May Furlan 27/09/2013
O pecado de Rowling
A série “Harry Potter”, da escritora britânica J.K Rowling, em seu primeiro livro já levantou polêmica no mundo. Rowling chegou com seu bruxinho e acendeu um fósforo em meio a barris de pólvora, desafiando a Igreja cristã e seus costumes mais conservadores. Driblando de forma espetacular as acusações sem fundamento de que ensinava práticas de magia às crianças, a britânica nos presenteou com uma das melhores séries desses últimos tempos, nos transportando para um mundo repleto de magia, aventura e perigos, onde o sentimento mais valioso é o amor.
No último livro da saga, Harry depara-se com situações que irão exigir muito tanto emocionalmente quando psicologicamente de um garoto que acabou de conquistar a maioridade bruxa. Em meio a conflitos internos do que é certo e errado, da difícil escolha de qual caminho seguir e ainda em meio ao turbilhão de emoções de um adolescente com o destino traçado para o triunfo ou para a morte, o bruxo terá mais do que nunca que se apoiar em seus amigos, Rony e Hermione, e colocar em prova seus verdadeiros valores.
O livro segue em uma narrativa envolvente, ativa e perfeita. O leitor acaba sentindo o que os personagens sentem, condenando e perdoando, alegrando-se e sofrendo. Nesse sétimo livro, Rowling deixa explícito o amadurecimento de Harry e dela como escritora, deixando para trás aquele quê de inocência que acompanhava o bruxinho e que muitas vezes encantava quem estivesse lendo.
Em minha opinião esse é um dos melhores livros da série (perdendo somente para o “Enigma do Príncipe”), ele é um dos que possuem uma das melhores tramas desenvolvidas. Muitos condenam o modo como a escritora apresentou o confronto final entre Harry e o temido vilão Voldemort, porém eu a apoio de certa forma, uma vez que penso que o desenvolvimento dado à luta e o desfecho proposto, foi uma das formas de deixar a alma de Harry imaculada (lembre-se do que Dumbledore disse: “a alma se corrompe através do assassinato”). Essa também foi uma maneira que encontrou para preservar a imagem que Harry tinha desde o primeiro livro, o fato de ser o oposto de seu inimigo mortal, não tendo a capacidade de matar por prazer e muito menos a capacidade de matar para se defender.
O pecado cometido por Rowling foi realizado na última parte de “Harry Potter”, mais precisamente dezenove anos depois. (CUIDADO: A parte a seguir pode conter algumas revelações sobre o enredo do livro) O final “felizes para sempre” que a britânica deu a Harry é simplesmente açucarado demais, feliz demais, não combinando com nenhuma das outras partes da série. Acho que todos nós concordamos que depois de passar pela vida mais cataclísmica do mundo bruxo, Potter merecia um bom final, porém o proposto pela escritora é impossível de acontecer na realidade (tanto dos trouxas quanto dos bruxos).
Acho que para a escrita dessa última parte, Rowling buscou inspiração naqueles comerciais de margarina ou ainda naquele antigo conceito de “American Way of Life”, onde todos estão plenamente felizes com sua extensa prole, nos presenteando com um coro de risadinhas do Willy Wonka e ainda um nível insuportável de fofura, com direito a momento “uôn” (pausa para piscar os olhinhos de forma irresistivelmente doce).
Se Rowling não tivesse tentado derramar o pote de açúcar no final (talvez a inspiração tenha surgido enquanto assistia “As Meninas Super Poderosas” [“Açúcar, tempero e tudo o que há de bom...”]) o livro mereceria 5 estrelas, e fecharia a série com chave de ouro. Enfim, a última parte era algo desnecessário e o livro estaria melhor sem ela.
P.S: Matéria interessante sobre as novidades no universo Harry Potter no link abaixo :D
site: http://fodoca.blogspot.com.br/2013/09/jk-rowling-midas-expansao-do-universo.html