Fê 22/02/2013Fanática pelas Crônicas do Gelo o do Fogo, e de George R. R. Martin também, não poderia deixar de ler seu primeiro livro. E só li mesmo por ser dele, porque não é do tipo de leitura que me atraia. Não sou muito fá de ficção científica (sim, amo Star Wars de todo o coração, e gosto muito de Star Trek do J.J. Abrams, mas é só. E não estou julgando quem curte, cada um é cada um, só estou expressando minha preferência), talvez por isso meu receio de ler.
A história gira em torno de Dirk t´Larien, um homem solitário que sofre há sete anos pelo abandono de sua amada, Gwen Delvano, que ele teima em chamar de Jenny (há uma explicação para isso, mas eu sinceramente não lembro, porque ela acontece na parte chata do livro, comento mais tarde). E, ao receber uma joia dela, ele entende como um chamado e parte para Worlorn, um planeta nos cafundós do Universo, e que está morrendo, e por isso, quase deserto e em eterno crepúsculo.
Só que Dirk tem uma visão idealizada de Gwen, acha que ela é a mesma que o deixou tanto tempo atrás. E não é essa realidade que o espera. Gwen é “esposa” (não é bem isso, mas nem vou tentar escrever o nome que dão, está mais pra propriedade do que esposa) de Jaantony (milhões de nomes no meio) Vikary. E Dirk a vê ainda como Jenny, não como Gwen. Dirk chega determinado a livrar Gwen de Jaan, o que não é tão simples, devido à complexa sociedade de Kavalaan, planeta de origem de Jaan. Dirk é teimoso e orgulhoso demais para aceitar qualquer ajuda de Jaan, e isso faz com que ele faça algumas burradas. E como o livro é contado pelo ponto de vista de Dirk, boa parte dele são o debates internos dele.
Gwen, apesar de ser “esposa” de Jaan, tem caráter independente. é uma inteligente ecologista, totalmente dedicada a seu trabalho. Ela não faz exatamente o tipo indefesa, e se preciso, ela sabe muito bem manejar uma arma. Ela também ainda sofre os efeitos de ter abandonado Dirk, e tenta de todo jeito fazê-lo entender suas razões, o que o cabeça-dura não consegue de forma alguma. (SPOILER) Ela diz com todas as letras que uma das razões para deixá-lo foi pela mania dele de chamá-la de Jenny (de novo, há uma explicação no livro para essa reação dela, mas não vou detalhar), mas o imbecil continua fazendo isso até o fim (stupid much?).
Jaantony Vikary, “marido” de Gwen, é um kavalariano que viveu um tempo em Ávalon, por isso não é tão tradicional, e ainda por cima luta para mudar a sua sociedade. Ele não vê Gwen exatamente como sua propriedade, até concede a ela alguns privilégios, mas ainda é preso a algumas tradições kavalarianas. É sensato e mesmo sabendo do interesse de Dirk por Gwen, faz o que pode para ajudá-lo e protegê-lo. Pensando bem, ele tem um pouco de Ned nele.
Completando o núcleo familiar de Gwen (por falta de termo melhor) está Garse Janaceck, espécie de irmão de sangue de Jaan e que compartilha, em todos os sentidos, Gwen com ele. E isso para a sociedade deles é perfeitamente normal. A sociedade kavalariana é supermachista, esqueci de mencionar isso, e Gwen meio que cai de paraquedas nisso. Voltando a Garse. Ele é sarcástico, invocado e bem mais tradicional que Jaan. Pena que ele não aparece muito, porque sem dúvida é um personagem ótimo.
Vale a pena ainda destacar Arkin, um kindissiano amigo de Gwen e que também está sob a proteção de Jaan. Não vou entrar em detalhes sobre ele para não dar mais spoilers, mas alerto para ficar de olho nele. Além desses, há também outros personagens importantes, mas se for comentar cada um deles, o post vai ficar imenso. Mas, sendo GRRM, os personagens são bem construídos e todos eles passam por uma transformação durante o livro.
O livro demora um pouco para engatar. No começo, há muitas descrições do planeta, das cidades, da cultura de Kavalaan, e nada realmente interessante acontece. Mas lá pela metade do livro as coisas começam a ficar emocionantes, e aí a leitura vai fácil. Porém, não tem o mesmo brilhantismo das Crônicas, e o personagens não despertaram a mesma empatia, pelo menos comigo. Mas as sementes estão aí, em vários momentos eu vi Westeros ali. Esse foi o primeiro livro de George R. R. Martin, escrito em 1977, e desde então dá para notar como ele evoluiu como autor. Portanto, se você é como eu , louc@ pelas Crônicas, vale a pena ver como George R. R. Martin começou.
Trilha sonora
Bizarre love triangle, do New Order cai perfeitamente. Também gosto desta versão como Frente!. E também Shake it out, de Florence and the machine.
Se você gostou de A morte da luz, pode gostar também de:
As Crônicas do Gelo e do Fogo – George R. R. Martin;
coleção Darkover – Marion Zimmer Bradley.
Originalmente publicado em: natrilhadoslivros.blogspot.com