spoiler visualizarLanny 17/01/2016
O.D.I.E.I.
Eu tenho uma lista de títulos que poderia ter dado a essa resenha...
* Uma montanha russa de sentimentos nada bons
* Acidente de trem
* Uma inversão completa de personalidades para justificar a escolhas insanas da maluca (TM ou Juliette?)
* Alguém anotou a placa do ônibus que atropelou o Adam?
* Inversão de valores: Toda crueldade será presenteada x Toda bondade será crucificada
Antes de iniciar a leitura, vi num blog uns comentários e comecei a pensar que essa leitura não ia dá certo para mim, mas ela foi como aquele ditado famoso "É como um desastre de trem, você sabe que vai acontecer, mas não consegue tirar os olhos." Então, foi isso... eu vi, de longe, que eu iria me estressar profundamente com essa trilogia, mas insisti em ir até o fim porque achei que seria pior se eu virasse as costas e não soubesse o que realmente aconteceria.
Então, antes de desfiar o meu 'rosário de lágrimas' sobre todas as injustiças que eu vi florescer nessa série, eu só gostaria de que pelo menos UMA pessoa que tenha lido os livros, lesse também minha resenha (que não vai ser curta) e me dissesse que concordava comigo para eu voltar a ter um pouco de fé na humanidade, que não estamos totalmente perdidos ainda.
Bom, começando... *cracks fingers*
Eu tenho a impressão que a Tahereh Mafi (daqui em diante referida como TM) criou um esquema antes de começar a escrever realmente os livros, onde ela colocou os personagens em um tabuleiro de xadrez e disse: "Eu preciso de você aqui...você aqui... você aqui... e você aqui.... para que no final, esse e esse e esse cheguem aqui." E nessa esquematização, sobrou para Adam o papel de "peão", aquele que ia ser usado para colocar todos os outros nos seus devidos lugares e seria facilmente descartado quando tudo estivesse engatilhado para chegar onde ela queria. Quais foram as "funções" de Adam:
* Encontrar Juliette no manicômio;
* Apoiá-la em seu período de cativeiro para que ela não enlouquecesse mais ainda diante da pressão psicológica de Warner;
* Dar a ela a sensação de segurança que ela precisava para sair do torpor que se encontrava;
* Levar para ela o caderno em que ela anotava todas as suas emoções porque ele sabia o quanto aqueles papéis significavam para ela;
* Tirá-la da base e colocá-la no abrigo rebelde onde ela iria encontrar pessoas que também lhe apoiariam e lhe ajudariam a desenvolver seu potencial;
* Ser convenientemente imune ao toque dela para que fosse possível a realização de todas as coisas acima.
Assim que todas as coisas acima foram resolvidas, ela disse "Legal, Adam, agora sai da frente porque o show vai começar". E lá vai Adam "jogado embaixo do ônibus" em favor de Warner. Fico imaginando a TM com uma cara maníaca retorcendo as mãos em frente ao computador e dando aquelas risadas maquiavélicas e dizendo "HUAHUAHUAHAUA, vocês acham que sabem quem é o Warner, mas vocês não sabem.... HUAHUAHUAHAUA, eu vou enganar todos vocês." E, para ela, não foi suficiente apenas dispensar o Adam assim, como se ele não fosse nada, ela teve ainda que fazer com que ele fosse:
1. Culpado por coisas que não fez - uma tremenda INJUSTIÇA a Juliette dizer que estar com Adam a deixava fraca ou qualquer demência parecida com isso que ela tenha dito. Quem concordar com ela me aponte apenas UMA vez que o Adam a tenha impedido de fazer amizade com alguém no Ponto Ômega, de treinar, de ir em missões, de fazer qualquer coisa que ela quisesse fazer. É claro que ele PENSAVA que ela não deveria estar ali no meio da batalha, que ela deveria estar salva, mas isso é coisa que qualquer homem NORMAL pensaria da mulher amada, a quem ele em toda sua arrogância de macho, acha que tem que proteger. Isso não é errado, não é imoral, não faz dele um obstáculo em sua vida. Se ela se sentia assim em relação a ele o problema estava NELA e não nele.
2. Ter sua imunidade ao toque de Juliette usurpada de si assim que eles chegaram ao Ponto Ômega. Adam e Juliette passaram duas semanas na sede se encontrando secretamente todas as noites, onde se tocavam e se beijavam e ela ficava doida querendo mais e ele nunca demonstrou o menor desconforto. Foi apenas pisar os pés na base (missão de peão cumprida, lembra?) que o desconforto começou.
3. Ser irmão de Warner - Não, não foi suficiente perder Juliette para o psicopata. Ele teve que descobrir que era IRMÃO do indivíduo e além de perder a mulher que amava, ainda vai ter que dividir seu irmãozinho, luz de sua vida com ele. Ele deixa de ser o irmão mais velho de James, para ser o irmão do meio;
4. Não tem ninguém que realmente olhe por ele - Kenji só voltou para buscar Adam quando ele resolveu ficar para trás porque James estava com ele, se James tivesse morrido no Ponto Ômega, ele teria ficado lá para morrer à mingua. E a chegada de Warner ao grupo de rebelde foi muito mais festejada, muito mais apreciada, muito mais desejada por Carter.
5. Poder inútil - O poder dele o torna imune ao toque de Juliette, só que não... e depois para que serve o poder dele mesmo? Não, olha, o poder de Warner é beeeeeeem mais legal, beeeeeem mais útil, beeem mais necessário na luta, não precisamos dele.
Daí eu fico me perguntando onde o mundo vai parar com essa inversão de valores proposta pela TM.
O Warner:
* faz pressão psicológica - ele sabia que ela era forte e queria estimular o verdadeiro potencial dela
* tortura, fere e ameaça de morte pessoas ligadas a ela - ele é cruel assim por causa da criação do pai
* mata - os outros são soldados e soldados também matam, isso é absolutamente normal
* mente - está buscando chegar aos seus objetivos
* não mostra compaixão - é uma pessoa forte e que sabe que para manter o poder precisa ser assim
Enquanto isso Adam:
* protege - deixa ela fraca
* se sacrifica para que ela fique bem - é um frouxo
Na manipulação das peças chegamos à esse livro e agora é hora de matar o personagem totalmente... vamos inverter as personalidades dos personagens. Adam que era uma pessoa tranquila, compreensiva, bom ouvinte, carinhoso se transforma numa pessoa rude, temperamental, que não ouve, que levanta suspeitas, ofende e fere todo mundo ao redor, não importa quem.... enquanto Warner se transforma nessa pessoa prestativa, conselheira, amiga, que está lá para todos, acho que é aí que a TM faz "Há, te peguei" - bem pegadinha do Mallandro - e eu odiei isso porque eu consigo ver a manipulação que ela fez. Ela fez algo que eu luto no meu dia-a-dia para não fazer com nada e nem ninguém... desmerecer uma pessoa para fazer uma outra parecer melhor. Foi necessário que ela transformasse Adam nessa criatura que eu não reconheço para que Warner brilhasse e eu só consigo pensar... ele colocou uma arma na cabeça de Juliette... ele agarrou ela e ia violentá-la se ela não atirasse nele... ele deu um tiro na perna de Adam e mandou seus homens deixá-lo flagelado ainda com vida porque ele queria voltar lá depois e matá-lo com requintes de crueldade e ele disse várias vezes a Juliette que isso é quem ele é e que não tem remorso das coisas que fez. Mas oh, olha... ele foi criado com um pai psicótico que dava de presente de aniversário chicotadas nas costas, ele é um produto desse pai miserável... quer saber? Adam também é. Ele também apanhou desse homem, ele passou fome, frio e sobreviveu de forma melhor que ele e porque no fim das contas Warner ganha tudo e Adam é despojado de tudo que ele tem?
Juliette diz que Adam foi... "Meu primeiro amor. Meu primeiro amigo. Meu único amigo quando eu não tinha nenhum e agora ele se foi e eu não sei como me sinto." Bela amiga você é. Egoísta, fútil, insensível que só pensa em si e em seu próprio sofrimento. Na primeira vez que enxergou algo de diferente na personalidade de Warner deixou Adam sem olhar pra trás, tipo, "Coisinho, você é lindo, você foi legal, mas olha, tem esse cara aqui que tentou te matar, que fez coisas horríveis comigo, mas foi porque ele me amava e queria que eu fosse melhor e eu descobri que eu posso ser melhor se eu ficar com ele, então tchau viu? Fica aí e pode morrer de fome e de frio, mas se tu quiser eu levo teu irmão para ficar com a gente." Tá, tá...ela não falou isso, mas a única pessoa que ela realmente se preocupou em ter deixado para trás foi James, ela nunca se preocupou com Adam, tanto é que Kenji diz a ela: "Eu acabei de contar toda a saga de toda a merda que aconteceu com a gente e você ficou tipo, ah, certo, que história legal, cara, obrigada por contar. Você não enlouqueceu ou perguntou se o Adam estava ferido. Você não me perguntou o que aconteceu com ele, nem como ele está lidando com tudo agora, em especial já que ele acha que você está morta e tal. E agora, você está aqui, defendendo o Warner. O mesmo cara que tentou matar o Adam, e você está agindo como se ele fosse seu amigo ou uma merda assim. Como se ele fosse apenas um cara normal que é um pouco mal compreendido. Como se todas as outras pessoas do planeta tivessem entendido errado e, provavelmente, nós somos apenas um monte de imbecis ciumentos e cheios de julgamento que o odeiam por ter um rostinho tão, tão bonito." E eu AMEI Kenji nessa hora porque jogou na cara dela o quanto ela é ingrata e egoísta.
Ela desmereceu o amor que dizia sentir por Adam, reduzindo a uma coisa sem importância, a algo nascido do desespero. Eu acho melhor algo nascido do desespero do que algo nascido de uma relação doentia como foi o início do relacionamento dela com Warner. Ele sequestrou, ameaçou e fez pressão psicológica nela em todas as formas... ela retribuiu jogando palavras de ódio na cara e um tiro no peito dele, mas tá tudo bem... Hey, oh tu atirou em mim e eu achei o maior barato. Legal!!! E tem gente que diz que a relação de Christian e Anastasia é doente.
Depois ele vem pra cá com aquele discurso idiota dele que Adam não a conhece como ele porque ele leu o caderno dela. Olha as atitudes inversas aí de novo. Adam respeita a privacidade dela e deixa o caderno privado. Warner lê tanto que chega a decorar alguns trechos e nossa, ele me conhece como ninguém, ele sabe tudo que eu sinto que eu penso... um amor. Ela esquece que ele só fez isso porque o peão foi idiota o suficiente para trazer o caderno dela de lá do hospício. Um meio para um fim. Estupidez total!
Eu não sei o que me irrita mais, o fato da TM ter feito de Adam um joguete para chegar ao final da história que ela queria contar - que as aparências enganam e que os brutos também amam, que por trás de uma fachada psicopata pode estar um bom homem ou se o fato que eu teria AMADO essa trilogia, faria dela minha top 10 de favoritas se apenas:
1. o Adam não fizesse parte dessa história - elimina-se toda e qualquer participação do Adam nisso tudo e ela foge sozinha e se esbarra com o Kenji que segue a história a partir dali;
2. se ele fosse apenas mais um Kenji na vida dela - alguém que se afeiçoou a ela como uma irmã e que queria vê-la feliz;
3. se ela tivesse manifestado insegurança em relação a seu amor por ele e ao menos um pouquinho de dúvida em relação a Warner - se ao beijar Adam ela dissesse que era bom, mas que tinha algo faltando ali. Se Adam dissesse que a amava e ela não conseguisse dizer de volta.
Mas o fato dela ter demonstrado amor DE VERDADE por Adam e ódio VERDADEIRO por Warner para mudar de ideia no espaço de uma semana me fez perder qualquer amor que eu poderia ter por essa série. Eu tinha dito a algumas pessoas que essa série seria um caso de amor e ódio na minha vida, enquanto eu estava na leitura do segundo livro. Ao terminar o segundo e concluir esse terceiro, esse caso passou de amor e ódio para ódio e ódio.
Gostaria que o skoob tivesse além das estrelinhas uma classificação do tipo "Péssimo - Ruim - Regular - Bom - Ótimo" para eu colocar "PÉSSIMO" para esse livro, eu sei que em tese 1 estrela significaria isso, mas não acho que esse livro mereça nem uma estrela por causa de tudo isso que eu relatei até agora. Talvez se eu tivesse lido os livros de trás pra frente eu tivesse me empolgado mais porque eu teria conhecido o Adam idiota e o Warner criatura da alma torturada e não acreditaria na mudança em relação ao primeiro livro, mas como eu segui a ordem certa, não posso fechar os olhos para o que sei que aconteceu antes, porque Warner explicou todas as atrocidades que fez para Juliette menos a arma na cabeça dela e sua ameaça de matá-la e a tentativa de assassinato a Adam.
A parte da luta foi surreal...de repente Juliette é essa badass girl que detona todo mundo e sozinha ganhou a guerra. pffffft... tá...
Se algum dia alguém me perguntar "Tu já leu a série estilhaça-me?" eu vou dizer
"Já."
"Gostou?"
"Não"
"Por que?"
"É melhor você ler para tirar suas conclusões, vai que você gosta de apoiar psicopatas e fazer festa de piedade para garotos malucos com pais problemáticos."
ETA:
E quanto mais eu penso, mais descubro como a autora injustiçou Adam. Como se não bastasse ele ter sido pivô de tudo que acontece na vida de Juliette, ele ainda foi (mais) responsável por ela se entender com Warner. Ela vai atrás de Warner e se declara para ele depois que descobre que conseguiu controlar seu poder e não machuca mais ninguém, então é uma escolha dela com quem ela vai se relacionar. Como ela descobre isso? Quando Adam força que ela toque Kenji e ele não se machuca. E Adam ainda leva um soco por causa disso. Quando Warner fez a mesma coisa e Kenji realmente se machucou... ele não teve a intenção. VSF