spoiler visualizarAline 01/06/2011
É...
Minha primeira observação: um livro que deu o que falar. Para todos os lados, eu via resenhas, opiniões e discussões sobre a historinha da Alexandra. Que, inclusive, não fez nem 20 aninhos ainda e já está sendo discutida em outros países. (É, eu sei. #invejinhabege). O negócio é que: uns gostaram, alguns nem tanto, outros nem se deixaram abalar e muitos odiaram. Por quê? Eu não sei exatamente, não conheço muitas pessoas que tenham lido, mas posso tentar apontar alguns motivos.
a) não comecem a ler "Halo" esperando AQUELA pegada. O livro é bem paradinho. Até... sereno, acho. Se é que um livro consegue ser sereno. Acredito que isso se deva ao fato de que, né, quem narra a história é um anjo. Não entendo, na verdade, por que tanta revolta da parte dos leitores dizendo que a protagonista é um saco. É claro, ela é mesmo, ninguém gosta de uma narrativa mimimi (nem eu, por isso fiz muitas viradinhas de olho durante a leitura), mas não consigo imaginar a Bethany incorporando a Suzannah Simon, por exemplo. Tipo, OI!? Ela é uma criaturinha jovem, inocente e divina enviada por Jesus. Esperavam o quê?
Agora, se ela devia ou não ser essas coisas, aí já é outra conversa.
Toda a revolta pra cima da chatisse da personagem é meio nonsense, para mim. A coitada da menina não tem culpa. Ela é chata porque é boazinha demais, SÓ. Também não acho que a autora tenha errado com a protagonista, foi até bem coerente. Bethany não pode ser muita coisa além de um anjo de 16 anos que cuida-dos-espíritos-das-criancinhas-que-chegam-no-céu. Se não fosse para a coitada ser assim, temo dizer que a história ficaria sem sentido, até contraditória. Portanto, nesse caso, o melhor é dizer que usar um anjo como protagonista e narrador não teve lá os melhores resultados do mundo.
É, Alexandra. Tente na próxima.
b) A falta de acontecimentos até mais da metade um bom pedaço da história irrita. Eu me peguei pensando por diversas vezes: "ah, legal, quando a história vai começar?". Porque, sério, é enlouquecedor ver a Bethany se conhecendo/descobrindo o mundo/sendo ludibriada/enganada/corrompida pelos sentimentos humanos/salva diversas vezes pelo Xavier. Inclusive, não entendo a graça que algumas autoras veem por criar mocinhos super-heróis em tempo integral. Mas vou discursar mais sobre isso no próximo tópico.
Enfim, a questão, agora, é: a adrenalina mesmo só chega com o Jake, que não me cativou. Mas ele traz um pouco de graça à tudo, mesmo sem suspense nenhum. Uma das melhores coisas dos antagonistas, para mim, é deixá-los te convencer de que são mesmo maus, porque não parecem. Ou, então, dar aquele gostinho de "será que eu sou mesmo confiável ou seus olhos estão iludidos pela minha sensualidade sem fim?". Infelizmente, com Jake não temos esse prazer. Fica na cara que ele é mau, sempre foi mau e sempre será mau desde a primeira vez que deu as caras na história. Pena. Alexandra podia ter dado uma caprichada.
c) Ter o bonitinho do livro salvando/defendendo/protegendo a garota uma ou duas vezes é até legal, mas O TEMPO TODO? Isso cansa. "Crepúsculo" feelings. O livro tem momentos que chega a ser o cúmulo da dependência, e dessa vez nem podemos dar a desculpa dela ser um anjo. Bethany é uma criatura com poderes sobrenaturais, que veio direto dos céus e, em teoria, é uma criatura superior. Pelo amor de Deus, a menina PRECISA ter mais independência, ou daqui uns anos teremos crias de adolescentes ingênuos surgindo por aí. Ultimamente eu tenho visto MUITOS livros assim e não acho isso nem um pouco saudável. Uma menina que cresce lendo personagens como a Beth pode acabar se convencendo de que sempre aparecerá um homem digno para salvar a sua vida quando for preciso.
d) Se prepare para o clichês. Há muitos deles espalhados pelo livro, uns bem grosseiros, se me permitem dizer. Em vários momentos ficou bem claro que a Alexandra se esforçou, suou, tentando criar momentos românticos e lindos, mas que, para mim, são apenas clichês forçados. Por exemplo:
[spoiler, spoiler, spoiler, se não quiser saber, não leia] o final, no momento da revelação do "dom" da Beth ("amor"? MESMO, Alexandra? Não podia ter pensado em nada mais criativo?) ou a cena da anjinha se revelando para o Xavier. Sério, a autora deve ter pensado muito querendo criar a cena mais linda do mundo, mas ficou muito... mimimi-que-previsível. Sem falar que, PÔ! O cara acabou de vir de um trauma, porque teve a namorada que amava mais do que tudo na vida queimada feito churrasquinho e a Bethany decide mostrar que tem asas PULANDO DE UM PENHASCO? COMO ASSIM? O garoto quase cagou nas calças, em pânico. Imaginem, depois de sabe Deus quanto tempo ele finalmente consegue superar a desgraça e se apaixonar de novo, mas, quando o faz, é uma filha da puta de uma suicida? (Que não era suicida, mas ele só descobriu isso depois de quase infartar). COITADO, BETHANY. SE TOCA. OLHA O ERRO, MINHA FILHA.
Pronto. Desabafei. Quem não quiser spoiler pode voltar a ler.
Enfim, os pontos principais que eu tinha a declarar eram esses. Mas, por favor, não pensem que o livro é um lixo. Eu gostei dele ("imagine se não gostasse!"). Não adorei, nem amei, nem fiquei louca ou suspirando, mas gostei. Sinceramente, vemos tantos livros de romances fazendo sucesso por aí que não entendi toda a repercussão negativa sobre "Halo". Não achei ele tão pior que "Crepúsculo", por exemplo. A história tem momentos bons, diálogos divertidos, românticos, tiradas sarcásticas... tem o Xavier Woods - que é muito sensual apesar do nome de vaqueiro e a índole boazinha demais -, tem o Gabriel (TOTALMENTE digno) e tem uma narrativa bem estruturadinha, com várias coerências. Achei muito boa a forma como a autora se preocupou em levar a sério o caráter "angelical" do livro, falando muito sobre Deus e a vida lá no mundo celestial (coisa que senti falta em Fallen, por exemplo). A obra melhora no fim, fica mais animadinha e tal, com o Gabriel abalando as estruturas e os corações.
Ou seja, no geral, não é um livro tenebroso. Só não é um "Cidade dos Ossos", "A Mediadora", "Sussurro"... ok, ele passa bem longe disso. Mas eu tenho esperança que, nos próximos dois livros da trilogia, "Halo" mostre para quê veio. Pelo menos ele tem ponta pra isso, tudo depende de como a Alexandra vai lidar.
Enfim, o meu conselho é: não leia se você não curte muito uma rasgação de seda, mocinhas em perigo e amor clichê. Mas, se a sua praia for romances arrebatadores, tudo lindo e açucarado, vai na fé. Eu, por exemplo, emprestei meu livro para uma amiga e ela amou tudo na história, ficou suspirando por dias e tudo o mais. Até me surpreendi. Gosto é gosto, né.
Espero que tenham gostado da resenha :)
~ Resenha original postada em: http://caindo-de-boca.blogspot.com/2011/05/resenha-halo-alexandra-adornetto.html ~