@APassional 07/05/2013
A Caçada * Resenha por: Rosem Ferr * Arquivo Passional
Fascinante, cativante, uma locomotiva a todo vapor.
Com um romance policial de época, magnificamente rico, Clive Cussler nos seduz gradativamente, evidenciando a habilidade pertinente apenas aos grandes escritores, tanto na apresentação e desenvolvimento de suas personagens, como nas sutilezas quanto ao aprimoramento da trama.
Dividido em quatro partes, em seus 51 capítulos curtos entre um prólogo instigante e um “Gran finale” de tirar o fôlego, A Caçada é um daqueles livros que vai bem além do que promete, nos surpreende a cada capítulo e depois de algumas páginas, completamente envolvidos pelo gênio do autor, não conseguimos nos afastar da leitura, esse é o tipo de obra que nos faz lembrar porque amamos ler.
Montana, 1950.
O resgate de uma locomotiva nos insere na trama, traz a tona o passado, remete à história de um homem ligado a vários crimes, nos instiga a rever os fatos e, caros leitores, ao fazer essa escolha somos enviados a uma viagem no tempo, e o quebra-cabeça que vamos construindo página a página será o passaporte para a maior aventura de todos os tempos.
Do Velho Oeste ao luxo das mansões de São Francisco.
Arizona, 1906, um cruel assaltante de bancos aterroriza o velho oeste, não deixa testemunhas, age sozinho, é conhecido como o açougueiro, ele é audacioso, sagaz, traiçoeiro, vamos aos poucos, conhecendo suas artimanhas, seu modus operandi, sua frieza, então entra em cena Isaac Bell, um homem da lei, repleto de peculiaridades que farão toda a diferença, pois ele não é o “mocinho” tradicional dos faroestes, é um homem de sua época, ou seja, moderno, “antenado”, influente, comunicativo, audaz, mas principalmente para o terror de nosso antagonista, persistente.
Serão duas personalidades marcantes, meticulosamente inteligentes e pragmáticas que se confrontarão sem limites, utilizando todos os meios possíveis, imagináveis e inimagináveis para alcançarem seu objetivo, de modo que muitas vezes ficamos atordoados diante do brilhantismo intelectual de Isaac e de seu antagonista.
O mesmo ocorre com as personagens femininas, uma polaridade que em muitas circunstancias é imediatamente notada, tratam-se de mulheres fortes e ao mesmo tempo sensíveis e femininas, estabelecendo tanto a face de heroínas imbatíveis como a da ansiedade, dúvida e fragilidade emotiva da alma de uma mulher, sobretudo levando-se em consideração que uma delas é extremamente ardilosa e sob todos os ângulos adere perfeitamente em seu esteriótipo de vilã.
Que tal entrar no clima: entre o Noir e o Steampunk.
Bem vindos a Barbary Coast!
Claro que personagens tão ilustres não poderiam desenvolver-se em uma ambientação que não estivesse a seu nível, e neste ponto, Cussler me cativou para sempre ao descrever minunciosamente o cenário americano do inicio do século 20, da transição do ônus da mineração para a construção das grandes cidades, ao desenvolvimento científico tanto das máquinas a vapor, quanto dos automóveis, mas principalmente no que tange a origem das grandes fortunas americanas.
Tendo como foco a cidade de São Francisco, somos introduzidos ao cotidiano tanto dos grandes hotéis e bancos, como dos prostíbulos e corrupção do sistema político, e sem deixar nada escapar, vamos deslizando por clubes privês, bairros grã-finos, restaurantes de luxo, e até a Saloons de má fama, afinal loucura pouca é bobagem no que prescreve a aventura em que adentramos, tudo isso com a pertinência de um mosaico de tal forma estruturado, que ao final temos absoluta certeza que tal criação só poderia advir de um verdadeiro mestre.
Com direito a um romance a moda antiga, perseguições e reviravoltas incríveis, estamos diante de um jogo de xadrez delicioso, onde elegância, aventura e audácia são as moedas de troca entre os jogadores, a ponto de até a última página não sabermos quem será o vencedor.
Cultura, ação e muita adrenalina.
Passaporte em mãos e...
Diversão garantida!
By Rosem Ferr.
Resenha publicada no Blog Arquivo Passional em 07/05/2013:
http://www.arquivopassional.com/2013/05/resenha-cacada-clive-cussler.html