Ley 10/11/2020ICÔNICOO início deste livro foi bem rápido, já que mal iniciei e já haviam se passado cerca de cem páginas. Admirei logo que a leitura fosse tão rápida. Os acontecimentos do livro também são rápidos, mas sem jogar informações que o leitor é incapaz de compreender. Não há exatamente uma enxurrada de elementos novos, mas há uma certa agilidade em nos mostrar essas informações.
A história dá a entender que a humanidade avançou centenas de anos e agora tem uma sociedade bem diferente. Houve um momento do ápice do conhecimento humano e descobriram até mesmo como interromper a morte. Isso é um fator que vemos bastante ser cogitado, e aqui é uma realidade possível.
Contudo, com esse novo mundo utópico, vem-se também problema derivado da interrupção da morte. Não há morte de qualquer tipo, seja natural ou não, e isso pode ser algo agravante. A superpopulação ainda está a porta e o único modo de abrandar isso, foi criando uma A Ceifa, que consiste em um grupo de humanos selecionados e designados a serem Ceifadores.
O intuito deles é "coletar" vidas, ou seja, matar pessoas e garantir que a superpopulação não aconteça, e assim, o mundo continue em sua aparente perfeição. A ideia de um mundo perfeito foi logo me deixando desconfiada. Nenhum mundo pode ser tão perfeito sem que não haja sequer um problema, e a estagnação de um mundo assim pode ser crítico.
O livro acompanha dois adolescentes: Citra e Rowan. Eles encontram um Ceifador que os chama para serem aprendizes dele. A princípio, a relutância dos dois é imensa, mas acabam aceitando a oferta. Assim, o livro passa a narrar o cotidiano deles como aprendizes e os mistérios por trás de um Ceifador.
Falar da morte já é um tema que nos faz refletir, mas no livro somos obrigados a levar em consideração quando o trabalho de ceifar vidas estão nas mãos humanas. Ao interromper o processo natural da morte, o ser humano acabou adquirindo esse trabalho para si, e até onde isso pode ser o certo?
Citra e Rowan parecem ter o que precisam para serem bons Ceifadores, já que não sentem prazer no processo e por serem empáticos. No livro nos deparamos com outras situações, como quando esse trabalho está em mãos erradas. Até onde iria um humano que detém do poder sobre a morte?
Do início ao fim houveram elementos que me fizeram parar por um momento e refletir. São questões que gosto de debater e que tem um peso enorme no futuro da humanidade. O livro tem um enredo totalmente viciante, com uma trama fácil de entender, sem trechos pesados, mas que fixam no leitor a ideia de reflexão quando se trama de poder, morte e os custos disso.
Posso dizer com uma certeza absoluta que me empolguei muito com esse livro. Eu não via a hora de debater com alguém, panfletar, mostrar os trechos que selecionei, e, sobretudo, falar do quão importante a reflexão que esse livro trás é preciosa. Uma leitura que fala da morte para vários públicos e ainda encaixa nele a percepção de um mundo novo, foi algo maravilhoso de conhecer.
Algumas situações neste livro levam os personagens a fazerem escolhas, e participarem de circunstâncias que serão decisivas. Cada um desses momentos me deixaram desolada, mas amei sentir essas sensações. A leitura é sutil em nos mostrar elementos no enredo que também serão usados futuramente, e isso pode deixar o leitor animado para mais.
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https://www.imersaoliteraria.com.br/2020/08/resenha-scythe-o-ceifador-livro-1.html