Maria - Blog Pétalas de Liberdade 18/01/2014Um chick lit muito bom! Nas minha andanças literárias pela internet, volta e meia me deparava como o nome "Janaina Rico" e ia ficando curiosa para ler um livro dessa autora; finalmente consegui.
A história é narrada por Clara, 27 anos, professora de português de um colégio particular em Brasília (nunca tinha lido um livro que se passasse nessa cidade, gostei), caçula de três irmãs, uma mulher com a autoestima bem elevada mas com uma situação financeira não muito estável. Já nas primeiras páginas me surpreendi com a Clara, uma professora de português que fala palavrão; as professoras que conheci não se pareciam com ela.
Clara foi madrinha e organizou o casamento de sua melhor amiga, Laura.
"Meu estado de tensão era bastante natural, pois participara de todos os preparativos daquela grande noite, mas, ao mesmo tempo, achava que minha responsabilidade era muito grande. Era mais ou menos assim: se a banda resolvesse tocar moda de viola, ou o bufê resolvesse servir farinha com rapadura, acharia que a culpa era minha. Nada contra a moda de viola..." (página 19)
Só no dia do casamento é que Clara conheceu o padrinho que seria seu par no altar, o lindo João Thomas. Rolou uma química entre eles logo de cara mas, por ironia do destino, eles ficaram um tempo sem se ver. Nesse tempo, um antigo amigo dela reapareceu, querendo ser mais do que só amigo. E aí a confusão no coração e na vida de nossa protagonista foi armada.
O restante da história gira, em parte, em torno desse triângulo amoroso. Clara precisando escolher entre o cara dos sonhos: rico, bonito mas com uma temperamento que bate de frente com o dela e uma mãe difícil de aturar ou o cara que a deixa com a autoestima nas alturas mas tem uma condição financeira não tão boa. Preciso dizer que Clara está bem longe de ser uma mulher interesseira, ela é imperfeita, e é isso que a torna mais humana e real.
Gostei da amizade entre a Clara e Laura. Uma amizade de longa data, com seus altos e baixos.
"Fiquei tão feliz, mas tão feliz, que quase me esqueci da pobre Laura. Já percebeu como a felicidade entre amigas raramente vem junto? Acho que Deus reserva uma determinada cota de alegria para os grupos humanos. A regra é clara: quando uma está feliz, a outra nunca está! Porém, nos último tempos só Laura vinha sendo feliz. E, de repente, o jogo parecia estar virando. Finalmente estava pegando a minha fatia do bolo. Já não era sem tempo." (página 62)
Em resumo: "Ser Clara" foi um leitura muito intensa e apaixonante (imaginem como meu coração ficou depois de ler dois livros assim em seguida? O que li antes foi "Julieta Imortal", já resenhei aqui. Pensem numa pessoa que ficou com ressaca literária). Li 288 páginas em dois dias, não dava vontade de parar de ler. As situações e os conflitos vividos pela Clara são coisas que acontecem de forma semelhante na vida de muita gente. Tinha horas que eu pensava: "Clara, eu te entendo perfeitamente!", outras horas pensava: "E agora, o que você vai fazer?", ou: "Clara, o que é que você está fazendo?"; dava vontade de entrar no livro.
Felizmente, esse também é um livro super divertido que me arrancou gargalhadas.
"Na verdade, durante algum tempo, no início da adolescência e das minhas incursões com o salto alto afora, cheguei a criar uma teoria na qual defendo que os homens inventaram esse tipo de sapato para as mulheres justamente para que nós não conseguíssemos mandar neles, nem ter nenhuma disputa física onde sairíamos vencedoras, de modo que, sem equilíbrio, nada disso é possível." (página 20)
Foi uma leitura muito boa, gostei mais do que esperava. "Ser Clara" tem romance, humor e uma pitada de suspense e mistério.
Sobre a parte gráfica/visual do livro: as folhas são brancas, o tamanho da letra e das margens é bom; gostei bastante dessa capa da primeira edição.
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