Levi.Rodrigues 23/10/2020
A parte ruim de Tempo Estranho.
Tenho um segredo e posso contar.
Não sei ao certo para que a ficção nos serve—tenho certeza de que um dia alguém jogará essa afirmação na minha fuça—, mas sei como usá-la, se é que você me entende.
Não leio livros pelo desejo de aprender alguma coisa ou me preparar para o caso de ocorrer a tal situação descrita nas páginas. Se o mundo ruísse, o que eu faria? Ora, sei lá, e quem poderia saber? Leio porque sinto prazer danado em viajar, se pudesse lia até no banho. E já que sou pobre, é bastante provável que consiga ver mais do mundo através dos olhos de um escritor. Às vezes a viagem é turbulenta (essa frase poderia fazer parte da resenha de outro livro, Terror a bordo) e gosto dela mesmo assim. Não faço ideia da razão, terapeutas talvez soubessem. Só sei que me meto em todo canto obscuro da ficção em que puder.
Aí vem o segredo, que nem é um segredo na verdade. Eu acredito. Faço um juramento solene antes de abrir a joça que tiver em mãos, digo para mim mesmo que vou acreditar em qualquer diabo de palavra que o autor escrever ali. Não sei como a mágica ocorre, mas o fato é que ocorre. Mesmo um livro que conheço de cor se torna surpreendente, não há alguém que minta para meu cérebro melhor do que eu mesmo. Esse é o segredo que me faz retornar ao livro que li cinco ou seis vezes.
Com Tempo Estranho, mais uma vez, acreditei. Foi moleza porque Joe Hill torna a crença no impossível coisa simples de se fazer. Se restar dúvidas ou ficar confuso, esclareço. Não li Tempo Estranho mais de uma vez, só o pude comprar neste ano—2020. Para futuras anotações—, mas é certo que farei.
A única parte ruim é que ele termina.
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