ritita 23/04/2019O que li, gostei e recomendo.Que surpresa sensacional, que delícia de leitura!
Estamos em meados do sec XIX, no interior da Inglaterra onde convivem aristocratas e os muito pobres, que encontram nos ricos um dos poucos meios de subsistência como seus criados, principalmente as mulheres iletradas e que desde a infância são treinadas para o serviço doméstico nos suntuosos palacetes, com baixíssima remuneração, trabalho exaustivo, mas que sem vislumbrar outro universo acabam afeiçoando-se a seus "donos".
Nell, uma menina de 14 anos trabalha na casa dos riquíssimos Harvey, onde é surpreendida com o nascimento de uma bebê ilegítima de sua patroa Lady Harvey, e logo depois envolvida com seu desaparecimento, tendo que guardar este segredo por muitos anos, o que lhe causa uma série de sofrimentos.
A bebê, Hope, uma menininha lindíssima é adotada pela família de Nell como filha legítima e passa a ser a caçula de 10 irmãos, apesar das dificuldades em que vivem, é tratada por todos como princesa e a única a frequentar a escola.
(Não, não é spoiler - tem muito angu debaixo deste caroço).
A história é contada em 3ª pessoa, fluida e em linguagem coloquial de fácil entendimento.
Não gostei de ver que a apresentação do livro em todos os canais que li enfoca Hope como personagem principal, porque nada aconteceria no desenrolar da história sem a presença tímida, humilde e combativa de Nell; sem dúvida que Hope passou maus bocados para proteger a irmã mais velha, mas tudo no romance, início, meio e fim, remete à Nell. Só porque Hope era linda e Nell não?
Enredo composto de muitos personagens interessantes, (o homossexual, a dondoca, o infiel, o filho rico que prefere estar com os pobres, o ambicioso, etc), mas todos são relevantes para o desenrolar da história. Nenhum é de mais ou de menos.
Claaro que tem "encheção de linguiça" na parte ref. à vida de Hope como enfermeira durante a guerra da Criméia, onde a moça vai acompanhando o marido Bennet, mas a escritora bem que podia poupar o leitor de tantos detalhes escabrosos sobre os soldados feridos e falar mais sobre a guerra em si, mas aí seria o livro perfeito para leitoras como eu.
Após tantos segredos, desencontros, sofrimentos, tragédia e suspense tudo se resolve numa só página? Fazer o que? Acho que a moça cansou de escrever, porém nada que tire a beleza da leitura, apesar das 560 pgs.