro da Lygia.

Sendo que pensei no livro As horas nuas, quando Letícia está falando com Vírginia sobre os homens que namorou, e cada um com a sua particularidade. E não teve como não me lembrar de Rosa Ambrósio falando do três homens que a marcaram. E no entanto eu fiquei me perguntando se a construção de Rosa não foi feita a parti da lembrança deste personagem.

Aconselho a todos a lerem esta obra, que foi o primeiro romance publicado de Lygia, que carrega uma profundidade nos personagens que só vi em Clarice Lispector, e em Fiódor Dostoievski.

site: http://www.literaturasobria.com.br/2016/01/resenha-ciranda-de-pedra-lygia-fagundes.html
oliver 15/02/2018minha estante
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Henrique860 22/04/2018minha estante
não entendi




Barbara Hellen 26/04/2020

@cactosliterarios
Amo quando estou lendo um livro e sou surpreendida por caminhos que não tinha imaginado para a narrativa. E foi isso que aconteceu em “Ciranda de Pedra”! Lygia Fagundes Telles possui uma escrita descomplicada mas ao mesmo tempo detalhada, por isso consegue nos surpreender e encantar. A temática escolhida são os diversos relacionamentos familiares e afetivos que rondam a vida de um ser humano e toda a profundidade dos sentimentos e características que envolvem aqueles que os vivem.

Acompanhamos momentos distintos. Quando Virgínia, personagem principal, ainda é criança e vive uma infância difícil com a separação turbulenta dos país e a doença da mãe e mais tarde, quando volta a se reencontrar com seus familiares após um tempo afastada. No primeiro momento, temos a inocência da criança. E no segundo, a realidade vindo à tona nos olhos de um adulto. Elogiada por Carlos Drummond de Andrade e reescrita para a televisão, mais um livro que mostra o potencial e o quanto a literatura brasileira é riquíssima.

site: www.instagram.com/cactosliterarios
Maria10724 27/04/2020minha estante
Meu livro brasileiro favorito! ??


Barbara Hellen 27/04/2020minha estante
Eu AMEI também. Me surpreendeu muito!




Lucas 18/06/2018

Quando um livro é mais humano que muitas pessoas...
A paulistana Lygia Fagundes Telles (1923-) é reconhecidamente uma das maiores literatas brasileiras do século XX. Sua habilidade narrativa foi apresentada ao grande público em 1954, com a publicação do seu primeiro grande livro, Ciranda de Pedra. Antes valorizada mais restritamente aos contos, a obra trouxe uma enorme popularização da autora (as duas adaptações a novelas de televisão são uma prova disso), culminando até com uma indicação ao Nobel de Literatura, em 2016. Boa parte dessa sua reputação foi construída pelo romance citado porque ele condensa, em cerca de 200 páginas de narrativa, uma história de caráter lúdico, mas cru; direto, mas poético; perturbador, mas edificante.

A história é contada em terceira pessoa, sempre sob o ponto de vista de Virgínia, filha caçula de uma família com outras duas irmãs (Otávia e Bruna) e com pais separados (Natércio e Laura). A narrativa dividida em duas partes dignifica o talento da autora. Na primeira dessas partes, tem-se uma Virgínia criança (não são mencionadas datas nem locais específicos, mas ela deve ter entre 8 a 10 anos) e a narrativa é montada sob um viés mais infantil: são enfatizadas questões como sonhos, pensamentos e mistificações que só existem na mente de uma criança. Na segunda parte, a narrativa muda o tom de uma forma nítida. Virgínia, já crescida, continua a conduzir a história, mas agora a escrita possui um olhar mais maduro: há dezenas de reflexões profundas, diálogos mais complexos, ideias mais sólidas, etc. Esta mudança de toada é realmente uma das marcas mais impactantes do livro porque é relativamente mais simples um escritor fazer isso com uma narrativa feita em primeira pessoa; mas quando essa mudança de postura parte do narrador onisciente, isso só pode ser factível com o talento diferenciado da sra. Lygia.

Apesar de rica, a família de Virgínia é extremamente perturbada, em função da mãe, Laura, mulher linda, mas que desenvolve problemas psicológicos. O início da obra, inclusive, se dá na casa de Daniel, médico que cuida dela e para onde Virgínia se muda para acompanhar a mãe. Ao visitar as irmãs, Virgínia sente-se deslocada, esquecida (a comparação com insetos ilustra muito bem isso). Endeusa a postura delas, como seres de conduta perfeita, e isso traz uma carga de abandono que toca o leitor. Esse olhar da protagonista também atinge Conrado e Letícia, dois irmãos vizinhos da casa de Natércio e que possuem grande relevância na narrativa, especialmente na segunda parte. No fim dessa primeira metade, uma série de fatalidades ocorrem e um segredo assustador é revelado. Virgínia, atingida por isso, resolve se mudar para um colégio interno, onde por lá passa muitos anos. A segunda parte começa justamente no momento em que Virgínia retorna ao lar. Percebe-se que o passar dos anos só intensificou o distanciamento entre ela e o seu círculo familiar.

É de certa forma lastimável que os grandes ensinamentos do livro passem por uma série de segredos dos personagens, que vão sendo desnudados um a um por Virgínia e que não podem ser aqui revelados. O que pode ser dito, no entanto, é que Ciranda de Pedra é uma obra cheia de conflitos, principalmente nos chamados duplos: o amor e a loucura, a fé e a descrença, a compaixão e a riqueza, o útil e o inútil... Suas páginas, principalmente na segunda metade da narrativa, reservam para si muita filosofia, reflexões de grande validade espiritual e uma eterna sensação de ludicidade, que, de uma forma ou de outra, trazem empatia ao leitor.

A escrita de Lygia Fagundes Telles traz algo, além da empatia, que poucos outros autores conseguem: Ciranda de Pedra é um livro que machuca (por certas histórias e fatos passados dos personagens principais), mas que afaga, simultaneamente. Sua narrativa alcança o interior do leitor, primeiro para perturbar, depois para curar. É um estilo que fere e alivia, sem ser forçado, sem detalhar situações mais íntimas, sem se ater a questões frívolas... As perturbações pontuais que causa são logo dirimidas por uma mensagem de afeto e de queda de paradigmas, que em sua maioria são sutilmente expostas nas entrelinhas. Carlos Drummond de Andrade corrobora isso em uma carta, que ele escreveu para a autora depois que leu os originais de Ciranda de Pedra dois anos antes de sua publicação. Essa carta, exposta na bela edição da Companhia das Letras, fala em "criação de pessoas vivas e não apenas personagens, (...) que ora nos prende, ora nos assusta".

De fato, Ciranda de Pedra é um livro humano. Tem-se uma narrativa que exala cheiros, gostos, percepções e uma infinidade de outras características que fazem a história ser algo íntimo e vivo. É impossível que o leitor ou leitora não se identifique com Virgínia, seja em suas manias e apreensões de criança ou no seu isolamento adulto. Ela passa uma imagem de estar em permanente estado de incompreensão: nem sempre teremos lugar na ciranda da vida e cabe a nós mesmos encontrarmos outras e melhores maneiras de passar pelo plano terreno da existência na qual estamos destinados.
Manuella_3 18/06/2018minha estante
Bela resenha, Lucas. Experimentei as sensações de Virgínia, percebi essa relação sinestésica que o livro proporciona, foi uma leitura deliciosa e introspectiva. Melhor ainda porque lemos para um clube de leitura e compartilhamos sentimentos, impressões e identificações com a protagonista. Drummond está certo, Lygia criou algo personalíssimo.


meriam lazaro 19/06/2018minha estante
Bravo!! Estou relendo




Paloma 04/01/2022

Sobre pertencimento
Que alegria ter escolhido esse romance para ser meu primeiro contato com a escrita de Lygia Fagundes Telles, não poderia ter sido estreia melhor. Livro que mexeu com tantas emoções e, mesmo após o final, me acompanhou por alguns dias em minhas reflexões.

Há tanta complexidade nas relações familiares e sociais de Virgínia que é impossível não estabelecer logo uma enorme conexão com ela. Sua vida é tão cheia de melancolia, angústia e procura por entendimentos e pertencimentos que é difícil não se ver, em muitos momentos, no lugar dela.

O romance, a meu ver, é sobre a dor de não se ver acolhida e pertencente à lugar algum. Virgínia, enquanto criança, não se sentia parte da vida da mãe - que tinha a saúde mental acometida de forma grave - junto do tio Daniel. Assim como não conseguia se visualizar enquanto uma pertencente da vida de seu pai junto das irmãs.

A relação pai-filha ao invés de amor, tinha frieza e ausência. As relações entre irmãs era frágil, marcada por exclusões e disputas. Amizades também não existiam, Virgínia não conseguia adentrar à ciranda de Otávia, Bruna, Afonso, Letícia e Conrado. Não se sentia à vontade no humilde lar da mãe, mas também não pertencia ao luxo da casa do pai. O colégio interno pareceu uma solução, mas nem a distância foi capaz de amenizar a necessidade de Virgínia de se encontrar.

Se encontrar em uma viagem em si própria, entender seus gostos, sentimentos e desejos. E se encontrar no pertencimento das relações da vida. É sobre isso o romance, a busca por pertencimento, por entendimento e amor de si. Sobre descobrir qual o seu lugar no mundo. Por isso Virgínia é uma grande personagem, porque ela permite que dentre as várias facetas da vida, criemos uma conexão com a sua própria busca.

Como em dado momento do livro ela reflete ao observar a libélula: ?mais importante do que nascer, é ressuscitar?. É entender que nunca é tarde para ir em busca de si, desfrutando do seu próprio autoconhecimento e própria companhia. É perceber que não vale a pena a dor de tentar permanecer ou se adequar a relações que não nos cabem e ferem. Virgínia se liberta em uma viagem em busca de si e de viver a sua vida a seus próprios termos.

Livro magnífico!
João 04/01/2022minha estante
leia seminário dos ratos! é uma coletânea simplesmente magnífica ?


Paloma 05/01/2022minha estante
opa, não conhecia. Obrigada pela indicação, João!




Natália 07/03/2021

Não foi pra mim! Foi a segunda vez que eu tento ler algo da autora e dessa vez até que consegui terminar, porém, não fluiu muito. Apesar disso ainda tem outras obras dela que eu quero ler. Mas essa eu achei bem chatinha.
Erika Bianca 09/03/2021minha estante
Caaaara. Eu não consigo ler obras dela. Me cansam. Causam tédio. Desanimo. Simplesmente desisto de ler quando vejo que é o livro dela.


Natália 09/03/2021minha estante
Nossa, foi bem isso que eu senti. Um tédio sem fim, não consegui me apegar a nada




Carol 17/11/2010

Difícil e genial de ler!
O livro me assustou muito no início: Virgínia falava, pensava e agia como louca. Nada do que ela falava fazia sentido. Depois percebi que eu também pensava e agia daquele modo: como se muitas vezes estivesse em meio a um devaneio. É algo que a gente decide fazer, a gente distorce o mundo de uma maneira que só faz sentido na nossa cabeça. E eu estava na cabeça de Virgínia tentando entender a distorção que ela criou.

Virgínia carregou muito sofrimento desde a infância, e me doía a necessidade que ela tinha de machucar aos outros. Eu já sabia que ela acabaria se machucando, mas o que mais me incomodava era ela ter demorado tanto a perceber que todas aquelas pessoas eram tanto ou mais infelizes que ela. Bruna não conseguia ser amada por ninguém, nem mesmo pelo Deus ao qual tanto se apegou. Otávia - da qual gosto muito - parecia não sentir o mundo ao seu redor, fiquei com a impressão de que ela não tinha ânimo nem para buscar algo que realmente amasse. Afonso, sempre precisando atacar para não se sentir atacado. Natércio foi um dos que mais me interessou: eu não entendia se ele gostava de alguém ou o que ele queria. Para mim, a única coisa que ainda dava à Virgínia um sopro de vida era seu amor por Conrado. Ela não percebeu que tinha mais sorte do que todos os outros: ela amava alguém, sofria por esse alguém, tinha sofrido também por uma mãe. Todos os outros não tiveram a oportunidade de sentir tanto quanto ela. A vida dela era considerada imperfeita, então ela tinha algo por que lutar - fosse amor ou vingança, qualquer coisa que melhorasse sua vida. Já nas vidas "perfeitas" dos outros, não haveria muito o que fazer - não deveriam ser eles felizes? Não possuíam eles tudo? Que direito tinham à infelicidade?

Virgínia podia reclamar e lutar. Tinha direito de desejar mais, de sair de onde estava. Pena que com todo esse potencial, tudo o que desejava era entrar numa roda que se mostrou tão feia de perto.

Gostei muito do livro, apesar de ele ser um pouco difícil de ler por toda a amargura e desesperança que há nas falas dos personagens.
Bruno 18/11/2010minha estante
Carol, tenho uma sugestão pra você. Crime e Castigo de Dostoievski, você terá uma sensação similar de início, só espero que não se identifique muito com o personagem principal (risos) Fica essa sugestão de leitura.


Carol 18/08/2011minha estante
Bruno, obrigada (mesmo) pela sugestão. Anotadíssima!




Juh Lira 11/06/2020

Que romance!
Ciranda de Pedra é um belíssimo romance de formação. Lygia conseguiu unir um texto cheios da metáfora e simbolismos que encontramos na grande literatura com um enredo que prende a sua atenção do começo ao fim como nos romances de folhetim. O final me surpreendeu, mas fiquei satisfeita com as decisões de Virgínia, a protagonista que quer entrar na ciranda dos personagens que a rejeitam. Muito, muito bom :)
Samuel Gallo 11/06/2020minha estante
Caramba, eu nem sabia que existia um romance de formação nacional, vou procurar.


Juh Lira 11/06/2020minha estante
Foi uma surpresa para mim também, Samuel!




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