Jenny 26/03/2022Todos te devem perdão, Leonard Peacock.O primeiro livro que li do Quick foi 'Quase uma Rockstar' e eu achei incrível a imersão na realidade da personagem que o autor é capaz de fazer. Aqui ele repete esse feito com maestria, adentramos na mente doente e depressiva de Leonard (atenção, os gatilhos são pesadíssimos) e compreendemos um pouco de sua vida com direito a notas explicativas feitas pelo próprio.
Eu nunca me senti tão motivada a escrever sobre um livro como esse, porque ao mesmo tempo que possuímos distanciamento referente a principal escolha dele - matar o ex amigo e se matar logo em seguida - em diversos momentos é possível se identificar com ele e ver como nossa sociedade doente produz milhares de Leonard Peacock, que somem e nem sequer obervamos sua singularidade, pois caem no esquecimento. Nenhum personagem passa despercebido na história e apesar de ser um livro curto (li em uma tarde, é uma carga de sofrimento pesada, por isso acho que tem o tamanho ideal) é possível conhecer tanto deles....
A PARTIR DAQUI TEM SPOILERS.
Pra mim Leonard morre. Fim. A sinopse deixa bem claro que até o fim do dia ele estaria morto, então acredito que ele morreu no dia seguinte ao dia do seu aniversário. As estatísticas mostram que a maior probabilidade de acontecer um suicídio é logo após uma tentativa frustrada e naquele momento em que ele pede para mãe fazer panquecas, ele implora por um motivo para não cometer tal ato. Ele fez isso ao ligar para o Herr Silverman, que o acolheu. A Linda (te odeio) não fez o mesmo, ele sozinho fez sua última refeição sozinho, bateu a porta e com certeza nunca mais voltou.
Na última carta para o futuro, a filha dele diz que o farol não está mais operando. Compreendi que ele desistiu de deixar pistas, de pedir ajuda e pra mim é mais um indício de que ele morreu.
Eu realmente odiei esse final aberto porque me incomodou, eu esperava um final certinho, um bom epílogo, principalmente em que Leonard desse a volta por cima e decidisse viver. Seria utópico, depois de viajar tão longe na mente dele e principalmente de saber o que o atormentava tanto. É um livro necessário, me fez refletir sobre como cada um de nós estão travando suas próprias batalhas e como estou contribuindo para a felicidade dos outros, e que meus traumas não me tornem um monstro, para que novos monstros não sejam criados. (Asher pra mim é uma vítima tanto quanto Leonard).
Se tornou um dos meus prediletos.