Vê 03/10/2013Mais um livro do autor Marcelo Hipólito que tenho a oportunidade de ler e confesso que o que encontrei foi uma atmosfera completamente diferente da conferida a Osíris.
Em O Mago de Camelot, temos uma narrativa ágil, objetiva e muito fácil de transcorrer, fazendo com que capítulos curtos tornem a leitura muito mais rápida. Ao contrário das descrições detalhadas de Osíris, neste livro, ambientado no século V, pequenas explicações acompanham as apresentações deixando tudo muito mais direto de se entender.
Ambientada em uma Britânia que luta constantemente contra a invasão dos Saxões, o livro acompanha não só Merlin, o garoto que viria a se tornar um dos mais influentes na corte de Rei Artur, mas também toda a luta dos britânicos, contadas a partir do avô do monarca que, brandindo inúmeras vezes sua espada Excalibur, não conseguiria chegar sequer perto de expulsar os saxões de sua terra.
Um ponto que me deixou levemente confusa logo no começo do livro foi a quantidade de nomes e as participações que esses personagens teriam na história dali adiante. Em alguns momentos, a explicação rápida sobre quem era quem logo que apareciam não era suficiente e eu me pegava levando algum tempo até novamente me situar na próxima vez em que determinado personagem era citado.
Por outro lado, o autor não deixou que qualquer participação fosse em vão. Quando pensava que alguém só apareceria uma única vez, não passando de mera citação, o personagem retornava para ter sua participação melhor fundada, contribuindo de alguma forma para o desfecho. Embora não conhecesse muito sobre Artur, Merlin e a Távola Redonda, o livro conseguiu me situar muito bem, demonstrando que, assim como em Osíris, o autor havia feito sua lição de casa, sabendo do que estava falando.
No entanto, o que realmente me chocou foram as voltas que o enredo dava. O ambiente da Idade Média parece girar em torno de morte, guerras, traição, ganância, estupros, miséria, usurpção, luxúria e poder. Eu não ficaria surpresa se me dissessem que nessa época viveram os primeiros homens das cavernas do Mundo Moderno porque o jeito como eles agiam só poderia ser comparado ao de criaturas irracionais. Eram cegados pelo poder e pela conquista, sangue era quase como água: necessário para a sobrevivência. Movidos pelos instintos mais bestiais, não encontrei o menor resquício de romantismo ou a perspectiva de um final feliz.
O mais interessante, apesar dessas circunstâncias sombrias, é que acompanhamos a evolução de Merlin desde bem pequeno, com sua infância difícil, sua iniciação como aprendiz de druida e a profecia que lhe é encarregada muito tempo antes mesmo de Artur sequer chegar ao mundo. E, apesar de Artur gerar sentimentos conflitantes nas pessoas ao seu redor, percebemos que é uma pessoa que tem bondade no coração, destinado a grandes feitos.
Saber das origens de Merlin e Artur foi uma grande e satisfatória surpresa. Sempre quis saber de onde essas lendas haviam vindo.
O Mago de Camelot foi uma leitura rápida, interessante e, apesar de ter me causado certo desconforto (acho que finais felizes fazem mais o meu estilo rs) não posso deixar de ressaltar que é um livro muito bem escrito com uma história que tem sido arduamente explorada ao longo dos anos.
Marcelo Hipólito novamente não decepciona em seu novo livro, mostrando que sabe do que está falando. Fiquei muito satisfeita com a objetividade da história e da agilidade com a qual transcorri as páginas. Sou fã de capítulos breves e histórias dinâmicas e, sem dúvida, O Mago de Camelot cumpriu bem essas duas exigências. Só lamentei o final que encontrei, levemente desanimador, mas acredito que a história só estava cumprindo seu ciclo para preparar as lendas que Merlin e Artur, principalmente, viriam a se tornar.
Indico a leitura a todos que gostam de uma história diferente, com a Idade Média de cenário e que, como eu, também querem saber mais sobre Rei Artur e seu mago conselheiro.
A capa ficou muito bonita e a revisão da Novo Século ficou ótima! Não encontrei quase nenhum erro e a diagramação está absolutamente prática! Recomendo, com certeza.
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http://onlythestrong-survive.blogspot.com.br/2013/10/resenha-o-mago-de-camelot-marcelo.html