Janaina 23/06/2023
Uma atmosfera diferente no início do dia anuncia que algo desaparecerá. E quando a Polícia da Memória determina o desaparecimento de algo, todos os habitantes da ilha que porventura o possuam devem recolhê-los e levá-los para destruição em praça pública. E algo impressionante acontece imediatamente depois: todas as lembranças associadas ao objeto desaparecem junto com ele.
Ocorre que alguns habitantes da ilha parecem ser imunes à perda da memória e, para manter a ordem, eles precisam ser separados dos demais, numa caça às bruxas digna da perseguição aos judeus durante a 2ª Guerra.
A parte central da história gira em torno de 3 personagens, a escritora, o editor e o velho balseiro, todos sem nome, que compartilham um perigoso segredo: a primeira, com ajuda do segundo, esconde, numa espécie de anexo secreto de sua casa, o terceiro, que insiste em preservar suas memórias.
O editor teve de sair de casa às pressas, confiando nos planos da escritora que tem por ele um carinho especial, deixando em casa a esposa grávida. Para suportar o confinamento e a incerteza quanto ao futuro, faz pequenos serviços à escritora e sente-se na obrigação de tentar ajudá-la a resgatar a capacidade de manter a memória, principalmente depois de descobrir segredos guardados por sua mãe.
O livro tem um texto fácil e fluido e me levou a refletir sobre dois temas: a capacidade humana de se adaptar às situações, por maior que seja o vazio que deixem; e a legitimidade de tentar convencer o outro de algo para que não esteja preparado, ainda que, indubitavelmente, isso seja bom para ele.
Pra mim, para ser melhor, só faltou ficar claro o objetivo da Polícia da Memória com os desparecimentos.
Mas, mesmo assim, valeu a experiência!