Vitória 04/06/2023
Mais uma vez estou aqui pra falar de uma fantasia jovem hypada no tiktok (ainda que o hype dessa não seja tão grande assim). Fiquei interessada por essa história assim que bati o olho na sinopse pela primeira vez. Por algum motivo que não sei explicar, eu sou obcecada com recontos dos contos de fada clássicos, e fiquei ainda mais animada ao ver que esse seria da chapéuzinho vermelho, coisa que a gente geralmente não vê por aí. Essa obsessão quase sempre me faz cair em ciladas, esse não foi o caso aqui, mas também não se tornou uma leitura excelente.
A autora sabe fazer a ambientação desse universo muito bem. Ela tem todo um cenário sombrio, apesar de não ser dark, e me desculpe a pessoa da editora que classificou isso aqui como dark, mas você não tem a mínima ideia do que significa esse gênero. Amei a caracterização que ela faz da floresta, quase como se ela fosse um personagem. Eu a senti como um organismo realmente vivo aqui, e entendi um pouco mais da narrativa quando o Eammon conta pra Red que ela não é necessariamente uma entidade boa ou má, ela apenas responde àquilo que as pessoas fazem com ela, e como naquele momento ela estava sendo atacada, ela reagia a tudo isso com mais violência. Essa foi sem sombra de dúvidas a coisa mais genial que li aqui.
Quanto aos outros aspectos fantásticos, eles não foram tão bons assim. Eu demorei um pouco pra mergulhar de fato na história, creio que por ser uma mitologia tão diferente do que a gente normalmente vê por aí, mas mesmo depois que eu me apeguei aos persoangens e a leitura fluiu de verdade, eu continuei não entendendo nada do que estava acontecendo em relação aos Reis, à floresta e às sacerdotisas doidas do templo. A autora tira alguns momentos de explicação ao longo do livro, quase todos eles tendo o Eammon como porta voz, mas nem de longe eles são suficientes pra suprir todas as dúvidas que surgem na cabeça do leitor. Quando cheguei no final, pensei que talvez ela tenha feito isso pra conseguir tirar uma solução mágica da manga que provavelmente sequer faria sentido no mundo criado por ela mesma. Ainda hoje, mais de uma semana depois de ter concluído essa leitura, penso que não faz sentido nenhum o problema da floresta ter sido solucionado e o dos Reis continuar, afinal a autora os apresenta como coisas relacionadas durante toda a narrativa.
Mas agora vamos falar da melhor parte desse livro, e o grande motivo dele ter merecido 4 estrelas: os personagens (nem todos, porque a Neve é uma insuportável, mas vou reclamar dela um pouquinho mais pra frente). A Red demorou um pouquinho pra me conquistar, mas depois que ela chega na casa do Lobo a mulher me ganhou. Senti que lá, depois de ter se libertado do ambiente tóxico que ela estava, onde sabia que teria que enfrentar algo que ela achava que seria terrível por um "bem maior", ela finalmente conseguiu ir se abrindo e se mostrando pro leitor e pros outros personagens presentes aqui. A relação dela com o Eammon e com o outro casal que mora na casa (que não lembro o nome porque não estou com o livro agora e a minha memória é de centavos, mas saibam que eu amo esses dois) é desenvolvida do jeitinho que eu gosto, pedacinho por pedacinho, e isso ajudou pra que eu me importasse mais com eles, porque acreditava em tudo o que eles sentiam.
O romance é um slow burn de respeito. Tanto o Lobo quanto a Red são dois cabeças duras, que se bicam o tempo todo, mas a gente sabe que quanto mais ódio envolvido, mais gostoso o negócio fica no final, e foi exatamente isso o que aconteceu aqui. Eu gritei a cada mínima interação entre os dois, e o bordado que ele manda fazer na capa dela foi a minha morte. Como uma boa cadelinha desse plot, eu grifei cada mínimo trecho de romance (porque sim, até aqui nós vivemos à base de migalhas), e o final com os dois juntos foi muito recompensador. Ficou aquela pontinha solta sobre o casal secundário e o pacto que não foi cumprido? Sim, e já digo que, se algum dia eu ler a continuação, vai ser única e exclusivamente por causa disso, porque a Neve não merece um segundo da minha atenção.
Agora vamos a ela, a insuportável. Eu queria morrer toda vez que virava a página no final de um capítulo e via o tal "interlúdio" no início da próxima. Não sei se foi a intenção da autora fazer da Neve uma personagem odiável pra que a gente começasse a se importar com ela no próximo volume, que obviamente vai tê-la como protagonista, mas o final me faz acreditar que não era isso, já que não faz o mínimo sentido que o gancho pro próximo seja ela estando em perigo e eu não me importando nem um pouco se essa arrombada vai ser morta pelos Reis ou não. Como se não bastasse ser chata, ela ainda consegue ser burra. Não me entra na cabeça que a menina sabia que a sacerdotisa matou a mãe dela e ainda assim continuou fazendo tudo o que ela mandava pra trazer a Red de volta. O tempo todo eu só tava o meme do "mona, com todo o respeito, você é maluca?". A única coisa que se salva nos capítulos dela é o Raffi, perfeito e maravilhoso, mas nem ele conseguiu me fazer engolir essa menina. E sinceramente, ele merece coisa melhor.
Ainda não sei se vou continuar a série, porque a história da Red e do Lobo, que são as pessoas com as quais eu realmente me importei aqui, se encerra no final desse livro. Tô pouco me lixando se a Neve tá no caixão no mundo invertido, se precisarem de ajuda pra jogar terra em cima me chamem, mas não quero mais saber dessa menina pra nada além disso. Apesar disso tudo, eu sou uma grande fofoqueira, então é provável que eu surte em algum momento nos próximos meses e pegue o e-book em meios nem tão legais assim (porque me recuso a gastar dinheiro com um livro que tem a Neve na capa), só pra saber o que acontece com o casal secundário que eu sequer lembro o nome, mas amo mesmo assim, e com o Raffi. Vamos ver no que vai dar. E um PS pra suma, editora desse negócio: revisem os livros direito, porque eu perdi a conta de quantos erros encontrei aqui. Não tá dando pra pagar caro por um livro que sequer recebeu o cuidado devido.