natália rocha 09/11/2020Enquanto lia esse livro comentei nos stories do @livrosporaqui que tinha bastante dificuldade com a leitura de contos, nem sempre eu consigo ser impactada por essas breves narrativas.
Com Clarice, em Felicidade Clandestina, sinto que foi ‘’oito ou oitenta’’: alguns contos eu achei incríveis, me causaram até pequenos êxtases ao serem lidos; já outros, passaram batidos.
Os contos não narram grandes acontecimentos exteriores, o foco dos enredos com Clarice é o interior, o psicológico. Ela foca nos detalhes, no insignificante, e no quanto esses podem ser grandiosos.
Alguns contos são difíceis de acompanhar, a gente se perde, volta, anda em círculos tentando acompanhar o pensamento da autora. É preciso muita atenção para entender o que ela quer dizer. Meus contos favoritos foram justamente nesse estilo, como ‘’Perdoando Deus’’(eu acho que sublinhei o conto inteiro), ‘’O ovo e a galinha’’, ‘’A Legião Estrangeira’’ (nesse conto eu achei o máximo quando ela chama erro de ‘estrabismo de pensamento’), ‘’Os Obedientes’’, ‘’Os desastres de Sofia’’, ‘’As águas do mundo’’ e ‘’Uma história de tanto amor’’.
‘’As palavras me antecedem e ultrapassam, elas me tentam e me modificam, e se não tomo cuidado será tarde demais; as coias serão ditas sem eu as ter dito.’’
O livro é composto por 25 contos distribuídos em 160 páginas. Li na edição comemorativa ao centenário de Clarice – esse ano, 2020, ela completaria 100 anos! – que traz na capa do livro as pinturas que autora realizou. Vocês sabiam que Clarice também pintava?
‘’Talvez eu tenha que chamar de ‘mundo’ esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza?’’
São detalhes, é o jeito de escrever, a escolha das palavras e dos termos que faz os escritos de Clarice serem incríveis.