O conto da aia

O conto da aia Margaret Atwood




Resenhas - A história da aia


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Sintia 08/07/2020

Não me surpreende todo o alvoroço existente envolta deste livro.

Uma leitura que prende do início ao fim, se mostrando completamente envolvente e fluida. Não importava quantas páginas ou horas que eu passasse lendo, não me cansei ou menos enjoei em momento algum.

A parte que mais me chocou nessa distopia, sem dúvidas, é saber que, com algumas exceções, não é algo difícil de se imaginar acontecendo.

No entanto, para ser sincera, confesso que há algumas falhas. Há momentos que são completamente descartáveis para a história, não acrescentando em nada. Desse modo, o número de páginas poderia ser bem menor.
Viquin 08/12/2020minha estante
Concordo com você, a passagens, descrições sobre cenários, personagens e etc, que são importantes, mas que se não estivesse, ali não fariam falta. Enquanto outros fatos que poderiam ser esclarecidos e que não foram propositalmente, deixaram grandes lacunas para o leitor. Isso me irrita.




Paloma 07/09/2021

Gilead é logo ali
Relutei muito antes de começar a ver a série (e depois ler o livro) por saber que a história era pesada. Dei uma chance e me surpreendi com a forma que a autora consegue fazer com que tanta crueldade nos desça. E é tão palpável que não duvido que um regime semelhante ao de Gilead se instaure algum dia pelo mundo. Na última parte do livro, inclusive, são mencionadas algumas características do regime que fazem alusão a outros momentos e detalhes da história. Poucas coisas foram mudadas na adaptação para a série. Arrisco dizer que a série é até melhor. Só não pôde mostrar, como no livro, a forma que June tinha medo e estava quase se perdendo com toda a repressão.
L. 07/09/2021minha estante
Tmb achei a série melhor. Mas é um livrao


Paloma 07/09/2021minha estante
E gostei bastante do final do livro, tem informações que a gente não vê na série


L. 07/09/2021minha estante
Sim, demais. E concordo q este tipo de regime pode sim se instalar... ?


dudawznk 07/09/2021minha estante
Eu assisti a série e achei ela muito intensa, arrisco dizer que é até aterrorizante de tão possível de acontecer! Acho que por isso reluto tanto pra ler o livro


Paloma 07/09/2021minha estante
Acho que vale tentar ler o livro, mais ainda pelo que tem que não tá na série!




Jo 26/07/2020

De Margaret Atwood, O Conto da Aia, publicado pela Rocco em 2017, ganhou notoriedade no mundo ao apresentar uma sociedade distópica onde um regime teocrático foi instaurado.
A República de Gilead é uma sociedade teocrática onde as mulheres são oprimidas, de posse do estado, e existem unicamente para serem provedoras, do lar, da família, servindo a sociedade conforme os mandamentos de "Deus". Com as taxas de natalidade baixas e o grande número de p?e?s?s?o?a?s? mulheres inférteis, porque em Gilead somente as mulheres são estéreis e não existe homem incapaz, causados pela radiação e uma guerra em curso, as Aias são uma categoria de mulheres que existem para um único propósito: procriar.
Em O Conta da Aia conhecemos Offred, uma Aia enviada a casa de um comandante com o objetivo de prover um filho a família, já que a esposa não é capaz.
Margaret nos apresenta uma sociedade distópica com demasiada semelhança a diversos acontecimentos atuais. A narrativa se desenvolve de forma lenta e angustiante, entre o presente e o passado, através da qual vamos conhecendo sobre os costumes dessa sociedade e como o governo de Gilead foi instaurado.
Em seu início a história pode ser um pouco confusa com as nuances entre presente e passado, mas já nos primeiros capítulos me acostumei com a forma narrativa e fui carregada pela angustiante jornada de Offred como uma Aia.
Um dos aspectos mais marcantes do livro são as descrições dos rituais realizados por essa sociedade, como o ato de "concepção" das Aias e o nascimento de uma criança, que são descritos de maneira detalhada e mostram a sua natureza bizarra.
O livro é simplesmente maravilhoso, uma leitura envolvente, angustiante e assustadora, pois no mundo distópico de Gilead encontramos diversas semelhanças com acontecimentos reais, o que tornam esse regime possível de acontecer.

"Nada muda instantaneamente: numa banheira que se aquece gradualmente você seria fervida até a morte antes de se dar conta. Havia matérias nos jornais, é claro. Corpos encontrados em valas ou na floresta, mortos a cacetadas ou mutilados, que haviam sido submetidos a degradações, como costumavam dizer, mas essas matérias eram a respeito de outras mulheres, e os homens que faziam aquele tipo de coisas eram outros homens".
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Carvalho 27/08/2020

Reflexiva
Uma leitura interessante, até certo ponto é reflexiva. Admito que senti muita muita raiva ao ler o livro, indignação e ranço. Mas foi uma ótima leitura.
Munik 27/08/2020minha estante
Tenho medo de ler e não gostar ?


Natália 27/08/2020minha estante
É ótimo! Assiste a série. Da mais raiva ainda hahah


Carvalho 27/08/2020minha estante
Não dei 5 estrelas pq o livro não me prendeu... Mas eu recomendaria, varia do estilo q tu prefere


Erberson.Rodrigues 27/08/2020minha estante
Não li o livro, mas assisto a série. É muito boa, recomendo. Já ouvi dizer que a série é melhor que o livro.


Natália 27/08/2020minha estante
Eu achei a série bem fiel ao livro (até certa parte). Isso é difícil de acontecer.. mas fico dividida mesmo. Acho que diria que a série é ainda melhor mesmo hahaha




babieayllow 02/09/2021

Não deixe os bastardos te oprimirem!
Não vou mentir que o fato de já ter assistido a 1ª e 2ª temporada de ?The Handmaid?s Tale? facilitou muito a compreenda da leitura, é um livro que seria difícil para mim por ser diferente do que estou acostumada a ler e um pouco cansativa por ter muitas descrições, mas me surpreendi ao me descobrir gostando da escrita de Atwood. E de fato ache a série melhor que o livro em questão de compreensão que é muito mais abrangente e amplo na série. Minha dica para aqueles que dificuldade ou que não gostaram ou não entenderam o que é Gilead é todo o sistema dessa república utópica, assistam a série depois voltem ao livro, vão se surpreender!
woooceci 02/09/2021minha estante
Eu não vi a série porque queria ler o livro primeiro, e acabei realmente achando um pouco arrastado, mas em questão de enredo e desenvolvimento eu achei simplesmente perfeito.


Miguel 03/09/2021minha estante
Eu sou curioso demais para ler esse livro, tá na minha lista do ano que vem




Natalia Passos 10/05/2020

Cometi um erro
Eu cometi o erro de assistir a série primeiro, então quando o livro acabou fiquei com um gostinho de quero mais. Só por esse motivo não dei 5 estrelas, mas entendo que a culpa é minha e a série foi baseada no livro apenas. Mas eu amei ler, mesmo já sabendo a história.
Bia Alencar 10/05/2020minha estante
Leia Os Testamentos, continuação maravilhosa!


Jenickson 10/05/2020minha estante
Esse livro resume as três temporadas?


Josana.Baltazar 10/05/2020minha estante
Ainda bem que ainda não vi a série então


Bia Alencar 10/05/2020minha estante
Não, Jenickson. Ele é apenas a primeira temporada todinha. E a continuação, Os Testamentos, é diferente das outras temporadas. Apenas alguns elementos estão na série, mas acho que na 4ª vai ter mais elementos


Jenickson 10/05/2020minha estante
Entendi, obg


Natalia Passos 10/05/2020minha estante
Vou ler os testamentos, eu até ja comprei ele. E também falta assistir a 4 temporada




Vicente Tavares 20/10/2022

Assustadoramente conectado com a realidade
Esse foi o momento da releitura dessa obra tão excelente e importante. O tempo em que eu li era MUITO diferente do tempo dessa releitura. Incrível como alguns sinais que apareceram na obra se conectam assustadoramente com a realidade atual. Numa escala menor, ainda bem, mas estão ali presentes.
Uma passagem que eu gostei muito é a de uma alusão de um documentário que falava do Nazismo:
"Ele não era um monstro, disse ela. As pessoas dizem que era um monstro, mas não era. A respeito de que poderia ela ter estado pensando?... Estava pensando em como não pensar. Os tempos eram anormais ... Não acreditava que ele fosse um monstro. Ele não era um monstro, para ela. Provavelmente tinha algum traço característico cativante: assobiava desafinado, no chuveiro, tinha uma paixão por trufas... Como é fácil inventar uma humanidade para qualquer pessoa, qualquer uma. Que tentação disponível... E teria acreditado em tudo isso, porque caso contrário como poderia ela ter continuado a viver? Era muito convencional, por baixo daquela beleza. Acreditava em decência, era boazinha com a empregada judia, ou boazinha o suficiente, mais boazinha do que precisava ser."

Uau!
Reler bons livros é sempre uma experiência agradável.
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Bárbara Bocalari 26/01/2021

O Conto da Aia
O livro é bom e cativante. Apresenta uma forma de governo totalitário baseado em princípios cristãos distorcidos. É interessante para quem aprecia conspirações e abusos de poder governamentais. A única coisa que não gostei muito foi o livro não ter um fim exato.
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Cari 30/03/2024

Impressionante!
Narrado por Ofrred, tendo a primeira pessoa como perspectiva, "O conto da Aia" retrata, através do gênero distópico, uma sociedade, a de Gilead, a qual organiza-se em uma sistema semelhante ao de castas, que tem as mulheres como grupo de maior vulnerabilidade, sendo desumanizadas e tiradas de sua consciência e criticismo, destituídas da condição de pessoas, vistas apenas como instrumento de cuidados voltados ao lar, as Marthas, subserviência aos maridos, as Esposas dos Comandnates e no caso das Aias, situação da protagonista e narradora personagem, de reprodução.
Construída a partir de um regime teocrático, baseado na distorcida ideia de moralidade e "bons constumes", Gilead em seu estabelecimento, se encarregou de assim, como na Segunda Guerra Mundial, a Inquisição e diversos outros momentos ao longo da história, queimar livros considerados uma ameaça ao sistema vigente, além de distanciar a população do contato com os últimos, a fim de que o conhecimento fosse restrito apenas aos membros do alto escalão do governo, o qual não se mostra algo palpável, mas um mito, uma lenda a ser temida. Ainda, é possível citar a determinação do uso de uniformes destinados a cada casta, similar ao holocausto alemão. Assim como destacam-se as chamadas cerimônias de Salvamento, nas quais aquelas que subvertissem as imposições comportamentais, enforcadas diante de todo o povo e em seguida, tinham seus cadáveres expostos como exemplo, como na Idade Média e as execuções em praça pública.
De modo geral, o enredo aborda as estratégias de manipulação utilização como mecanismo de imposição, associadas a grupos que despontam como resistências ao Estado, associado ao sentimento de impotência e angústia vivenciados por aqueles que forçados a separerem-se de sua família ou não viam perspectiva de mudança em meio a um cenário de tamanha opressão, a mulheres até mesmo o direito de existir é negado. Uma história que de fato refere-se muito mais ao presente do que trata de um possível futuro.
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Magda14 12/10/2020

Bendito seja o fruto!
É a segunda vez que leio esse livro e, nossa, que obra perfeita! Margaret Atwood usa e abusa da ironia, metáfora e simbologia para retratar a vida levada pelas mulheres de Gilead, especialmente as Aias. Vemos uma sociedade hipócrita, que prega uma coisa que não vivencia. Achei muito interessante a forma com que o discurso religioso foi manipulado em prol do político. Além disso, e apesar de ser uma relação bem ofensiva, também achei interessante a relação entre as mulheres que compõem a trama. Elas se entendem e buscam algum tipo de conexão, mesmo que isso se dê de forma velada ou seja destruída momentos depois. Enfim, estou muito ansiosa para ler a continuação, "Os Testamentos".
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Lari_Marcondi 19/05/2021

O CONTO DA AIA
Livro incrível e marcante...
Meu primeiro contato com esse enredo foi com a série da emissora Hulu, assisti a primeira temporada e me apaixonei, quando descobri que era baseado no romance da escritora canadense Margaret Atwood, corri para ler tudo antes de continuar a assistir as próximas temporadas rs.

Assim como a série, o livro não deixou nada a desejar. A narrativa em primeira pessoa contando, da perspectiva de Offred, a nova realidade de um Estado teocrático e totalmente totalitário é de se tirar o fôlego. Trata sobre religião, política, direitos básicos e de como alguns sacrifícios devem ser feitos para um "bem maior".

Acredito que por ser mulher, os temas abordados são bem mais sensíveis a mim. A verossimilhança com a realidade é assustadora, é uma distopia que lemos e pensamos: "isso não seria tão difícil de acontecer na vida real".

Recomendo a leitura, com certeza!
FlAvia1492 19/05/2021minha estante
Eu adorei esse livro!!


Lari_Marcondi 19/05/2021minha estante
É muito bom mesmo, né? Já quero ler Os Testamentos, vc já leu?


FlAvia1492 30/05/2021minha estante
Não li !! Nem ouvi falar !!! Vou pesquisar ??


Lari_Marcondi 30/05/2021minha estante
É a continuação da história! A autora escreveu 35 anos depois do Conto da Aia, dizem que é tão bom quanto


FlAvia1492 30/05/2021minha estante
Ualll !! Obrigada pela dica !!




Julia5340 01/02/2024

Impactante
O livro é simplesmente maravilhoso, tenho vontade de ler novamente . A história prende do início ao fim.
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Gabriel.Chiquito 26/03/2021

Começou meio devagar, mas terminou MUITO BOM
Esse é um daqueles livros de quem realmente gosta de uma distopia.

Ele começa mostrando a rotina diária, alguns pequenos eventos, lembranças da personagem e outros tipos de coisas que, por um lado deixam a primeira parte do livro meio monótona, mas por outro fazem uma descrição perfeita do cenário político e histórico daquela sociedade.

Mas depois disso, toda uma trama que existe por trás da imagem mantida, e que resiste aos costumes daquela sociedade, é mostrada, por sinais sutis e passagens que parecem até sem importância, mas que fazem toda a diferença.

A beleza aqui está nos detalhes, que aos poucos constroem uma história extremamente rica.
Rita515 26/03/2021minha estante
TB terminei hoje. Por ter visto a série antes TB achei o ritmo lento


sabrina 26/03/2021minha estante
adorei demais o livro, li ele no início desse mês e a escrita simplesmente incrível! fui ver um episódio da série e nao gostei nem um pouco kkkkk ainda bem que li primeiro


Gabriel.Chiquito 26/03/2021minha estante
Eu fui bem devagar no começo do livro, já que eu não tava entendendo muita coisa além do óbvio


Gabriel.Chiquito 26/03/2021minha estante
Mas depois que ele terminou de mostrar toda a fachada e começou a mostrar as partes mais clandestinas, eu DEVOREI o livro kkkkkkkkk




Amanda 01/02/2021

Não tanto uma distopia
Eu comprei esse livro de presente para minha mãe, por ser um livro com uma temática feminista. Ela leu e gostou muito, depois ela assistiu a série que foi baseada neste livro e amou. Por isso, resolvi ler essa obra e posso falar que também amei (ainda não assisti a série).

O Conto da Aia é bem diferente do que eu estava esperando, é muito melhor. Ele conta a história de uma mulher que vive numa realidade bem diferente da nossa, onde o objetivo de toda nação é a reprodução. Mas um dia, no passado, chegou a viver como a gente, de certa forma tranquilamente.

Nessa nova realidade cada pessoa tem um papel muito bem definido, que deve ser seguido sem nenhuma exceção. Existem papeis masculinos, como os Comandantes, os Olhos, os Anjos e outros que são muito inferiores e quase não tem direitos. E existem os papeis femininos, que são Esposas, Tias, Marthas, Filhas, Aias e outros que aparecem as vezes no livro.

A narradora dessa história é uma Aia e seu papel na sociedade é reprodução, mais nada. Ela foi ensinada e obedecer e a seguir o seu papel como a sociedade exige. Ela não pode olhar para os lados, não pode andar sozinha, não pode conversar com outras pessoas fora de sua casa, deve seguir todos os protocolos de cerimônias...

Porém, ela continua existindo, ela continua pensando, ela continua tendo vontades. Ela pensa muito em como sua vida era antes dessa nova realidade, pensa nas pessoas que amava e como foi seus últimos momentos com uma vida normal. Ela também pensa sobre o tempo que passou em treinamento e como tudo era um dever a ser cumprido e uma restrição muito grande, mas pequenas coisas a faziam acreditar mais.

A narração do livro é incrível. Eu lia e sentia que estava dentro daquela mulher, que compreendia cada pensamento e cada atitude tomada, como se eu fosse ela. Mas de certa forma eu sou parecida com ela, tenho medos, receios, se passo a ganhar confiança eu me abro a situação, se sou obrigada a agir de certa forma, eu assim o faço... por medo. Quando você ler você vai entender o que eu estou falando e vai me entender, talvez.

É um livro maravilhoso, mas que dá medo. Dá medo porque como feminista e como uma pessoa que tem muitos medos, eu tenho medo que algo parecido com isso se torne realidade. Porém, se você for um pouco mais a fundo em todo o conceito de repressão existente no livro, você vai conseguir ver que existem, atualmente, países que tratam a mulher de forma muito semelhante. É triste pensar em tudo tudo e pensar que a revolução feminista ainda tem tanto para conquistar e que é tão devagar.

site: https://www.instagram.com/galaxy.of.book/?hl=pt-br
Juliana 02/02/2021minha estante
Esse livro me pegou muito!! Vi muita coisa que passamos atualmente dentro dele, o que me deu calafrios.... Torço para um futuro melhor!


Brenda.Podanosqui 02/02/2021minha estante
Eu ainda não li mas assisti a série. Vi uma notícia que dizia que os abusos contados na série existem em diversos países. Chocante!!




Ivan 16/12/2021

Distopia!
O Conto da Aia é um romance distópico escrito em 1985 por Margaret Atwood. Ele se passa num futuro muito próximo e tem como cenário uma sociedade anulada por uma revolução teocrática e totalitária. Aos poucos as liberdades foram sendo minadas até se transformar no quadro que encontramos nas páginas do livro. É uma ditadura, onde as leis são baseadas no antigo testamento, todos os indivíduos vivem sob repressão e perderam direitos fundamentais. Os cidadãos considerados criminosos são fuzilados e pendurados mortos no Muro, em praça pública, para servir de exemplo enquanto seus corpos apodrecem à vista de todos. As mulheres são vítimas de opressão, tornando-se propriedade do governo.

O nome deste lugar é Gilead, mas já foi Estados Unidos da América. Os governantes excluem as mulheres da vida em sociedade e elas são divididas em castas, cada qual com uma função muito específica no Estado: as Esposas (incumbidas de gerenciar a casa, cuidar dos filhos e do marido: vestem azul), as econoesposas (esposas de homens pobres, que precisam fazer todos os papéis: vestem listrado com todas as cores), as Marthas (servem como criadas e cozinheiras: vestem verde), as Aias (são as "reprodutoras": vestem vermelho), as Tias (senhoras que educam as mulheres para submissão) e até mesmo as "não-mulheres", condenadas a trabalhos forçados nas colônias, lugares onde o nível de radiação é mortífero. Sem direito a opinarem, se expressarem ou mesmo serem alfabetizadas, as mulheres estão no nível mais baixo da sociedade.

A história é narrada em primeira pessoa pela Offred, através de sua perspectiva pessoal. Coube a ela a categoria de Aia, o que significa existir unicamente para procriar, depois que uma catástrofe nuclear tornou estéril um grande número de pessoas. Ela mora na casa de um Comandante do regime, sendo vigiada dia e noite. As aias vão morando de casa em casa, permanecendo nelas até conceber um filho ao casal, sendo depois reenviadas a outro "lar necessitado". Offred foi treinada para não questionar o sistema, para achar seu corpo impróprio e estranho, para frear seus pensamentos e desejos e, principalmente, para viver com o propósito exclusivo de procriar. Apesar deste seu comportamento aparentemente conformado, ela não esqueceu o que é ser uma mulher livre.

Toda a ambientação e as informações fornecidas são passadas ao leitor de forma lenta, picotada e um pouco desconexa, sob o olhar bastante restrito da Offred. Ela vai nos contando sua rotina na casa do Comandante. Entre lembranças do seu passado com seu marido e filha e sua realidade no presente, cheia de horrores, ela vai tecendo sua narrativa. É uma personagem muito marcante e, através de suas memórias, descobrimos um pouco sobre quem ela foi antes do golpe, sobre os Estados Unidos e a crise que levou à ascensão de um governo militarizado e autoritário, e passamos a enxergar Gilead da mesma forma como ela.

A leitura é desafiadora, pesada, vagarosa e um tanto "indigesta", pois o livro apresenta muitas questões impactantes e proporciona diversas sensações, emoções e repulsa. Um livro que precisa ser lido com atenção, pois mescla coisas do presente junto com as memórias do passado e dos treinamentos para se tornar uma Aia, o que pode deixar a trama um pouco confusa em alguns momentos. Mas aos poucos nos acostumamos com a forma de escrever da autora e com os pensamentos da personagem, e a leitura flui tranquilamente. Mas é agonizante acompanhar a jornada da protagonista e entender os absurdos dessa nova sociedade, através dos seus pensamentos irônicos e sinceros, e suas lembranças da alegria por trás da simplicidade da vida de antes.

Seguindo a tradição do gênero distópico o livro busca criar um cenário impactante ao leitor, apresentando uma perspectiva de futuro assombrosa. Mas o objetivo da ficção cientifica não é retratar a realidade do mundo, mas sim nos alertar dos perigos de nossas próprias intolerâncias e preconceitos. O propósito da obra é propor uma reflexão profunda do que nos levaria até tal ponto como sociedade e possibilitar que tomemos um outro rumo. Ao apresentar uma realidade onde o patriarcado e o radicalismo triunfam em pleno ocidente, Atwood nos direciona para o extremo oposto – nos deixando receosos e desejosos pela liberdade.

O Conto da Aia é um livro repleto de significados: quanto ao novo nome da protagonista, a posição social das pessoas que convivem com ela, as roupas usadas pelas aias, do sistema e de suas imposições religiosas, e da rotina social detalhada ao longo das páginas. De fato, tudo por trás dessa história dá abertura para inúmeras reflexões e aprendizados. Cheio de detalhes, sentimentos e diálogos que causam uma dor e tristeza ao imaginar o mundo naquela situação, recomendo a leitura a todos aqueles que gostam de uma boa distopia, bem fundamentada e, que gostam de se emocionar com personagens ricas em descrição, cenários e diálogos muito bem construídos. As discussões propostas por Atwood alertam sobre os caminhos tortuosos que a humanidade pode tomar frente ao poder. O mais importante é a mensagem de que precisamos dar valor ao simples fato de poder ir e vir, de comprar uma roupa que desejamos ou comer algo que temos vontade. Coisas simples, mas que nos ajudam a lembrar de que somos livres. Sua mensagem poderosa deve ser absorvida e refletida, para que possamos cada vez mais nos distanciar da sociedades como a de Gilead.
Marcus.Pinese 16/12/2021minha estante
Resenha maravilhosa. Parabéns e obrigado.


Ivan 16/12/2021minha estante
Eu que agradeço pelo seu comentário!


amêndoa 17/12/2021minha estante
tenho mta vontade de ler esse livro, mas nunca encontro um momento certo pra começar ele


Ivan 17/12/2021minha estante
Demorei também ... mas vale a pena ler. Agora quer ler a continuação!




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